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7 1.4 P RESCRIÇÃO DE URGÊNCIA

7.3 Medicamentos não padronizados

Foram consideradas as segundas vias das prescrições diárias de medicamentos selecionadas randomicamente, do período de setembro de 2014 a fevereiro de 2015 dos pacientes internados, além das solicitações de aquisição de medicamentos não padronizados no mesmo período, a fim de averiguar os medicamentos não padronizados solicitados.

Destaca-se que na análise das prescrições foram reunidas 185 ocorrências de medicamentos não padronizados, além das 39 solicitações de compra de medicamentos fora do elenco da lista de padronização coligidas através do formulário de aquisição de medicamento não padronizado.

Na apuração dos formulários de compra de medicamentos não padronizados foram contabilizadas 92 solicitações, contudo deste total apenas 39 eram medicamentos não padronizados e 53 padronizados. Das 53 solicitações, algumas apresentações eram medicamentos da lista da padronização, porém em falta no momento do atendimento ou os prescritores desconheciam que o medicamento constava no rol dos padronizados e realizavam a solicitação a fim de garantir o tratamento.

Quando verificada duplicidade na ocorrência da presença de medicamento não padronizado na prescrição e no formulário para aquisição para o mesmo paciente, foi considerado apenas um episódio.

Por conseguinte, foram relacionados em ordem decrescente de frequência, conforme apresentado no Quadro 5, os medicamentos que não constam na lista de padronização de 2013 da instituição que foram prescritos e/ou solicitados duas ou mais vezes.

Quadro 5: Frequência dos medicamentos não padronizados mais prescritos MEDICAMENTO N % Domperidona 10 mg comprimido 7 6,73 Doxazosina 2 mg comprimido 7 6,73 Fitomenadiona 10 mg injetável IV 5 4,81 Calcitriol 0,25 mg comprimido 4 3,85 Memantina 10 mg comprimido 4 3,85

Saccharomyces boulardii 100 mg cápsula 4 3,85

Valsartana 320 mg comprimido 4 3,85

Ácido tranexâmico 250 mg injetável 3 2,88

Bisoprolol 2,5 mg comprimido 3 2,88

Cetoconazol creme 3 2,88

Diosmina 500 mg comprimido 3 2,88

Escitalopram 10 mg comprimido 3 2,88

Hialuronato de sódio solução oftálmica 3 2,88

Indapamida 2,5 mg drágea 3 2,88

Periciazina 4% gotas 3 2,88

Propatilnitrato 10 mg comprimido 3 2,88

Salmeterol 50 + Fluticasona 250 mcg pó p/ aspiração 3 2,88

Tansulosina 0,4 mg comprimido 3 2,88

Bimatoprosta solução oftálmica 2 1,92

Cafeina solução oral 2 1,92

Carbidopa 25 mg + Levodopa 250 mg comprimido 2 1,92 Cassia angustifolia Vahl + associações comprimido 2 1,92

Cetoprofeno 50 mg comprimido 2 1,92

Clobazam 10 mg comprimido 2 1,92

Colecalciferol 1000 UI cápsula 2 1,92

Donepezila 10 mg comprimido 2 1,92

Ferro quelato glicinato comprimido 2 1,92

Gliclazida 60 mg comprimido 2 1,92

Indapamida 1,5 mg comp de liberação controlada 2 1,92

Mesalazina 400 mg comprimido 2 1,92

Micofenolato de sódio 360 mg comprimido 2 1,92

Nebivolol 5 mg comprimido 2 1,92 Oseltamivir 75 mg comprimido 2 1,92 Sevelamer 800 mg comprimido 2 1,92 Valsartana 160 mg comprimido 2 1,92 Valsartana 80 mg comprimido 2 1,92 Total 104 100

Com o objetivo de analisar quanto ao grau de recomendação dos medicamentos não padronizados mais prescritos para utilização em sua principal indicação foram utilizadas informações disponíveis na base de dados Micromedex Solutions®, conforme observado no Quadro 6.

