3. EVOLUÇÃO DOS ACORDOS ENTRE AS NAÇÕES
3.3. Mecanismos de Flexibilização
Comunidade Européia, por exemplo, essa alocação se dá por meio dos Planos Nacionais de
Alocação (―National Allocation Plans – NAPs‖), que impõem metas de redução de GEEs a
empresas privadas ou públicas dentro dos Países.
Para Michaelowa & Jotzo (2005) o cumprimento das metas de redução poderia
resultar em grande impacto econômico, principalmente para as indústrias, obrigadas a reduzir
suas emissões. Além disso, o custo para a redução de GEEs pode variar consideravelmente de
país para país.
Ocorre que todos os habitantes da Terra compartilham a mesma atmosfera. Ou seja, o
Planeta inteiro se beneficia de uma determinada redução na emissão de GEEs,
independentemente de onde esta ocorrer, já que a redução de uma tonelada métrica de GEEs
no Uruguai, por exemplo, tem exatamente o mesmo efeito que a redução de uma tonelada
métrica na Alemanha.
Faz total sentido econômico realizar as atividades de redução de emissão de GEEs nos
locais menos custosos do Mundo, se tal redução for reconhecida pela emissão de créditos de
carbono internacionalmente transacionáveis que sirvam para cumprir as metas domésticas de
redução. Também faz sentido econômico encorajar uma entidade que possa reduzir a emissão
de GEEs de forma eficiente (com o menor custo) a fazê-lo e deixá-la transferir os créditos de
carbono obtidos para outra entidade que precisa dos mesmos para cumprimento de sua meta
(Pearson, 2007)
.Por conseguinte, tem-se que mecanismos de mercado podem fazer com que projetos
para redução de GEEs sejam desenvolvidos nas regiões com o menor custo ou pelas entidades
capacitadas a fazê-lo da forma mais eficiente, desde que tais reduções possam de alguma
forma ser transferidas aos Países Anexo I e/ou entidades neles localizadas para cumprimento
de suas metas.
3.3. Mecanismos de Flexibilização
Os mecanismos de flexibilização previstos no Protocolo de Quioto se justificam como
instrumentos para viabilizar os esforços de redução de emissões por países do Anexo I. Eles
não podem ser transformados em mecanismos que simplesmente autorizem a não redução ou
o aumento destas emissões. Assim, o acesso de países do Anexo I a qualquer dos mecanismos
de flexibilização deve estar condicionado à evidência de que estabilizaram ou reverteram as
suas emissões, e devem perder o acesso eventualmente obtido se voltarem a aumentar os seus
níveis de emissão. Os mecanismos de flexibilização estimulam o processo efetivo de reduções
40
de emissões acordadas por países do Anexo I. A regulamentação e a implementação destes
mecanismos possibilita o envolvimento de todos os países membros do protocolo nos esforços
internacionais de mitigação das mudanças climáticas, de acordo com as suas
responsabilidades comuns, porém diferenciadas. A instauração de um processo político
internacional é indispensável para lograr reduções efetivas. Sendo assim, como forma de se
criarem as condições para que os projetos ocorram onde forem mais econômicos para a
implementação das metas de redução nos Países Anexo I, foram criados três mecanismos de
flexibilização no âmbito do Protocolo de Quioto: Implementação Conjunta; Comércio de
Emissões e Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (Andrade & Costa, 2008).
3.3.1. Implementação Conjunta
Por meio deste mecanismo, dois Países Anexo I podem desenvolver, conjuntamente,
projetos de redução de emissão de GEEs visando o cumprimento de suas metas. Os créditos
obtidos pela redução em um País Anexo I podem ser transferidos, divididos ou
compartilhados com outro País Anexo I.
3.3.2. Comércio de Emissões
Este mecanismo permite que Países Anexo I negociem entre si parte de suas metas,
como forma de suplementar as ações internas para a redução de emissão de GEEs. O melhor
exemplo deste mecanismo é o Comércio de Permissões Europeu (―Mercado de Allowances‖).
3.3.3. Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (“MDL”)
Este é o único mecanismo de flexibilização que prevê a participação dos Países
Não-Anexo I, como o Brasil. Por meio do MDL, os Países Não-Não-Anexo I podem desenvolver
projetos de redução de emissão de GEEs em seus territórios, gerando Reduções Certificadas
de Emissão (―RCEs‖) — também conhecidas como créditos de carbono — que podem ser
utilizadas pelos Países Anexo I para o cumprimento parcial de suas metas de redução
definidas no Protocolo de Quioto.
No Quadro 4 e na Figura 12 são mostradas as quantidades de RCEs emitidas pelos
Países Não-Anexo I de 2005 à março de 2009.
O MDL, mostrado esquematicamente na Figura 13, tem um papel extremamente
importante para o desenvolvimento sustentável dos Países em desenvolvimento, como é o
nosso caso, já que oferece a esses Países a oportunidade de atrair investimentos externos
41
diretos e/ou de obter capital externo para financiamento de investimentos domésticos, ambos
podendo resultar na geração e transferência de créditos de carbonos por um determinado
preço.
Para desenvolvedores de projetos, créditos de carbono representam um incentivo para
tornar um projeto que não seja economicamente viável num que seja. Do ponto de vista
sócio-econômico, os investimentos significam a geração de emprego e de renda, que resultam na
redução da pobreza (Andrade, 2003). Na Figura 14 é mostrada a participação relativa dos
projetos de MDL entre os países vendedores e compradores no ano de 2007.
Quadro 4: Quantidade de RCEs emitidas pelos Países Não-Anexo I.
42
Figura 12: Quantidade de RCEs emitidas pelos Países Não-Anexo I.
Fonte: UNFCCC, 2009
PAISES
ANEXO 1
PAISES NÃO
ANEXO 1
$$$
abatimento de metas desenvolvimento auto-sustentável CERs EUAsFigura 13: Conseqüências do MDL
Fonte: ASM Asset Management – Guia para compreender a Efeito Estufa, o Protocolo de Quioto e o “Mercado de Carbono”
43
Figura 14: Participação relativa dos projetos de MDL entre países vendedores e compradores em 2007
Fonte: CDM, 2008
No mercado secundário de RCEs, portanto, os participantes podem ter como objetivo a
comercialização/revenda das RCEs com a expectativa de valorização futura e realização de
lucros, em função da demanda pelos Países Anexo I (Lopez, 2008).
Brasil, China e Índia foram apontados, desde o início, como os grandes potenciais
beneficiários dos projetos de MDL, previsões essas que se confirmaram (CDM, 2008).
No mercado secundário de RCEs, portanto, os participantes ―podem ter como objetivo
a comercialização \ revenda das RCEs com a expectativa de valorização futura e realização de
lucros, em função da demanda pelos Países Anexo I (Olsen, 2007).
No documento
Créditos de Carbono e Mecanismo de Desenvolvimento Limpo - MDL: Captura de Metano no Tratamento de Dejetos Suínos
(páginas 39-44)