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1 5 RELAXAMENTO COMO AGENTE REDUTOR DOS EFEITOS DELETÉRIOS DO ESTRESSE

3. MATERIAL E MÉTODO

3. 1. Caracterização da Pesquisa

A pesquisa aprovada pelo Comitê de Ética para Pesquisa em Seres Humanos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, apresenta um caráter experimental e teve como população homens e mulheres em idade reprodutiva que exercem a função de operadores de caixa, no período matutino, das 06:00 às 14:00 hs, numa rede de supermercados no município de Natal, Rio Grande do Norte.

3. 2. Sujeitos

Foram avaliados 7 sujeitos, 3 mulheres e 4 homens, com idade entre 20 a 35 anos. A participação no projeto de pesquisa foi de caráter voluntário, e para tal, os indivíduos assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido concordando com sua inclusão (ANEXO1). Após a aceitação, cada voluntário preencheu um Inventário de Identificação que constou de informações gerais (ANEXO 2). Os dados obtidos nesses protocolos formaram um banco de dados que serviu para a seleção dos voluntários mediante os seguintes critérios: não fazer uso de contraceptivo e de medicamentos ansiolíticos, apresentar ciclo menstrual regular, não se encontrarem em período gravídico e não apresentarem história de doenças crônico-degenerativa. Os indivíduos que se enquadraram nesses critérios, passaram para a etapa seguinte do experimento, sendo as mulheres submetidas ao monitoramento do ciclo ovariano.

3. 3. Monitoramento do Ciclo Ovariano

O ciclo ovariano das voluntárias foi monitorizado ao longo de três meses consecutivos, o que possibilitou a definição da duração média do ciclo. Esse

monitoramento foi realizado pelo preenchimento diário de uma ficha de controle do ciclo ovulatório, através da avaliação do muco vaginal (cheiro, cor e viscosidade) pelo Método de Billings e da temperatura oral através da Regra da Variação Térmica (ANEXO 3). Esses métodos estão enquadrados nos Métodos Contraceptivos, caracterizados como de abstinência sexual periódica, onde estão também inclusos o Método Rítmico e o Método Sintotérmico. O método de Billings baseia-se na ocorrência de modificações cíclicas no muco cervical, através dos quais as mulheres podem observar se estão no período fértil. Quando na fase ovulatória do ciclo reprodutivo, ocorre um aumento da quantidade no muco cervical, o qual fica filante e transparente, assemelhando-se à clara de ovo, como resultado da influência do estrógeno, que se encontra em maiores concentrações nessa fase do ciclo, nas características do muco; as quais favorecem o acesso do espermatozóide ao óvulo, facilitando a fertilização. A Regra da Variação Térmica é caracterizada por um aumento da temperatura basal (0.3 – 0.8ºC), após a fase ovulatória do ciclo reprodutivo, devido à ação da progesterona no centro regulador do hipotálamo, que encontra-se em concentrações mais elevadas durante a fase mais elevada durante a fase lútea do ciclo reprodutivo. Após os 3 meses de monitoramento, as mulheres com ciclos ovulatórios regulares, ou seja, com duração entre 28 e 31 dias foram selecionadas para participar do experimento.

As fases do ciclo ovulatório foram caracterizadas como se segue: a) caso o ciclo ovariano da voluntária fosse de 28 dias, o dia 14 (representado no esquema abaixo pela cor azul) equivale ao dia da ovulação, podendo-se considerar ainda os dias 13 e 15 nessa fase. Os dias 26, 27 e 28 do ciclo correspondem à fase pré-menstrual (representados no esquema pela cor lilás), já os dias 1, 2, 3, 4 e 5 equivalem ao período menstrual (representados pela cor vermelha), os dias 6, 7, 8, 9, 10, 11 e 12, equivalem a fase folicular (representados pela cor verde), enquanto os dias 16, 17, 18 ,19, 20, 21, 22, 23, 24 e 25 correspondem a fase luteal do ciclo ovulatório (representados pela cor preta).

