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Para este estudo, foram utilizados, 20 molares humanos íntegros, obtidos de acervo pessoal. Os dentes foram mantidos em soro fisiológico, à temperatura ambiente por 48 horas para desinfecção. A seguir, os dentes foram limpos com uso de pedra-pomes e água com escova de Robinson (Microdent) em micromotor e analisadas para verificação de uma possível falha sendo posteriormente armazenados em soro fisiológico à temperatura ambiente. Para realização dessa pesquisa, esse projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da UFF.

Para obter os diferentes níveis de profundidade, cada dente foi seccionado no sentido vestíbulo-lingual (Figura 1) permitindo assim que a superfície oclusal de cada metade fosse desgastada a níveis superficial e profundo resultando

em secções de 1mm e 3mm abaixo das cúspides (Figura 2). Esses desgastes foram realizados na máquina Politriz Lizadeira Metalográfica (Figura 3) (PLO2-Teclago) após demarcação da profundidade com utilização de régua milimetrada flexível Morelli, realizada sempre pelo mesmo operador em todos os elementos dentários.

Os grupos foram assim divididos:

Grupo 01: Adesivo Scotch Bond + resina Z350 XT; em 1mm de

profundidade;

Grupo 02: Adesivo Single Bond 2 + Resina Z350 XT; em 1mm de

profundidade;

Grupo 03:Adesivo Single Bond Universal - convencional + Resina Z350

XT; em 1mm de profundidade;

Grupo 04: Adesivo Scotch Bond + resina Z350 XT; em 3mm de

profundidade;

Grupo 05: Adesivo Single Bond 2 + Resina Z350 XT; em 3mm de

profundidade;

Grupo 06: Adesivo Single Bond Universal - convencional + Resina Z350

XT; em 3mm de profundidade;

Grupo 07: Adesivo Single Bond Universalautocondicionante + Resina

Z350 XT; em 3mm de profundidade.

As superfícies foram preparadas com utilização de ácido fosfórico segundo as instruções dos respectivos fabricantes, fazendo a lavagem da área por 30 segundos previamente a aplicação do adesivo. Após a aplicação dos sistemas adesivos, foram aplicados, sobre a superfície da dentina, 3 incrementos, com espessura de, no máximo, 2mm cada, de resina composta Z350 XT (3M do Brasil), cor A3, totalizando, aproximadamente, 6mm de altura. Cada incremento foi fotoativado por 40 segundos com o aparelho Radii II (PLUS SDI 1500mW/cm2 - Aparelho Radii-Plus).

Após 24 horas da realização das restaurações, os elementos foram incluídos em uma resina de poliéster (Redelease- RES.EPOXI RD 4231), de forma que todo o elemento ficasse coberto pela resina (Figura 4). Um período de 24horas

foi necessário para que o material tomasse sua presa completa para, então, estar em condições de ser manipulado.

Em seguida, o conjunto dente-resina de poliéster foi levado à máquina de corte Labcut 1010 (Erios, São Paulo, SP, Brasil), sob irrigação, foram realizados cortes seqüenciais paralelos ao longo eixo dos dentes e perpendiculares à superfície adesiva, no sentido mésio-distal e vestíbulo-lingual (Figura 5). Os corpos de prova apresentaram formato de “palitinhos” (Figura 6) sendo compostos pela interface resina-dente, tendo uma extremidade em resina composta- resina de poliéster e outra dente– resina de poliéster.

Os corpos de prova foram fixados individualmente em um dispositivo metálico, sendo este posicionado em uma máquina de ensaios universal Kratos (Mod k500sMP; número de série M0800603; CAPAC.500Kgf;220V) para ensaio de microtração à velocidade de 0.5mm-min., até ocorrer a fratura (Figura 7).

Figura 2 - marcação para o desgaste a 1mm e 3mm abaixo da cúspide.

Figura 4 - elemento incluído em resina de poliéster, após ser restaurado

Figura 5 - Máquina utilizada para corte dos corpos de prova (palitinhos)

Figura 7 – Máquina de Ensaio Kratos para teste de microtração e dispositivo contendo corpo de prova para ser adaptado à máquina

5 – RESULTADOS

Após os testes de microtração os dados foram tabulados e submetidos à Análise Estatística utilizando-se o programa GraphPad Instat.

As médias e o desvio padrão de cada um dos grupos podem ser observados na tabela 01, sendo as médias ilustradas no gráfico 01.

