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3.4 INSTRUMENTOS

3.4.2 Matriz Analítica de Gallahue (1989)

A matriz de avaliação qualitativa para o salto vertical proposta por Gallahue (Gallahue, 1989) é composta de uma série de breves descrições relativas ao posicionamento dos segmentos corporais que devem ser observados pelo avaliador, sob forma de check list e composta também por desenhos esquemáticos de algumas etapas do movimento. Trata-se de uma avaliação motora de crianças puramente observacional, de cunho qualitativo, que permite classificar o desenvolvimento motor de crianças para diferentes tarefas motoras em três estágios: inicial, elementar e maduro.

As crianças podem apresentar classificações distintas para os diferentes segmentos corporais. Porém, para efeitos de classificação da criança para a tarefa motora analisada, segundo Gallahue e Ozmun (2005), é considerado o estágio mais atrasado em que se encontrar qualquer um dos segmentos corporais. A matriz pode ser visualizada na Figura 4.

A. ESTÁGIO INICIAL

1. Agachamento preparatório inconsciente 2. Dificuldade de impulsionar com ambos os pés 3. Extensão insuficiente do corpo ao impulsionar 4. Elevação da cabeça pequena ou ausente

5. Braços não coordenados com o tronco e a ação da perna 6. Baixa altura alcançada

B. ESTÁGIO ELEMENTAR

1. Flexão dos joelhos excede ângulo de 90 graus no agachamento preparatório 2. Inclinação para frente exagerada durante o agachamento

3. Impulso com os dois pés

4. Corpo não se estende totalmente durante fase de vôo

5. Braços tentam auxiliar vôo e equilíbrio, mas em geral não igualmente 6. Deslocamento horizontal notável no pouso

C. ESTÁGIO MADURO

1. Agachamento preparatório com flexão do joelho entre 60 e 90 graus 2. Extensão firme dos quadris, joelhos e tornozelos

3. Elevação dos braços coordenada e simultânea

4. Inclinação da cabeça para cima com olhos focalizados no alvo 5. Extensão total do corpo

6. Elevação do braço de alcance com inclinação do ombro combinada com abaixamento do outro braço no auge do vôo

7. Pouso controlado bastante próximo ao ponto de partida DIFICULDADES DE DESENVOLVIMENTO

A. Falha em permanecer sem contato com o solo

B. Falha em impulsionar com ambos os pés ao mesmo tempo C. Falha em agachar com ângulo aproximado de 90 graus D. Falha em estender o corpo, pernas e braços com firmeza E. Coordenação pobre das ações de pernas e braços

F. Inclinação de braços para trás ou para as laterais para se equilibrar G. Falha em guiar com os olhos e a cabeça

H. Pouso em um pé só

I. Flexão de quadris e joelhos inibida ou exagerada ao pousar J. Deslocamento horizontal marcante ao pousar

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Figura 4. Matriz analítica de Gallahue (Gallahue, 1989) para a tarefa motora do salto vertical.

Fonte: GALLAHUE E OZMUN, 2005. p. 248 e 249.

Através da observação detalhada e da análise observacional de muitas execuções de saltos verticais de crianças, a partir da matriz de Gallahue (Gallahue, 1989), exposta acima, foi iniciada, no estudo piloto (APÊNDICE I), a criação de uma sistemática para a avaliação qualitativa e quantitativa dessa tarefa motora. Devido ao reduzido número de crianças no estudo piloto, a sistemática sofreu alterações depois que outras coletas foram realizadas, pois foi possível analisar maior número de saltos verticais, e, portanto, obter maiores informações para a definição dos critérios para a sistemática. Assim, através dessa sistemática, foi possível identificar os instantes do salto vertical detalhadamente, a fim de obter maior precisão para as futuras análises quantitativas dos parâmetros cinemáticos dessa tarefa motora. Observou-se nas análises dos saltos, que as crianças diferiram do padrão indicado nos desenhos esquemáticos da matriz de Gallahue (1989), sendo, portanto, consideradas principalmente as descrições relativas ao posicionamento dos segmentos corporais (check list). Também pode

ELEMENTAR

ser observado que na fase de propulsão dessa matriz não constam os desenhos esquemáticos referentes à fase de preparação do salto, sendo um dos motivos para utilizar figuras de execuções reais do salto vertical (Figura 5). Na fase de aterrissagem, a matriz de Gallahue (1989) também não contempla os desenhos esquemáticos do estágio elementar e maduro, para os quais utilizou-se as descrições contidas na matriz para criar a sistemática.

Dessa forma, baseando-se nas observações dos saltos das crianças, nas descrições e desenhos esquemáticos da matriz de Gallahue (1989), selecionou-se instantes que melhor representaram a tarefa motora do salto vertical em cada fase do salto – propulsão, vôo e aterrissagem – conforme pode ser observado na Figura 5, a seguir.

