• Nenhum resultado encontrado

Área de Estudo

O porto de Maceió (09º 40' 2” S e 35º 42' 54” W) encontra-se no centro do litoral do Estado de Alagoas entre duas praias com intensa urbanização: Avenida e Pajuçara. Região impactada por atividades antrópicas é cercada por estruturas que merecem ser descritas para um melhor entendimento das condições da região. A três quilômetros a noroeste está o emissário submarino, estrutura construída para lançar parte dos dejetos da cidade, em princípio tratados, no mar. Um quilômetro também a noroeste do local das observações está o “Riacho Salgadinho”, córrego que recebe esgoto clandestino, carreando lixo para o cais do Porto durante a maré cheia.

A região possui ainda uma colônia de pescadores, a menos de um quilômetro a norte do ponto de observação, que produz um intenso tráfego de embarcações, além disso, a maior marina e as piscinas naturais mais freqüentadas do Estado estão a menos de dois quilômetros a norte e a leste respectivamente do local de observação, intensificando ainda mais a circulação de embarcações.

O cais do Porto possui três berços, um píer de granéis líquidos, um cais do terminal açucareiro e um cais comercial que recebe também navios de turismo.

Em função da configuração geográfica da costa, prevalece a corrente de maré, cuja direção é sul na enchente e norte na vazante, com amplitude máxima 2,60 metros (DHN 2008, INPH 1993).

Coleta dos dados

Uma plataforma fixa com cerca de 3 metros de altura, localizada na base do Farol do porto, que possui cerca de 4 metros em relação ao nível do mar, totalizando 7

metros de altura, foi utilizada como ponto de observação. Como a plataforma está fixada na entrada do cais comercial é possível visualizar a maior parte da área do cais e toda a área referente a mar aberto num ângulo de 240°. A área de estudo foi dividida em quatro setores para um melhor aproveitamento dos dados de acordo com a profundidade e as características físicas de cada subárea. A divisão foi feita utilizando pontos de referência no Porto ou em terra. Estando, a Nordeste o Setor 1, composto parte pelo canal de entrada e saída dos navios do porto e parte pela rota de saída dos barcos da colônia de pesca e da marina com profundidade que varia de 6,0m a 8,0m metros, intenso tráfego de embarcações e fundo arenoso/orgânico. A Sul, mar aberto, se localiza o Setor 2 com profundidade média de 9,0m, fundo arenoso e uma pequena porção de recife submerso. Parte deste setor está no canal de entrada e saída dos grandes navios. A leste está o cais comercial, onde está localizado o Setor 3 com profundidade média de 10,5 metros. Este setor sofreu uma dragagem em 1999 e possui fundo de argila siltosa/orgânico (INPH 1993). O Setor 4 a sudeste tem profundidade média de 2m e fundo com formação de recife (Porto de Maceió 2002) (Figura 1).

Fig 1: Foto aérea do Porto de Maceió (9°40’2’’S e 35°42’54’’W), destacando o ponto de observação e os setores de estudo. Fonte: Porto de Maceió, 2002.

Os dados analisados neste trabalho foram coletados com auxílio de binóculos 12 X 50 mm, em dias aleatórios de janeiro a abril de 2007 e de janeiro a julho de 2008. As observações foram alternadas sendo uma no período da manhã de 07:00hs as 12:00hs e outra no período da tarde de 12:00hs as 17:00 hs de forma que se obtivesse o mesmo número de dias e horas de observação para os dois períodos.

Para coleta dos dados comportamentais utilizou-se como método amostral a amostragem comportamental com registro de todas as ocorrências (Altmann 1974, Martin and Bateson 1993). Esse método foi possível pelo pequeno número de animais, tamanho da área e pelo tipo de visão proporcionado pela localização da plataforma, que permite observar todos os indivíduos que estiverem dentro da área ao mesmo tempo. Esse formato de observação foi baseado no que Baird and Hanson (2004) utilizaram para orcas. Eles afirmam para uma área semelhante à desse trabalho que o foco estando voltado para o comportamento e não para o grupo reduz a probabilidade de extrapolar

um comportamento para todo o grupo, evitando a subestimação de comportamentos menos freqüentes como o descanso.

Consideramos apenas duas categorias etárias: adultos, e infantes para animais com comprimento visualmente estimado inferior a 2/3 do tamanho do adulto, regularmente acompanhado de animal adulto (Maze and Würsig 1999, Azevedo et al. 2005). Grupo foi definido com todos os animais que estavam ao mesmo tempo dentro da área de observação.

