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CAPÍTULO 2: Estrutura das comunidades parasitárias branquiais de Serrasalmus marginatus

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Amostragem e preparação dos parasitos

Sessenta e um espécimes de Serrasalmus marginatus foram coletados em fevereiro de 2008 na planície de inundação do alto rio Paraná (22o50'–22o70'S; 53o15'–53o40'O), utilizando redes de espera com diferentes malhagens. As coletas foram realizadas em cinco lagoas de três subsistemas: Paraná – lagoa das Garças (22o43'27,18"S; 53o13'4,56"O) (n= 20); Ivinheima – lagoa dos Patos (22º49'33,66"S; 53º33'9,9"O) (n= 11) e lagoa Ventura (22º51'23,7"S; 53º36'1,02"O) (n= 9); Baia – lagoa Guaraná (22º43'16,68"S; 53º18'9,24"O) (n= 17) e lagoa Fechada (22º42'37,92"S; 53º16'33,06"O) (n= 4). As seguintes informações foram registradas de cada espécime capturado: data, ponto da amostragem, comprimento padrão (cm), peso total (g), sexo e estádio de maturação gonadal (os peixes foram considerados jovens quando imaturos e adultos quando em outro estádio). As brânquias dos

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peixes foram removidas e fixadas em formol 5%, sendo posteriormente examinadas para a coleta dos parasitos sob estereomicroscópio, mantidas imersas em água com auxílio de placas de Petri. Os parasitos foram diferenciados pelas características morfológicas, preparados e montados conforme Eiras et al. (2006). Os monogenéticos foram identificados de acordo com as características das estruturas esclerotizadas visualizadas em preparações permanentes em meio Hoyer e das estruturas moles analisadas em preparações com bálsamo do Canadá, cujos espécimes foram corados com tricrômico de Gomori. Digenéticos e ácaros foram analisados em preparações temporárias com ácido lático e em preparações permanentes em meio Hoyer.

4.2 Análises dos dados

4.2.1 Características dos hospedeiros

O teste Kruskal Wallis foi aplicado para avaliar as diferenças entre os comprimentos padrões dos hospedeiros dos três subsistemas, enquanto o teste “t” de Student foi utilizado para verificar possíveis diferenças entre os comprimentos padrões de hospedeiros machos e fêmeas, considerando os subsistemas agrupados e isolados. O fator de condição relativo (Kn) foi calculado para cada hospedeiro, o qual corresponde ao quociente entre o peso observado (Wo) e o peso teoricamente esperado para um dado comprimento, isto é, Kn=Wo/We (LE CREN, 1951). As constantes a e b da relação peso-comprimento foram utilizadas para estimar os valores teoricamente esperados do peso do corpo (We), pela fórmula We=a.Lsb, na qual Ls corresponde ao comprimento padrão. O teste de Kruskal Wallis também foi utilizado para comparar o Kn dos hospedeiros nos três subsistemas e o teste U de Mann-Whitney, com aproximação normal de “Z”, foi aplicado para comparar possíveis diferenças entre o Kn entre os sexos dos hospedeiros para todos os ambientes juntos e separados por subsistemas.

4.2.2 Parâmetros das infrapopulações e populações componentes de parasitos

A prevalência (P), intensidade média (IM) e abundância média (AM) de infestação/infecção dos parasitos foram obtidas de acordo com Bush et al. (1997). De acordo com o valor da prevalência as espécies foram denominadas comuns (P>50%), intermediárias (10%≤P≤50%) ou raras (P<10%) (TOMBI; BILONG BILONG, 2004). Considerando a intensidade média as infestações/infecções foram classificadas como: muito baixas (IM<10), baixas (10≤IM≤50), médias (50<IM≤100) ou altas (IM>100) (TOMBI; BILONG BILONG, 2004). Quando o quociente entre a variância e a abundância média (s²/AM) de uma determinada espécie apresentou valores maiores do que 1, esta apresentava distribuição agregada (LEUNG, 1998).

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O coeficiente de correlação de Pearson “r” foi calculado para determinar a correlação entre a prevalência e o comprimento padrão do hospedeiro, com prévia transformação angular dos dados de prevalência e separação das amostras dos hospedeiros em intervalos de classes de comprimento (ZAR, 1996). O coeficiente de correlação por postos de Spearman “rs” foi utilizado para determinar possíveis correlações entre a abundância de cada espécie de parasito branquial e o comprimento padrão do hospedeiro e o fator de condição relativo (Kn) (ZAR, 1996). Para verificar a influência do sexo do hospedeiro na prevalência e abundância de cada espécie de parasito foram aplicados os testes G (“log-likelihood”) e U de Mann-Whitney, respectivamente (ZAR, 1996). Todas essas análises foram realizadas considerando dois critérios: os subsistemas agrupados e isolados. O teste de Kruskal Wallis foi calculado para comparar a abundância das infrapopulações de parasitos dos três subsistemas. Os testes mencionados anteriormente foram aplicados somente para as espécies de parasitos com prevalência maior que 10% (BUSH et al., 1990).

