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Amostra

A população utilizada neste estudo incluiu 557 trabalhadores do sexo masculino de um armazém de uma empresa de distribuição de alimentos na cidade do Porto. Todos os trabalhadores, do sexo masculino, estavam envolvidos em uma rotina de tarefas sobrecarga e / ou movimentos repetitivos e eles trabalharam sob baixas temperaturas (entre 0 º e 4 º C) durante todas as estações do ano. De acordo com as normas da empresa, todos os trabalhadores usavam roupas de proteção para o frio (blusão, luvas e botas) e cintas de apoio lombar. Os critérios de seleção foram enviados para a empresa (equipa de Medicina do Trabalho e equipa de recursos humanos).

A empresa apresentou uma lista de trabalhadores elegíveis organizados em ordem alfabética de 249 trabalhadores, correspondendo a 45% da população. Aleatoriamente dividiu-se em dois grupos (125 no grupo intervenção e 124 no grupo controlo). De seguida foi solicitado aos trabalhadores que se voluntariassem para participar no estudo, tendo que dar um consentimento por escrito. Os voluntários foram 112 para o grupo intervenção e 117 para o grupo controlo; no início do estudo a amostra foi de n=229 equivalente a 41% da população.

Incluíram-se os indivíduos que preenchessem os seguintes critérios: um contrato para três ou mais anos e que realizassem o mesmo tipo de tarefa (montagem e desmontagem de paletes). Excluíram-se os indivíduos que: a) eram obrigados a rodar postos de trabalho; b) absentismo no último ano devido a dor nas costas; c) tivessem dor forte nas costas (VAS ≥ 5) no último ano; d) tivessem realizado tratamento (conservador ou cirúrgico) à região lombar durante o último ano, e) se existisse qualquer tipo de patologia diagnosticada que impedisse a prática exercício físico (Sculco et al., 2001).

Da primeira para a segunda avaliação houve uma perda total de 37,5% dos indivíduos, 29.4% no grupo de intervenção e 44,4% no grupo controlo, assim no momento 2 ficaram 151 trabalhadores dos quais 79 no grupo de intervenção e 72 no de controlo. Do segundo para o terceiro momento de avaliação houve uma perda de 34,2% dos indivíduos, 38,5% do grupo intervenção e 39,2% do grupo controlo.

Desde o primeiro ao terceiro momentos de avaliação, as perdas nos grupos de intervenção e controlo foram de 57% e 60%, respetivamente. Depois de 21 meses a amostra ficou reduzida a aproximadamente 17% da população.

Estas perdas foram de trabalhadores que deixaram a empresa, a mudanças do local de trabalho, não responderem aos questionários e, nalgumas situações, à falta de motivação para continuar no estudo.

A Tabela 1 mostra os valores de média, desvio padrão, mínimo e máximo para a idade (anos), altura (cm), peso (kg) e índice de massa corporal (IMC) dos trabalhadores incluídos em grupos intervenção e controlo no Momento 1, antes da intervenção.

Tabela 1: Valores de média, desvio padrão, mínimo e máximo de idade (anos), altura (cm), peso (kg) e IMC dos trabalhadores dos grupos de intervenção e de controlo.

Instrumentos

Questionário de Saúde Geral

Este questionário teve como objetivo fazer a caraterização dos indivíduos, quanto às variáveis demográficas, assim como em relação a alguns hábitos dos indivíduos (Anexo 1).

Questionário Nórdico Músculo Esquelético

Para avaliar a sintomatologia músculo-esquelética dos indivíduos usou- se o Questionário Nórdico músculo-esquelético validado para a população

n=229

Grupo de Intervenção n=112

Grupo de controlo n=117

média±dp min Max média±dp min Max

Idade (anos) 34.41±8.36 20 49 33.05±10.19 18 56 Altura (cm) 173.0±0.07 160.0 188.0 178.0±0.09 159.0 188.0 Peso (kg) 76.54±10.44 55 95 81.07±16.84 60 110

portuguesa (Mesquita, Ribeiro, & Moreira, 2010). A primeira parte do QNM consiste em questões de escolha dicotómica (Sim ou Não) acerca da ocorrência de sintomas em nove regiões anatómicas. Cada operário deve relatar a ocorrência de SME tendo em consideração os 12 meses e os 7 dias anteriores ao dia do preenchimento do questionário, bem como, relatar se nos últimos 12 meses sentiu alguma limitação nas atividades funcionais pessoais e ocupacionais (Anexo 2).

Dinamómetro Eletrónico

Para a mensuração da força máxima isométrica foi utilizado o dinamómetro eletrónico isométrico (Globus Ergometer, Globus, Codigné, Italy) para a medição da força máxima isométrica dos grupos musculares flexor e extensor do tronco. É um instrumento de fácil instalação e manuseamento que avalia a força em quilograma força (Kgf) e da resistência, em segundos (Seg). O dinamómetro eletrónico isométrico apresenta uma elevada fiabilidade inter- sessão ICC=0.94 e inter-observador ICC=0.98 (Dankaerts, O'Sullivan, Burnett, Straker, & Danneels, 2004).

