• Nenhum resultado encontrado

3. Capítulo III Apresentação e Discussão dos Resultados

3.5. Apresentação e análise de dados resultantes da pesquisa documental

3.5.3. Medidas educativas adotadas

A análise dos PEI’s dos três alunos com MD permitiu-nos ainda perceber que medidas educativas foram adotadas para responder às necessidades e dificuldades apresentadas pelos alunos com MD. Tendo como referência o Decreto-lei nº 3/2008, de 7 de janeiro, entenderam os técnicos intervenientes nos processos educativos dos alunos com MD que as medidas educativas deveriam ser aquelas que apresentamos na tabela 28.

Tabela 28

Descrição das Medidas Educativas

Medidas Educativas C1 A Apoio pedagógico personalizado B Adequações curriculares individuais C Adequações no processo de matrícula D Adequações no processo de avaliação E Currículo específico individual F Tecnologias de apoio X X X A1 X X X B1 X X X

A análise da informação apresentada, permitiu-nos perceber que os alunos C1, A1 e B1 beneficiam comummente de i) Apoio pedagógico personalizado, ii) Currículo específico individual e iii) Tecnologias de apoio.

Para melhor compreender as medidas educativas aplicadas, passamos a apresentar a informação mais detalhada que se encontra descrita no PEI de cada um dos alunos com MD.

 Apoio pedagógico personalizado:

Esta é uma medida educativa intervencionada pelos docentes das disciplinas do ensino regular aos alunos com MD nas disciplinas que frequentam, de acordo com o estímulo e reforço de competências e aptidões envolvidas nas aprendizagens em contexto de sala de aula do ensino regular.

As alunas C1, B1 e o aluno A1 também beneficiam desta medida educativa relativamente ao apoio direto por parte da docente de Educação Especial. Em

por outros técnicos específicos (terapeuta da fala, fisioterapeuta, entre outros), nomeadamente, no que se relaciona com a orientação e mobilidade, com a comunicação aumentativa e alternativa e com atividades que se revestem de cariz individual, como por exemplo, as que se relacionam com o contexto real sendo importante a realização de atividades de vida diária sempre que possível, com o intuito de potencializar a autonomia e o desenvolvimento social dos três alunos com MD.

A promoção do desenvolvimento das capacidades dos alunos com MD deverá sempre que possível apoiar-se nos seus gostos pessoais, objetivando maior eficácia escolar e social e consequentemente um saudável desenvolvimento emocional.

O recurso a esta medida educativa permitiu aos diversos técnicos em contexto de UAE, incrementar atividades que aos docentes do regular seriam difíceis de desenvolver em contexto de sala de aula do ensino regular e que são as seguintes:

- Treino do uso dos símbolos SPC para a comunicação alternativa;

- Desenvolvimento de algumas competências necessárias à escrita, como por exemplo, o treino da escrita do nome, com e sem modelo de referência;

- Desenvolvimento da motricidade fina recorrendo à utilização de jogos de enfiamentos, de encaixe, de pastas de moldar, de exercícios de pinça fina, grafismos, entre outros;

- Treino de controlo de esfíncteres e de maior autonomia na alimentação;

- Sempre que necessário, acompanhamento na realização de trabalhos para as disciplina que frequenta.

 Currículo específico individual:

Esta medida educativa permite efetuar alterações no currículo nacional comum flexibilizando-o com a eliminação de áreas curriculares, com a introdução/eliminação de objetivos, respondendo ao perfil de funcionalidade da criança/jovem.

Cingindo-nos aos três alunos com MD e perante o perfil de cada aluno com MD foi considerado importante pelos técnicos, a eliminação dos conteúdos do 6º, 8º e 9º ano de escolaridade, tendo assinalado nos PEI’s dos discentes, a importância em desenvolver conteúdos mais simples e funcionais. Os técnicos registaram igualmente atividades e estratégias que pretendem desenvolver a autonomia pessoal e social dos alunos com MD e preparação para a transição para a vida ativa, com atividades ocupacionais.

Na análise aos horários das diversas atividades que os alunos com MD realizam, verificámos que os técnicos das diversas terapias investem na realização de atividades de vida diária (AVD) assente no treino de competências diversas, tais como: comer, beber, vestir, despir e higiene.

Com o intuito de assegurar o pleno desenvolvimento da comunicação das alunas C1 e B1, e para aumentar as competências comunicativas encontrámos um registo sobre a utilização de alguns mapas afixados na sala da UAE: um horário vertical diário de rotinas de trabalho; e um mapa do tempo e de alimentação, recorrendo à utilização de símbolos de SPC.

Segundo estes dados as docentes do ensino regular que lecionaram as disciplinas de Expressão Plástica e de Expressão Musical, na UAE elaboraram um CEI igual para todos os alunos com MD, que frequentam a sala de UAE, onde a primeira docente (Expressão Plástica) registou atividades de modelagem (massa de cores e plasticina), enfiamentos e pintura diversa (digitinta) e a segunda, definiu atividades musicais utilizando a voz dos alunos com MD e batimentos rítmicos com as mãos. Ambas pretenderam desenvolver a motricidade fina, a coordenação óculo-mão, a criatividade, a comunicação e a relação entre pares dos alunos com MD. Esta informação é coincidente com o que nos disseram nas entrevistas: “Faço uma planificação prévia, mas é igual para todos, porque as dificuldades dos três são praticamente iguais, coo a motricidade fina. E as planificações são iguais para todos os alunos da turma.” (P1).

