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Foi realizado um estudo multicêntrico de corte transversal em dez cidades brasileiras, em 2009. As cidades pesquisadas foram determinadas pelo Ministério da Saúde e foram: Manaus (AM), Recife (PE), Salvador (BA), Campo Grande (MS), Brasília (DF), Curitiba (PR), Itajaí (SC), Santos (SP), Belo Horizonte (MG) e Rio de Janeiro (RJ).

População de estudo

A população-alvo do estudo multicêntrico foi constituída por homens que fazem sexo com homens (HSH), independentemente da sua preferência sexual, que tinham idade igual ou superior a 18 anos e que residiam nas cidades selecionadas no estudo.

Critérios de inclusão

Foram considerados elegíveis homens que cumpriram os seguintes critérios de inclusão:

1) não ter participado anteriormente no estudo;

2) ter tido pelo menos uma relação sexual com um homem nos últimos 12 meses;

3) apresentar um cupom válido para participar do estudo;

4) aceitar as condições para participar do estudo, que incluem responder um questionário estruturado e estar disposto a convidar seus pares a participarem do estudo;

5) aceitar assinar o termo de consentimento livre e esclarecido (ver anexos B e C); e

Plano de amostragem

Os participantes foram recrutados pelo método Respondent Driven Sampling (RDS). O estudo iniciou com seis sementes em cada município. Cada semente recebeu três cupons para convidar outro HSH para participar do estudo. Cada novo recrutado recebeu o mesmo número de cupons para recrutar novos participantes. Este processo se repetiu até que o estudo atingisse a amostra desejada em cada um dos municípios.

Os participantes receberam o primeiro incentivo de R$15,00 (≈US$10.00), por responder à entrevista e o segundo de R$10,00 (≈US$6.67), por convidado que compareceu ao local do estudo e respondeu o questionário. Todos aqueles que compareceram ao local do estudo, independentemente de sua inclusão ou não, receberam materiais educativos e preservativos (adquiridos pelas instituições governamentais e ou participantes).

Pesquisa formativa

Antes da fase de coleta de dados, em cada município se realizou uma pesquisa formativa (ver detalhes no Anexo E) para determinar o interesse dos HSH em participar do projeto de pesquisa, a necessidade de ressarcimento e a natureza deste, a escolha de materiais educativos a serem distribuídos e a preferência por procedimentos e logística do estudo (local, dias e horários de funcionamento, característica dos membros da equipe, seleção das sementes, cupons, retornos e encaminhamentos).

Embora na maioria do municípios os HSH tenham referido que não seria interessante que a pesquisa fosse realizada em unidades de saúde (US) ou nos centros de testagem e aconselhamento (CTA), por questões logísticas pautadas às leis relacionadas ao teste para HIV no País (BRASIL, 2005), que não permitiam que testes deste tipo fossem realizados fora de uma US, todos os sítios iniciaram a pesquisa em algum tipo de US ou CTA. Duas cidades tiveram que abrir um local secundário, que não uma US ou CTA, para aqueles que quiseram participar, mas referiram que não iriam a nenhum destes locais.

Tamanho da amostra

O tamanho amostral inicial foi definido pelo Departamento de DST/AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde do Brasil em um total de 2.500 HSH. Para permitir a representatividade de cada cidade, optou-se por aumentar a amostra, sendo o tamanho mínimo igual a 3.500 HSH divididos em 3507 entrevistados por município, com pelo menos 250 participantes testados para HIV e sífilis em cada município. Durante a coleta, foi feito monitoramento dos dados a fim de detectar precocemente a necessidade do aumento do número de participantes para aplicação adequada do método e para compensar perdas excessivas pela recusa em realizar exames laboratoriais.

