O experimento foi realizado no Núcleo de Pesquisa do Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal (LZNA), situado na Escola Técnica Estadual Agrícola “Antônio Sarlo”, Campus Experimental da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), localizada no município de Campos dos Goytacazes.
Distribuição das codornas no delineamento experimental e tratamentos
Foram utilizadas 280 codornas japonesas (Coturnix japonica) fêmeas, em delineamento experimental inteiramente casualizado, com oito tratamentos, cinco repetições e sete codornas por unidade experimental.
Os tratamentos foram constituídos por oito rações, sendo sete experimentais e uma ração referência. Cada ração experimental foi constituída, na base da matéria natural, por 70 % da ração referência e 30 % do alimento a ser testado, à exceção da ração contendo óleo de soja degomado, que foi testado, na base da matéria natural, com 10 % de inclusão e 90 % da ração referência. Os alimentos testados
foram: milho, colorífico, quirera de arroz, óleo de soja degomado, farelo de soja, semente de linhaça e casca + polpa de abacaxi, oriunda da Fábrica de Sucos Bela Joana, situada no município de Campos dos Goytacazes - RJ.
Alojamento das codornas nas instalações e manejo
As codornas com idade inicial de vinte e seis dias foram alojadas em galpão contendo duas baterias de madeira, as quais agruparam dez gaiolas metálicas de quatro divisões internas cada. Cada gaiola mediu 1,00 m de comprimento x 0,34 m de largura x 0,24 m de altura e abrigou 28 codornas.
As codornas receberam água e ração à vontade, em bebedouros e comedouros de chapa galvanizada, respectivamente, e ficaram expostas a 24 horas de luz diária, natural ou artificial, durante todo o período experimental, a fim de incentivar o consumo das rações.
Análises químicas
Em todas as rações e excretas, realizaram-se análises químicas referentes aos teores de matéria seca (MS) e nitrogênio (SILVA, 1990), no Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal (LZNA), do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA), da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF).
Os valores de energia bruta (EB) das rações e das excretas foram quantificados por meio de bomba calorimétrica PARR. Tais análises foram feitas utilizando-se as instalações e equipamentos do Laboratório de Nutrição Animal e Pastagens, do Instituto de Zootecnia, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), situada no Km 47, município de Seropédica - RJ.
Os valores de MS, nitrogênio e EB das rações encontram-se no Quadro 1. Quadro 1. Valores médios de matéria seca (MS), nitrogênio (N) e energia bruta (EB)
da ração referência (RR) e das rações experimentais (RE)
Tratamentos MS (%) N na MS (%) EB (kcal/kg)
RR 87,5 3,75 3.697
RE + Milho 87,0 2,94 3.723
RE + Colorífico 87,7 2,80 3.785
RE + Quirera de Arroz 87,0 2,64 3.637
RE + Óleo de Soja Degomado 88,7 3,32 4.269
RE + Farelo de Soja 87,5 4,91 3.928
RE + Semente de Linhaça 88,7 3,66 4.405
Os valores médios de matéria seca, amostra seca em estufa, nitrogênio e energia bruta das excretas de codornas japonesas alimentadas com ração referência e rações experimentais encontram-se apresentados no Quadro 2.
Quadro 2. Valores médios de matéria seca (MS), amostra seca em estufa (ASE), nitrogênio (N) e energia bruta (EB) das excretas de codornas japonesas alimentadas com ração referência (RR) e rações experimentais (RE) Tratamentos MS (%) ASE (%)1 N (%)2 EB (kcal/kg)3
RR 30,8 94,1 8,38 3.332
RE + Milho 32,3 94,2 7,88 3.517
RE + Colorífico 25,8 93,3 8,09 3.634
RE + Quirera de Arroz 32,2 93,6 8,15 3.566
RE + Óleo de Soja Degomado 31,1 93,9 8,07 3.452
RE + Farelo de Soja 29,8 94,1 10,56 3.476
RE + Semente de Linhaça 21,7 87,8 6,43 4.099
RE + Casca + Polpa de Abacaxi 25,8 94,3 6,07 3.745 1 - Em estufa a 105 °C; 2 -% na matéria seca; 3 - Na amostra seca ao ar (em estufa a 60 °C).
Os teores de matéria seca e proteína bruta do milho, colorífico, quirera de arroz, farelo de soja, semente de linhaça e casca + polpa de abacaxi (CPA), e de extrato etéreo da CPA foram determinados segundo SILVA (1990), no Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal (LZNA), do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA), da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF). O total de substãncias pécticas da CPA foi quantificado segundo McCREADY e McCOMB (1952), no Laboratório de Tecnologia de Alimentos (LTA), do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA), da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF). Os valores médios obtidos encontram-se no Quadro 3.
Quadro 3. Valores médios de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE) e substâncias pécticas (SP) de alimentos utilizados nas rações
Alimento MS1 PB1 EE1 SP1 MS2 SP2 Milho 86,77 7,99 ---- ---- ---- ---- Colorífico 88,30 7,00 ---- ---- ---- ---- Quirera de Arroz 86,27 7,90 ---- ---- ---- ---- Farelo de Soja 87,77 46,81 ---- ---- ---- ---- Semente de Linhaça 91,98 20,50 ---- ---- ---- ----
Casca + Polpa de Abacaxi3 16,47 0,84 0,72 4,56 89,17 24,64 1 -% na matéria natural; 2 - % na amostra seca ao ar; 3 - Desidratada antes de seu uso nas rações.
Ração referência
A composição percentual da ração referência e os respectivos valores nutricionais calculados encontram-se apresentados no Quadro 4.