Dados referentes à profundidade e composição geomorfológica do fundo foram extraídos a partir das Cartas Náuticas 901 e 920, e relatórios de pesquisas anteriores cedidos pela administração do Porto de Maceió (INPH 1993, Oliveira and Campion 1999). As profundidades estabelecidas para os setores são referentes à baixa mar de sizígia.

Categorias comportamentais

Quatro categorias comportamentais foram consideradas e analisados neste trabalho, definidos com base em trabalhos anteriores e descritas a seguir:

Forrageio: Todo comportamento individual ou em grupo ligado à alimentação direta ou

indiretamente, culminando ou não na captura e consumação da presa. Sendo consideradas as atividades de forrageio descritas para a espécie anteriormente (Geise 1991, Nascimento 2002, Monteiro et al. 2006, Souto et al. 2006);

Deslocamento: Deslocamento de um ou mais indivíduos com trajetória definida

(direção constante), velocidade variada, sem evidencia de outra atividade e com os animais claramente em transito de uma área a outra (Harzen 1998, Edwards and Schnell 2001). A categoria deslocamento não foi contabilizada quando inserida no contexto de outra categoria analisada neste trabalho. Por exemplo: O deslocamento executado

sim na categoria forrageio, por entender que tal deslocamento está inserido nesse contexto;

Descanso: Os animais se movimentam lentamente, rente à superfície, sem função

aparente, em geral realizado em grupo e em sincronia, onde se observa apenas o dorso dos animais quando emergem para respirar. Esses animais mantêm ainda uma orientação regular podendo, no entanto mudar de direção (Wursig and Wursig 1980, Karczmarski and Cockcroft 1999);

Socialização: Interações entre os indivíduos usualmente com contato corporal e fora do

contexto de outro tipo de atividade. Incluindo atividades aéreas, interação com objetos, interações agressivas entre indivíduos e comportamentos agonísticos na presença de embarcações (Harzen 1998, Edwards and Schnell 2001, Daura-Jorge et al. 2005); Análise dos dados

Por não apresentarem distribuição normal os dados foram comparados a partir de testes não-paramétricos com o auxílio do programa estatístico Graphpad InStat 3.0. Para verificar a diferença entre dois grupos independentes de amostras (diferenças entre dois setores ou duas atividades) foi utilizado o Teste de Man-Whitney (U-Test). Para analisar a diferença entre mais grupos independentes de amostras (diferenças entre setores e atividades, atividades e marés) foi utilizado o teste de Kruskal-Wallis. Em todos os testes foi adotado um nível de significância de 5%.

RESULTADOS

Presença dos animais e Orçamento temporal

Foram realizados 38 dias de observação, 5 horas por dia, totalizando 190 horas de esforço amostral e 87 horas de esforço efetivo. Em 31(81,59%) dos dias de observação os animais estavam presentes e em apenas em 7 dias (18,42%) não

houveram animais na área. A presença de infantes foi significativa, em 30 (96,77%) dos dias observados. O maior número de animais na área ao mesmo tempo foi igual a 10 animais e o menor 1 animal, sendo a média igual a 4,15 animais. A maior freqüência foi de 3 animais ao mesmo tempo (n=18) e os números menos freqüentes 8 e 10 animais (n=1).

O número de avistagens em relação à presença de indivíduos teve maior efetividade no período da tarde. Do número total de avistagens 57,85% ocorreram no período da tarde. Em relação à faixa etária, 60,02% do total de indivíduos adultos observados e 57,14% dos infantes foram observados no período da tarde e 39,97% do total de adultos e 42,85% dos infantes foram observados no período da manhã. As diferenças, contudo não foram consideradas significativas pelos testes estatísticos.

Dois picos de ocorrência dos animais na área foram observados, um das 8:00 as 11:00 e o segundo das 13:00 as 16:00. Sendo o horário entre 13:00 e 13:59 o de maior número de avistagens. Por outro lado das 11:00 as 11:59 houve um grande decréscimo no número de animais presentes nas área, voltando a ocorrer uma diminuição entre 16:00 e 17:00. Também no intervalo entre 16:00 e 17:00 ocorreu um incremento na proporção adultos/infantes presentes na área.

Forrageio foi a categoria comportamental mais freqüente representando 34,25% das atividades, seguido pelo deslocamento com 32,98% e pela socialização com 27,59%. O descanso foi responsável por apenas 5,18%, do total das atividades. Estatisticamente não houve diferença significativa entre as atividades quando analisados os totais (p<0,2301), porém quando analisadas as categorias uma a uma o teste de Kruskal-Wallis mostrou que existe diferença entre forrageio e descanso (p<0,01), socialização e descanso (p<0,05) e entre deslocamento e descanso (p<0,001).

