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Mecanismo do parkinsonismo

No documento Estudo genético da doença de Parkinson (páginas 52-59)

REVISÃO DA LITERATURA

2.4 Mecanismo do parkinsonismo

Os mecanismo pelos quais as mutações genéticas levam ao parkinsonismo ainda são desconhecidos, contudo frente ao conhecimento que se tem até o presente momento pode-se construir um modelo de neurodegeneração que será descrito a seguir (Farrer, 2006).

As mutações no gene SNCA sejam as substituições simples de aminoácido ou multiplicação genômica, levam a formação de proteína α- sinucleína (monômero) anômala ou ao aumento da sua expressão que se acumula no citoplasma. Este acúmulo promove a oligomerização da α- sinucleína que é tóxica para a célula. O neurônio degrada a proteína via sistema ubiqüitina-proteassoma, sistema endossoma-lisossomal ou formando um agregado fibrilar de alto peso molecular. A proteína α- sinucleína participa na formação de vesículas e na neurotransmissão de dopamina, mas por ser anômala, impede a sinapse e leva ao acúmulo desse neurotransmissor que é tóxico e conseqüente formação de espécies reativas de oxigênio que por sua vez provocam a morte celular.

As proteínas parkina e DJ-1 participam do sistema ubiqüitina- proteassoma e o defeito nestas proteínas pode diminuir a eliminação dos agregados tóxicos de α-sinucleína. A proteína DJ-1 também tem função antioxidante e sua anomalia pode facilitar a fibrilização da α-sinucleína mal- formadas. Na DP os agregados de α-sinucleína acumulados nos citoplasma e axônios compõem os CL.

A proteína UCLH1 (ubiqüitina carboxi terminal esterase L1), que tem atividades hidrolase e ligase, atua no sistema ubiqütina proteassoma, na via endossoma-lisossomal e na formação do CL. A sua função é prover monoubiqüitina para a proteína E3 ligase (parkina) e evitar que a ubiqüitina seja degradada pela via endossoma-lisossomal.

As mutações dos genes PARK6, PARK7 e PARK2 resultam na disfunção da mitocôndria, produtora de ATP, que é essencial para o funcionamento do sistema ubiqütina proteassoma.

Para a eliminação dos agregados de α-sinucleína é também necessária a preservação da citoarquitetura, o que inclue os microtúbulos. A proteína tau estabiliza a função dos microtúbulos. A proteína lrrk2 (quinase com repetição rica de leucina) é importante na manutenção do tráfego intracelular e citoarquitetura a sua disfunção pode conseqüentemente levar ao acúmulo de proteína tau e formar agregados que também são citotóxicos.

Figura 2.6: Modelo de parkinsonismo

Adaptado de Farrer, 2006. Disfunç ão da via endossoma-lisossomal Mutação LRRK2 Disfunção da dardarina Morte neuronal Alteração do transporte vesicular dopamina espécies reativas de oxigênio Disfunç ão da α-sinucleína Disfunç ão transporte intracelular Mutação LRRK2 Mutação PARK6 ? ? ? Agregaç ão de α- sinucleína Formaç ão de CL Mutação ou multiplicação SNCA Mutações PARK2, PARK6, PARK7 Mutação PARK2 Mutação PARK7 Mutação UCHL1 Disfunção sistema UP Proteassoma Disfunção mitocondrial Acúmulo citoplasmático de α-sinucleína Oligômeros tóxicos de α-sinucleína Novelos neurofibrilares tau

MÉTODOS

3.1 Pacientes

Seleção dos Pacientes

A seleção dos casos foi feita entre pacientes acompanhados no Ambulatório do Grupo de Estudo de Distúrbios do Movimento da Clínica Neurológica do Hospital das Clínicas da FMUSP e seus familiares, segundo critérios específicos de inclusão e exclusão.

O estudo foi aprovado pela Comissão de ética para Análise de Projetos de Pesquisa (CAPPesq) da Diretoria Clínica do Hospital das Clínicas do Hospital das Clínicas da FMUSP e todos os pacientes e familiares incluídos no trabalho assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Critérios diagnósticos e escala de avaliação

O diagnóstico de PP seguiu os critérios estabelecidos pela The United Kingdom Parkinson's Disease Society Brain Research Centre, Institute of

Neurology, London (Hughes et al., 1992). Os critérios maiores são a presença de bradicinesia e uma das manifestações a seguir: tremor de repouso, rigidez e instabilidade postural. Os critérios auxiliares de suporte incluem três dos seguintes itens: início unilateral, tremor de repouso, progressão evidente, persistência da assimetria do quadro, excelente

resposta à levodopa, discinesias acentuadas levodopa induzida, resposta à levodopa por mais de 5 anos, curso clínico de mais de 10 anos.

No exame neurológico, pacientes com hiperreflexia dos reflexos miotáticos foram admitidos, mas pacientes com outras manifestações neurológicas que não o parkinsonismo foram excluídos do estudo. Foram utilizadas as seguintes escalas de avaliação Unified Parkinson’s Disease Rating Scale (UPDRS), bloco motor - parte III e a escala de Hoehn e Yahr (Fahn e Elton, 1987).

Critérios de Inclusão:

1. Parkinsonismo primário

2. Ausência de outros sinais neurológicos

3. Manifestações têm boa resposta a levodopa ou agonistas dopaminérgicos

4. Instalação antes ou aos 40 anos de idade.

5. História familiar positiva para parkinsonismo primário

Critérios Auxiliares:

1. Consangüinidade

2. Flutuações motoras (discinesia induzida por levodopa)

3. Distonia no início, ou antes, da introdução de drogas dopaminérgicas

Critérios de Exclusão:

1. Alterações neurológicas outras que não parkinsonismo 2. Uso de neuroléptico previamente à manifestação de PP 3. Alteração em exames de neuroimagem

Os pacientes selecionados foram submetidos aos seguintes procedimentos:

A. Avaliação e obtenção de dados clínicos.

B. Assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclaredico. C. Coleta de 20 mL de sangue venoso em tubo com EDTA.

O sangue coletado foi submetido à extração de DNA de leucócito. Uma alíquota do DNA extraído foi enviada para o Laboratório de Genética da Erasmus University, em Rotterdam, aos cuidados do Dr. Vicenzo Bonifati, que foi responsável pela análise genética.

Nomenclatura das famílias

As famílias foram catalogadas conforme orientação do Laboratório de Genética da Erasmus University, com a sigla PDBR (Parkinson´s Disease – Brazil), e os primeiros dígitos após a sigla referem-se ao número da família e o dígito após o ponto identifica o indivíduo. Exemplificando: PDBR01.1 é o indivíduo 1 da família 1, PDBR01.2 é o indivíduo dois da família 1 e sucessivamente.

No documento Estudo genético da doença de Parkinson (páginas 52-59)

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