A docente da Educação Especial detalhou nos PEI’s dos três discentes com MD as atividades a realizar na UAE, de entre as quais há referência a fichas de trabalho diverso; grafismos vários; leitura e exploração de histórias com símbolos SPC em livros e no computador (fichas interativas); comemoração de dias festivos com atividades alusivas (ex. coroa do dia dos reis, máscaras de carnaval, etc); saídas ao exterior da instituição (ex. correios, supermercado); visitas de estudo para os alunos da UAE (ex. ida ao oceanário); e as diversas terapias que beneficiam (ex. hidroterapia e outras). A referida docente mencionou ainda que ambas as alunas C1 e B1 necessitam de auxílio do adulto para a realização de AVD, como por exemplo, no acompanhamento à casa de banho; na alimentação (almoços e lanches) e na realização de trabalhos diversos (ex. grafismos, etc), o mesmo não se verificando com

A necessidade do acompanhamento por parte de um adulto é partilhado também pelos docentes P1 e P3, que referiram:

“ Claro que a C1 e a B1 têm a AO a auxiliá-las nas atividades e por vezes até eu própria.” – P1

“ Elas vêm com a assistente operacional, até porque uma das alunas desloca-se em cadeira de rodas que é a C1 e tem que ser empurrada. Mas todos são acompanhados, exceto o A1 que vem sozinho, porque é autónomo. A B1, por exemplo anda mas sempre com ajuda. Vem sempre de braço dado com a AO e as duas garotas têm que ser acompanhadas para ir à casa de banho, por exemplo.” – P1

“Um vem sozinho que é o A1 e as outras duas alunas têm que vir às aulas sempre com acompanhamento das assistentes operacionais ou com a colega da unidade.” – P3

Constatámos que os docentes P1 e P3 estabeleceram para as atividades o objetivo de promover a participação conjunta dos alunos com MD e dos pares das turmas do ensino regular, o que confirmámos quando realizámos as observações em contexto de turma do ensino regular.

Apoiámo-nos ainda nas entrevistas destes dois docentes participantes, onde nos disseram:

“Faço uma planificação prévia, mas é igual para todos, porque as dificuldades dos 3 são praticamente iguais, como a motricidade fina. E as planificações são iguais para todos os alunos da turma.”- P1

“Programo sempre com antecedência e claro que penso em objetivos direcionados às capacidades de cada um, com atividades definidas para eles.” – P1

“As atividades que faço para os outros são pensadas para eles participarem também.” – P3

 Tecnologias de apoio:

Esta medida educativa permite recorrer à utilização de equipamentos que auxiliem as crianças/jovens com NEE na minimização das dificuldades/necessidades que possuem oferecendo um crescendo da autonomia, facilitando o acesso à informação e melhorando consequentemente a autoestima.

Os recursos materiais e as adaptações descritas nos PEI’s dos três alunos com MD foram registadas pelos técnicos que lecionam na UAE. Com as adaptações pretenderam promover as aprendizagens dos discentes.

São as seguintes:

- Para a aluna C1, e no que concerne à sua mobilidade, é referida a importância da utilização da cadeira de rodas para facilitar a deslocação da discente, na utilização da plataforma elevatória para mudança de piso na escola, o que observámos aquando da realização das observações em sala de aula do ensino regular;

- Também para a aluna C1 é mencionada a importância do uso de standing

frame para um melhor posicionamento da aluna com MD, o que, segundo a

análise do PEI da aluna apenas utiliza na UAE;

- Como medida comum às duas alunas C1 e B1 verificámos que :

o para ambas é pertinente o uso dos símbolos pictográficos para a comunicação (SPC), pois estes representam ações e objetos de vida diária, e podem ajudar a s alunas a melhorar a comunicação com os outros. Na nossa opinião tal não foi observado nas aulas assistidas, por ambas terem participado em atividades de caráter essencialmente prático. Alvitramos o facto de serem atividades que já tivessem sido realizadas ao longo do ano letivo e que pela familiaridade das alunas com as atividades solicitadas no conhecimento em saber o que fazer não necessitassem da utilização dos símbolos SPC;

- Como medida comum para os três alunos com MD observámos que: i) com a adaptação do rato do computador, os técnicos pretendem proporcionar um melhor manuseamento do computador. De acordo com os PEI’s dos três alunos esta tecnologia apenas existe no computador da sala UAE e ii) o computador é utilizado como equipamento funcional: software educativo, proporcionando diversas aprendizagens e momentos de lazer recorrendo a jogos diversos, adequados às características de cada um dos alunos com MD (ex. o Baú dos Brinquedos). Verificámos igualmente que equipamento somente existe no computador da sala UAE.

Ao longo deste terceiro capítulo, as análises efetuadas aos dados recolhidos nas entrevistas aos três docentes e às observações realizadas permitiram perceber que as práticas educativas desenvolvidas pelas docentes do ensino regular constituíram um desafio para esta população escolar. Pudemos verificar pontos

pedagógica desde o acompanhamento dos alunos com MD às salas de aula do ensino regular, às estratégias de ensino utilizadas pelos três docentes participantes neste estudo para com os três discentes com MD, bem como aos recursos materiais usados.

Percebemos não só como se encontravam organizadas as turmas do ensino regular , como foram elaboradas as planificações das atividades desenvolvidas em contexto de sala de aula e ainda se a participação dos três docentes na elaboração dos PEI’s dos alunos com MD aconteceu de forma ativa. Ainda como pontos importantes para a inclusão dos discentes com MD salientamos a transição dos alunos com MD da UAE à sala de aula do ensino regular.

Ainda em relação aos docentes entrevistados, percebemos qual o tempo de experiência com alunos com MD e as dificuldades por eles sentidas perante os três discentes.