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Como podemos convencer uma organização a implementar medidas para avaliar o risco de fraude?

Um exercício de avaliação do risco de fraude pressupõe uma atitude aberta quanto à sua existência. Consiste, efetivamente, numa análise sistemática dos riscos de fraude a que uma organização está sujeita, avaliando o risco de ocorrência e o impacto de cada um dos riscos identificados. Os benefícios que este exercício traz a uma organização, passam por definir de uma forma clara quais os riscos de fraude que suscitam maior atenção, no sentido de procurar mitigar os riscos relevantes, monitorizar outros ou ainda, redesenhar determinados processos do negócio por forma a reduzir ou eliminar outros riscos. As vantagens para a organização vão no sentido de maior controlo e portanto, menos perda. De seguida, é fundamental efetuar uma análise do risco de fraude e tê-la sempre presente nos processos de decisão de gestão. Também é importante que a gestão esteja consciente que o crime económico é uma realidade que carece ser combatida. Estes valores de combate ao crime económico têm que ser transversais a toda a organização e devem ser fomentados para bem da transparência dentro da mesma. Por fim, é necessário criar planos de resposta rápida aos vários tipos de fraude para que a organização saiba lidar e resolver estes problemas logo que eles acontecem, minimizando assim os seus danos.

4.1.

POR INFLUÊNCIA OU IMPOSIÇÃO DE ENTIDADES

EXTERNAS

4.1.1. O PAPEL DO TRIB UNAL DE CO NTAS NO ÂMBITO DO S ETOR PÚBLI CO

As atividades de controlo financeiro e da boa gestão desenvolvidas pelas Instituições Superiores de Controlo (ISC) onde se inclui o Tribunal de Contas, que compreendem a avaliação dos SCI, a verificação da existência de boas práticas de gestão, com observância dos princípios da economia, eficiência e eficácia, e o exame das demonstrações financeiras, com vista a assegurar-se do seu rigor e fiabilidade, inserem-se no conjunto de políticas, procedimentos e ações que visam a prevenção deste fenómeno, assumindo aí um papel da maior importância.

O Tribunal de Contas de Portugal conduz as suas atividades, nomeadamente as ações de prevenção/auditoria, com especial atenção às melhores práticas internacionais. Relativamente às ações de prevenção há que destacar as seguintes:

- reforçar a cobertura do universo de controlo; - intensificar e aperfeiçoar a avaliação dos SCI;

- reforçar o controlo em áreas de maior risco de fraude e corrupção; - reforçar o controlo de situações de conflitos de interesses;

- reforçar o controlo das omissões e falsificações contabilísticas;

- elaborar relatórios compreensíveis, acessíveis à generalidade dos cidadãos; - promover a divulgação pública dos relatórios;

- incentivar a adoção de processos de gestão de pessoal na função pública que promovam a seleção e motivação de funcionários que se distingam pela sua integridade e competência;

- reforçar a cooperação e a troca de experiências e informações com outras entidades nacionais e internacionais envolvidas no combate à corrupção;

- criar e aperfeiçoar mecanismos adequados à receção e tratamento de denúncias de irregularidades;

- promover formação regular no domínio das técnicas e procedimentos de deteção de situações indiciadoras de corrupção.

De referir ainda que existe atualmente um amplo consenso no sentido de que o reforço da eficácia dos controlos na deteção de indícios de fraude exige que se assuma como tarefa primordial, para além das técnicas e procedimentos tradicionais geralmente aceites, a análise das organizações na sua globalidade.

Na abordagem ao levantamento de controlos com o intuito de mitigar a existência de fraude devem merecer especial atenção, no planeamento e execução dos circuitos, os seguintes aspetos, suscetíveis de favorecer ou indiciar atos de fraude:

- a excessiva concentração de poderes; - a reduzida segregação de funções;

- a evidência de conflitos de interesses ou de falta de controlo nesse âmbito; - a alteração de documentos;

- os estudos ou projetos desnecessários ou redundantes; - as contratações sem correspondência em necessidades reais; - a utilização de procedimentos não concorrenciais;

- a falta de publicitação adequada dos concursos;

- a falta de separação clara, nos processos de contratação, nos planos pessoal ou institucional, entre candidatos e responsáveis pela fiscalização.

Será ainda oportuno referir que o CPC, criado em 2008, avalia regularmente a eficácia dos instrumentos jurídicos e das medidas administrativas adotadas pela administração pública e pelo sector empresarial público para a prevenção e combate da corrupção; e colabora na adoção de medidas internas de carácter preventivo, como sejam os códigos de conduta e as ações de formação dos agentes da administração pública.

Relativamente ao Tribunal de Contas, verifica-se que a atividade que desenvolve no setor publico:

- promove a transparência, ao zelar pela prestação regular de contas e pela clareza das operações e atividades;

- defende a legalidade e promove a responsabilização, fiscalizando e tornando públicas as situações de irresponsabilidade, de ilegalidade e de má gestão;

- incentiva a boa gestão e defende o primado do interesse público, questionando a justificação e utilidade das ações e promovendo a recurso a processos concorrenciais;

- contribui para o aperfeiçoamento das instituições e dos seus sistemas de controlo e gestão, ao detetar deficiências, apontando formas de as superar, e identificando áreas de risco;

- estimula o respeito pelos princípios éticos que vinculam os serviços públicos, designadamente no tocante a conflitos de interesses, a incompatibilidades e a acumulações;

- incentiva o aperfeiçoamento da legislação e regulamentação aplicável aos seus domínios de controlo, evidenciando falhas e lacunas e propondo as alterações que considera adequadas;

- torna públicos os resultados das auditorias, divulgando as violações aos princípios da legalidade, bem como da economia, eficiência e eficácia, nos atos praticados por entidades públicas ou pelos seus agentes;

- deteta e comunica indícios de corrupção ao Ministério Público, com vista ao eventual desencadear de procedimentos de investigação criminal.

4.1.2. OS RECE NTES ESCÂNDAL OS FINANCEI ROS E O