CAPÍTULO III MEDIDAS DE GESTÂO
1. Medidas, acções e actividades
Regulamentação
Complementar a protecção legal do sítio
Incluir a ZPE Costa e Caldeirão no Parque Natural Regional do Corvo e publicar regulamentação
A área da ZPE Costa e Caldeirão deverá ser integrada na área do Parque Natural Regional do Corvo (PNRC) durante o primeiro ano de execução do Plano de Gestão (2005). A publicação da regulamentação do PNRC visará o uso do solo, acesso de visitantes aos ilhéus, apanha de fauna e flora, introdução de espécies exóticas e demais considerações necessárias, tendo em vista a conservação da natureza e das colónias de aves marinhas. É pretendida a interdição de plantação de criptoméria nos ilhéus da Lagoa do Caldeirão. Sugere-se que a criação desta legislação seja acompanhada pelo gestor de áreas protegidas e, sempre que se justifique, por outras entidades relevantes.
Espécies e habitats
Monitorizar as colónias de aves marinhas
Monitorizar os dados populacionais das espécies-chave
Realização de censos anuais para o garajau-rosado e garajau-comum.
Realização de censos de três em três anos para frulho, estapagado e angelito. Realização de censos de cinco em cinco anos para cagarro e gaivota.
Estes censos deverão ser realizados por alguém a designar futuramente pelo gestor e com a colaboração do vigilante da natureza.
Estudar o sucesso reprodutor de cagarros de cinco em cinco anos
Estudar o sucesso reprodutor do cagarro de cinco em cinco anos. Este estudo deverá ser realizado por alguém a designar futuramente pelo gestor.
Avaliar o impacto de predadores
Avaliar o impacto da colónia de gaivotas em termos de predação de aves marinhas Deverá ser avaliado o impacto da colónia de gaivotas, em termos de predação de outras aves marinhas através de um controlo do número gaivotas existentes no Corvo e identificação da sua ecologia alimentar. Um aumento significativo da população de gaivotas e prejudicial para as restantes aves marinhas nidificantes no ilhéu deverá ser comunicado ao gestor, logo que possível.
Avaliar o impacto da população de cabras selvagens sobre as colónias de aves marinhas
Deverá ser avaliado o impacto da população de cabras selvagens sobre as colónias de aves marinhas através de um controle do número de cabras existentes no Corvo e identificação dos principais impactos negativos (pisoteio de ninhos, degradação do coberto vegetal, utilização de áreas de nidificação de aves, consequente erosão do solo, etc.). Caso se observe um impacto significativo e prejudicial para as aves marinhas deverá ser comunicado ao gestor, logo que possível. Esta acção deverá ser realizada no primeiro ano do projecto (2005) sob a supervisão do gestor.
Implementar acções de gestão do habitat
Controlar hortênsias (Hydrangea macrophylla) no Caldeirão
O plantio de hortênsias deverá ser interdito dentro do Cadeirão do Corvo e erradicar as existentes. Esta acção deverá ser realizada durante todo o projecto sob a supervisão do gestor.
Controlar conteira (Hedychium gardneranum) no Caldeirão
Sempre que detectada a presença de conteira no Caldeirão esta deverá ser controlada e erradicada. Esta acção deverá ser realizada durante todo o projecto sob a supervisão do gestor.
Mapear habitats naturais
Recensear e mapear pormenorizadamente os habitats naturais em SIG
Deverá ser levado a cabo um recenseamento exaustivo, com levantamento cartográfico e transposto para Sistemas de Informação Geográficos (SIG), de todos os habitats naturais existentes na ZPE. Este trabalho deverá ser elaborado durante o primeiro ano de execução do plano de gestão, sob a supervisão do gestor e por pessoa futuramente a designar.
Promoção
Promover o interesse público em relação à conservação das espécies e áreas protegidas Reforçar a campanha SOS Cagarro
A Campanha SOS Cagarro, que visa a protecção dos cagarros juvenis encadeados pelas luzes da cidade durante os primeiros voos, deverá ser mantida e reforçada todos os anos durante os meses de Outubro e Novembro (altura em que os juvenis saem dos ninhos). A campanha deverá incidir maioritariamente no tópico referente à iluminação, tendo como público alvo as crianças e os jovens. Através deste público alvo a transmissão da mensagem deverá ser veiculada para grupos adultos mais específicos.
Desenvolver programa educacional com escolas sobre importância da conservação da biodiversidade
Realizar sessões de divulgação em escolas
Deverão ser organizadas anualmente sessões de divulgação com o objectivo de esclarecer e informar os alunos do 1º, 2º, 3º Ciclo e Secundário sobre a importância da protecção da ZPE e
da área. As sessões deverão incidir prioritariamente em três tópicos distintos: principais aves marinhas e respectivos habitats; principais ameaças; práticas para participar na protecção da ZPE. As sessões ficam a cargo do gestor.
Realizar acções de formação para professores locais
Deverão ser organizadas anualmente acções de formação para os professores, de modo a que os mesmos possam integrar no programa curricular actividades relacionadas com a importância da protecção da ZPE e da área envolvente. As acções de formação deverão incidir prioritariamente em três tópicos distintos: técnicas didácticas para interpretar as aves marinhas, respectivos habitats e ameaças e exemplos de acções de educação ambiental para os alunos participarem na protecção da ZPE. Estas acções deverão ser realizadas por pessoa futuramente a designar, sob supervisão do gestor.
Aumentar serviços de interpretação em locais seleccionados nas falésias costeiras Deverá ser colocada sinalização em local bem visível, nas falésias costeiras do Corvo, divulgando que a perturbação humana deverá ser evitada. A sinalização deverá ser colocada durante o primeiro ano de execução do plano de gestão, sob a supervisão do gestor e deverá ser reparada ou substituída sempre que necessário.
Administração
Estabelecer mecanismos de gestão da área
Definir equipa técnica para gerir e vigiar a ZPE Gestor
Deverá ser definido, logo no primeiro ano de projecto do Plano de Gestão (2005), o gestor das áreas protegidas. O gestor terá a seu cargo supervisionar a aplicação dos Planos de Gestão, o trabalho dos vigilantes da natureza, as actividades acima mencionadas e outras a designar futuramente.
Formar equipa técnica
Deverão ser realizados cursos intensivos dirigidos aos vigilantes da Natureza a fim de melhorar o seu desempenho na conservação das espécies e dos habitats protegidos. Estes cursos deverão ser realizados anualmente, antes do período reprodutor das aves marinhas e focarão diversos tópicos importantes:
- melhorar os conhecimentos de fauna e flora;
- identificação e possível controle de predadores naturais e introduzidos; - vigilância eficaz;
- aplicação de coimas para as ilegalidades.
Rever anualmente o progresso do plano de gestão Produzir um relatório anual
Deverá ser produzido pelo gestor um relatório anual sobre o progresso do Plano de Gestão, que deverá ser distribuído pelas entidades competentes duas semanas antes da reunião administrativa interna anual.
Organizar reunião administrativa interna anual
Deverá ser organizada anualmente uma reunião administrativa interna com as entidades competentes directamente relacionadas com os Planos de Gestão da ZPE. A organização desta reunião é da responsabilidade do gestor.
Organizar reunião anual com as entidades relevantes
O gestor deverá organizar e realizar uma reunião anual com as entidades relevantes (SRA, Câmara Municipal, Serviços de Ilha, Universidade dos Açores, Proprietários, Autoridades policiais e outras entidades futuramente a designar pelo gestor).