Grupos Média Desvio Padrão Valor de P

Grupo 1 – Scotch Bond – 1mm 34.021 6.070 0.0654 Grupo 2 – Single Bond 2 – 1mm 30.668 5.615 >0.10 Grupo 3 – Single Bond Universal – 1mm 27.746 4.979 >0.10 Grupo 4 – Scotch Bond – 3mm 27.372 9.680 >0.10 Grupo 5 – Single Bond 2 – 3mm 30.329 8.057 >0.10 Grupo 6 – Single Bond Universal – 3mm 34.703 12.428 0.0003 Grupo 7 – Single Bond Universal Auto –

3mm

30.357 9.800 >0.10

Gráfico 01 – Ilustração das médias obtidas em todos os grupos com as profundidades de 1 e 3mm, após ensaio de microtração.

Inicialmente foi realizada a análise estatística dentro dos grupos de sistemas adesivos com a profundidade de 1mm e, num segundo momento, com a profundidade de 3mm e posteriormente entre todos os grupos.

Após Análise de Variância a um critério (ANOVA) entre os grupos 1, 2 e 3 na profundidade de 1mm, constatou-se que houve diferença estatisticamente significante, sendo P = 0.0032 (P<0,05) (tabela 02). Sendo assim foi realizado, posteriormente, o Teste de Tukey-Kramer para múltiplas comparações.

Comparação Diferença q Valor de P

G1 x G2 3.353 2.691 P>0.05 G1 x G3 6.275 5.036 P<0.05 ** G2 x G3 2.922 2.345 P>0.05

** Houve diferença estatisticamente significante – intervalo de confiança de 95%

Tabela 02 – Teste de Tukey pra comparação entre grupos com a profundidade de 1mm.

Realizada Análise de Variância a um critério (ANOVA) entre os grupos 4, 5, 6 e 7 na profundidade de 3mm, constatou-se que não houve diferença estatisticamente significante, sendo P = 0.1576 (P>0,05), não havendo necessidade de realização do Teste de Tukey-Kramer para múltiplas comparações.

Scotch Bond Single Bond 2 Single Bond Univ. Scotch Bond Single Bond 2 Single Bond Univ. Single Bond Univ. Auto

Análise de Variância a um critério (ANOVA) entre todos os grupos (1 e 3mm) foi realizada, mostrando um valor de P 0.0480, considerado significante. Nesse caso, se o valor de q é maior do que 4,239, então o valor de P é < 0,05. Assim sendo, foi realizado o Teste de Tukey-Kramer para múltiplas comparações, conforme mostra a tabela 03.

Comparação Diferença q Valor de P

G1 x G2 3.353 1.770 P>0.05 G1 x G3 6.275 3.313 P<0.05 ** G1 x G4 6.649 3.510 P<0.05 ** G1 x G5 3.692 1.949 P>0.05 G1 x G6 -0.6823 0.3602 P>0.05 G1 x G7 3.664 1.935 P>0.05 G2 x G3 2.922 1.542 P>0.05 G2 x G4 3.295 1.740 P>0.05 G2 x G5 0.3388 0.1788 P>0.05 G2 x G6 -4.036 2.131 P>0.05 G2 x G7 0.3110 0.1642 P>0.05 G3 x G4 0.3737 0.1973 P>0.05 G3 x G5 -2.583 1.364 P>0.05 G3 x G6 -6.957 3.673 P>0.05 G3 x G7 -2.611 1.378 P>0.05 G4 x G5 -2.957 1.561 P>0.05 G4 x G6 -7.331 3.870 P>0.05 G4 x G7 -2.984 1.576 P>0.05 G5 x G6 -4.374 2.309 P>0.05 G5 x G7 -0.02775 0.01465 P>0.05 G6 x G7 4.347 2.295 P<0.05 **

** Houve diferença estatisticamente significante – intervalo de confiança de 95% Tabela 03 – Teste de comparação entre grupos com ambas profundidades (1 e 3mm)

6 - DISCUSSÃO

Cecchini et al. (2008) ; Pupo et al. (2010) afirmaram que diferentes níveis de profundidade dentinária não afetam a resistência à união para um mesmo material, acrescentam, ainda, que o adesivo Single Bond mostrou maior resistência nas profundidades de 1mm e 3mm. Corroborando com esses autores, Burmann et al. (2007) afirmaram que o Single Bond apresentou maior capacidade de adesão, entretanto, discorda no que se refere à profundidade cavitária, pois segundo eles

superfícies dentárias em diferentes condições (afetada por cárie, restaurada por amálgama e hígida) apresentam diferentes níveis de resistência adesiva, sendo a dentina hígida a mais resistente, assim como, Alves et al. (2011), defende e acrescenta que o adesivo AMBAR apresenta mesma resistência em dentina sadia e afetada enquanto FiltekSilorano apresenta maior resistência em dentina hígida.

