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2.2 CONSUMO: VALORES INDIVIDUAIS, ATITUDES AMBIENTAIS E O CONSUMO CONSCIENTE

2.2.4 Medidas Explícitas e Implícitas

É comum, na psicologia, o estudo de fenômenos que não são diretamente observáveis, isto é, construtos latentes, hipotéticos, que representam tendências de respostas subjacentes. Assim, não podem ser medidos diretamente, apenas inferidos a partir de respostas declaradas ou implícitas, verbais ou não verbais.

As mensurações podem ser tanto explícitas, com ação consciente, ou implícitas, que independe da consciência. As medidas explícitas consistem em requerer as atitudes por meio das avaliações que as pessoas fazem acerca de um dado objeto, evento ou situação, traduzindo-se na autodescrição do posicionamento individual. Usualmente, estas medidas constituem questionários de autorrelato, com escalas do tipo lápis e papel, em que os participantes são solicitados a expressar suas opiniões frente a determinado objeto, foco da pesquisa.

Apesar dos bons resultados propiciados pelos tipos de medidas supracitadas, há um viés inerente ao método de mensuração explícita. Nos últimos anos, uma alternativa promissora às medidas explícitas começou a surgir por meio de testes que medem vieses no tempo de reação decorrido para a aprendizagem de associações entre conceitos e atributos. Determinados construtos, como atitudes, valores e traços de personalidade estão sujeitos às normas e sanções sociais, e as pessoas podem dissimular suas respostas por razões de estratégia, tentando demonstrar o que considera desejável socialmente. Ademais, quase todas as ações humanas são construídas visando mostrar a pessoa de uma maneira favorável, sendo estas estratégias pessoais de aceitação grupal e autoafirmação.

Neste sentido, é essencial que a desejabilidade social, ou seja, a tendência de distorção de autorrelatos para uma direção favorável, seja controlada. Uma das formas que vêm sendo utilizada para controlar esta tendência é por meio de mensuração de atitudes implícitas, as quais pressupõem uma diminuição da reatividade da medida.

De acordo com Bassili e Brown (2005), a ideia de que os pensamentos e comportamentos das pessoas podem ser influenciados por processos psicológicos implícitos tem sido uma das maiores contribuições e desafios da pesquisa contemporânea que visa a mensuração de fenômenos psicológicos. Nesta direção, os psicólogos sociais têm desenvolvido um número de estratégias de respostas visando acessar as associações implícitas, isto é, aquelas que são automáticas e espontâneas, fugindo ao controle consciente do indivíduo. (FAZIO & OLSON, 2003). Ademais, estas medidas prometem acessar não só as atitudes que os respondentes podem não estar dispostos a falar abertamente, mas também as que eles não estão cientes de sua existência.

Os conceitos são apresentados como categorias dicotômicas, tais como homem × mulher, velho × jovem, ou Eu × Outro (autoconceito). Logo, os atributos correspondem às propriedades que podem ser associadas, de forma explícita ou implícita, os mesmos abordam características ou expressões qualificadoras ou valorativas, de valor respectivamente positivo e negativo.

De acordo com Krosnick, Judd e Wittenbrink (2005), as denominadas medidas implícitas, que têm recebido maior atenção por serem baseadas em respostas latentes, tentam determinar a ativação de atitudes a partir do impacto do objeto atitudinal sobre a velocidade com a qual o indivíduo possa fazer certos julgamentos. Estas medidas inserem-se em duas categorias gerais: (1) Medida com base em procedimentos sequenciais de priming (consiste na criação de um contexto-estímulo que produza um determinado tipo de reposta ou efeito) e (2) medida usando repostas a tarefas concorrentes, tal como o Teste de Associação Implícita (Implicit Association Teste - IAT), desenvolvido por Greenwald e Banaji (1995).

O Teste de Associação Implícita (GREENWALD et al., 1998) é uma técnica que permite analisar atitudes implícitas por meio da associação de um determinado conceito ou categoria-alvo com dimensões do atributo. O Teste de Associação Implícita (TAI) tem sido utilizado em um número considerável de estudos sobre atitudes e preconceitos.

O TAI é uma medida de atitudes por associação implícita, aferida através dos tempos de reação em uma tarefa de categorização de estímulos. O objetivo do teste é avaliar a força de associações construídas nas experiências sociais dos indivíduos, mesmo que eles não tenham clareza dessas associações. Para tanto, o TAI mede associações implícitas, ou seja,

“sentimentos ou pensamentos que existem fora de uma atenção ou controle consciente”. (SMITH E NOSEK, 2010, p. 803). A tarefa de associação parte do princípio de que será mais fácil associar dois elementos (conceitos, objetos, imagens, pessoas) se já houver uma relação previamente construída entre eles. (SMITH E NOSEK, 2010). A interpretação dos tempos de reação considera que as pessoas respondem mais rapidamente quando a associação entre os conceitos é forte do que quando é fraca.

Além dos aspectos intrínsecos à produção da evidência por autorrelato, dados sobre a dissociação entre atitudes implícitas e explícitas têm motivado novas abordagens na pesquisa desses fenômenos. O investimento em tais abordagens deve-se à crença de que apesar de nem todas as atitudes encontrarem-se disponíveis à consciência, elas são capazes de influenciar o comportamento. Nesse sentido, Greenwald e Barnaji (1995) definiram atitudes implícitas como traços de experiência passada que, embora não sejam identificáveis por introspecção (ou identificados inacuradamente), medeiam sentimentos, pensamentos ou ações referentes a objetos sociais. Assumindo que existam atitudes que influenciam o comportamento mesmo que não sejam relatadas ou sequer identificáveis pelo indivíduo, impõe-se o desafio metodológico de avaliá-las. As medidas implícitas de atitudes possibilitam, por um lado, minimizar vieses de resposta como a desejabilidade social e por outro, investigar eventuais aspectos de atitudes que não estejam disponíveis à introspecção. (BOHNER E DICKEL, 2011).

Testes de Associação Implícita vêm sendo utilizados por um número considerável de pesquisadores no exterior, em estudos sobre diferentes temáticas. A maior parte deles combina essas medidas e outras explícitas e tem como resultados correlações baixas entre elas.

É importante destacar que estas formas de medir as atitudes são valorizadas por serem mais “puras”, isto é, mais próximas da realidade. Entretanto, não se deve deixar de levar em conta que estas formas de mensuração das atitudes não estão isentas de vieses, mas apenas apresentam vieses diferentes e em menor número do que as técnicas de autorrelato.

Nos debates atuais acerca da autonomia, da escolha, da ação e da decisão, é comum a referência a processos implícitos não conscientes que supostamente subsidiam grande parte de nossos processos de tomada de decisão, sendo a tomada de decisão influenciada por processos implícitos que não necessariamente chegam à consciência.

De forma antagônica, para termos ações conscientes, primeiramente passa-se por um julgamento que corresponde à avaliação de duas ou mais opções existentes e a tomada de decisão à escolha efetuada dentre essas alternativas. A escolha por alimentos naturais, reque

uma avaliação prévia dos benefícios do produto, e etapas para o processo de decisão de compra.

Soma-se a isto, que o processo de tomada de decisão de compra e consumo do consumidor envolve o reconhecimento de opções, de informações, avaliação das opções, decisão de compra, consumo, avaliação pós-compra e o descarte. O consumidor de alimentos naturais dará importância pessoal para a efetuação da compra, investindo tempo neste processo de decisão e buscando informações, como: a importância da compra, o preço alto do produto, o local de compra, as informações nutricionais, bem como, se a empresa tem responsabilidade ambiental.