Quadro 4. Composição percentual da ração referência e valores nutricionais calculados Ingredientes (%) Milho 64,57 Farelo de Soja 30,90 Fosfato Bicálcico 1,02 Calcário 1,11 DL-Metionina 0,09 L-Lisina 0,36 Cloreto de Sódio 0,28 Inerte 1,27
Suplemento Mineral Vitamínico1 0,40
Nutrientes calculados (%)
EM (kcal por kg de ração) 2.900
Proteína Bruta 20,00 Metionina + Cistina 0,82 Metionina 0,50 Lisina 1,30 Treonina 0,76 Cálcio 0,80 Fósforo Disponível 0,30 Sódio 0,15 Extrato Etéreo 2,66
1- Quantidades em 1000 g: vit. A, 2.500.000 UI; vit. D3, 625.000 UI; vit. E, 3.750 UI; vit. K3, 500 mg; vit. B1, 500 mg; vit. B2, 1.000 mg; vit. B6, 1.000 mg; vit. B12, 3.750 mcg; niacina, 7.500 mg; ác. pantotênico, 4.000 mg; biotina, 15 mg; ác. fólico, 125 mg; colina, 75.000 mg; metionina, 250.000 mg; Se, 45 mg; I, 175 mg; Fe, 12.525 mg; Cu, 2.500 mg; Mn, 19.500 mg; Zn, 13.750 mg; avilamicina, 20.000 mg; BHT, 500 mg; vit. C, 12.500 mg.
A ração referência, constituída à base de milho e farelo de soja, foi formulada de acordo com as composições químicas dos ingredientes apresentados por ROSTAGNO et al. (2000) e adequada às exigências nutricionais para codornas japonesas do NRC (1994), exceto quanto à exigência protéica.
Coleta total e preparação da excreta
As codornas receberam as rações experimentais e a ração referência do 26° até o 31° dia de idade. Após esse período de adaptação, as excretas de cada unidade experimental foram coletadas em intervalos de doze horas durante cinco
dias consecutivos (31° ao 36° dia de idade) nas bandejas das gaiolas, as quais foram removidas a cada coleta. Antecedendo ao início do período de coleta das excretas, as codornas foram submetidas a um jejum alimentar durante aproximadamente três horas, visando a remover qualquer resíduo alimentar do trato gastrintestinal, referente à ração fornecida no período de adaptação. O final da coleta ocorreu após novo jejum alimentar, que teve a finalidade de retirar e coletar totalmente o conteúdo alimentar relativo ao período experimental propriamente dito (31° ao 36° dia de idade).
Foram mensurados o consumo de ração e a quantidade de excretas das codornas alimentadas com ração referência e com rações experimentais, cujos valores médios encontram-se apresentados no Quadro 5. Atenção especial foi dada à redução da contaminação das excretas com penas, resíduos de ração e outros.
Quadro 5. Valores médios1 de consumo de ração e quantidade de excretas das codornas no período de 31 a 36 dias de idade
Tratamentos Consumo de ração (kg) Total de excretas (kg)
Ração Referência 0,629 0,565
RE2 + Milho 0,600 0,437
RE + Colorífico 0,547 0,541
RE + Quirera de Arroz 0,616 0,422
RE + Óleo de Soja Degomado 0,558 0,497
RE + Farelo de Soja 0,642 0,728
RE + Semente de Linhaça 0,591 1,026
RE + Casca + Polpa de Abacaxi 0,655 0,878
1 - Obtidos de cinco observações; 2 – Ração Experimental.
A cada coleta, as excretas de cada repetição foram acondicionadas em sacos plásticos, identificadas, pesadas e armazenadas em congelador até o final do período de coleta, quando foram descongeladas, reunidas por repetição, homogeneizadas, pesadas e colocadas em estufa de ventilação forçada por 72 horas a 60 °C, onde foi realizada a pré-secagem. A seguir, foram moídas e armazenadas para análises posteriores, juntamente com amostras das rações contendo os alimentos a serem testados e da ração referência.
Variáveis avaliadas
Para cada alimento testado, foram avaliadas a energia metabolizável aparente (EMA) e a energia metabolizável aparente corrigida pelo balanço de nitrogênio (EMAn) em kcal por kg de matéria natural e a matéria seca metabolizável aparente (MSMA) em percentagem.
Os valores de EMA e EMAn (MATTERSON et al., 1965) e de MSMA dos alimentos (HAN et al., 1976) foram obtidos por meio das seguintes equações:
EMA Ração (kcal/kg MS) = [(MS ingerida (g) x EB Ração) - (MS excretada (g) x EB excretada)] ÷ MS ingerida (g)
EMA Alimento (kcal/kg MS) = EM RR + [(EM RE – EM RR) ÷ PSA RR]
EMAn Ração (kcal/kg MS) = [(MS ingerida (g) x EB Ração) - (MS excretada (g) x EB excretada)] ± 8,22 BN ÷ MS ingerida (g)
BN = (MS ingerida (g) x % N Ração ÷ 100) – (MS excretada (g) x % N Excreta ÷ 100) EMAn Alimento (kcal/kg MS) = EMAn RR + [(EMAn RE – EMAn RR) ÷ PSA RR] MSMA Ração (%) = (MS ingerida (g) – MS excretada (g)) ÷ MS ingerida (g) x 100 MSMA Alimento (%) = MSMA RR (%) – [(MSMA RR - MSMA RE) ÷ PSA RR] Legenda:
MS – matéria seca; RR – ração referência; RE – ração experimental; PSA RR – proporção de substituição do alimento na ração referência; EB – energia bruta; BN – balanço de nitrogênio; N – nitrogênio.
8,22 = fator que corresponde a 8,22 kcal de energia por grama de nitrogênio retido.