O presente trabalho corrobora com os achados de Cecchini et al. (2008); Pupo et al. (2010), no que se refere aos sistemas adesivos Single Bond 2, Single Bond Universal e Single Bond Universal Autocondicionante, nas profundidades de 1 e 3mm, não mostrando diferença estatisticamente significante entre os grupos G2xG5, G2xG7, G3xG6 e G3xG7. Entretanto, discorda em relação ao sistema adesivo Scotch Bond, uma vez que esse apresentou estatisticamente significante entre os grupos G1xG4, sendo o melhor resultado a 1mm de profundidade, corroborando com Burmann et al. (2007).

Banerjee et al. (2010) afirmaram que superfícies com diferentes tratamentos para remoção de tecido cariado utilizando Scotchbond 1XT, apresentam níveis distintos de resistência à adesão, afirmando que a forma de lavagem da superfície interfere nesse resultado. Entretanto, Belli et al. (2010) acrescentaram que o spray ar-água pode ser utilizado como técnica de limpeza pós condicionamento para ambos os tipos de adesivos, pois a presença de resíduos não reduz significativamente a resistência de união. E ainda, Dutra et al. (2011) afirmaram que não há interferência do uso da clorexidina na resistência adesiva nos adesivos testados. Enquanto que Palasuk et al. (2013) ao avaliar as formas de tratamento da superfície, afirmaram que a utilização de jateamento de óxido de alumínio não apresenta diferença na resistência à microtração. Campos et al. (2009) acrescenta a importância de se aplicar duas camadas do adesivo autocondicionante para um melhor resultado na adesão do material, assim como corroborou, Castillo et al. (2013). Silveira et al. (2003), defende que o uso de ácido hidrofluorídrico diminuiu consideravelmente a resistencia adesiva, sendo então, o ácido fosfórico o mais indicado para preparo da superfície. Já Soeno et al. (2012) afirmaram que o condicionador experimental (solução aquosa de ácido ascórbico a 10% e 5% de cloreto férrico) aumentaram consideravelmente a resistência adesiva.

No presente trabalho optou-se pela lavagem das superfícies com jato de ar-água por 30 segundos (VASCONCELOS et al., 2007; BELLI et al., 2010) e a secagem de acordo com as instruções dos respectivos fabricantes, assim como a Bengtson et al. (2010), enquanto que Sadek et al. (2003); Cecchin et al. (2008); Cavalcanti et al. (2008) e Soeno et al. (2012) optaram por uma lavagem e secagem realizadas por 15 segundos e Saar et al. (2010) decidiram que o tempo de lavagem seria de 20 segundos.

Bengtson et al. (2010) ao avaliar a influência de diferentes espessuras de incrementos de resina, afirmaram que essa diferença e provável diferença no grau de conversão não interferem na resistência adesiva à microtração. Assim sendo, no presente trabalho optou-se por realizar incrementos de no máximo 2mm de espessura, resultando em um platô de 6mm de altura (SADEK et al., 2003; CECCHIN et al., 2008; FARINA et al., 2010; SHOLTANUS et al., 2010; CABRERA et al., 2011), enquanto que Pupo et al. (2010) optaram, por fazer incrementos de 1mm totalizando 3mm cada bloco de resina a ser testado assim como, Vuorinen et al. (2010); já Ribeiro et al. (2011) realizaram um platô de 4mm de espessura e Sarr et al. (2010), totalizando 5mm.

Panizato et al. (2006); Garcia et al. (2007), Vasconcelos et al. (2007) e Pupo et al. (2010) defenderam que a simplificação da técnica de adesão diminuiu a resistência dos adesivos. Fato esse que o presente trabalho confirma no que se refere à profundidade de 1mm, onde apresenta ordem decrescente nas médias obtidas pelos sistemas adesivos testados (Scotch Bond = 34.021, Single Bond 2 = 30.668, Single Bond Universal = 27.746) e discorda na profundidade de 3mm, onde os materiais apresentam ordem crescente nas médias obtidas (Scotch Bond = 27.372, Single Bond 2 = 30.329, Single Bond Universal = 34.703, Single Bond Universal Auto = 30357). Corroborando, Sarr et al. (2010), defenderam que a resistência adesiva é maior nos adesivos de três passos e menor nos sistemas adesivos autocondicionantes. Entretando, Takahashy et al. (2010) afirmaram que adesivos convencionais aumentam significantemente a resistência adesiva quando utilizada como acessório para união de outros materiais odontológicos, como cimento resinoso dual, no entanto, Farina et al. (2010) concluíram que não há diferença estatística na resistência adesiva quando se utiliza um adesivo como

auxiliar na união de cimentos resinoso. Garcia et al. (2008) acrescentam que os adesivos autocondicionantes, apesar das limitações, apresentam-se como uma boa alternativa para uma adesão satisfatória. Entretanto, Silvestre et al. (2006) acredita que não há diferença significativa entre na resistência adesiva entre adesivos de 2 passos e de passo único.