Essa classificação foi baseada no método da tabela de Ogino_Knauss (tabelinha), também enquadrada como método de Abstinência Sexual Periódica (ABC da Saúde, 2001).

3. 2. 1 . Caracterização do Grupo Controle e do Grupo Experimental

Os sete indivíduos selecionados foram submetidos às três etapas do estudo (grupos dependentes), que consistiu na: Fase 1 de obtenção da medida basal (controle 1), na Fase 2 de imersão na água (controle 2), e Fase 3 da aplicação da técnica Watsu (fase experimental). Antes da realização da coleta de dados, os indivíduos receberam uma cartilha com orientações sobre os procedimentos a serem tomados nos dias anteriores à coleta, como também do dia de coleta de dados, ou seja, na fase experimental (ANEXO 4).

3. 3. Experimento

3. 3. 1. Local

O procedimento experimental foi realizado em uma clínica na cidade de Natal, em piscina coberta e aquecida. A piscina utilizada tinha 8m de comprimento, 4m de largura, 1 m e 40 cm de profundidade, bordas regulares e escada de alumínio, estando localizada em ambiente totalmente fechado. A cobertura era de telhas de zinco e o aquecimento foi realizado através de sistema de aquecimento a gás, com a temperatura mantida entre 34 e 35ºC. O ambiente era pouco iluminado durante as sessões, que foram acompanhadas de música suave. As coletas de dados foram realizadas no período vespertino.

3. 3. 2. Parâmetros Fisiológicos Basais

Ao chegarem à clínica, os voluntários ficaram em repouso por 15 minutos em sala reservada, sendo em seguida feita a avaliação da freqüência cardíaca (FC), pela pulsação da artéria radial do membro superior esquerdo, e das pressões arteriais sistólica e diastólica (PAS e PAD, respectivamente) através de um tensiômetro e esfignomanômetro, fixado no braço direito dos sujeitos, além da verificação da freqüência respiratória. Os indivíduos foram avaliados na posição supina, em uma maca localizada em ambiente fechado, com temperatura ambiente e bem iluminada. Todos os parâmetros foram coletados por uma aluna colaboradora do estudo. Entre as mulheres, a coleta de dados foi realizada em 2 ciclos ovarianos, sendo avaliadas as fases folicular e luteal de cada ciclo, ou seja, 2 fases foliculares e 2 fases luteais para cada voluntária. Para os homens, foram realizadas duas coletas em cada fase do experimento. O dia da coleta foi definido previamente, tendo como base às informações obtidas através do protocolo de monitoramento do ciclo menstrual, bem como sua disponibilidade. Para os homens, cada fase do experimento constou de duas coletas.

3. 3. 3. Parâmetros Fisiológicos Após Período de Imersão em Água Quente

Para assegurar a qualidade dos dados coletados, os voluntários foram solicitados a comparecer a clínica e permanecerem imersos por 50 minutos na piscina aquecida com o experimentador (duração média da sessão de Watsu), mas sem a aplicação da técnica Watsu. Antes da imersão, foram avaliadas a pressão arterial, a freqüência cardíaca e a freqüência respiratória, que foram reavaliadas após a saída dos voluntários da piscina.

3. 3. 4. Parâmetros Fisiológicos Associados à Aplicação da Técnica Watsu

Os voluntários retornaram posteriormente à clínica para realização da Fase 3 do experimento, com à aplicação da técnica Watsu. Nessa fase, os indivíduos foram submetidos à coleta dos parâmetros fisiológicos (pressão arterial, freqüência cardíaca, freqüência respiratória) antes e após a aplicação da técnica realizada por um fisioterapeuta treinado, em piscina com temperatura aquecida (34ºC). Os voluntários foram testados individualmente. Cada sessão durou em média 50 minutos, sendo os 15 minutos iniciais utilizados para a realização de movimentos básicos, seguidos de 30 minutos de movimentos complexos: 15 minutos para o lado direito, 15 minutos para o lado esquerdo e 5 minutos final para a conclusão da sessão. Cada movimento foi repetido em média duas vezes.