Quase todas as atividades obtiveram maior freqüência no período da tarde, apenas forrageio obteve um percentual ligeiramente maior no período da manha (50,06%). A categoria descanso foi a que obteve maior diferença entre as freqüências apresentadas nos períodos manhã e tarde. Do total, 66,52% desse tipo de comportamento ocorram no período da tarde e 33,48% no período da manhã. O teste de Wilcoxon no entanto, não mostrou significância entre os dois períodos (p=0,5) para o descanso.

A Socialização apresentou 57,85% de freqüência a tarde e 42,15% no período da manhã e o deslocamento 57,81% para a tarde e 42,18% para a manhã. O teste de Kruskal Wallis não mostrou diferença significativa em relação às atividades e os períodos do dia (p<0,4408).

As atividades apresentaram maior número de ocorrências em determinados horários do dia, sendo forrageio e socialização as mais observadas ao longo da coleta de dados. O forrageio obteve um pico no número de ocorrências pela manhã (08:00 as 09:59) e outro pico, de maior freqüência, à tarde (13:00 as 13:59). A socialização obteve também um pico pela manhã no mesmo horário do forrageio e outro à tarde, sendo o horário entre 15:00 e 17:00 o que obteve maior número de ocorrência deste comportamento. Socialização foi, além disso, a atividade mais observada no período entre 16:00 e 17:00 quando analisados os totais de números de ocorrência. O deslocamento teve seu ápice no intervalo entre 15:00 e 16:00, o que coincidiu com o início do horário de maior freqüência de saída dos animais da área de observação. O descanso também foi observado com maior freqüência no fim da tarde entre 15:00 e 17:00 (Figura 2).

Fig. 2. Distribuição das atividades de S. guianensis por nº de ocorrências e por hora do dia no Porto de Maceió-AL.

A distribuição das freqüências das atividades executadas pelos animais ao longo de cada hora do dia mostraram que apesar de à hora entre 11:00 e 11:59 ter apresentado uma baixa ocorrência de avistagens em relação as outras horas do dia, a freqüência relativa do forrageio foi bastante alta, sendo equivalente a mais de 50% das atividades realizadas nesta hora. O comportamento de forrageio também foi responsável por mais de 50% das atividades executadas na hora entre 13:00 e 13:59.

A socialização obteve sua maior freqüência relativa na hora entre 16:00 e 17:00, o que corresponde também a maior presença de infantes na área. A maior freqüência relativa do deslocamento ocorreu nos horários em que também foram mais freqüentes a entrada e saída dos animais.

O descanso foi observado em dois horários com maior freqüência relativa, entre 11:00/11:59 e 16:00/17:00, neste período essa categoria foi equivalente a mais de 10% do total das atividades executadas (Figura 3).

Fig. 3. Distribuição hora a hora das categorias comportamentais executadas por S.

guianensis no Porto de Maceió, AL.

Influência da Geomorfologia e da Profundidade

Não houve preferência por setor em relação ao período do dia. O Setor 2 foi preponderante sobre os outros, 70,96% do total das atividades foram executadas neste setor.

A distribuição das atividades mostrou que o Setor 2 (profundidade 9,0m, fundo arenoso) obteve uma distribuição equitativa das atividades ao longo do dia, exceto no horário entre 11:00 e 11:59, horário que obteve a menor freqüência de ocorrência de atividades em todos os setores. No Setor 1 (profundidade 6-8m, fundo arenoso/orgânico) houve um pico na atividade de forrageio na hora entre 13:00 e 13:59 Esse setor foi utilizado basicamente para forrageio e deslocamento. No Setor 3 (profundidade 10,5m, fundo argila siltosa/orgânico) o deslocamento foi o comportamento preponderante. Apenas no horário entre 10:00 e 10:59 houve ocorrência significativa dos comportamentos de forrageio e socialização. Entre 11:00 e 11:59 não foram registradas atividades nesse setor. O deslocamento foi a atividade mais observada

no Setor 4 (profundidade 2m, fundo recife), estando esse comportamento associado ao horário de maior freqüência de entrada e saída dos animais. A socialização esteve presente neste setor com incidência significativa também associada aos horários de entrada e saída dos animais. Semelhante ao Setor 3 não foram registradas atividades neste setor no horário entre 11:00 e 11:59 (Figura 4).