Quadro 6: Grau de recomendação dos medicamentos não padronizados

Fonte: TRUVEN HEALTH ANALYTICS, 2015 Legenda: ND – Não disponível

Considerando as diferentes apresentações do medicamento valsartana, este item apresentou maior frequência absoluta de solicitação entre os não padronizados. Refere-se a um anti-hipertensivo, antagonista dos receptores de angiotensina II.

MEDICAMENTO GRAU DE RECOMENDAÇÃO INDICAÇÃO

1 Ácido tranexâmico 250 mg injetável II a (adulto) Hemorragia

2 Bimatoprosta solução oftálmica II a (adulto) Hipertensão ocular

3 Bisoprolol 2,5 mg comprimido II b (adulto) Hipertensão

4 Cafeina solução oral II b (adulto e pediátrico) Cefaléia

5 Calcitriol 0,25 mg comprimido II a (adulto) Hipocalcemia

6 Carbidopa 25 mg + Levodopa 250 mg comprimido II a (adulto) Doença de Parkinson 7 Cassia angustifolia Vahl + associações comprimido II b (adulto e pediátrico) Constipação

8 Cetoconazol creme II a (adulto) Candidíase

9 Cetoprofeno 50 mg comprimido I (adulto) II a (pediátrico) Dor

10 Clobazam 10 mg comprimido II b (adulto e pediátrico) Síndrome de Lennox-Gastaut

11 Colecalciferol 1000 UI cápsula II b (adulto e pediátrico) Deficiência de vitamina D

12 Diosmina 500 mg comprimido ND

13 Domperidona 10 mg comprimido II b (adulto e pediátrico) Náusea e vômito

14 Donepezila 10 mg comprimido II a (adulto) Doença de Alzheimer

15 Doxazosina 2 mg comprimido II a (adulto) Hiperplasia prostática benigna

16 Escitalopram 10 mg comprimido II a (adulto) II b (pediátrico) Depressão 17 Ferro quelato glicinato comprimido II a (adulto e pediátrico) Anemia 18 Fitomenadiona 10 mg injetável IV I (adulto) II a (pediátrico) Hemorragia

19 Gliclazida 60 mg comprimido ND

20 Hialuronato de sódio solução oftálmica II a (adulto) Adjuvante de cirurgia de catarata 21 Indapamida 1,5 mg comp de liberação controlada II a (adulto) ICC / Hipertensão

22 Indapamida 2,5 mg drágea II a (adulto) ICC / Hipertensão

23 Memantina 10 mg comprimido II b (adulto) Doença de Alzheimer

24 Mesalazina 400 mg comprimido II a (adulto e pediátrico) Colite ulcerativa

25 Micofenolato de sódio 360 mg comprimido II b (adulto e pediátrico) Rejeição de transplante renal

26 Nebivolol 5 mg comprimido II b (adulto) Hipertensão

27 Oseltamivir 75 mg comprimido II a (adulto e pediátrico) Gripe

28 Periciazina 4% gotas ND

29 Propatilnitrato 10 mg comprimido ND

30 Saccharomyces boulardii 100 mg cápsula II b (adulto e pediátrico) Diarréia 31 Salmeterol 50 + Fluticasona 250 mcg pó p/ aspiração II a (adulto e pediátrico) Asma

32 Sevelamer 800 mg comprimido II a (adulto) Hiperfosfatemia

33 Tansulosina 0,4 mg comprimido II a (adulto) Hiperplasia prostática benigna

34 Valsartana 160 mg comprimido II a (adulto e pediátrico) Hipertensão

35 Valsartana 320 mg comprimido II a (adulto e pediátrico) Hipertensão

A angiotensina II, um potente vasoconstritor, é o principal hormônio ativo do sistema renina-angiotensina e o maior determinante da fisiopatologia da hipertensão. A angiotensina II liga-se ao receptor encontrado em muitos tecidos e desencadeia várias ações biológicas importantes, incluindo vasoconstrição e liberação de aldosterona (RAFFA et al., 2006).

