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Medidas de Gestão para Fauna

No documento Valorização ambiental de campos de golfe (páginas 108-111)

5 PLANO DE GESTÃO ECOLÓGICA

5.4. Medidas de Gestão do Plano

5.4.2. Medidas de Gestão para Fauna

As medidas de conservação de habitats beneficiam diretamente a conservação de fauna, no entanto, podem ainda destacar-se algumas medidas específicas para determinadas espécies faunísticas ou para as comunidades detetadas.

 Manutenção do mosaico de habitats

A necessária malha espacial de habitats parciais de espécies com diferentes exigências relativamente aos biótopos, nomeadamente refúgio, alimento, reprodução e abrigo. A conservação da maior parte do elenco faunístico, tanto em termos de diversidade específica como de sustentabilidade das comunidades presentes, passa pela conservação e promoção dos seus habitats.

o Valorização das áreas de charcos temporários, habitat de extrema importância para algumas espécies de anfíbios e de valor acrescido em áreas em que se sente a presença de lagostim-vermelho-da-Louisiana (como é o caso), pois esta espécie

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exótica parece não estar tão bem adaptada a ambientes temporários. Este habitat é também muito importante para o rato de Cabrera e para diversas espécies de morcegos (que o utilizam para se alimentarem).

o Valorização das galerias ripícolas, habitat transversal a todos os grupos, de particular interesse para a recuperação das comunidades ícticas e de anfíbios; muito utilizado por mamíferos, sendo essencial para a lontra e para várias espécies de morcegos. Muito importante para aves, no geral, e aves aquáticas em particular.

o Manter e promover matagais mais evoluídos, sendo esta uma medida com interesse transversal a todos os grupos faunísticos, e de particular interesse para mamíferos de médio grande porte e para aves. Neste sentido, preservar os matagais em zonas de maior declive, e na proximidade da ribeira de Vale Cobrão, na extremidade sudoeste da propriedade, uma vez que estes matagais associados à galeria ripícola aí presente conferem elevado valor faunístico a esta zona.

o Manutenção de matos baixos, que apresentam especial interesse para anfíbios e répteis, assim como para algumas espécies de aves especializadas nestas áreas de clareira e de baixa cobertura.

o Manutenção das pastagens sob montado, para as quais se destaca o interesse enquanto habitat preferencial de rato de Cabrera, espécie de elevado interesse ecológico e que pode ter ocorrência provável na Herdade da Vargem Fresca. Este biótopo apresenta também importância para diversas espécies de aves.

o Manutençao de corredores verdes e ripícolas nos campos de golfe e em eventual urbanização, de forma a incentivar a mobilidade faunística ao longo da propriedade.

 Controlo lagostim-vermelho-da-Louisiana Procambarus clarkii

Esta é uma das medidas de aplicação mais prementes no que se relaciona à fauna. O lagostim- vermelho-da-Louisiana Procambarus clarkii, trata-se de uma espécie exótica invasora, com efeitos extremamente agressivos nas comunidades autóctones de peixes, anfíbios e répteis (Cabral et al, 2005; Rodríguez et al., 2005). Apesar de ser predado por outros animais (por exemplo, pela lontra) e de ser pescado na barragem da Malhada Alta, este controlo não é suficiente, apresentando atualmente efetivos aparentemente altos e indicativos de populações provavelmente bem estabelecidas.

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Desde a década de 90 que são desenvolvidos estudos para o controlo das populações desta espécie exótica dos quais se destacam, entre outros, Gutiérrez-Yurita e Montes (1999), Kerby et

al. (2005) e Lodge et al. (2012). O método que melhor se aplica à maior parte das situações é o

controlo de efetivos populacionais por remoção físca de indivíduos, através de pesca controlada ou armadilhas. Apesar de este controlo exigir um esforço continuado, dada a elevada capacidade de recolonização da espécie (Gutiérrez-Yurita & Montes, 1999), é possível a diminuição efetiva das populações locais.

Outras soluções passam por controlo de caudais de água, uma vez que esta espécie é sensível a cursos intermitentes, e pela criação de barreiras, ao longo das linhas de água de difícil transposição, mas constituem intervenções que não se aplicam no contexto das linhas e planos de água considerados na AE.

O aumento da pesca com eventual aproveitamento económico ou a remoção com intuito de controlo dos efetivos populacionais assumem-se como as medidas a equacionar.

 Medidas direcionadas ao coelho-bravo

O coelho-bravo é uma peça-chave de ecossistemas mediterrânicos, de importante conservação, contudo, a suapresença em campos de golfe pode ser um problema para a manutenção das áreas de jogo dos campos de golfe.

o A manutenção de clareiras com herbáceas e matos de baixo e médio porte na orla dos campos de golfe, assim como de tocas nas zonas de matos, incentiva o afastamento dos greens, servindo também esta medida para outros mamíferos.

 Medidas referentes à barragem da Malhada Alta

o A adoção eventual de medidas que visem a valorização das comunidades piscícolas na Herdade da Vargem Fresca (para além das medidas de valorização e requalificação de habitats já referidas) devem sempre ser adotadas em consonância com a Companhia das Lezírias de forma a que não se tratem de investimentos vãos e possam ser realmente efetivas. No entanto, em acordo com a administração da propriedade adjacente, poderão ser equacionadas medidas de colocação de passagens para fauna piscícola, de controle dos regimes hidrológicos ou de gestão sustentada da pesca, tanto na Malhada Alta como em Vale Cobrão, com o intuito de promover as espécies autóctones.

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o Incrementar os habitats típicos de reprodução e de desova para peixes e anfíbios, através da vegetação aquática e de margem.

o Para aves aquáticas, para além da promoção das comunidades de vegetação lacustre na orla da albufeira, pode ser equacionada a criação de ilhas flutuantes no interior do plano de água. Estas ilhas devem apresentar macrófitas, de forma a proporcionarem novos locais de abrigo e criação para as espécies de aves, em particular para os anatídeos. Apresentam também elevado valor estético podendo ser adotadas em termos de integração paisagística.

 Medidas para evitar perturbação

o Em regra, o principal pico de reprodução faunística situa-se na primavera, ocorrendo espécies mais temporãs e outras mais tardias. De forma a abranger as espécies mais sensíveis (sobretudo de aves e de mamíferos) recomenda-se que as desmatações de áreas de matos altos (que proporcionam refúgio de criação), não sejam realizadas entre os meses de fevereiro e maio de forma a minimizar a perturbação às fêmeas e crias em fase de dependência.

o Não abater sobreiros ou outras árvores de grande porte que tenham morrido, se os cuidados fitossanitários o permitirem, pois estas árvores podem proporcionar abrigo para diversas espécies, incluindo mamíferos de grande porte ou morcegos.

No documento Valorização ambiental de campos de golfe (páginas 108-111)