N º d e o c o rr ê n c ia s

Fig. 4. Distribuição horária das categorias comportamentais executadas por S. guianensis em cada um dos setores observados.

DISCUSSÃO

Presença dos animais e Orçamento temporal

O tamanho dos grupos não diferiu dos observados na maioria das áreas de ocorrência para a espécie e não foram observadas variações significativas nos tamanhos de grupo relativas ao tipo de atividade apresentada (Geise et al., 1999; Daura-Jorge et al., 2005; Souto et al., 2006). Apesar disso pode-se verificar que a maioria dos eventos de forrageio foram individuais e os referentes à socialização e descanso em grupos um pouco maiores ou em pares adulto/infante.

O período da tarde foi o de maior freqüência da presença dos animais na área, também o período em que ocorreram o maior número de registros dos comportamentos, com um grande decréscimo no horário entre 11:00 e 12:00 horas, o que difere da maioria dos trabalhos com a espécie, em que é comum uma maior freqüência no começo da manhã ou durante as horas mais quentes do dia (Geise et al., 1999; Lodi, 2003; Queiroz & Ferreira, 2006), contudo Edwards & Schnell (2001) encontraram horários de freqüência diferentes para duas áreas da Reserva de Miskito na Nicarágua, sendo uma pela manhã e outra à tarde. Eles atribuíram as diferenças a fatores físicos e ambientais como topografia, profundidade, temperatura da água e salinidade, além da distribuição e abundância de presas. Para o Porto de Maceió acreditamos que a freqüência da presença dos animais esteja mais relacionada com o movimento diário das presas, e este diretamente ligado a fatores ambientais como observado por Würsig & Würsig (1980), Hanson & Defran (1993) e Karczmarski & Cockcroft (1999) para outros delfins. Além disso, o padrão de horários da presença dos animais na área e do

e Hanson & Defran (1993) para Tursiops truncatus e também por Azevedo et al. (2007) para Sotalia guianensis, com dois picos para a atividade, no início da manhã com declínio no meio do dia e novo pico no final da tarde.

O orçamento temporal apresentado pelos animais foi em parte semelhante aos obtidos para outras populações em condições semelhantes (Geise et al., 1999; Edwards & Schnell, 2001; Daura-Jorge et al., 2005; Rossi-Santos, 2006; Azevedo et al., 2007) e para outros delfins (Ballance, 1992; Hanson & Defran, 1993; Bearzi et al., 1999; Karczmarski & Cockcroft, 1999). Exceto pela alta porcentagem de tempo gasto em socialização que tem sido pouco comum para a espécie, e que se explica por fatores como a alta freqüência de infantes na área por todo o período de coleta de dados e pela grande disponibilidade de presas, que faz com que os animais necessitem gastar menos tempo forrageando e disponham de mais tempo para outras atividades.

As freqüências das demais categorias comportamentais aparentemente estiveram bastante ligadas ao forrageio. Os picos de socialização se distribuíram logo após os picos de forrageio, e o horário de maior número de ocorrências desse comportamento esteve ligado ao momento da saída do grupo da área de observação. A maior ocorrência do deslocamento foi referente aos horários de entrada e saída dos animais na área. Este mesmo padrão de distribuição dos comportamentos de forrageio e socialização é apresentado por Shane et al. (1986) e por Saayman (1972) para os golfinhos Tursiops truncatus e Tursiops aduncus no Texas e na Africa do Sul respectivamente.

O descanso foi pouco significativo, mas teve sua maior freqüência de ocorrência anterior aos momentos de saída dos animais da área e posterior aos picos de alimentação. Azevedo et al. (2007) sugerem que a baixa freqüência do descanso nas

comportamento no período noturno. Atem & Monteiro-filho (2006) em observações noturnas afirma não ter detectado esse comportamento em função deste ser o mais difícil de ser identificado.

Este padrão comportamental corrobora com o que já foi descrito para outras espécies de delfins, no que diz respeito à distribuição das atividades desses animais. O sucesso de forrageio é o que determina o tempo a ser gasto com as outras atividades (Karczmarski & Cockcroft, 1999). Estas serão mais freqüentes apenas quando as necessidades nutricionais forem satisfeitas (Neumann, 2001).

