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O presente estudo decorreu ao longo de dois anos consecutivos, acompanhando o ciclo vegetativo da vinha nos anos de 2011 e 2012. Seguidamente descrevem-se as características do ensaio, assim como os vários registos efectuados.

4.1 - Localização e caracterização da parcela

O ensaio de campo foi realizado na Quinta de S. Luiz (latitude 41º 09ˈ10.55̎ N, longitude 7º 36ˈ58.24̎ O, altitude 235m), apresentada na figura 12, situada no concelho de Tabuaço, na sub-região do Cima-Corgo da Região Demarcada do Douro.

Figura 12 – Delimitação da parcela do ensaio e marcação das diferentes modalidades/repetições (verde T1, castanho T2, azul T3 e vermelho T4), na Quinta de S. Luiz

A parcela escolhida, com cerca de 1ha, com a casta Tinta Roriz, está localizada numa encosta. Os bardos estão conduzidos segundo as linhas de maior declive, cujas características se encontram descritas no quadro 6.

Quadro 6 – Características da parcela – Quinta de S. Luiz Características

Local S. Luiz

Casta Tinta Roriz

Porta Enxerto R110

Sistematização Patamares de 2 bardos

Exposição Noroeste

Compasso 2,20m*1,10m

Sistema de poda Cordão unilateral

Idade 22 anos (1990)

Delineamento Blocos casualizados

4.2 - Condições e dados climáticos

Sendo a chuva a principal responsável pela abertura das cleistotecas e posterior libertação dos ascósporos, que são o inóculo primário mais importante das infecções de oídio na RDD (Freitas e Val 2005), foram registados, ao longo da parte prática, e analisados os dados de precipitação, temperatura, e humidade relativa (%), principais factores de desenvolvimento da doença.

4.3 - Captura e observação de ascósporos

A monitorização para a captura de ascósporos de oídio foi efectuada apenas no ano de 2011.

Na parcela experimental, ainda em fase de repouso vegetativo, foram colocados aleatoriamente, no dia 11 de março, três suportes metálicos em forma de U (figura 13a) com lâminas que continham uma fina camada de lanolina na face interior voltada para a cepa, para captura e fixação dos ascósporos projectados. Estas perfaziam uma área exposta de 72cm2 no seu conjunto e foram trocadas sempre após a ocorrência de precipitação. Posteriormente foram transportadas para laboratório, onde foram previamente coradas com azul de algodão,

cobertas com lamelas (24x55mm) (figura 13b) e observadas ao microscópio (ampliação de 125x) para visualização, contagem e registo do número de ascósporos capturados.

Figura 13 a) - Suporte com lâmina coberta de lanolina para captura de ascósporos, b) lâmina corada com azul algodão

4.4 - Delineamento experimental da parcela

O delineamento experimental foi efectuado em quatro modalidades dispostas em blocos casualizados com quatro repetições cada, estas eram compostas por cerca de 14 videiras das quais 10 foram avaliadas, sendo cinco do bardo de dentro e as outras cinco do bardo de fora.

Os tratamentos consistiram em:

 T1 - (testemunha), sem qualquer pulverização aplicado;

 T2 - três pulverizações com enxofre molhável aplicadas antes da floração: a primeira pulverização efectuada às 2-3 folhas livres, a segunda em cachos visíveis e a terceira na pré-floração;

 T3 – a primeira pulverização foi efectuada no início do estado folhas livres, que é a prática comum no Douro, e a segunda na pré-floração;

 T4 – pulverização foi efectuada pré-floração com IBE.

Após a floração todas as pulverizações, designadas por tratamentos, com excepção da testemunha, foram efectuadas ao mesmo tempo e com o mesmo produto. Na modalidade T4 em ambos os anos, as pulverizações terminaram no Bago de ervilha/Início de cacho fechado

Em cada modalidade e em cada repetição (figura 14) as observações foram feitas igualmente tanto no bardo de fora como no bardo de dentro.