Coleta de dados

A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas face a face, mediadas por um computador de bolso (Pocket-PC). Foram coletados os seguintes tipos de informações:

1) características sociodemográficas; 2) autorrelato de testagem anti-HIV e sífilis; 3) orientação e identidade sexual; 4) rede social; 5) comportamento sexual; 6) uso de

álcool/drogas e saúde mental; 7) discriminação e violência; 8) integração e participação social; 9) fontes de informações sobre DST e acesso a preservativos; 10) assistência à saúde e DST e 11) formas de transmissão de DST/HIV. O teste rápido para HIV e sífilis foi oferecido a todos os participantes, que receberam pré-aconselhamento.

O tamanho da rede social foi medida pela última resposta da sequência de perguntas:

1) Quantos homens você conhece e que também conhecem você, que você acha que fazem sexo com outros homens, e que moram no [município]? Por favor, não inclua travestis que você possa conhecer. 2) Destes [resposta à pergunta1] homens que você mencionou, quantos têm 18 anos ou mais? 3) Quantos destes [resposta à pergunta2] homens com 18 anos ou mais você encontrou ou falou com eles pessoalmente, por telefone ou internet

7 Artigo recente (SALGANIK, 2006) recomenda para o RDS um efeito de desenho tamanho 2 quando comparado com a amostragem aleatória simples. O tamanho da amostra foi calculado supondo a prevalência de infecção por HIV igual a 10% e o erro amostral igual a 5%

nos últimos dois meses? 4) Destes [resposta à pergunta3] homens que fazem sexo com homens, que têm 18 anos ou mais e que você encontrou ou falou nos últimos dois meses, quantos você convidaria para participar deste estudo?

O autorrelato da testagem anti-HIV e da sorologia para o HIV em testes realizados anteriormente ao do estudo foi medido por meio da resposta às perguntas: “Você já fez o teste para AIDS alguma vez na vida?” e “Você se importa em me dizer o resultado do seu último teste?”

Teste rápido

Após a entrevista, o participante foi convidado a fazer o aconselhamento pré-teste para DST/HIV (Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST e AIDS, 1998). Ao término do aconselhamento, e mediante solicitação de autorização por escrito, os participantes foram convidados e encaminhados para realização dos testes anti-HIV e sífilis. Em caráter excepcional, haja vista a baixa participação da comunidade na pesquisa, por medo de estigma, a entrevista foi feita fora de uma unidade de saúde e os participantes foram encaminhados para a unidade de saúde estabelecida pelos profissionais locais.

Técnicos de laboratório capacitados dos CTA realizaram os testes rápidos para sífilis e HIV seguindo a Portaria nos 34 de 28/07/05 da Secretaria de Vigilância em Saúde (BRASIL, 2005) e as instruções de cada um dos fabricantes. Todos os testes foram realizados de acordo com a norma definida pelo Ministério da Saúde e com produtos registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e por ela controlados. Os testes utilizados em paralelo foram: Teste Check Rápido HIV-1 & 2 (Núcleo de Doenças Infecciosas [NDI], Vitória, Espírito Santo, Brasil) e Teste Bio-Manguinhos HIV-1 & 2 (Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos, Bio-Manguinhos, FIOCRUZ, Rio de Janeiro, Brasil). No caso de discordância entre os resultados desses testes, o terceiro teste, TESTE Rapid Check HIV 1/2, foi utilizado.

Para aqueles que aceitaram realizar os testes para HIV, foram efetuados o aconselhamento pós-teste e a entrega dos resultados dos testes rápidos. Participantes com diagnóstico positivo para HIV foram encaminhados para centros públicos de acompanhamento clínico e diagnóstico laboratorial da infecção (seguindo a Portaria nº 34, de 28 de julho de 2005, da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde) de cada município para acompanhamento.

Análise

O estudo foi analisado considerando três aspectos, denominados aqui de TEMAS. Descrever-se-á, na sequência, detalhadamente, sobre os procedimentos específicos para obtenção dos dados de cada tema, bem como as medições realizadas e as estratégias da análise estatística especificas.