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4. ESTUDO I: Reconhecimento de emoções em música: validação de trechos musicais com

4.2 Materiais e métodos

4.2.1 Participantes

Trata-se de um estudo transversal com amostragem não probabilística. A amostra por conveniência ocorreu por acessibilidade e a participação foi voluntária e esclarecida, por meio de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) em formato digital. Os questionários para participantes menores de 18 anos de idade foram aplicados em escolas do município de Salvador (Bahia). Os mesmos tiveram consentimento de pais ou responsáveis (TCLE) e

concordaram com a participação na pesquisa através da assinatura de Termo de Assentimento Livre e Esclarecido.

Os participantes foram indivíduos com nacionalidade brasileira sem perda auditiva e sem histórico auto-relatado de doenças neurológicas ou transtornos psiquiátricos. Iniciaram a pesquisa online 1102 participantes, dos quais 469 completaram o questionário. Foram excluídos 12 participantes em decorrência de não terem nacionalidade brasileira ou por terem habitado maior parte da vida em outro país e 122 por problemas de saúde que poderiam estar associados a um padrão diferenciado de compreensão de emoções em música (Figura 6).

Participaram da pesquisa 335 indivíduos entre 13 e 72 anos de idade (M = 33,6, DP= 13,3), em sua maioria do sexo feminino. Trata-se de brasileiros residentes em quatro regiões do país, com predominância da região sudeste, seguida da região nordeste, e de diversas classes socioeconômicas (Tabela 5). Quanto ao nível de escolaridade, mais de 60% dos participantes declararam ter ensino superior completo.

Figura 6. Critérios de exclusão da amostra. Fonte: Própria autora Iniciaram o questionário N=1096 Problemas de saúde Excluídos = 122 Amostra Final N= 335 Nacionalidade Excluídos = 12 Transtorno auditivo N= 10 Transtorno psiquiátrico N= 100 Epilepsia N= 5 Acidente Vascular Traumatismo Crânio-encefálico Incompletos Excluídos = 633 Tumor cerebral N= 1

Tabela 5 - Características sociodemográficas dos participantes

N %

Sexo Feminino 243 72,5%

Masculino 92 27,5%

Escolaridade Ensino Fundamental 9 2,7%

Ensino Médio 102 30,4%

Ensino Superior e Pós-Graduação 224 66,9% Classe Socioeconômica (ABEP) A 71 21,6% B1 83 25,3% B2 129 39,3% C1 38 11,6% C2 7 2,13%

Região de residência Região Nordeste 64 19,4%

Região Centro-oeste 14 4,2%

Região Sudeste 235 71,2%

Região Sul 17 5,2%

Fonte: Própria autora

4.2.2 Procedimentos

Os procedimentos adotados nesta pesquisa seguiram as orientações éticas previstas nº 466 de 12 de dezembro de 2012, do Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Saúde e Comissão Nacional de Ética em Pesquisa – MS/CNS/CONEP e na Resolução 016/2000, do Conselho Federal de Psicologia (CFP, 2000), sendo sua realização aprovada em Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE: 45139115.9.0000.5561).

Um total de 56 estímulos sonoros musicais elaborados e validados em população canadense por Vieillard e colaboradores (2008) compuseram dois questionários digitais (ANEXO C). Cada categoria emocional foi avaliada através de 14 trechos com duração média de 12,4 segundos cada. Para a composição dos trechos musicais foi adotado sistema tonal ocidental e com uma melodia com acompanhamento. Eles foram gravados em timbre de piano, gerados por computador e adotaram os critérios indicados por pesquisas prévias de estrutura musical para expressão de emoções, tais como modo, andamento, dissonância, entre outras (vide Vieillard et al., 2008 para descrição mais detalhada dos estímulos).

Considerando o método de questionário digital e visando a adesão do participante, foram elaborados dois modelos de questionários com 28 estímulos alvo cada e tempo médio de aplicação de 15 minutos. Os estímulos foram apresentados individualmente aos ouvintes de maneira aleatória, precedidos de dois estímulos de exemplo. Cada trecho foi apresentado apenas uma vez. Os participantes foram convidados a responder qual a emoção que melhor definia a experiência emocional gerada por aquele trecho musical, rotulando-o em quatro categorias emocionais: alegria, tristeza, medo e serenidade. A opção por rótulos emocionais em detrimento de escala likert para cada tipo de emoção decorre das análises estatísticas do estudo original terem revelado que todos os estímulos musicais, mesmo quando pouco reconhecidos pelos participantes, suscitaram emoções específicas (Vieillard et al., 2008). Os participantes foram convidados, ainda, a avaliar o nível de ativação e a valência afetiva de cada trecho musical através do Self-Assessment Manikin - SAM (Bradley & Lang, 1994, Figura 7).

Figura 7. Escalas para dimensões do SAM: Valência Afetiva (Prazer-Desprazer; Alegre-

Triste) e Ativação (Excitado-Calmo). Fonte: Bradley & Lang, 1994

4.2.3 Procedimentos de análise de dados

Foram calculadas estatísticas descritivas para os dados sociodemográficos e o desempenho nas diferentes tarefas e condição experimental. Em seguida, estatísticas inferenciais foram aplicadas considerando características de distribuição amostral. A análise dos dados foi feita através do Statistical Package for Social Sciences (SPSS), versão 21.0.

Para a etapa de padronização dos estímulos musicais para o contexto brasileiro, analisou-se a resposta modal a cada estímulo sonoro como critério de atribuição das categorias emocionais em uma determinada população. Este procedimento é usado em estudos de julgamento de emoções por meio de expressões faciais e foi adaptado para a categorização emocional em música (Ekman & Friesen, 1971; Matsumoto, Hwang, & Yamada, 2010). A análise exploratória dos dados, realizada através do teste Kolmogorov- Smirnov, refutou hipóteses de normalidade para as variáveis referentes às categorias emocionais e variáveis sociodemográficas (p<0,05) e confirmou a distribuição normal dos dados para as variáveis referentes à valência e à excitação nos trechos musicais de medo e valência em trechos tristes. A comparação de duas médias foi realizada pelo teste não paramétrico Mann-Whitney. Entretanto a comparação de várias médias, considerando o tamanho amostral e que a análise da variância é relativamente robusta a desvios de normalidade, desde que não apresentem grande assimetria, foi realizada por meio de ANCOVA de medidas repetidas e correção de Bonferroni. Utilizou-se as categorias emocionais pretendidas (alegria, tristeza, medo e serenidade) como fator intra-sujeitos, idade como fator entre sujeitos e treino musical como covariável. Análise realizada através do teste de Levene (p>0,05) para todas as variáveis indicou homogeneidade das variâncias, confirmando a adequação dos dados à análise estatística selecionada.