Os movimentos básicos consistem de:

 Começando na parede: É a posição inicial da sessão de Watsu, onde se orienta o paciente para encontrar a posição mais confortável apoiando suas costas contra a parede, pernas com base alargada e concentração na retificação de sua coluna. Deve-se sentir o suporte proporcionado pela parede. O local de início da sessão deve ser o mesmo do término, quando o paciente sente o suporte da parede em suas costas novamente (FIGURA 1).

 Entregando-se à água: O terapeuta fica de pé na frente do paciente sem tocá-lo, ambos com as pernas semiflexionadas e o tronco imerso até aproximadamente o ombro. Nessa fase, o paciente é instruído a regular a inspiração e a expiração com a flutuação corporal, onde, quando inspira deixa o corpo subir na água e quando expira, deixa o corpo afundar na água até o queixo.

 Dança da respiração na água: Após entregar-se a água, o terapeuta pega o paciente, colocando-o deitado em seus braços na posição supina, de forma que o braço direito do terapeuta fique embaixo do sacro do paciente e o braço esquerdo sustentando o pescoço; ambos os braços do

terapeuta ficam em posição de pronação. O paciente é instruído a fechar os olhos, de preferência. Em seguida, o terapeuta submerso na água até aproximadamente o ombro, regula sua respiração com a do paciente, de forma que durante a inspiração, tanto o terapeuta como o paciente suba na água e na expiração afundem (FIGURA 2).

 Sanfona: Continuando com a mesma posição do exercício anterior, o terapeuta realiza a flexão dos joelhos e dos quadris do paciente durante a inspiração e a extensão de quadris e joelhos durante a expiração (FIGURA 3).

 Sanfona rotatória: Continuando com o movimento descrito anteriormente, o terapeuta nesse momento realiza, no momento da inspiração, a flexão de joelhos e quadris, juntamente com rotação interna da perna direita e externa da perna esquerda do paciente, fazendo com que os membros inferiores sigam em direção á esquerda e o tronco realize uma leve rotação para a esquerda, de forma que o paciente se afaste do terapeuta. Durante a expiração, o movimento que ocorre é o contrário, com extensão de quadris e joelhos, rotação externa do quadril direito e interna do quadril esquerdo e rotação do tronco para o lado direito, de forma que o paciente aproxime-se do terapeuta (FIGURA 4).  Rotação com a perna próxima ao corpo: Durante a sanfona rotatória, na

fase de ida, ou seja, da inspiração, o terapeuta libera o membro inferior esquerdo do paciente, fazendo o movimento de volta apenas com o membro inferior direito. Em seguida, o terapeuta realiza os mesmos movimentos descritos na sanfona rotatória, sendo dessa vez realizado apenas com o membro inferior direito, ficando o esquerdo livre (FIGURA 5A E 5B).

Os movimentos complexos consistem de:

 Captura: Dando seqüência ao movimento anteriormente descrito, durante a fase de ida do membro inferior direito, o terapeuta busca o membro superior esquerdo do paciente, deixando que a cabeça do paciente antes

apoiada na dobra do cotovelo seja sustentada pela mão esquerda do terapeuta (berço). Nesse momento, o terapeuta com o fluxo da água faz com que o membro superior direito do paciente antes localizado atrás do terapeuta passe para frente do seu tronco (FIGURA 6).