Os representantes dessa classe de anti-hipertensivos, além da valsartana, são: losartana, irbesartana, eprosartana e candesartana. Desse grupo, a losartana consta na lista de padronização da instituição. Ademais, é o representante na RENAME (Relação Nacional de Medicamentos Essenciais) 2014 e na Relação estadual de medicamentos do componente básico da assistência farmacêutica do Rio de Janeiro.

Foram procedidos estudos comparando a losartana e valsartana, com o escopo de constatar aquele com melhor resposta anti-hipertensiva.

Elliott e colaboradores em 2001 conduziram um estudo randomizado, multicêntrico, duplamente cego, de equivalência de grupos paralelos para comparar a eficácia anti- hipertensiva e tolerabilidade de um regime de uma vez por dia com losartana e valsartana. Foi verificado que ambos os medicamentos são igualmente eficazes na redução da pressão sanguínea em pacientes com hipertensão leve a moderada e com a losartana foi observada uma diminuição dos níveis de ácido úrico no soro.

Conclusão semelhante também foi verificada por Hedner e colaboradores (1999) em um ensaio de 8 semanas com as duas drogas. A valsartana (80/160 mg) em monoterapia neste ensaio foi tão eficaz e tão bem tolerada quanto a losartana (50/100 mg) no tratamento da hipertensão leve a moderada essencial.

Já em uma metanálise incluindo 59 estudos primários, foi constatado que a redução da pressão arterial com losartana na dose inicial e na dose máxima foi inferior a outros antagonistas dos receptores de angiotensina II (MAKANI et al., 2013).

Conforme verificado no Quadro 6, o grau de recomendação da valsartana para hipertensão é IIa, assim como a losartana, que é o medicamento desse grupo de anti- hipertensivos padronizado na instituição e que apresenta um elevado consumo médio mensal, de aproximadamente 900 comprimidos.

Neste contexto, a sugestão seria de permanência do medicamento losartana na padronização, considerando que pelos estudos analisados, os referidos medicamentos apresentam efeitos equivalentes e aquisição da valsartana seria realizada quando necessária, devidamente fundamentada.

Abaixo da valsartana, verifica-se a frequência de 6,73% de solicitação de medicamentos não padronizados para domperidona 10 mg comprimido e doxazosina 2 mg cada uma.

A doxazosina tem sido amplamente utilizada no tratamento dos sintomas da hiperplasia prostática benigna. Age inibindo seletivamente os receptores alfa1 adrenérgicos, presentes na glândula da próstata. O bloqueio do adrenoceptor alfa (1) diminui o tônus da musculatura lisa da região da próstata e bexiga, melhorando, assim, a micção (LÜLLMANN

et al., 2008).

A hiperplasia prostática benigna (HPB) é a principal alteração que acomete a próstata do homem adulto. Se um homem viver até os oitenta anos, ele terá a probabilidade de cerca de 80% de desenvolver a doença. A HPB é responsável por causar sintomas do trato urinário inferior na maioria dos pacientes masculinos acima de 40 anos. O tratamento não cirúrgico da HPB evoluiu muito nos últimos anos e, atualmente, muitas cirurgias prostáticas são evitadas, e diferentes medicamentos são utilizados. As drogas de primeira linha para o tratamento da HPB são os alfabloqueadores e os inibidores da enzima 5-alfa-redutase. Os alfabloqueadores promovem o relaxamento na musculatura uretral e os inibidores das 5-alfa-redutase levam à diminuição do volume da próstata, ambos se complementam no tratamento da afecção (DORNAS et al., 2010).

Dornas e colaboradores (2010) apontam em alguns estudos o benefício da associação destas duas classes de drogas, tornando a terapia associada o tratamento padrão para a HPB.