Existem diversas formas de armazenamento, entretanto, no presente trabalho optou-se por armazenar as amostras após o lixamento por um período de 24 horas antes da realização da restauração (SADEK et al., 2003; SCHNEIDER, 2003; TAVARES; CONCEIÇÃO, 2004; PANIZATO et al., 2006; BURMANN et al., 2007; GARCIA et al.,2007; SARR et al., 2010; SHOLTANUS et al.,2010; RIBEIRO et al.,2011; SOENO et al.,2012; PALASUK et al., 2013). Cavalcante et al. (2009) afirmaram que a utilização do ciclo térmico na superfície tratada com adesivo autocondicionante causa uma redução na sua resistência, já com os adesivos convencionais não se observa essa alteração. Enquanto Sadek et al. (2003) afirmaram que o armazenamento do adesivo em estufa, durante o período de 1 ano, pode interferir negativamente na adesão deste.

Valandro et al. (2010) avaliaram o efeito da área de superfície de adesão e afirmaram que quanto maior a área de adesão, menor é a resistência à microtração. Assim sendo e de acordo com a literatura pesquisada, optou-se por confeccionar-se palitos de, aproximadamente, 1mm2, para o ensaio de microtração como fizeram Sadek et al. (2003); Tavares; Conceição (2004); Bengtson et al. (2010); Farina et al. (2010); Pupo et al. (2010); Sholtanus et al.(2010); Ribeiro et al. (2011).

Silva et al. (2006); Cecchin et al. (2008); Scholtanus et al. (2010) defendem que o tipo de luz fotopolimerizadora e a presença de carga em sistemas adesivos não influenciam na resistência adesiva. Nesse trabalho foi utilizado o Radii- cal, por ser um aparelho de Led que durante os primeiros 5 segundos aumenta gradualmente a potência da luz emitida, minimizando o stress durante a polimerização assim como utilizaram Silva et al. (2006); enquanto Sadek et al. (2003); Silva et al. (2005); Cavalcanti et al. (2009); Belli et al. (2010); Farina et al.

(2010); Pupo et al. (2010); Sarr et al. (2010); Ribeiro et al. (2011); optaram pela utilização da fotopolimerização convencional com luz halógena.

O teste de microtração foi escolhido para esse ensaio, pois permite avaliar a força de ligação entre o material adesivo e a estrutura dentária em uma região muito pequena o que permite a repetição do teste em um mesmo substrato e, principalmente, por ser uma avaliação mais precisa devido a melhor distribuição de estresse durante a aplicação da carga, dessa forma, há uma redução na chance de ocorrerem falhas coesivas em dentina quando comparada ao teste de cisalhamento, que utiliza uma área maior, como afirmaram Cavalcanti et al. (2009); Bengtson et al. (2010); Saar et al. (2010). Botta et al. (2009); Menezes et al.(2011) acrescentaram que esse teste apresenta maior condição de simular os esforços similares aos que uma restauração sofre durantes as funções exercidas no meio bucal. Raposo et al. (2012) concluíram que diferentes parâmetros de teste de microtração podem influenciar diretamente nos resultados. Na literatura pesquisada todos os trabalhos utilizaram microtração como método de avaliação da resistência adesiva de materiais.

7 - CONCLUSÕES

Baseado na literatura consultada e nos resultados obtidos, pode-se concluir que:

- os sistemas adesivos Single Bond 2 e Single Bond Universal, nas profundidades de 1 e 3mm, não mostraram diferença estatisticamente significante;

- entre os sistemas adesivos Single Bond Universal e Single Bond Universal Autocondicionante, na profundidade de 3mm, não mostrou diferença estatisticamente significante;

- o sistema adesivo Scotch Bond apresentou diferença, estatisticamente significante, entre os grupos G1xG4, sendo o melhor resultado a 1mm de profundidade;

- os sistemas adesivos testados apresentaram-se nas seguintes posições em relação à resistência adesiva: Scotch Bond > Single Bond > Single Bond Universal, há uma profundidade de 1mm;

- os sistemas adesivos apresentaram -se nas seguintes posições em relação à resistência adesiva: Single Bond Universal > Single Bond Universal Auto > Single Bond 2 > Scotch Bond, há uma profundidade de 3mm.

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