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4 ARTIGO 3 CARACTERIZAÇÃO DO CONSUMO MADEIREIRO NAS

5.2 MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa consiste em uma análise descritiva realizada junto a pequenos produtores familiares localizados na Região Sul do Brasil, que compreende os estado do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Localizado ao sul do Trópico de Capricórnio, a região possui o clima caracterizado com subtropical em toda sua extensão com chuvas distribuídas uniformemente ao longo do ano (LEITE, 1994).

Para seleção, considerou-se o conceito de agricultor familiar previsto na Lei nº 11.326/2006, que define agricultores familiares como produtores rurais que possuam uma área até quatro módulos fiscais, utilizem mão de obra familiar, possuam renda mínima familiar proveniente do seu estabelecimento e que gerencie a propriedade com sua família (BRASIL, 2006).

Na delimitação da área de estudo selecionaram-se regiões que tivessem acentuada presença das florestas plantadas no contexto da agricultura familiar. Devido à forte presença da produção de tabaco na agricultura familiar do Sul do Brasil (POLL et al., 2013), a qual demanda quantidades significativas de lenha (FARIAS, 2010), a pesquisa concentrou-se nas regiões produtoras de tabaco Virginia.

Também na delimitação da abrangência do estudo, utilizou-se a divisão regional oficial do IBGE em microrregiões. A divisão oficial é um importante instrumento de planejamento público e seu emprego permite comparações com dados estatísticos oficiais. Fajardo (2013) destaca a importância do uso destes mecanismos para orientar os estudos de âmbito acadêmico a fim de evitar a propagação de equívocos provenientes de regionalizações arbitrárias.

Na estratificação da área de estudo agrupou-se as microrregiões que apresentavam similaridades, sobretudo nas características fisiográficas, o que resultou em sete regiões

selecionadas (Tabela 1). Ao agrupar as microrregiões não foi considerado a classificação oficial em mesorregiões, devido a impossibilidade de adapta-las a distribuição da agricultura familiar, ocorrendo em alguns casos a união de microrregiões provenientes de mesorregiões distintas.

Tabela 1 - Regiões delimitadas na pesquisa com suas respectivas abrangências, incluindo as microrregiões conforme definidas pelo IBGE e o número de municípios.

Regiões do estudo Microrregiões englobadas Municípios

PR - Sudeste Paranaense

Irati, Lapa, Prudentópolis, Rio Negro e São Mateus do Sul

22

SC - Planalto Norte Canoinhas 12

SC - Alto Vale Ituporanga e Rio do Sul 27

SC - Litoral Sul Araranguá, Criciúma e Tubarão 45

RS - Centro Serra Santa Cruz do Sul e Soledade 18

RS - Depressão Central Cachoeira do Sul e São Jerônimo 16

RS - Costa Doce Camaquã e Pelotas 24

Para a estimativa do número de propriedades familiares abrangidas, foram utilizadas as informações do Censo Agropecuário da Agricultura Familiar de 2006. As sete regiões abrangidas somam um total de 166.566 propriedades familiares, que por sua vez compreendem uma área de 2.319.824 ha. Nestas regiões a agricultura familiar corresponde a 88,6% dos estabelecimentos e 42,6% da área total das propriedades rurais (IBGE, 2009).

Foram amostradas um total de 438 propriedades distribuídas entre as sete regiões, o que representou uma intensidade amostral de 0,26%. Estas propriedades tem uma área média de 15,91 ha, e são ocupadas em média por 1,36 famílias.

A coleta dos dados consistiu no inventário florestal de todos os florestamentos existentes na propriedade. Na distinção das florestas nas propriedades, considerou-se além do isolamento físico, também perfis florestais diferentes em áreas contíguas. Logo, florestamentos que apresentassem diferentes idades, espécies ou sistema de manejo foram classificados como florestas independentes, mesmo lotados em áreas adjacentes.

Além do inventário também foi realizado questionário junto ao produtor a fim de coletar informações acerca da idade e espécie plantada. No caso de florestas conduzidas em sistema de talhadia, considerou-se como idade do florestamento o período transcorrido desde o último corte.

O processo de medição de cada florestamento teve início pela medição da área das florestas, através da marcação dos vértices com uso de aparelho GPS. Em seguida, foram

levantadas as variáveis dendrométricas. Para amostragem foi adotado o método de Prodan (método das seis árvores), um método de área variável recomendado para inventários rápidos de estoque (SANQUETTA et al., 2009). Este método fundamenta-se na inclusão de árvores com probabilidade proporcional à distância do ponto amostral, consistindo em medir as seis árvores mais próximas (PÉLLICO NETTO; BRENA, 1997).

Em cada florestamento foram instaladas três parcelas, conforme proposto por Farias (2010), nas quais foram medidas a circunferência a altura do peito e a altura total das seis árvores que compuseram cada parcela. Pelo método de Prodan, a unidade amostral é considerada circular, com seu raio sendo obtido pela distância do ponto amostral até a sexta árvore acrescido da metade do diâmetro da sexta árvore ( ). Motivo o qual esta distância também foi objeto de medição.

A área dos florestamentos foi calculada através do software GPS TrackMaker Pro. Para o cálculo dos parâmetros dendrométricos dos florestamentos foram utilizadas as equações formuladas para o método das seis árvores, que permite a obtenção das estimativas diretamente por hectare: números de árvores por hectare (Equação 1), área basal por hectare (Equação 2) e volume por hectare (Equação 3) (SANQUETTA et al., 2009).

( ) ( ) (1) ⁄ (2) ⁄ (3)

Os resultados do volume estocado nas propriedades por região foram correlacionados através do Coeficiente de Correlação de Pearson com a idade média dos povoamentos, incremento médio anual em volume e área média de cultivo por propriedade. Esta análise tem por fim observar se ocorre associação entre estas variáveis.

Para o cálculo do erro amostral considerou-se como a população o número de estabelecimentos familiares na região de estudo segundo o Censo Agropecuário (IBGE, 2009). O erro foi calculado em função da área florestal média por propriedade, por relacionar-

se com a influência do elemento florestal no uso e ocupação das propriedades, sendo o erro amostral encontrado de 9,16%; e do volume médio de madeira por propriedade, por dimensionar a produção madeireira na agricultura familiar, que foi de 9,46%.