Um ensaio clínico multicêntrico randomizado conduzido por Kirby e colaboradores (2003) testou as drogas finasterida e doxazosina por um período de 4 a 5 anos, como monoterapia e como terapia combinada. O estudo concluiu que a terapia combinada obtinha melhores resultados quando os pacientes apresentavam um volume prostático acima de 40

mL. Pacientes com próstatas com volume inferior a 25 mL tiveram um melhor resultado utilizando a monoterapia com o alfabloqueador doxazosina.

A mesma conclusão foi observada no trabalho de McConnell e colaboradores (2003), em que a terapia de combinação de longo prazo com doxazosina e finasterida foi segura e reduziu o risco de progressão clínica geral da hiperplasia benigna da próstata, significativamente mais do que o tratamento apenas com uma ou outra droga. A terapia de combinação reduziu o risco a longo prazo de retenção urinária aguda e a necessidade de terapia invasiva.

Com base nos artigos científicos, além do grau de recomendação IIa da doxazosina para indicação de hiperplasia prostática benigna, confirma-se a importância de incluir no arsenal terapêutico da instituição esse medicamento. Este grau de recomendação significa que determinado tratamento é, geralmente, considerado útil e indicado na maioria dos casos.

Quanto à domperidona, trata-se de um medicamento utilizado em desordens gastrointestinais, sobretudo náusea e vômito. É antagonista da dopamina que não atravessa a barreira hemato-encefálica. A sua atividade anti-emética pode estar relacionada à sua capacidade de aumentar a pressão inferior do esôfago, melhorar a motilidade duodenal, além de acelerar a velocidade de esvaziamento gástrico. Atividade anti-emética também pode estar relacionada com o antagonismo do receptor de dopamina na zona de gatilho quimiorreceptora (LÜLLMANN et al., 2008).

Verificando estudos de utilização da domperidona, foram conferidos alguns trabalhos. Pritchard e colaboradores (2005) em revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados, avaliaram o uso da domperidona no tratamento de refluxo gastro-esofágico em crianças de 1 mês a 11 anos e concluíram que não existem evidências sólidas do uso do medicamento para essas condições.

Em outra revisão sistemática, abordando a eficácia da domperidona para o tratamento da gastroparesia diabética, também foi apurada a fragilidade de provas para apoiar o uso da domperidona nessa patologia (SUGUMAR, SINGH e PASRICHA, 2008).

Roy e colaboradores (1991) realizaram um estudo randomizado, duplo-cego, de grupos paralelos comparando o uso da metoclopramida liberação controlada de 15 mg duas vezes ao dia e domperidona 10 mg ou 20 mg, três vezes ao dia, avaliando os sintomas de náuseas, vômitos, sintomas de refluxo e os eventos adversos. No estudo obtiveram como resultado que tanto a metoclopramida de liberação controlada e domperidona em dose alta e baixa, reduziram significativamente os sintomas de flatulência, distensão, azia, regurgitação, refluxo, náuseas e vômitos em comparação ao valor basal. Não houve diferenças significativas entre os três tratamentos na eficácia ou no número e gravidade dos efeitos colaterais.

Outros aspectos relacionados à domperidona foram observados, como: o fato que a metoclopramida e bromoprida, que são medicamentos da mesma classe terapêutica, estão presentes na lista de padronização da instituição; a domperidona não consta na RENAME 2014 e o grau de recomendação da domperidona para náusea e vômito é IIb, isto é, recomendado em alguns casos apenas.

Porém, a sua relevância clínica deve ser reconhecida, conforme observado por Reddymasu e colaboradores (2007), ao contrário da metoclopramida, a domperidona não causa quaisquer sintomas neurológicos adversos, uma vez que tem uma penetração mínima através da barreira hemato-encefálica, proporcionando um excelente perfil de segurança para administração a longo prazo por via oral nas doses recomendadas.

Neste contexto, considerando as informações coligidas, a domperidona poderia permanecer fora da lista, mas com a possibilidade de ser adquirida nos casos de pacientes neurológicos comprometidos e sem outra opção terapêutica.