 Balanço de braço e perna: O mesmo movimento da rotação com a perna próxima ao corpo é realizado, no entanto, dessa vez, a cabeça do paciente encontra-se no berço (FIGURA 7A). A seqüência do movimento consiste na colocação, pelo terapeuta, da cabeça do paciente sobre o ombro esquerdo do terapeuta, de forma que o joelho esquerdo do paciente seja sustentado pela mão esquerda do terapeuta e o ombro direito do paciente seja sustentado pelo braço direito do terapeuta. Na seqüência, são realizados os movimentos de flexão e rotação externa do quadril esquerdo e flexão do joelho esquerdo, objetivando o alongamento da musculatura posterior da coxa, bem como o da musculatura adutora. No mesmo momento, realiza-se o alongamento da musculatura peitoral do hemicorpo esquerdo, estando o ombro esquerdo do paciente em abdução horizontal (FIGURA 7B).

 Torção: Na posição do exercício anterior, o terapeuta nesse momento solta o ombro direito do paciente e com a sua mão esquerda sustenta o joelho direito do paciente, logo, o terapeuta solta a mão direita do joelho do paciente de forma que essa mão agora seja colocada sobre o ombro direito do paciente. Nessa posição, o terapeuta alonga o músculo peitoral do hemicorpo direito e com o braço esquerdo realiza a flexão de quadril e joelho direito do paciente, juntamente com a rotação externa do quadril, de forma que realize alongamento na musculatura póstero-lateral de coxa, glúteo e tronco (hemicorpo direito) (FIGURA 8A E 8B).

 Joelho e cabeça: Na posição anterior, o terapeuta libera o ombro direito do paciente, fazendo com que a cabeça do paciente deslize para a sua dobra do cotovelo direito (FIGURA 9). Após essa posição, todos os movimentos realizados, são repetidos do outro lado.

 Movimento livre: Depois de realizado todos os movimentos do outro lado, o terapeuta deixa o paciente na posição joelho e cabeça e com a ajuda do fluxo da água, desliza seu braço direito para o sacro do paciente, retornando a posição inicial.

 Volta à parede: Dando continuidade na posição anterior, lentamente o terapeuta coloca o paciente de volta a parede, no local onde iniciou a sessão.

3. 4. Avaliação da Percepção do Estresse, do Humor e da Ansiedade

Para a avaliação da percepção do estresse foi realizada no local de trabalho pela utilização do Percived Stress Questionnaire (PSQ) (ANEXO 5), questionário traduzido e validado por Costa e Costa (2004) como Questionário do Estresse Percebido de Levenstein (QEPL), sendo aplicado na sua forma geral. O presente instrumento é composto por 30 questões objetivas, que enfatizam particularmente as percepções de caráter cognitivo que os estados emocionais ou eventos de vida específicos (Levenstein et al, 1993).

Para a mensuração do estado de humor foi aplicado o instrumento POMS (ANEXO 6), que foi aplicado em todos os dias de coleta de dados antes dos voluntários serem submetidos às avaliações dos parâmetros fisiológicos. O instrumento consta de 65 questões objetivas, nas quais os indivíduos sinalizam valores em uma escala de 0 a 4, sendo o valor zero correspondente a ausência de sensação dolorosa e 4, quando essa sensação foi extremamente desagradável. Os resultados obtidos equivalem aos estados: vigor, fadiga, tensão, confusão, raiva e depressão apresentados pelos voluntários.

A avaliação da Ansiedade Traço e Estado foi realizada pelo Inventário IDATE aplicado por uma psicóloga no próprio local de trabalho dos sujeitos. O IDATE, ou Inventário de Ansiedade Traço-Estado é um instrumento de pesquisa psicológica, de

autoria de Spielberg, Gorsuch e Lushene (1967), que tem se mostrado útil na investigação de dois conceitos distintos de ansiedade: a) estado de ansiedade (A- estado) e o b) traço de ansiedade (A-traço). Esse instrumento avaliou a variabilidade dos escores das escalas de Ansiedade Traço-Estado pela administração dos 2 inventários constituídos de 20 afirmações cada, que requerem dos sujeitos uma indicação de como se sentem ao longo da sua vida, e como encontram-se no momento em que é aplicado o teste.

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