O horário entre 11:00 e 11:59 apresentou um decréscimo considerável na presença dos animais na área e conseqüentemente na freqüência das atividades. Saayman et al. (1972), encontraram o mesmo padrão para o delfim Tursiops aduncus. Este mesmo autor sugere que a variação horária em relação ao forrageio esteja ligada à influência do fotoperíodo na disponibilidade das presas. Quanto à diminuição das outras categorias comportamentais o autor afirma que podem estar relacionados a alguma outra variável ecológica não especificada. Em nosso caso apesar da diminuição na freqüência de ocorrência dos animais neste horário, proporcionalmente o comportamento de forrageio foi bastante alto, não justificando, portanto, a diminuição na disponibilidade de presas. Uma observação mais profunda deve ser feita sobre este aspecto para esclarecê-lo melhor.

Influência da Geomorfologia do Fundo e da Profundidade

Em relação aos setores o orçamento temporal e de atividades pôde mostrar o tipo de uso de cada setor pelos os animais. A utilização de habitats diferentes para cada tipo de atividade é comum para S. guianensis e a determinação do uso parece estar ligada à

estrutura de cada região e a adaptação das populações as diferenças físicas e ambientais encontradas nessas áreas (Edwards & Schnell, 2001; Cremer et al., 2004; Daura-Jorge et al., 2005; Rossi-Santos et al., 2006; Valle, 2006; Azevedo et al., 2007).

O setor 2 (profundidade 9m e fundo arenoso) foi o responsável pela maioria das atividades e estas se distribuíram como já foi descrito acima. O setor 1 (6-8m, fundo arenoso/orgânico) apresentou um número de ocorrências muito baixas de todos as categorias comportamentais ao longo do dia exceto no horário correspondente ao segundo pico do forrageio, aumento este relacionado a localização do setor, vizinho ao setor 2.

O setor 3 (10,5m, argila siltosa/orgânico) apresentou poucas ocorrências de atividades, com um pequeno pico na atividade de forrageio equivalente ao horário de maior freqüência desse comportamento pela manhã e um pico na freqüência do deslocamento equivalente ao horário de saída dos animais da área. O setor 4 (2m, recife) foi utilizado basicamente para entrada e saída dos animais. O gráfico mostra claramente os horários utilizados para esse fim, entrada no inicio da manhã com saída no meio do dia, retorno logo a seguir e nova saída no fim da tarde. É ainda possível observar os picos de socialização ligados à entrada e saída dos animais.

A maior freqüência de atividades na profundidade 9m, com fundo arenoso e menor declive, pode estar ligada tanto à distribuição das presas, quanto a segurança dos animais em relação ao tráfego de embarcações na área. O uso mais freqüente de áreas mais profundas e menor declive por S. guianensis já foi reportada anteriormente por Geise et al. (1999), Simão & Poletto (2002) e Rossi-Santos (2006).

Esse tipo de delineamento do comportamento não havia sido feito ainda para a espécie e pode ser bastante útil por mostrar o padrão geral da população para determinada área. O monitoramento constante desses padrões relativos à duração, distribuição e horários de ocorrência pode mostrar possíveis alterações no hábitat, suprimentos alimentares e outros padrões fisiológicos, sociais e ambientais (Neumann,

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a administração do Porto de Maceió pela permissão concedida para realização deste trabalho na pessoa do Sr. Berenaldo Lessa, e por todo o apoio estrutural. A MAMMALIA - Conservação & Pesquisa pelo auxílio técnico no transporte para a coleta de dados. Aos pesquisadores Bruno Collaço, Ana Eduarda Campos e Juliana Glasherster pelo auxilio no trabalho e campo. Agradecem também ao

REFERÊNCIAS

Altman, J. 1974. Observational study of behaviour: sampling methods. Behaviour. 49, 227- 265.

Atem, A.C.G., Moteiro-Filho, E.L.A. 2006. Nocturnal activity of the estuarine dolphin (Sotalia guianensis) (Cetacea, Delphinidae) in the Region of Cananéia, São Paulo State, Brazil. Aquatic Mammals 32(2), 236-241.

Azevedo A. F., Oliveira A. M., Viana S. C., Van Sluys. V.2005. Group characteristics of marine tucuxis (Sotalia fluviatilis) (Cetacean: Delphinidae) in Guanabara Bay, South Eastern Brazil. Journal of Marine Biology 85, 209-212.

Azevedo A. F., Oliveira A. M., Viana S. C., Van Sluys, M. 2007. Habitat use by marine tucuxis (Sotalia guianensis) (Cetacea: Delphinidae) in Guanabara Bay, south-eastern Brazil. Journal of Marine Biology 87, 201–205.

Baird, R. W., Hanson, M. B. 2004. Diet studies of “Southern Resident” killer whales:

Documentos relacionados