A fitomenadiona 10 mg para uso intravenoso foi solicitada algumas vezes durante o período estudado. A utilização da fitomenadiona está indicada no tratamento de hemorragia ou risco de hemorragia como resultado de severa hipoprotrombinemia (deficiência de fatores de coagulação II, VII, IX e X), de várias etiologias, incluindo dosagem excessiva de anticoagulantes do tipo cumarínicos e outras formas de hipovitaminose K (icterícia obstrutiva, assim como disfunções hepáticas e intestinais, e após tratamento prolongado com antibióticos, sulfonamidas ou salicilatos), além do uso para profilaxia e tratamento de hemorragia em recém-nascidos (LÜLLMANN et al., 2008).

O grau de recomendação da fitomenadiona para indicação de hemorragia está classificada como I, para uso adulto e IIa, para uso pediátrico, reforçando a importância do medicamento. Contudo, a apresentação solicitada do medicamento foi para uso intravenoso e a padronizada é para utilização por via subcutânea ou intramuscular.

Vale ressaltar a contra indicação de intercambiar as apresentações para diferentes vias de administração, pois existe o perigo de ocorrência de reações graves com o uso intravenoso, sobretudo adaptando uma apresentação imprópria. Foram relatados casos fatais, que ocorreram durante e imediatamente após a injeção intravenosa de fitomenadiona, mesmo quando as precauções foram tomadas para diluir o medicamento e evitar infusão rápida (LACY et al., 2010).

Estas reações graves de hipersensibilidade incluem choque e parada cardíaca e / ou respiratória. Alguns pacientes exibiram estas reações após receber fitomenadiona pela primeira vez. Portanto, a via intravenosa deve ser restrita às situações em que a via subcutânea não é possível e o risco envolvido é considerado justificado (TRUVEN HEALTH ANALYTICS, 2015).

Assim sendo, a inclusão do medicamento intravenoso na lista de padronizados é justificada, uma vez que ocorrem situações com pacientes internados da impossibilidade de administração do medicamento por outra via que não seja a intravenosa, porém sua utilização deve ser de maneira muito criteriosa.

A memantina 10 mg comprimido apresentou a frequência de 3,85% entre os medicamentos não padronizados solicitados, conforme o Quadro 5. É um medicamento utilizado na Doença de Alzheimer, assim como, a donepezila, também presente na lista dos não padronizados, entretanto com menor frequência observada (1,92%).

A doença de Alzheimer é a principal causa de declínio cognitivo em adultos, sobretudo idosos, representando mais da metade dos casos de demência. Conforme pontuado por Forlenza (2005) a idade é o principal fator de risco: sua prevalência passa de 0,7% aos 60 a 64 anos de idade para cerca de 40% nos grupos etários de 90 a 95 anos. Isso revela a magnitude do problema no Brasil, onde já vivem cerca de 15 milhões de indivíduos com mais de 60 anos.

A doença de Alzheimer caracteriza-se por distúrbio progressivo da memória e outras funções cognitivas, afetando o funcionamento ocupacional e social. O transtorno da memória afeta os processos de aprendizado e evocação. Ocorre diminuição na aquisição de novas informações, com piora progressiva até que não haja mais nenhum aprendizado novo. O indivíduo torna-se progressivamente incapaz de desempenhar atividades da vida diária (trabalho, lazer, vida social) e de cuidar de si mesmo (cuidar do próprio asseio pessoal, vestir- se, alimentar-se), passando a depender de um cuidador. Na doença avançada, observa-se a perda significativa da linguagem, da capacidade de desempenhar tarefas e de nomear pessoas e objetos. Alterações psíquicas e comportamentais, tais como psicose, alterações do humor e do sono, agitação psicomotora e agressividade, estão presentes em até 75% dos casos, em algum estágio da evolução da demência, causando grande desgaste para os cuidadores, e necessitando de intervenções farmacológicas pontuais (FORLENZA, 2005).

