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4.2 ANÁLISE DOS DADOS

4.2.3 Fases de Implementação de RSC na Intelbras: status do processo de implementação

4.2.3.2 Medidas Administrativas e Documentais para a Execução de RSC

O processo de planejamento e implementação de RSC, segundo Dione, acontece em diversas áreas da Intelbras, por se tratar de um assunto diversificado, além da mesma não possuir uma área específica de RSC. A maioria de suas práticas e políticas são discutidas em Comitês específicos, para tratar de um determinado assunto ou em reuniões com as lideranças da empresa. Por conseguinte, o processo pode acontecer em nível departamental, quando as questões abordadas estão voltadas para o meio operacional ou quando são discutidos procedimentos já existentes. Porém, na criação de novas políticas, programas ou práticas, esses assuntos são debatidos no grupo gerencial da empresa ou pela REDIR – Reunião dos Diretores, que acontece toda sexta-feira.

No que tange a integração de princípios/aspectos de RSC, como posturas éticas, desafios ecológicos e sociais, na visão, missão e/ou estratégia da empresa, a gerente de RH

esclarece que a Intelbras não declara atualmente, sua visão. A explicação para o fato é de que a empresa está sempre buscando novos horizontes, assim, sua visão não iria perdurar em longo prazo. Por outro lado, a Intelbras não utiliza em sua missão aspectos para reforçar questões de RSC. Diante dessa realidade, para integrá-los na empresa, a referida dispõe desses aspectos em nível estratégico, além de aplicá-los em suas políticas, como exemplo, na ambiental e de qualidade, e valores. É preciso acentuar que como hoje a referência de RSC está presente nas políticas e valores da organização, estes princípios de RSC são integrados também no nível tático e operacional, seja para discutir algumas ações ou tomar decisões. Por possui um modelo de Gestão Participativa, como já citado, a Intelbras esforça-se para que todos da organização conheçam estes princípios. É necessário ressaltar, que de acordo com Dione, a empresa não utiliza o termo de RSC propriamente dito no seu dia-a-dia, mas entende que o mesmo é realizado.

Entretanto, a empresa possui instruções acerca dos aspectos de RSC, explícitos nos valores da empresa, bem como possui instruções/normas/procedimentos formais acerca dos referidos aspectos, explícito em seu Código de Ética e Conduta, que estabelece normas de conduta esperada do relacionamento com funcionários, clientes, comunidade, fornecedores e parceiros. Dessa maneira, são mencionados no Código de Ética e Conduta: (1) valores (2) responsabilidade social; (3) saúde, segurança e meio ambiente; (4) atitudes consideradas antiéticas ou que ferem os princípios de conduta no ambiente de trabalho; (5) regras para cargos de liderança; (6) recomendações para todos os cargos; (7) relação comercial e processo de aquisição; (8) clientes; (9) fornecedores; (10) concorrentes; (11) relação com os acionistas; (12) esclarecimentos, descumprimentos e denúncias e (13) Gestão do Código de Ética e Conduta (INTELBRAS, 2015).

Ainda com relação ao Código de Ética e Conduta, o mesmo é adequado conforme o contexto cultural, visto que a organização possui filiais em várias regiões do país, além de escritórios internacionais. Essas adequações, no dizer de Dione, gerente de RH, são realizadas de acordo com a evolução e maturidade da empresa, bem como a ampliação da visão e do conhecimento. Um exemplo mencionado pela entrevistada foi a adaptação feita no Código por conta do escritório da China, por ser tratar de um país com uma cultura totalmente distinta e que possui um conceito diferente de misturar regras internas e conduta. Sendo assim, essas adaptações ocorrem periodicamente, por conta do contexto cultural ou pela dinâmica da empresa, para medir se os pontos do Código de Ética e Conduta ainda são válidos.

Na empresa, o supracitado é transmitido para seus colaboradores através do Comitê de Ética. A Intelbras dispõe de um conselho chamado de Comitê de Gestão de Pessoas e