Foram utilizados mosquetões e uma banda de suporte adjacente ao dinamómetro (Fig.1, 2 3 4) para a realização dos testes e, ainda, um cronómetro Swatch® para controlar os períodos de repouso.

Figura. 3 Figura. 4

Short Form Health Survey – versão 2 (Sf-36 – v2)

Para a avaliação da qualidade de vida foi utilizado o questionário de auto preenchimento validado para a população portuguesa (Ferreira, 2000a, 2000b). Este é um questionário genérico de estado de saúde desenhado para avaliar o impacto da doença sobre a qualidade de vida (Ware & Sherbourne, 1992). O SF-36 mede o estado de saúde segundo oito dimensões: Função Física (10 itens), Desempenho Físico (4itens), Dor Física (2itens), Saúde em Geral (5itens), Vitalidade (4itens), Função Social (2itens), Desempenho Emocional (3itens) e Saúde Mental (5itens).

A avaliação da limitação da Função Física é quantificada pela capacidade do indivíduo executar tarefas leves (tomar banho, vestir-se sozinho, caminhar), tarefas moderadas (levantar ou pegar em sacos de mercearia, subir um lanço de escadas) ou tarefas mais violentas como desportos radicais. Para a avaliação do Desempenho Físico e Emocional a medição é realizada em detrimento da quantidade e tipo de trabalho executado, da limitação das tarefas executadas habitualmente e da necessidade de redução do tempo de trabalho.

Relativamente à Função Social do indivíduo, são cotadas a quantidade e a qualidade das atividades sociais realizadas e o impacto da limitação física e emocional sobre essas mesmas atividades. A dor corporal é classificada segundo a intensidade e o incómodo que causa e ainda a forma como intervém nas atividades do paciente. Quanto à Saúde Geral, esta é avaliada através de uma escala que descreve o estado de saúde da pessoa relativamente à condição atual, a resistência à doença e ainda a aparência saudável. A Vitalidade permite captar as diferenças de bem-estar, tendo em conta os níveis de energia e de fadiga. A avaliação da Saúde Mental corresponde às questões dirigidas para a ansiedade, depressão, controlo comportamental e emocional assim como bem-estar psicológico.

Este questionário apresenta 10 questões com várias alíneas, cada uma com uma cotação que traduz a quantidade de cada dimensão. Cada alínea foi traduzida numericamente e o posterior somatório traduz um resultado que varia entre “0”, que corresponde à pior qualidade de vida e “100”, que corresponde à melhor qualidade de vida possível (Anexo 3).

Procedimentos

Inicialmente, foram realizadas várias visitas às instalações do armazém para conhecer o tipo de tarefas executadas pelos trabalhadores, fotografar e filmar as diferentes atividades realizadas ao longo de um dia de trabalho. Perceber quais os principais problemas dos indivíduos, pedindo a sua colaboração no futuro projeto, dando sugestões. Após a avaliação dos riscos e gestos mais repetidos, foi criado um programa de exercícios (Anexo 4).

Este programa incluiu oito exercícios de fácil execução para promover alongamento e fortalecimento dos tecidos moles responsáveis pela estabilidade da coluna vertebral, especialmente a estabilidade lombar. O programa de exercícios salientou mais o fortalecimento dos extensores lombares e foi criado para ser executado diariamente com duração entre cinco a nove minutos, no início do tempo de trabalho e preferencialmente no posto de trabalho.

Para motivar os trabalhadores a aderir ao programa e segui-lo, houve várias sessões de formação e cartazes que ilustravam o programa de exercícios. Paralelamente um grupo de fisioterapeutas esteve presente diariamente nas primeiras duas semanas, no início de cada turno de trabalho (07h30, 15h30 e 23h30). Após os 15 dias, as visitas passaram a ser em dias alternados durante mais duas semanas. Nas quatro semanas seguintes

semanas passou-se a fazer visitas quinzenais durante todo o período em que se realizou o estudo.

Estas visitas visaram a educação na realização dos exercícios, correção de eventuais erros de execução e responder a dúvidas e perguntas dos trabalhadores quanto ao programa de exercícios e à sua saúde em geral. A eficácia do programa foi avaliada em três momentos: antes da aplicação do programa de exercícios (M1), após 11 meses (M2) e no final, após 21 meses (M3).

O grupo controlo participou nos pré e pós testes. Após a conclusão da intervenção foi-lhes oferecido o mesmo programa de intervenção. O estudo foi realizado entre Fevereiro de 2005 e Março de 2007.

O estudo foi realizado com autorização da empresa, e de acordo com o protocolo entre as instituições envolvidas. Todos os participantes forneceram consentimento informado antes de entrar no estudo, de acordo com a Declaração de Helsínquia.

O estudo foi aprovado pela Comissão de Ética da Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Instituto Politécnico do Porto.

Capitulo 1

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