Os medicamentos utilizados no tratamento de Alzheimer, ainda não são capazes de interromper ou diminuir as causas da doença. São usados apenas para retardar momentaneamente o agravamento da doença e permitir que os pacientes e suas famílias tenham uma qualidade de vida melhor. Sereniki e Vital (2008) relatam em artigo que várias pesquisas já foram e continuam sendo realizadas e alguns medicamentos para Alzheimer são utilizados. Entre eles: donepezila, galantamina, memantina, rivastigmina e tacrina.

Para os medicamentos citados ocorrem dois mecanismos de ação. O primeiro são os inibidores da colinesterase, que agem aumentando os níveis do neurotransmissor acetilcolina. Os medicamentos com esse mecanismo de ação são: donepezila, galantamina, rivastigmina e tacrina. O outro mecanismo é o da ação da memantina, um antagonista do receptor de NMDA (N-metil-D-aspartato). O NMDA funciona através da regulação da atividade de glutamato (mensageiro químico envolvido na aprendizagem e na memória). A memantina protege os neurônios contra o excesso de glutamato, pois isso é responsável por um estado excititóxico que permite uma entrada excessiva de íons de cálcio na célula neuronal. A memantina bloqueia parcialmente os receptores NMDA para evitar o dano causado pelo excesso de cálcio (DA COSTA e MOURA, 2013).

Reisberg e colaboradores em 2003 verificaram em pacientes que receberam memantina apresentaram evolução mais favorável do que os pacientes do grupo placebo de acordo com os escores das escalas de avaliação clínica e funcional.

No trabalho de Wenk e colaboradores (2000) foi visto com sucesso, pela segurança e boa tolerância, o tratamento combinado de inibidores da colinesterase com memantina para doença de Alzheimer moderada à grave. Esta conclusão foi corroborada no trabalho de Tariot e colaboradores (2004), que sustentaram a indicação do tratamento combinado de memantina e donepezila.

Considerando o envelhecimento da população, o perfil de morbidade da unidade de saúde em questão, o grau de recomendação para a utilização de donepezila e memantina para Doença de Alzheimer (IIa e IIb respectivamente), além de trabalhos que orientam a associação dos dois medicamentos, a incorporação dos referidos medicamentos na lista de padronização poderia ser vantajosa para unidade, após avaliação e aquiescência pela Comissão de Farmácia e Terapêutica.

A fim de verificar as classes terapêuticas, os medicamentos não padronizados mais frequentes foram classificados de acordo com o sistema Anatomical-Therapeutic-Chemical (ATC), como observado no Quadro 7.

Quadro 7: Classificação ATC dos medicamentos não padronizados

Fonte: WHO, 2012

Legenda: ND – Não disponível

O sistema ATC contempla cinco níveis de classificação. No primeiro, os medicamentos são distribuídos em 14 grupos anatômicos designados por letras, segundo o sistema ou órgão sobre o qual têm ação principal. Em seguida, cada grupo anatômico é dividido em grupos terapêuticos (segundo nível), indicados por números, estratificados em

MEDICAMENTO 1o NÍVEL ATC 20 NÍVEL ATC

1 Ácido tranexâmico 250 mg injetável B Sangue e órgãos hematopoiéticos B02 Anti-hemorrágico 2 Bimatoprosta solução oftálmica S Órgãos dos sentidos S01 Oftalmológico 3 Bisoprolol 2,5 mg comprimido C Sistema cardiovascular C07 Agente beta bloqueador 4 Cafeina solução oral N Sistema nervoso central N06 Psicoanaléptico 5 Calcitriol 0,25 mg comprimido A Trato alimentar e metabolismo A11 Vitamina 6 Carbidopa 25 mg + Levodopa 250 mg comprimido N Sistema nervoso central N04 Antiparkinsoniano 7 Cassia angustifolia Vahl + associações comprimido ND ND

