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INTRODUÇÃO

Muitos estudiosos e pesquisadores vem afirmando e ratificando a Ciência da Agroecologia, cuja a partir das contribuições de Miguel Altieri, Stephen Gliessman e outros autores que o conceito ganhou visi- bilidade, consistência e sentido dentro da cultura contemporânea. Sendo este, um novo campo de estudo de caráter e necessidades humanas, que inspirada no próprio funcionamento dos ecossistemas naturais e no manejo tradicional, analisa as interações ecológicas nas atividades agrícolas, integrando conhecimentos de agronomia, ecologia e socio- logia, com dever de orientar a uma agricultura sustentável, fazendo-se ecologicamente correto, socialmente justa, culturalmente aceita e eco- nomicamente viável (ALTIERI, 1989).

De acordo com Sato (2009), a educação ambiental também é um componente vital, pois oferece motivos que levam os alunos se reco- nhecerem como parte integrante do meio em que vivem e faz pen- sar nas alternativas para soluções dos problemas ambientais e ajudar a manter os recursos para as futuras gerações, igualmente os alicerces da Agroecologia.

Desta forma, a educação ambiental através da agroecologia, orienta ao processo intitulado de transição agroecológica, que se enten- desse por um processo contínuo e gradativo através da promoção de ações educacionais sensibilizantes no cotidiano das pessoas, onde nos põem a abrir novos caminhos por meio de práticas individuais, coleti- vas e experiências pessoais, diferenciando-se da pedagogia de ambiente escolar, para uma promoção de aprendizagem a todos os habitantes da terra (GADOTTI, 2005).

Em tal caso, estabelece-se as esferas da subjetividade, cotidiani- dade e mundo vivido, até mesmo a sustentação da utopia e imaginá- rio como constituinte dessa nova educação holística de entendimento

integral dos fenômenos, defendendo a valorização da diversidade cul- tural das minorias étnicas, religiosas, políticas e sexuais para que todas as pessoas possam partilhar dos bens da humanidade, os quais também podemos visualizar meio aos princípios da Agroecologia (GADOTTI, 2005).

Neste contexto, no mais, a agricultura de base agroecológica tem se convertido em uma via utilizada pela população urbana e periur- bana para fazer frente à exclusão econômica, social e à deterioração ambiental, utilizando-se distintas formas associativas de ação coletiva para pôr em movimento programas de educação ambiental agroecoló- gicas que visam contribuir à transição agroecológica e à enfrentar pro- blemas de combate à fome, segurança alimentar e promoção à saúde (RIBEIRO, 2012).

Na Carta de Ottawa (1986), a promoção de saúde é definida como um processo que confere ao povo os meios para assegurar um maior controle e melhoria de sua própria saúde, não se limitando a ações de responsabilidade do setor da saúde.

Originando-se dessas compreensões, possibilitou-se cambiar do ecossistema para o agroecossistema, unidades funcionais planejadas com objetivo da otimização do equilíbrio das interações ecológicas, onde os sistemas agrícolas são inseridos com respeito a todo ecossistema, com foco no empoderamento da população, ocorrendo de forma equilibrada ao panorama das ações antrópicas e fatores ecológicos. O que repre- senta a necessidade de uma maior ênfase em conhecimento e análise na interpretação das complexas relações existentes entre as pessoas, os cultivos, os animais, o solo e a água (COPORAL; COSTABBER, 2002). Desse modo, a agricultura urbana baseada em práticas agroecoló- gicas, têm a viabilidade de proporcionar a adequação florestal da cidade, o aumento da permeabilidade do solo, uma reciclagem maior dos resí- duos urbanos e a ressignificação de terrenos “baldios”, tornando-os

espaços atrativos para convívio e de reconexão com a natureza, levando ao empoderamento da comunidade e do indivíduo à soberania e segu- rança alimentar compreendido como direito dos povos a definir suas próprias políticas e estratégias de produção, distribuição e consumo de alimentos, que garantam o direito à alimentação para toda a popula- ção (AQUINO, 2007).

Pensando nesse conjunto de informações, conceitos e ideais, objetivamos a elaboração e desenvolvimento de um modelo de Sis- tema Agroecológico Urbano proposto como ferramenta de articulação multidisciplinar em forma de laboratório vivo, principalmente quando agregado ao ambiente educacional, proporcionando a elaboração de diversas atividades pedagógicas. Assim, possibilitando um maior con- tato com a natureza e diversos outros benefícios, pois não só estimula a percepção dos ciclos das plantas, do clima, dos animais, mas também o sentimento de pertencimento. Proporcionando uma forma de apren- dizagem saudável e lúdica, com atividades físicas de forma prazerosa através do manejo dos elementos do sistema, tais como manuseio do solo, plantio e tratamento das culturas até a colheita para consumo, em um espaço de coexistência e religação, capaz de mudar nosso padrão de pensamento, da competição para cooperação no processo de tran- sição agroecológica (TAVARES, 2018).

O projeto proposto foi elaborado e desenvolvido como programa de extensão no interior do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), notória instituição de pesquisa com uma das maiores coleções botânicas da América Latina, tendo sido criado por decreto, em 13 de junho de 1808, pelo Príncipe Regente Dom João, onde em seus dias atuais através do Centro de Responsabilidade Socioambiental (CRS), cujo, trabalha com um enfoque transformador, proporcionando educação profissio- nalizante à jovens em vulnerabilidade econômica e social, suscitando uma vivência socioeducativa e participativa que posiciona o educando

como agente transformador de sua própria história, da sociedade e do meio ambiente, por meio de metodologia participativa, dinâmica e mul- tidisciplinar de Aprender a fazer, Aprender a Ser, Aprender a Conviver e Aprender a Aprender, para formação de cidadãos atuantes na difusão de ideias críticas em uma relação respeitosa e emancipatória.

OBJETIVO

Desenvolver no Centro de Responsabilidade Socioambiental um modelo de Sistema Agroecológico Urbano (Agroecossistema) como veículo facilitador para o processo de Transição Agroecológica do indivíduo.