Inicial Elementar Maduro

a) Primeira fase – fase de propulsão

Inicial Elementar Maduro

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Inicial Elementar Maduro

c) Terceira fase – fase de Aterrissagem

Figura 5. Fases do salto vertical: a) primeira fase – fase de propulsão; b) segunda fase – fase de vôo; c) terceira fase – fase de aterrissagem.

Para a avaliação qualitativa (classificação do posicionamento dos segmentos corporais em estágio inicial, elementar e maduro) e quantitativa (captura dos ângulos do joelho, quadril, tronco e membro superior) foram considerados os seguintes instantes em cada uma das fases acima destacadas:

1) Fase de propulsão - dois instantes de análise:

a) Primeiro quadro após o início da flexão da articulação do ombro, instante no qual foi capturado o ângulo do membro superior;

b) Primeiro quadro após a máxima flexão do joelho, instante no qual foram capturados os ângulos do joelho, quadril e tronco;

2) Fase de vôo: Primeiro quadro anterior, posterior ou exatamente no quadro de máxima altura atingida pelo quadril, capturando o ângulo num dos três instantes que o membro superior atingiu a maior amplitude. Nesse instante foram capturados os ângulos do joelho, quadril, tronco e membro superior;

3) Fase de aterrissagem: Máxima flexão do joelho, instante no qual foram capturados os ângulos do joelho, quadril, tronco e membro superior.

Esses instantes foram escolhidos por melhor representarem o salto vertical, conforme observado nos desenhos esquemáticos e descrições da matriz de Gallahue (1989) e pela observação de muitas execuções de saltos de crianças. Após esse processo foram definidos esses instantes, que melhor caracterizaram os estágios de desenvolvimento motor nas diferentes fases do salto vertical.

Através desses instantes, realizou-se a análise qualitativa, na qual foram avaliados os posicionamentos dos segmentos corporais membros inferiores, quadril/tronco e membros superiores; e a análise quantitativa, na qual realizou-se a captura dos ângulos nos instantes definidos na sistemática acima. Ressalta-se que o quadril e tronco são analisados como segmento único na avaliação qualitativa, e na quantitativa, cada segmento recebe o valor angular correspondente.

Através dessa sistemática a classificação geral da criança é dada em função da moda, ou seja, do estágio que tiver o maior número de ocorrências na classificação segmentar. Quando ocorrer o empate entre os estágios, a criança será classificada no estágio intermediário, portanto, o estágio elementar.

Na avaliação qualitativa foram utilizados critérios (Quadro 2) para classificação dos segmentos corporais nos diferentes estágios de desenvolvimento motor, definidos a partir das observações dos saltos e matriz de Gallahue (1989). Estes critérios foram criados a fim de permitir a avaliação qualitativa, já que em alguns momentos a identificação visual do movimento poderia tornar-se imprecisa, principalmente entre o estágio inicial e elementar.

Quadro 2. Critérios para avaliação qualitativa dos segmentos corporais nos diferentes estágios de desenvolvimento motor e fases do salto vertical

Fase Segmentos Corporais INICIAL ELEMENTAR MADURO

P R O P U L O Joelho Quando o joelho não for maduro, classificar de acordo com o tronco. O joelho

será inicial se o tronco for inicial.

Quando o joelho não for maduro, classificar

de acordo com o tronco. O joelho será elementar se o tronco for elementar ou maduro. Grande flexão do joelho, menor que 90°. Quadril/tronco Próximo á vertical, pouca inclinação do tronco. Inclinação exagerada do tronco para frente.

Inclinação do tronco para frente

sem exagero ou inibição.

Membro superior

Ao lado do corpo ou para frente. Usa

muito pouco o braço.

Pouca extensão do ombro. O braço é usado no movimento,

porém, com menor extensão do ombro ou cotovelo. Extensão notável do ombro. V Ô

O Joelho Flexão do joelho. Extensão incompleta do joelho Extensão firme.

50 Membro superior Ao lado do corpo ou para trás. Não usa o braço.

Braços abertos para as laterais ou extensão incompleta do cotovelo ou ombro. Braços para frente e para cima. A T E R R IS SA G E M Joelho Praticamente sem flexão. Na dúvida utilizar o tronco para classificar.

Flexão maior que 90°. Na dúvida utilizar o tronco para classificar. Flexão do joelho próxima ou menor que 90°.

Quadril/tronco Próximo á vertical

ou para trás.

Inclinação exagerada do tronco para frente.

Flexão do quadril e inclinação moderada do tronco para frente. Membro

superior Ao lado do corpo ou para trás.

Auxiliam no equilíbrio para as laterais ou para cima.

Para frente do corpo.