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de uma bifurca¸c˜ao sela-n´o

Considere o modelo de sistema el´etrico de potˆencia na forma geral dada por (2.23), que ´e replicada aqui como:

˙

X(t) = F (X(t), λ) =⇒ ˙X = F (X, λ) (3.1)

onde X ∈ Rn ´e o vetor de estado do sistema, composto, por exemplo, pelos ˆangulos internos dos geradores, velocidades angulares, magnitudes de tens˜ao e ˆangulos das barras do sistema; λ ∈ Rp ´e um vetor de parˆametros que variam no tempo, tais como n´ıveis de potˆencia ativa e reativa nas barras de carga do sistema, e F : RnxRp → Rncorresponde ao conjunto de equa¸c˜oes diferenciais que define o campo de vetores n˜ao linear associado `as vari´aveis de estado X (veja Sec. 2.2.1). Seja Xs um ponto de equil´ıbrio est´avel (assintoticamente est´avel) de (3.1) (veja Sec. 2.2.6). O modelo est´atico F (X, λ) = 0 define a posi¸c˜ao no espa¸co de estados do ponto de equil´ıbrio est´avel em fun¸c˜ao de λ. `A medida que os parˆametros do sistema variam lentamente (modo quase-est´atico), Xsmuda de posi¸c˜ao no espa¸co de estados, mas continua sendo um ponto de equil´ıbrio est´avel. O sistema (3.1) apresenta uma bifurca¸c˜ao sela-n´o (BSN) no ponto (Xcr, λcr). (As condi¸c˜oes para uma BSN est˜ao descritas na Sec. 2.5.1 ). No ponto de bifurca¸c˜ao sela-n´o, λ atinge o valor m´aximo local λcr, onde o ponto de equil´ıbrio est´avel Xs se funde com um ponto de equil´ıbrio hiperb´olico do tipo1 Xu, que logo antes da bifurca¸c˜ao estava na fronteira da ´area de atra¸c˜ao de Xs(∂A(Xs)) (veja descri¸c˜ao deste processo na

Sec. 2.5.2). Para valores maiores que λcr, o sistema (3.1) n˜ao apresenta solu¸c˜ao. A matriz Jacobiana de (3.1) avaliada em Xcr, D

XFλcr(Xcr), apresenta um ´unico

autovalor simples igual a zero, cujo autovetor `a direita associado ´e denotado por autovetor zero `a direita.

O modelo para descri¸c˜ao do colapso de tens˜ao assume que o autovetor zero `a direita, que ´e tangente `a variedade central de Xcr (Wc(Xcr), aponta no sentido da subvariedade Wc

+. Considerando-se tal condi¸c˜ao, uma perturba¸c˜ao faz o es- tado do sistema divergir de Xcr. Como Xcr ´e um ponto de equil´ıbrio inst´avel, as trajet´orias com condi¸c˜oes iniciais pr´oximas de Xcr divergem deste, aproximada- mente na dire¸c˜ao do autovetor zero. Mais especificamente, as trajet´orias que se iniciam em pontos que pertencem a Wc

+se afastam de Xcr e permanecem em W+c; as trajet´orias que se iniciam pr´oximas a Wc

+ se afastam de Xcr aproximadamente ao longo de Wc

+, e se aproximam exponencialmente de W+c.

A dinˆamica do sistema (3.1), no ponto de bifurca¸c˜ao, ´e definida pela posi¸c˜ao de Wc

+ no espa¸co de estados. (Lembre que W+c encerra uma trajet´oria de sistema ´

unica.) Se Wc

+ est´a posicionada de maneira que algumas magnitudes de tens˜ao decaiam ao longo de Wc

+, ent˜ao o movimento ao longo de W+c determina um colapso de tens˜ao.

O mecanismo de colapso de tens˜ao descrito ´e conhecido como modelo da va- riedade central para o colapso de tens˜ao [31, 34]. Ressaltamos a seguir trˆes importantes resultados deste modelo, relacionados ao autovetor zero `a direita: (r1) O autovetor zero `a direita descreve a dire¸c˜ao no espa¸co de estados na qual

o ponto de equil´ıbrio move logo antes da bifurca¸c˜ao.

(r2) O autovetor zero `a direita descreve a dire¸c˜ao inicial no espa¸co de estados ao longo da qual o colapso de tens˜ao dinˆamico ocorre.

