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4. DISPENSA DE MEDICAMENTOS E PRODUTOS DE SAÚDE

4.2. MEDICAMENTOS MANIPULADOS

Segundo o INFARMED podemos definir medicamento manipulado como qualquer

fórmula magistral ou preparado oficinal preparado e dispensado sob a responsabilidade de um farmacêutico[20]. Os medicamentos manipulados surgem devido à necessidade de adaptação da terapêutica ao doente porque muitas das vezes os medicamentos disponíveis no mercado não são os mais adequados ou então porque não há resposta terapêutica. Esta preocupação surge ainda mais a nível pediátrico e em utentes que possam apresentar algum tipo de intolerância.

Os medicamentos manipulados podem ser divididos em dois tipos:

 Preparado Oficinal, é qualquer medicamento preparado segundo as indicações de uma farmacopeia ou de um formulário, em farmácia de oficina ou nos serviços farmacêuticos hospitalares [20];

 Fórmula Magistral, é qualquer medicamento preparado em farmácia de oficina ou nos serviços farmacêuticos hospitalares segundo receita médica que especifica o doente a quem o medicamento se destina [20].

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4.2.1. Receita de Manipulado

Uma receita médica de um medicamento manipulado vem identificada quer pelas siglas MM (medicamento manipulado), ou então à frente do medicamento o médico dá indicação através da palavra “manipulado” ou “FSA” (Faça Segundo a Arte).

Em certos casos, como por exemplo doentes crónicos, que já tomam um determinado medicamento há algum tempo, este pode não se fazer acompanhar por uma receita, mas sim por um documento prescrito pelo médico com as mesmas indicações referidas anteriormente. Este documento tem igualmente de referir que se trata de um manipulado, tem de vir identificado o medicamento, a forma farmacêutica e a posologia. No caso de surgir alguma dúvida, entramos em contato com o médico.

4.2.2. Ficha de preparação

Após receção ao balcão da receita do manipulado, passamos à fase seguinte, ou seja, a ficha de preparação. Neste documento (ANEXO 6) constam todas as informações necessárias aquando da preparação do manipulado em questão, desde os materiais necessários, matérias- primas, a técnica operatória, alguns testes que devem ser realizados, entre outras informações.

No caso de fórmulas de manipulados que nunca tenham sido preparadas na farmácia, a primeira coisa a fazer é contatar o Laboratório de Estudos Farmacêuticos (LEF). Sendo este um organismo que auxilia as farmácias no que diz respeito à preparação de manipulados, quer nas fichas de preparação ou em qualquer outra dúvida que surja relativa a este assunto, é para eles que contatamos. As informações são enviadas por e-mail, devendo ser impressas e arquivadas para futuras consultas no dossier "Manipulados - Informações".

Na ficha de preparação de manipulados devem constar algumas informações como o nome do medicamento, o teor em substância ativa, a forma farmacêutica, a data de preparação, a quantidade a preparar, o número do lote, as matérias-primas (respetivo lote, origem, quantidade preparada para 100 gramas e a quantidade calculada), condições de conservação, o material usado, o tipo de embalagem, a fórmula do cálculo do preço final, o nome do médico prescritor, nome e contato do doente, e por fim temos também de anexar uma cópia da receita.

4.2.3. Matérias-Primas

Depois de termos a ficha de preparação, procedemos à verificação da existência das matérias-primas necessárias à preparação do manipulado em questão. Através da consulta do dossier “Matérias-primas” (ANEXO 7) ou verificando diretamente nos armários, confirmamos a existência ou não das matérias-primas.

39 No caso de alguma das matérias-primas em questão não se encontrar disponível na farmácia, contatamos o armazenista e procedemos à sua encomenda. As matérias-primas devem vir sempre acompanhadas de um boletim analítico (ANEXO 8), ou seja, um documento comprovativo de como o produto se encontra em condições de utilização. Caso estas não se façam acompanhar deste documento, a primeira coisa que devemos fazer é proceder à reclamação para que nos seja enviado o mais rápido possível. Com este documento podemos verificar os dados relativos à matéria-prima, o nome, o lote e o prazo de validade.

Cabe ao farmacêutico encomendar as matérias-primas em falta e materiais de acondicionamento, verificando nos armazenistas qual o que apresenta melhores condições de: Preço; Prazo de validade; Quantidade (nunca encomendar matéria-prima em grande quantidade se tem pouca saída). Se a matéria-prima estiver dentro dos requisitos definidos na Farmacopeia Portuguesa podemos passar ao próximo passo.

4.2.4. Ficha de matéria-prima

Este documento agrega todas as informações referentes a uma determinada matéria- prima. São registados dados como o nome, o fornecedor, o laboratório que a fabricou, o nº da fatura na qual este veio, a data em que foi rececionada na farmácia, o nº de lote, o prazo de validade e a quantidade.

Na mesma ficha, à medida que o produto é utilizado, vamos subtraindo a quantidade para que a próxima pessoa a utilizar possa ter uma estimativa da quantidade que ainda existe existe.

4.2.5. Preparação do manipulado

Para que a preparação do manipulado seja realizada em perfeitas condições, é muito importante ter em conta a Portaria n.º 594/2004 de 2 de junho [21], que aprova as boas práticas de preparação de medicamentos manipulados em farmácias de oficinas e hospitalares.

Para além disso, a Deliberação n.º 1500/2004 de 7 de dezembro [22], que define o equipamento mínimo de existência obrigatória para as operações de preparação, acondicionamento, e controlo de medicamentos.

No decorrer da preparação do manipulado temos de ter sempre em atenção a ficha de preparação de manipulados e ir sempre conferindo os passos. Todas as etapas de preparação devem ser rubricadas pelo operador e pelo supervisor. No final a ficha deve ser assinada e datada pela diretora técnica da farmácia. Um dos passos finais é proceder à avaliação das características organoléticas, para que seja garantida a qualidade da preparação.

40 No final da preparação procedemos então ao acondicionamento que depende, como é óbvio, do medicamento manipulado em questão. Por fim, realizamos a rotulagem.

No rótulo deve constar a fórmula farmacêutica do medicamento manipulado, o nome do utente, o lote atribuído, o prazo de utilização, respetivas condições de conservação, o nome da Diretora Técnica, a farmácia, o contato e a morada.

Ao longo do estágio tive a oportunidade de preparar algumas fichas de preparação de manipulados, e tive também a oportunidade de observar a preparação de alguns medicamentos manipulados (por ex. solução de trimetoprim).

4.2.6. Preço dos Medicamentos Manipulados

Segundo a Portaria n.º 769/2004 de 1 de julho [23], esta estabelece que o cálculo do preço de venda ao público dos medicamentos manipulados por parte das farmácias é efetuado com base no valor dos honorários da preparação, no valor das matérias-primas e no valor dos materiais de embalagem.

O Despacho nº 18694/2010 de 16 de dezembro [24], estabelece as condições de comparticipação de medicamentos manipulados e define quais os medicamentos passíveis de comparticipação, sendo estes comparticipados em 30%, no caso de o utente de fazer acompanhar de uma receita médica válida. Para além dos produtos presentes na lista, um medicamento manipulado pode ser comparticipado se:

 Não existir no mercado especialidade farmacêutica com igual substância ativa na forma farmacêutica pretendida;

 Existir lacuna terapêutica a nível dos medicamentos preparados industrialmente;

 Houver necessidade de adaptação de dosagens ou formas farmacêuticas às carências terapêuticas de populações específicas, como é o caso da pediatria ou da geriatria.

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