4.5 - Tratamentos fitossanitários, critérios de escolha e respectivo posicionamento

As pulverizações químicas efetuadas na parcela para as diferentes modalidades estão referidas no quadro 7, bem como as respetivas datas, substâncias activas aplicadas, dose e os estados fenológicos (nos anexo I e anexo II, estão descritas as caracteristicas de cada substância ativa e ilustrados os estados fenológicos).

Quadro 7 – Pulverizações efetuadas em 2011 (modalidade, substância activa, estados fenológicos e dose/ha) Data/

Modalid.

2011

14-Abr 28-Abr 12-Mai 24-Mai 06-Jun 17-Jun

T1 * * * * * * T2 enxofre molhável enxofre molhável enxofre molhável boscalide+cresox- metilo boscalide+cresox- metilo boscalide+cresox- metilo T3 enxofre molhável * penconazol boscalide+cresox- metilo boscalide+cresox- metilo boscalide+cresox- metilo T4 * * penconazol boscalide+cresox- metilo boscalide+cresox- metilo * fenologia F G H+ J+ K L

dose/ha 4kg/ha 4kg/ha 4kg/ha; 35ml 35ml 35ml 30-40ml

*Não foi aplicado qualquer tipo de pulverização.

Em 2012, devido ao atraso e paragem do crescimento vegetativo, os tratamentos efetuados antes da floração (I) tiveram de ser alterados. O último tratamento, efetuado com IBE, teve de ser posicionado uma semana mais tarde em relação ao enxofre molhável já que o objetivo era posicioná-lo na pré-floração (H) (Quadro8).

Quadro 8 – Pulverizações efetuadas em 2012 (modalidade, substância ativa, estados fenológicos e dose/ha) Data/

Modalid.

2012

12-abr 27-abr 11-mai 18-mai 01-jun 15-jun 29-jun

T1 * * * * * * * T2 enxofre molhável enxofre molhável enxofre molhável * boscalide+cresox -metilo boscalide+cresox -metilo boscalide+cresox -metilo T3 enxofre molhável * * penconazol boscalide+cresox -metilo boscalide+cresox -metilo boscalide+cresox -metilo T4 * * * penconazol boscalide+cresox -metilo boscalide+cresox -metilo * Fenologia F F G H+ J+ L

Dose/ha 4kg/ha 4kg/ha 4kg/ha 35ml 30-40ml 30-40ml 30-40ml

Em 2012 as pulverizações iniciaram-se a 12 de abril, em que o estado fenológico predominante era cachos visíveis, a segunda pulverização, respeitando o mesmo critério de 2011, foi efetuado no dia 27 de Abril, apenas na modalidade 2, com enxofre molhável. O estado fenológico predominante era cachos visíveis (F).

A terceira tpulverização foi efetuada no dia 12 de maio, apenas na modalidade 2, tendo em conta que a vegetação estava atrasada, não se encontrando na fase pretendida, pré floração (H). Na modalidade 3 e 4 a pulverização foi posicionada uma semana mais tarde, no dia 18 de maio.

Após o vingamento (J+), as pulverizações efectuadas foram iguais nos dois anos. Em 2012, os tratamentos da modalidade T4 terminaram mais cedo, a 29 de junho, para analisar o comportamento da doença apenas com três pulverizações posicionadas nas fases mais críticas.

