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A Matriz de Referência do “Novo Enem” e as Diretrizes Curriculares Nacionais para o

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.4. A Matriz de Referência do “Novo Enem” e as Diretrizes Curriculares Nacionais para o

Com a intenção de realizar uma comparação entre a matriz de referência do Novo Enem e as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio que se estabeleceram desde a implantação dessa versão do exame através da Portaria Nº 109, de 27 de maio de 2009, faz- se necessário examinar resumidamente alguns temas presentes nesses documentos.

Segundo MACENO, N. G. et al. (2011) desde a aprovação da Lei n. 9394/96 (Brasil, 1996) avaliações públicas nos diferentes níveis da educação básica brasileira têm sido orientadas a partir de matrizes de referência. Como exemplos citam-se as matrizes do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB) criada em 1997; a do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) proposta em 1998; e a do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (ENCCEJA), criado em 2002.

Quanto à matriz de referência do “Novo Enem” esta não traz nova fundamentação teórico-metodológica supondo-se que está fundamentada na publicação de 2005 (BRASIL, 2005) permanecendo o conceito de competência como fundamento do exame.

Porém, o “Novo Enem” apresentado à sociedade através da Portaria Nº 109, de 27 de maio de 2009, apresenta várias mudanças na estrutura da prova e uma nova Matriz de Referência, isso para atender aos novos objetivos do Exame e trazem cinco eixos cognitivos comuns a todas as áreas a serem avaliados no exame, norteadas pelos princípios da contextualização e interdisciplinaridade:

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I. Dominar linguagens (DL): o estudante precisa compreender as diferentes

linguagens existentes na sociedade, seja a própria língua materna, matemática, artística, científica e estrangeira.

II. Compreender fenômenos (CF): compreender fenômenos naturais, processos

histórico geográficos, produção de tecnologias e manifestações artísticas, o estudante precisa além de saber conceito, precisa compreender.

III. Enfrentar situações-problema (SP): estar preparado para saber se portar frente

á acontecimentos que exijam interpretar dados, organizar, relacionar informações representadas de diferentes formas, para poder tomar decisões e agir o mais coerente possível.

IV. Construir argumentação (CA): é preciso que o estudante tenha autonomia para

que através de informações e constatações consiga construir argumentações consistentes.

V. Elaborar propostas (EP): que as proposições elaboradas por estudantes, sejam

dotadas de saberes que compreendam as necessidades em questão, bem como respeitem os valores éticos e humanos, além da diversidade sociocultural. A proposta do Ministério da Educação (Brasil, 2009a), com estas reestruturações metodológicas e teóricas em 2009 é de aproximar o Enem das proposições das Diretrizes Curriculares do Ensino Médio e induzir a transformação do processo de ensino e aprendizagem para a participação, o maior comprometimento social e a integração entre as disciplinas.

Conforme já apresentou-se anteriormente, concomitantemente à edição do Enem em 1998, o CNE, através da Resolução CEB Nº 3, de 26 de junho de 1998 instituiu Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio as quais direcionavam o trabalho no ensino médio para o desenvolvimento de competências e habilidades gerais, em uma analogia à matriz de referência do Enem original.

Estas Diretrizes ao longo dos últimos anos receberam novas reformulações sendo primeiramente atualizadas às disposições do Decreto Nº 5.154/2004 através da Resolução Nº 1, de 3 de fevereiro de 2005 e em 2012 foram definidas novas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio pela Resolução Nº 2, de 30 de janeiro 2012. Estes documentos tratam de finalidades, de objetivos, de conteúdos e campos do conhecimento importantes para serem ensinados no ensino médio. Sem, contudo podermos dizer que estejam sendo organizadas em torno de competências, estas Diretrizes também não apresentam uma lista de conteúdos, ou objetos de conhecimento a exemplo da Matriz de Referência do Novo Enem. Esta responsabilidade de listar conteúdos fica a cargo dos sistemas de ensino e, em última instância, da escola por meio do seu projeto político-pedagógico, em atendimento ao principio da flexibilização dos currículos, de modo a procurar atender as

características regionais de cada rede.

A Resolução Nº 2, de 30 de janeiro 2012, que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio orienta a inserção de novos temas transversais, a proposta político-pedagógica, a flexibilidade de carga horária, a incorporação de leis que abordam o currículo, tecnologia, ciência, pesquisa e trabalho, a preparação do estudante não apenas para o ingresso no Ensino Superior como também para a Educação Profissional e ainda, através do estabelecimento de princípios, fundamentos e procedimentos para orientar as políticas públicas educacionais nacionais referentes às propostas curriculares das unidades escolares públicas e privadas.

Ao tratar dos Sistemas de Ensino, em seu Capítulo II, do Título III, a Resolução Nº 2/2012, inclui um artigo para tratar do Enem e estabelece que o mesmo deva,

21 progressivamente, compor o Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), assumindo as funções de:

I - avaliação sistêmica, que tem como objetivo subsidiar as políticas públicas para a Educação Básica;

II - avaliação certificadora, que proporciona àqueles que estão fora da escola aferir seus conhecimentos construídos em processo de escolarização, assim como os conhecimentos tácitos adquiridos ao longo da vida;

III - avaliação classificatória, que contribui para o acesso democrático à Educação Superior. (BRASIL, 2012)

Demonstrando com este dispositivo a importância dada pelo Conselho Nacional de Educação à instituição de sistemas de avaliação e à utilização dos mesmos com o objetivo de “acompanhar resultados, tendo como referência as expectativas de aprendizagem dos conhecimentos e saberes a serem alcançados, a legislação e as normas, estas Diretrizes e os projetos políticos-pedagógicos das unidades escolares”, conforme descrito no Item VI do Artigo 17, da Resolução que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio.

Mas, na prática efetiva nem sempre o Enem pode democratizar o acesso à educação. Em algumas situações, pode de fato possibilitar a entrada do estudante nas IES, como por exemplo, no sistema de cotas, bolsas de estudos e outros fatores. Entretanto, o processo de permanência na educação superior e o sucesso do aluno podem ser os fatores reais de visibilidade desta democratização, caso esta ocorra de fato. Mas, nem todos os alunos terão a mesma oportunidade, assim poderíamos questionar esta ‘democratização’ prevista na legislação supracitada.

Nesse sentido, investigou-se se o Enem, enquanto política pública de avaliação em larga escala, com o novo status a ele atribuído, seria indutor de mudanças significativas nas escolas e ainda se está apontando na mesma direção dos documentos oficiais norteadores das políticas curriculares da educação nacional.

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