• Nenhum resultado encontrado

Medição da eficiência bancária e dos seus determinantes

5. Descrição dos dados e metodologia

5.4. Medição da eficiência bancária e dos seus determinantes

A medição da eficiência com recurso ao método DEA pode ser decomposta em quatro dimensões gerais, inerentes a qualquer estudo sobre eficiência, conforme apresentado no capítulo 3, e por uma dimensão específica relativamente ao sector bancário, apresentada no capítulo 4. Estas dimensões encontram-se sintetizadas na tabela 5.9.

Tabela 5.9 – Dimensões da medição da eficiência

Dimensões gerais

Abordagens

Orientação Retornos à escala Efeito temporal Tipo de eficiência

Inputs Outputs Hiperbólica

CRS (ef. técnica) VRS (ef. técnica pura)

NIRS* NDRS** Intertemporal Contemporâneo Window Analysis Padrão

Composta Intermediação Produção

Ativos Custo Valor acrescentado

Rentabilidade * Non-Increasing Returns to Scale

** Non-Decreasing Returns to Scale

No que respeita às dimensões gerais da medição da eficiência, os modelos podem assumir uma orientação aos inputs, aos outputs ou hiperbólica. Dado que num processo produtivo bancário genérico se pretende simultaneamente a minimização dos inputs e a maximização dos outputs, optou-se arbitrariamente pela escolha de uma orientação hiperbólica nos modelos utilizados neste estudo.

Outra decisão importante a tomar relaciona-se com a escolha dos retornos à escala, que podem ser constantes ou variáveis. Alguns softwares permitem, adicionalmente, o cálculo de modelos DEA com retornos não crescentes à escala (NIRS) e não decrescentes à escala (NDRS). Os resultados dos modelos com retornos constantes à escala correspondem à eficiência técnica e os resultados dos modelos com retornos variáveis à escala correspondem à eficiência técnica pura. Através da divisão entre os resultados anteriores, obtém-se uma medida de eficiência de escala. Neste estudo, será dada preferência a resultados com retornos variáveis à escala.

Quanto ao efeito temporal, perante uma amostra com dados de mais do que um ano é possível a escolha entre modelos intertemporais, contemporâneos, sequenciais ou em janela (window analysis). Uma vez que os modelos sequenciais e em janela fornecem scores de eficiência que se situam entre os resultados obtidos através de modelos intertemporais e de modelos contemporâneos, os mesmos não serão calculados no presente trabalho.

O tipo de eficiência divide-se em eficiência padrão e eficiência composta. A eficiência padrão corresponde ao simples resultado de modelos DEA assumindo um determinado retorno à

escala e uma orientação. A eficiência composta resulta da aplicação de uma fórmula que integra os resultados da eficiência padrão e da eficiência invertida, sendo que a eficiência invertida se obtém através do cálculo de um modelo de eficiência padrão assumindo uma troca entre os seus inputs e outputs.

Uma análise de eficiência no sector bancário pressupõe o seguimento de uma determinada abordagem em função das variáveis utilizadas. As abordagens podem ser da seguinte natureza: produção, intermediação, ativos, custo, valor acrescentado e rentabilidade.

Na figura 5.3 encontra-se esquematizado o processo de aplicação das dimensões gerais da análise de eficiência para cada abordagem, assumindo a escolha arbitrária de uma orientação. Entre as várias abordagens que podem ser utilizadas, as quatro mais relevantes na literatura e que se apresentam neste trabalho são as abordagens de produção, de intermediação, de ativos e de rentabilidade.

Figura 5.3 – Dimensões da medição da eficiência

A aplicação de modelos econométricos numa segunda fase da análise deve ter em consideração a correlação existente entre os scores de eficiência obtidos na primeira fase, sob pena de ocorrer um enviesamento nos resultados. Uma forma de ultrapassar a correlação existente entre scores de eficiência consiste na aplicação de réplicas amostrais através de bootstrap, conforme proposto por Simar & Wilson (1998) e apresentado na secção 3.2.4. Através da aplicação do bootstrap aos scores de eficiência, torna-se possível a inferência estatística sobre os mesmos, na medida em que estes passam a ser independentes entre si. A análise dos determinantes da eficiência decorreu através da aplicação dos modelos econométricos apresentados na parte final da secção 3.4. sobre um conjunto de hipóteses.

Abordagem Retornos à escala Efeito temporal Tipo de eficiência

Produção Intermediação Ativos Rentabilidade VRS Intertemporal Padrão Composta Contemporâneo Padrão Composta

Em termos de notação apresentada, 𝑦 representa o score de eficiência observado para cada banco 𝑖, no momento 𝑡, correspondendo por isso a uma proporção que varia no intervalo ]0,1].

5.5. Síntese

Neste capítulo apresentou-se a descrição dos dados e da metodologia utilizada na análise de eficiência e dos determinantes da eficiência, que consta nos capítulos 6 e 7. Após a introdução, foram abordados aspetos intrínsecos à escolha e caracterização da amostra, bem como a descrição dos dados, que se divide nas seguintes vertentes: tipo de banco, país, inputs/outputs e fatores determinantes da eficiência.

Relativamente ao tipo de banco, foram considerados três tipos de bancos - bancos comerciais, cooperativos e caixas económicas. Por simplificação da análise, agruparam-se os países em quatro grupos – Europa Ocidental, Oriental, Norte e Sul. Em termos de número de bancos, o grupo de países mais representativo foi a Europa Ocidental e o menos representativo foi a Europa Oriental.

A escolha dos inputs e outputs foi objeto de um processo de seleção de variáveis através da aplicação do método multicritério combinatório por cenários para cada uma das quatro abordagens utilizadas – produção, intermediação, ativos e rentabilidade.

Os fatores determinantes da eficiência agruparam-se em variáveis internas e externas ao controlo dos bancos. As variáveis internas subdividiram-se em variáveis relacionadas com o desempenho económico-financeiro, dimensão e tipo de banco. As variáveis externas subdividiram-se em variávies inerentes ao nível de desenvolvimento, consumo, stock de capital real, inflação, população, regulação e supervisão, e localização.

A medição da eficiência com recurso ao método DEA pode ser decomposta em quatro dimensões gerais, inerentes a qualquer estudo sobre eficiência (retornos à escala, orientação, efeito temporal e tipo de eficiência) e uma dimensão específica relativamente ao sector bancário, a qual corresponde ao tipo de abordagem a seguir (produção, intermediação, ativos e rentabilidade). Devido à natureza dos scores de eficiência, os quais são limitados ao intervalo unitário, a segunda etapa do método DEA deve ocorrer com recurso a modelos econométricos específicos para dados fracionários.

6. Análise da eficiência técnica e das alterações na produtividade