8 Cetoconazol creme D Dermatológicos D01 Antifúngico para uso dermatológico 9 Cetoprofeno 50 mg comprimido M Sistema músculo-esquelético M01 Anti-inflamatório e anti-reumático 10 Clobazam 10 mg comprimido N Sistema nervoso central N05 Psicoléptico

11 Colecalciferol 1000 UI cápsula A Trato alimentar e metabolismo A11 Vitamina 12 Diosmina 500 mg comprimido C Sistema cardiovascular C05 Vasoprotetor

13 Domperidona 10 mg comprimido A Trato alimentar e metabolismo A03 Droga para desordem gastrointestinal 14 Donepezila 10 mg comprimido N Sistema nervoso central N06 Psicoanaléptico

15 Doxazosina 2 mg comprimido C Sistema cardiovascular C02 Anti-hipertensivo 16 Escitalopram 10 mg comprimido N Sistema nervoso central N06 Psicoanaléptico 17 Ferro quelato glicinato comprimido B Sangue e órgãos hematopoiéticos B03 Antianêmico 18 Fitomenadiona 10 mg injetável IV B Sangue e órgãos hematopoiéticos B02 Anti-hemorrágico 19 Gliclazida 60 mg comprimido A Trato alimentar e metabolismo A10 Antidiabético 20 Hialuronato de sódio solução oftálmica S Órgãos dos sentidos S01 Oftalmológico 21 Indapamida 1,5 mg comp de liberação controlada C Sistema cardiovascular C03 Diurético 22 Indapamida 2,5 mg drágea C Sistema cardiovascular C03 Diurético 23 Memantina 10 mg comprimido N Sistema nervoso central N06 Psicoanaléptico

24 Mesalazina 400 mg comprimido A Trato alimentar e metabolismo A07 Agente antidiarréico, antiinflamatório intestinal 25 Micofenolato de sódio 360 mg comprimido L Agentes antineoplásicos e imunomoduladores L04 Imunosupressor

26 Nebivolol 5 mg comprimido C Sistema cardiovascular C07 Agente beta bloqueador 27 Oseltamivir 75 mg comprimido J Anti-infecciosos gerais para uso sistêmico J05 Antiviral para uso sistêmico 28 Periciazina 4% gotas N Sistema nervoso central N05 Psicoléptico

29 Propatilnitrato 10 mg comprimido C Sistema cardiovascular C01 Terapia cardíaca

30 Saccharomyces boulardii 100 mg cápsula A Trato alimentar e metabolismo A07 Agente antidiarréico, antiinflamatório intestinal 31 Salmeterol 50 + Fluticasona 250 mcg pó p/ aspiração R Sistema respiratório R03 Droga para doenças obstrutivas das vias aéreas 32 Sevelamer 800 mg comprimido V Outros sistemas V03 Outros produtos terapêuticos

33 Tansulosina 0,4 mg comprimido G Sistema geniturinário e hormônios sexuais G04 Urológico

34 Valsartana 160 mg comprimido C Sistema cardiovascular C09 Agente que atua no sistema renina angiotensina 35 Valsartana 320 mg comprimido C Sistema cardiovascular C09 Agente que atua no sistema renina angiotensina 36 Valsartana 80 mg comprimido C Sistema cardiovascular C09 Agente que atua no sistema renina angiotensina

um terceiro nível de subgrupos terapêuticos. Por fim, o quarto nível indica o subgrupo químico terapêutico e o quinto nível corresponde à denominação genérica do princípio ativo do medicamento em questão. No quadro 7, estão relacionados os medicamentos não padronizados mais prescritos durante a pesquisa e classificados nos níveis 1 e 2 ATC e na Tabela 6, onde é possível verificar a frequência desses medicamentos segundo o 1º nível da Classificação Anatômico, Terapêutico e Químico.

Tabela 6 - Frequência dos medicamentos não padronizados segundo o 1º nível da Classificação Anatômico, Terapêutico e Químico (ATC)

10 nível ATC - Grupos anatômicos N %

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