4.6 - Amostragem da incidência e severidade nos cachos

A incidência e severidade do oídio foram avaliadas em cachos e folhas, com base na escala de OEPP (1981) (anexo III e anexo VI respectivamente), em três períodos distintos, à alimpa/vingamento (D1), ao fecho do cacho (D2) e à vindima (D3) nos dois anos consecutivos (2011 e 2012). Nas diferentes modalidades (figura 14) e em cada repetição observaram-se 10 videiras, cinco no bardo de dentro e cinco no bardo de fora (um total de 160 videiras), tendo sempre o cuidado de não se observar nem a primeira nem a última de cada linha, devido à probabilidade de ter apanhado calda das pulverizações das outras repetições. Em cada cepa, foram considerados dois cachos ao acaso, posicionados mais no interior da vegetação, para as folhas foi seguido o mesmo critério. Por cada modalidade procedeu-se ao cálculo, apenas para os cachos, da incidência (número de cachos atacados) e da severidade (soma da percentagem de área destruída ou soma da porção de cacho destruído) para calcular a intensidade de ataque da doença ao longo do ciclo.

Figura 14 - Identificação das diferentes modalidades no campo, por numero de fitas (T1, T2, T3 e T4)

Em ambos os anos a última avaliação, efectuada à vindima, foi efectuada mais uma vez apenas nos cachos, nesta altura as folhas continham já muitas manchas de outros problemas e que se confundiam, nomeadamente carências e outras desclorações presentes nas folhas e ainda doenças do lenho.

A amostragem de cachos (figura 15) foi feita em três épocas distintas em ambos os anos.

4.7 – Amostragens à vindima

À vindima foi realizada uma avaliação final onde se registou a percentagem de oídio apenas nos cachos (figura 16), em 10 videiras de cada repetição (5 no bardo de dentro e 5 no bardo de fora) pois nesta fase as folhas já possuem muitos tipos de manchas dificultando a visualização do oídio.

Foi também registado o peso médio dos cachos (PMC), o número de cachos por videira (NC) e o peso da produção por videira (kg).

Os registos da produção/videira, foram feitos no local da vindima das videiras seleccionadas para o ensaio com o auxílio de uma balança do tipo dinamómetro (figura 16), efectuando-se ao mesmo tempo ao registo do número de cachos correspondente a cada videira.

Figura 16 – Realização da vindima, avaliação da intensidade do oídio nos cachos e peso da produção por videira.

À vindima foram, ainda, colhidos 200 bagos em cada repetição num total de 16 amostras, para se proceder à análise laboratorial de rotina e as análises fenólicas. As amostras de 200 bagos foram colocadas em sacos plásticos devidamente identificados e transportadas para o laboratório em mala térmica.

Os parâmetros avaliados em laboratório são referidos no quadro 9.

Quadro 9 – Parâmetros analisados em laboratório (Fonte: ADVID).

Análises rotina Análise fenólicas

Peso (g)

Volume líquido (ml) Álcool provável (% vol./vol.) Acidez total (g/L ácido tartárico) pH

IPT (polifenóis totais) ApH1 (mg/L) ApH3,2 (mg/L)

EA – extractibilidade de antocianas (%) Mp - maturação dos taninos (%)

4.8 - Registo da lenha de poda e do número de lançamentos

No inverno, após a queda total de folhas, procedeu-se à contagem do número de lançamentos deixados à poda, contagem dos lançamentos evoluídos, pesagem da lenha de poda de cada videira (figura 17) e calculou-se o peso médio por lançamento. Estes parâmetros forneceram dados que servem de indicador da respectiva expressão vegetativa. Através destes parâmetros quantificou-se o equilíbrio da videira, ou seja, calculou-se o índice de Ravaz = rendimento (kg/cepa)/peso da lenha de poda (kg/cepa) como indicador do equilíbrio entre a parte vegetativa e a parte produtiva, cujos valores ideais devem situar-se entre 5 a 10 segundo Smart e Robinson (1991).

Figura 17 – Contagem do nº de lançamentos, poda das videiras e pesagem da respectiva lenha de poda.

4.9 - Análise estatística

A análise estatística dos dados foi efectuada através do programa BONFERRONI Statistic 7. Efectuaram-se análises de variância para cada uma das variáveis estudadas, tendo como origem de variação as diferentes estratégias de tratamento químico (T1, T2, T3 e T 4) por data, repetição e por modalidade.

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