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Para a coordenação das acções para a promoção da igualdade de género em Moçambique operam de forma simultânea vários espaços temáticos, formalizados ou não. Por exemplo:

1. CECAP – Coligação para Eliminação dos Casamentos Prematuros. 2. CNAM – Conselho Nacional para o Avanço da Mulher.

3. Redes de organizações femininas como o Fórum Mulher (ao nível nacional) e as contra partes provinciais.

4. GCG - Grupo de Coordenação de Género.

5. GCVV ou Grupo Sectorial de VBG. 6. Grupo de Género da União Europeia.

7. Rede de Defesa dos Direitos Sexuais e Reprodutivos de Moçambique.

8. Rede de Mulheres Ministras, Parlamentares, Ex-Ministras e Ex-Parlamentares. 9. Plataforma de luta pelos direitos humanos no Código Penal.

10. ROSC – Fórum da Sociedade Civil para os Direitos da Criança

11. Grupo das Mulheres Parlamentares

O Grupo de Coordenação de Género (GCG) é o único grupo de coordenação envolvendo doadores, Governo e a sociedade civil, e tem feito esforços para coordenar as questões de género com graus variáveis de sucesso. O GCG é coordenado pelo MGCAS e é amplo em termos temáticos. Ele trata questões de igualdade de género no geral, abordando temas desde campanhas de violência baseada no género a revisões legislativas.

Segundo uma informante chave, “o GCG é útil para a partilha de boas práticas e para definir estratégias de lobby e advocacia para a revisão de leis”. Porém, uma das fraquezas do grupo é a falta de uma definição clara das prioridades e das áreas de intervenção mais relevantes para promover a igualdade de género em Moçambique. O GCG funciona de forma ad-hoc, sem uma regulamentação clara sobre a responsabilidade de cada actor, ou periodicidade dos encontros. Esta situação não facilita uma coordenação eficaz, a prestação de contas ou monitoria das decisões e acções realizadas. A percepção de alguns membros da sociedade civil entrevistados é de que o GCG funciona como um espaço de partilha de informação sobre as actividades dos membros. Porém, este papel é deficitário poisnem todas actividades no âmbito da igualdade de género realizado pelos membros do GCG são partilhadas e documentadas numa base de dados.

Por outro lado, não fica claro se as organizações da sociedade civil membros do GCG participam em representação das restantes OSC interessadas na igualdade de género e se o fazem, como consultam estas organizações para que seus interesses se reflictam na agenda do GCG e como fazem o retorno das decisões tomadas neste fórum.

As entrevistas feitas a membros da sociedade civilindicam que os grupos de coordenação que melhor funcionam são os temáticos, criados para atingir um objectivo particular (por exemplo, Estratégia de Prevenção e Combate dos Casamento Prematuro ou revisão do Código Penal). Porém, este tipo de grupos as vezes se tornam obsoletos antes do alcance dos seus objectivos. Esta inactividade se atribui à fraca coordenação dos grupos e redução de fundos para certos temas como a VBG por exemplo, que direcciona os interesses e esforços para sectores com maior apoio, como é caso dos casamentos prematuros.

Os espaços de coordenação tão pouco têm servido para que os doadores consultem as OSC e movimentos de mulheres antes de decidir sobre as suas prioridades no que concerne à igualdade de género e empoderamento da mulher.

Desta forma, a oportunidade de a sociedade civil influenciar as políticas macro-económicas e de desenvolvimento através da sua participação no tipo de grupos mencionado acima é limitada. Não se encontraram grupos semelhantes ao GCG nas províncias, estando o modelo apenas na cidade de Maputo, facto que pode ser explicado por Maputo-Cidade ser o centro político, onde as principais decisões são tomadas. Porém, há doadores que concentram os seus esforços em províncias específicas, o que significa que uma boa parte das decisões são tomadas ao nível provincial. Nestes casos, um GCG poderia ajudar a coordenar os esforços para a igualdade de género e potenciar as complementaridades ao nível provincial.

Os grupos de coordenação temática composto por membros da sociedade civil são mais visíveis e activos nas províncias. Nalguns casos eles são representativos de fóruns nacionais e noutros representam organizações e interesses locais. Um exemplo são as redes de organizações femininas ao nível provincial (por exemplo FOFEN no Niassa ou NAFEZA na Zambézia, e as Redes pela Protecção dos Direitos da Criança, etc.). Estas redes têm conseguido influenciar mudanças ao nível local em questões como a implementação das leis aprovadas nos temas de seu interesse.33 E, as redes locais ou provinciais contribuem para influenciar a implementação de leis e políticas para igualdade de género aprovadas ao nível central.

A participação de OSC em espaços onde participam instituições de tomada de decisão como o GCG é uma oportunidade e ao mesmo tempo um desafio. Permite conciliar agendas, mas pode limitar a exigência de prestação de contas aos Ministérios envolvidos pelos compromissos assumidos para a promoção da igualdade de género, e aos doadores pelos compromissos assumidos no âmbito da Declaração de Paris e os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável.

Oportunidades:

i. Existência do GCG com alta representatividade dos actores-chave na área de igualdade de género e empoderamento económico.

ii. Existência do CNAM como órgão de coordenação intersectorial de promoção da igualdade de género ao nível do Governo, e liderado por uma ministra e que presta contas ao Governo.

Desafios:

i. Fortalecimento da coordenação entre os diferentes grupos que visam a promoção da igualdade de género. Calendarização e harmonização do funcionamento do GCG e regularização da relação entre os membros (sistema

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De acordo com informantes chaves, o NAFEZA na Zambézia influenciou para que se melhorasse o atendimento à vitimas de VBG feito pelas esquadras da cidade de Quelimane.

de prestação de contas, monitoria, partilha de informação de modo a evitar a sobreposição de esforços, por exemplo em relação à realização de estudos e actividades).

ii. Criação de GCG ao nível provincial.