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2. Desenvolvimento sustentável – Brasil 3 Crédito de carbono – Pesquisa

2.2 MDL e ECONOMIA DE BAIXO CARBONO

2.2.1 Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

2.2.1.1 MDL e a operacionalização do instrumento crédito de carbono

Segundo Frondizi (2009) o MDL diz respeito a um mecanismo baseado no desenvolvimento de projetos, que podem envolver substituição de energia fóssil por outras energias de origem renováveis, serviços urbanos mais eficientes, racionalização da utilização de energia, entre outras possibilidades, podendo ter a participação de entidades públicas, privadas e parcerias público-privadas dos países desenvolvidos e dos países em desenvolvimento, sendo crucial o engajamento desses atores para a efetividade de ações de redução de emissão de GEE, na tentativa de conter as mudanças climáticas.

Em relação às regras do MDL, cada projeto deverá se estruturar entorno de uma metodologia de linha de base aprovada pelo Conselho Executivo da UNFCCC, aplicável a cada tipo de projeto de acordo com suas características. Existem várias metodologias, em relação aos projetos de energia renovável da agroindústria canavieira, a metodologia ACM0006 e AM0015 (ver Anexo C) foram as mais utilizadas. Nesse contexto, para o entendimento do MDL faz-se necessário entender dois conceitos estabelecido no PK: Linha de Base e Adicionalidade, que são de fundamental relevância para que ocorra a aceitação de um projeto.

Segundo a Decisão 3/CMP.1 da UNFCCC, no anexo “Modalidades e procedimentos para um Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, conforme definido no Artigo 12 do Protocolo de Kyoto”, o parágrafo 43 de seu anexo:

Uma atividade de projeto de MDL é adicional se reduzir emissões antrópicas de gases de efeito estufa por fontes para níveis inferiores aos que teriam ocorrido na ausência da atividade de projeto de MDL registrada.

Em outras palavras, um projeto será considerado adicional quando puder comprovar ou demonstrar que não teria sido implementado na ausência dos incentivos relacionados ao

MDL (CGEE, 2010, p. 68). Nessa linha, para o IPEA (2011, p.3) as atividades de um projeto de MDL serão “consideradas adicionais se as emissões de GEE forem menores do que as que ocorreriam na ausência do projeto e/ ou se o sequestro de carbono for maior do que aquele que ocorreria também na ausência do projeto”. Neste sentido, para cada unidade métrica de carbono 1 reduzida por meio de um projeto MDL, será creditada uma unidade de crédito de carbono ao projeto.

Ainda de acordo com a citada Decisão 3/CMP.1 da UNFCCC, o parágrafo 44 de seu anexo, evidencia:

A linha de base de uma atividade de projeto de MDL é o cenário que representa, de forma razoável, as emissões antrópicas de gases de efeito estufa por fontes que ocorreriam na ausência da atividade de projeto proposta. A linha de base deve cobrir as emissões de todos os gases, setores e categorias de fontes listadas no Anexo I que ocorram dentro do limite do projeto. Deve considerar-se que a linha de base representa, de forma razoável, as emissões antrópicas por fontes que ocorreriam na ausência da atividade de projeto proposta.

A linha de base serve para verificar a adicionalidade e para quantificar as RCEs das atividades dos projetos, podendo ser entendida como o nível de emissões de gases de efeito estufa que um empreendimento estaria emitindo para a atmosfera caso a atividade de projeto de MDL não tivesse sido implementada, quer dizer, um cenário de referencia em relação ao qual se pode estimar as reduções de emissões ou remoções de GEE da atividade de projeto no âmbito do MDL (CGEE, 2010).

Destarte, a geração do crédito de carbono, será resultado do desenvolvimento de um projeto de MDL, sendo assim, o primeiro passo será definir o escopo de atividade do projeto. Após, definido o escopo do projeto, é necessário buscar uma metodologia de acordo com o tipo de projeto, dentre as aprovadas, no âmbito da UNFCCC que contempla o projeto proposto. Seguindo as sete etapas do ciclo de um projeto de MDL, conforme Figura 1 abaixo:

Figura 1 - Ciclo de desenvolvimento de um Projeto MDL e responsabilidades

Fonte: MCTI (2014, p. 2)

No entanto, para que sejam aprovados, os projetos de MDL, submetem-se às etapas acima, segue a descrição, segundo Lombardi (2008, p. 100-107) a seguir. Na primeira fase tem-se o Documento de Concepção do Projeto (DCP) trata-se do documento do projeto que deve prestar as informações de forma clara da localização, escopo, metodologia de linha de base e adicionalidade, monitoramento e dados do volume de reduções de GEE. A elaboração do DCP realiza-se a partir de estudos preliminares com o objetivo de verificar o potencial do projeto e sua viabilidade, que são realizados pelos participantes do projeto. Na segunda fase, para que as informações ora apresentadas tenham validade devem ser apreciadas e devidamente validado pela Entidade Operacional Designada (EOD).

Após validação, o projeto segue para terceira fase, que é a aprovação nacional realizada pela AND que no Brasil é representada pela Comissão Interministerial de Mudanças Globais do Clima (CIMGC) cujo papel é avaliar a contribuição do projeto ao desenvolvimento sustentável. Dessa forma, sendo aprovado, o projeto segue para quarta fase que é a de registro no comitê executivo do MDL (CEMDL), ligado à UNFCCC em caso

desfavorável, poderá ajustar as possíveis recomendações sugeridas a fim de continuar no processo.

Após a fase do registro, os proponentes do projeto devem realizar o monitoramento, trata-se do acompanhamento e registro do desempenho do projeto quanto às atividades para a redução de GEE, cujo desempenho será apresentado no relatório de verificação, confeccionado por uma EOD, constituindo esse processo a quinta fase. A sexta fase é a certificação das RCE sem nome do titular do projeto. Após completar o ciclo de validação, aprovação e registro, a atividade registrada torna-se uma atividade de projeto no âmbito do MDL, ficando apta a gerar RCEs. Observa-se que as RCEs ou créditos de carbono são escriturais. Assim, após receber a certificação do projeto, o CEMDL/UNFCCC realiza a emissão das RCEs, habilitando sua transferência no mercado de carbono mundial.