Ética, visto como um grupo de conselheiros que atua em duas vertentes: Gestão de Pessoas e Ética. O papel do comitê relacionado à gestão de pessoas é de auxiliar o RH a avaliar se as políticas e práticas que a empresa possui são as melhores perante seu contexto, se as mesmas precisam ser adaptadas ou alteradas. Com relação à ética, o comitê possui como objetivo manter o Código de Ética e Conduta atualizado e renovado de acordo com as necessidades da organização, criar ações para que o código seja disseminado, além de realizar discussões acerca de desvios éticos, através de denúncias, por exemplo, na busca de um direcionamento. O referido comitê possui 7 cadeiras, sendo que atualmente 6 estão ocupadas, pois um dos ocupantes do comitê não trabalha mais na empresa. Para a escolha dos membros, o primeiro critério é de que as pessoas ocupem cargos de liderança, visto que os assuntos abordados requerem sigilo, além de ser um cargo de confiança dentro da organização. Dessa maneira, o comitê possui duas cadeiras fixas, em que estes participantes devem sempre fazer parte do predito, sendo estes: gerente de Recursos Humanos e gerente Jurídico, uma vez que o gerente de RH é o coordenador deste comitê, e os assuntos abordados envolvem também questões jurídicas. É importante ressaltar, que os demais membros deste comitê são escolhidos de acordo com os grandes processos e atividades da empresa, sendo estes responsáveis pelas áreas de: Pós-Venda, Produção, RH, Jurídico, Qualidade/Meio Ambiente, Suprimentos e P&D (não ocupado no momento). Portanto, a cada 15 dias são realizados reuniões em que os assuntos abordados são todos aqueles relacionados ao Código de Ética Conduta, que podem surgir através de denúncias, reclamações ou de diferentes questões que compõe este código, vindas tanto do ambiente interno quando externo. Dione esclarece que as denúncias que a empresa possui são internas, em sua maioria. Contudo, na gestão de pessoas, os conselheiros discutem e opinam sobre as políticas de maneira geral, priorizando aquelas em que no momento afetam o clima organizacional, seja por problemas na liderança, comunicação, desalinhamentos, entre outros. O comitê, principalmente na parte de gestão de pessoas, não toma decisões, pois é visto como um órgão de consulta dentro da empresa, onde os membros debatem e recomendam ações que devem ser realizadas em determinadas áreas ou são encaminhadas para a diretoria, sendo de responsabilidade das lideranças sua execução. De acordo com Dione, a empresa não possui um Conselho/Comitê relacionado à sustentabilidade ou meio ambiente, pois de acordo com ela, a Intelbras não sentiu essa necessidade, uma vez que estes assuntos são trazidos pela própria área. Porém, na visão da entrevistada, o Comitê do Bem te Quer, é outro conselho interno que a empresa possui e que tem como finalidade discutir questões de Responsabilidade Social.

Em relação a outras medidas administrativas e documentais de RSC, a Intelbras é certificada pela ISO 14001 e possui uma Política Ambiental em que descreve que “está comprometida com a preservação do meio ambiente através da prevenção da poluição, do atendimento à legislação aplicável aos seus aspectos ambientais e outros requisitos internos estabelecidos, promovendo ações para a redução dos impactos ambientais gerados pelos seus processos e produtos através do controle e destinação adequada de seus resíduos sólidos, bem como da utilização racional dos recursos naturais disponíveis e da melhoria contínua do seu desempenho ambiental” (POLÍTICA AMBIENTAL, 2012). É preciso acentuar que a Intelbras também possui a certificação ISO 9001 e uma Política de Qualidade que “tem como princípio que o bom resultado só será obtido através da satisfação dos clientes, da motivação dos colaboradores, do atendimento às expectativas dos acionistas e da melhoria contínua de seus processos e produtos” (POLÍTICA DE QUALIDADE, 2012).

Quando questionada se a empresa consegue reduzir o impacto ambiental em termos de minimização e reciclagem de resíduos, a supervisora da área de Qualidade e Meio ambiente, esclarece que a Intelbras consegue auferir essas ações, visto que em média a empresa consegue reciclar 55% de seus resíduos. Assim, Maria Elisa diz que “este montante não é depositado em aterros, tornando-se um passivo ambiental no futuro”. Já em termos de poluição, a entrevistada cita a coleta seletiva com a separação dos resíduos e também o tratamento dos efluentes.

No que diz respeito ao Balanço Social, este era um processo realizado internamente por uma pessoa da organização, responsável por juntar as informações vindas através da diagramação realizada pelo Marketing, sendo impresso e distribuído para cada colaborador da empresa, além de fazer parte do material de visita e disponibilizado em determinadas salas. Porém, a Intelbras optou por encerrar esta prática há mais de cinco anos, por uma questão de foco, ou seja, a empresa analisou que algumas informações não haviam necessidade de serem divulgadas, utilizando seus canais de comunicação para divulgação de informações que julgam ser importantes. A empresa publica atualmente apenas seu Balanço Patrimonial no diário oficial, sendo que este é auditado por terceiros.

É oportuno frisar que na realização das atividades de P&D, os critérios utilizados de RSC são referentes apenas às questões ambientais, por conta de exigências legais.