(r3) O autovetor zero `a direita determina o padr˜ao no qual as magnitudes de tens˜ao e outras quantidades inicialmente decaem (dinamicamente) no co- lapso de tens˜ao.

´

E importante observar que o modelo quase-est´atico, onde F (X, λ) = 0 define a posi¸c˜ao dos pontos de equil´ıbrio, se aplica somente antes da bifurca¸c˜ao. Depois da bifurca¸c˜ao, o modelo dinˆamico (3.1) se imp˜oe.

3.3

Modelos de sistemas el´etricos de potˆencia

para estudos de estabilidade

No Cap. 2, apresentamos alguns fundamentos da teoria de sistemas dinˆamicos. Em especial, revisamos a teoria de bifurca¸c˜ao sela-n´o (Sec. 2.5), que tem rela¸c˜ao direta com o problema de colapso de tens˜ao em sistemas el´etricos de potˆencia, conforme detalhado na se¸c˜ao anterior. A teoria foi apresentada aplicando-a a uma fam´ılia de sistemas descritos puramente por um conjunto de equa¸c˜oes dife- renciais ordin´arias n˜ao lineares, na forma dada por (3.1). Os estudos de estabili- dade em sistema el´etricos de potˆencia, no entanto, estendem e aplicam a teoria de estabilidade a um modelo de sistema alg´ebrico-diferencial [35], uma vez que os sistemas el´etricos de potˆencia s˜ao comumente descritos por um conjunto de equa¸c˜oes alg´ebrico-diferenciais n˜ao lineares, na forma que segue

  ˙x 0   =   a(x, y, λ) b(x, y, λ)   = F (x, y, λ). (3.2)

Em (3.2), x ∈ Rn ´e o vetor de vari´aveis dinˆamicas relacionadas a diversos ele- mentos do sistema, tais como geradores e seus controles; λ ∈ Rp ´e o vetor de parˆametros de varia¸c˜ao lenta, tais como n´ıveis de potˆencia ativa e reativa das car- gas do sistema; a : Rn X Rm X Rp → Rn corresponde ao conjunto de equa¸c˜oes diferenciais que define o campo de vetores n˜ao linear associado `as vari´aveis de estado x; e y ∈ Rm ´e o vetor de vari´aveis alg´ebricas, tais como magnitudes e ˆangulos das tens˜oes nas barras do sistema, que s˜ao definidas pelas equa¸c˜oes alg´ebricas b : Rn X Rm X Rp → Rm. Um ponto de equil´ıbrio ´e denotado por (x∗, y, λ), para o qual a(x, y, λ) = 0 e b(x, y, λ) = 0. Se a matriz Jacobiana das equa¸c˜oes alg´ebricas, ∂b(x, y, λ)/∂y, ´e n˜ao singular ao longo das trajet´orias de interesse do sistema, o Teorema da Fun¸c˜ao Impl´ıcita garante que existe uma fun¸c˜ao h(x, λ), tal que y = h(x, λ); e dessa forma, o sistema (3.2) pode ser reformulado como [36, 37]:

˙x≡ a(x, h(x, λ), λ). (3.3)

Assim, o comportamento de (3.2) pode ser estudado atrav´es do sistema pura- mente diferencial descrito por (3.3). Ainda, se ∂b(x, y, λ)/∂y ´e n˜ao singular ao

longo das trajet´orias de interesse do sistema, [36, 37] mostram tamb´em que o comportamento de (3.2) ao longo destas trajet´orais ´e determinado pelos autova- lores da matriz Jacobiana de (3.2) avaliada nos pontos de equil´ıbrio de interesse, D(x,y)F (x∗, y∗, λ∗): D(x,y)F (x∗, y∗, λ∗) = D(x,y)F |∗=  Dxa|∗ Dya |∗ Dxb|∗ Dyb |∗   (3.4)

Al´em disso, num ponto de bifurca¸c˜ao sela-n´o (Xcr, ycr, λcr) as condi¸c˜oes de trans- versalidade (2.25-2.27) s˜ao equivalentes a [37]:

D(x,y)F |cr v = D(x,y)T F |cr w = 0 wT∂F ∂λ cr 6= 0 wT[D2 (x,y)F |cr v]v 6= 0 (3.5)

onde v e w s˜ao, respectivamente, os autovetores normalizados `a direita e `a es- querda de D(x,y)F |cr.

3.4

Rela¸c˜ao entre bifurca¸c˜ao sela-n´o do modelo