4.2.3 Parâmetros das infracomunidades e comunidades componentes de parasitos Os padrões de abundância, riqueza e diversidade (índice de Brillouin – HB) de parasitos foram avaliados nas infracomunidades. O coeficiente de correlação por postos de Spearman “rs” foi utilizado para determinar possíveis correlações entre a abundância, riqueza e diversidade de Brillouin das infracomunidades de parasitos branquiais e o comprimento padrão do hospedeiro (ZAR, 1996). Para verificar a influência do sexo do hospedeiro na abundância e diversidade das infracomunidades foi utilizado o teste U de Mann-Whitney, enquanto o teste de Kruskal Wallis foi utilizado para comparar a abundância e a diversidade das infracomunidades de parasitos dos três subsistemas.

O índice de dominância de Simpson (C) foi calculado pela expressão:

C=

2 1 /

S i i N n ,

na qual ni= número de indivíduos da espécie i; N= número total de indivíduos; S= número total de espécies (SIMPSON, 1949). O teste

2 foi utilizado para avaliar as interações interespecíficas nas infracomunidades de parasitos branquiais (LUDWIG; REYNOLDS, 1988) com prevalência maior que 10% (BUSH et al., 1990).

Os padrões de organização das infracomunidades de parasitos branquiais foram analisados através do índice de coocorrência C-Score (Checkerboard score) (STONE; ROBERTS, 1990), um modelo nulo baseado na matriz de presença-ausência. A matriz de

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presença-ausência continha o valor “1” quando a espécie foi encontrada em um determinado hospedeiro e “0” quando estava ausente.

O C-Score mede o número médio de unidades de pares de espécies que não coocorrem em todos os possíveis pares de espécies das infracomunidades. O número de unidades de pares de espécies que não ocorrem (UC) é calculado pela expressão: UC= (ri- S)(rj-S), na qual S é o número de hospedeiros compartilhados (hospedeiros contendo ambas as espécies), ri e rj são os números de hospedeiros onde as espécies de parasitos i e j ocorrem, respectivamente. O índice C-Score é calculado pela expressão:

C-Score=       

2 1 R R UC ,

na qual R é o número total de espécies de parasitos na matriz.

Neste trabalho foi aplicado o algoritmo SIM9 (GOTELLI, 2000), no qual as colunas representavam os hospedeiros e as linhas correspondiam as espécies de parasitos. O SIM9 mantém fixos os totais encontrados para as linhas e para as colunas, assim a prevalência de cada espécie e a riqueza de espécies para cada infracomunidade foram mantidas. Desse modo, para cada matriz em que os dados foram reordenados aleatoriamente, o C-Score foi recalculado, obtendo-se um valor médio deste índice para todas as matrizes aleatórias. Com isso foi testada a hipótese nula de que o índice de coocorrência da matriz empírica (valor observado) não é significativamente diferente do valor médio dos índices de coocorrência das matrizes aleatórias (valor esperado ao acaso). Quando o valor observado é significativamente distinto do valor médio esperado ao acaso, indica um padrão de estruturação das infracomunidades de parasitos, o qual pode refletir segregação entre as espécies (C-Score observado>esperado) ou agregação (C-Score observado<esperado) (KRASNOV et al., 2006). As análises foram realizadas para matrizes com dados de todas as infracomunidades em conjunto, assim como separadas em função do sexo, estágio de desenvolvimento (jovens ou adultos) ou ambientes de coleta do hospedeiro. Para cada matriz analisada foram realizadas 20.000 aleatorizações utilizando o software Ecosim 7 (GOTELLI; ENTSMINGER 2001).

A Análise de Correspondência Destendenciada (DCA; JONGMAN et al., 1995), foi aplicada visando detectar padrões de similaridade na composição de espécies entre as infracomunidades dos três subsistemas, assim como entre ambientes e hospedeiros machos e fêmeas, com base na abundância. A ANOVA foi aplicada sobre os escores do primeiro ou segundo eixo da DCA com o intuito de verificar eventuais diferenças entre os subsistemas, sexos e lagoas.

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Todos os valores dos testes estatísticos foram considerados significativos quando p≤0,05.

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