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CAPÍTULO III PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

ESTUDO 1- Análise qualitativa ESTUDO 2 Análise quantitativa

3.2 DESENHO DA PESQUISA 2: Consumidores de Alimentos Naturais Usuários de Internet

3.2.1 Valores, atitudes ambientais e o consumo de alimentos naturais

3.2.1.1.1 Medidas explícitas

As medidas explícitas consistem em requerer as atitudes por meio das avaliações que as pessoas fazem acerca de um dado objeto, evento ou situação, traduzindo-se na autodescrição do posicionamento individual.

Foram utilizados os questionários compostos por duas escalas, o Questionário de

Valores Básicos (QVB), o Inventário de Atitudes Ambientais, escalas validadas para a região

Nordeste, bem como foi criada uma terceira escala para avaliar o consumidor de alimentos naturais.

As escalas foram apresentadas com linhas de tonalidades alternadas em branco e cinza para evitar possíveis confusões e erros por parte dos respondentes na hora do preenchimento e leitura do questionário. Os participantes também foram solicitados a responder um questionário com perguntas sociodemográficas (por exemplo, sexo, idade, escolaridade), que invariavelmente constará como a última parte do estudo.

3.2.1.1.1.1 Participantes

Contou-se com uma amostra de 208 paraibanos contatados por meio da internet. Os participantes tiveram idade variando entre 18 e 71 anos (M = 30,4, DP = 9,32), sendo majoritariamente do sexo feminino (71,2%) e autodeclarados como pertencentes a classe social média (29%).

3.2.1.1.1.2 Escala de Valores Básicos

Esta escala utiliza o Questionário de Valores Básicos (QVB), em que solicita diretamente aos participantes que expressem o quanto consideram os valores como princípios que guiam suas vidas. Este instrumento de avaliação é referendado teoricamente e apresenta padrões psicométricos adequados, tendo em vista ter sido respondido por mais de 50.000 pessoas em todas as regiões do Brasil e em mais de 15 países. (GOUVEIA, 2012).

O modelo de valores, utilizado no QVB, foi proposto por Gouveia (1998) em que se baseia nas funções dos valores. De acordo com Gouveia et al. (2009), os valores são critérios de orientação que guiam as ações do homem e expressam suas necessidades básicas. Sua concepção de valores inclui três suposições teóricas, a saber: (1) assume a natureza benevolente do ser humano; (2) os valores são representações cognitivas das necessidades individuais, demandas da sociedade e institucionais, que restringem os impulsos pessoais e asseguram um ambiente estável e seguro; e (3) todos os valores são terminais, ou seja, expressam um propósito em si, sendo definidos como substantivos. Seu modelo tem como foco principal duas funções consensuais dos valores: eles guiam as ações do homem (tipo de orientação) e expressam suas necessidades (tipo de motivador). Segundo este autor, todos os valores podem ser classificados em termos materialistas (pragmáticos), que se referem a ideias práticas e uma orientação para metas, ou idealistas (abstratos), que se referem a princípios e ideais abstratos e uma orientação universal. Tais dimensões podem ser combinadas em uma estrutura três por dois, ou seja, com três critérios de orientação (social, central e pessoal) e dois tipos de motivadores (materialistas e idealistas).

A partir das interações dos valores ao longo dos eixos, são identificadas seis subfunções distribuídas equitativamente nos critérios de orientação social (interativos e normativos), central (suprapessoal e existência) e pessoal (experimentação e realização). Deste modo, os tipos de motivadores são representados por meio de três subfunções cada: no tipo materialista localizam-se os valores de existência (estabilidade pessoal, saúde e sobrevivência), realização (êxito, poder e prestígio) e normativos (obediência, religiosidade e tradição), e no tipo idealista, os suprapessoais (beleza, conhecimento e maturidade), de experimentação (emoção, prazer e sexo) e interativos (afetividade, apoio social e convivência). Ao longo dos anos, diversos estudos têm corroborado a adequabilidade deste modelo por meio dos parâmetros psicométricos e de sua relação com outros construtos. (GOUVEIA et al., 2009).

Questionário dos valores básicos (QVB). Este instrumento foi originalmente proposto

por Gouveia (1998), tendo sido composto por 66 itens. No entanto, utilizou-se sua versão reduzida de 18 itens (Gouveia, 2003), a qual tem sido mais amplamente empregada. Com o fim de respondê-los, os participantes avaliaram os itens como sendo descritores de suas vidas em termos de princípios que orientam suas condutas no dia-a-dia. O instrumento foi respondido em uma escala de sete pontos, variando de 1 (Totalmente não importante) a 7 (Totalmente importante). (Anexo II).

3.2.1.1.1.3 Inventário de Atitudes Ambientais

Foi utilizado o Inventário das Atitudes Ambientais em sua versão abreviada, contendo 24 itens (MILFONT, 2007), por ser um instrumento sintético ao mesmo tempo que tem ampla representatividade, quando se é utilizado associado a outras escalas. O inventário completo é composto por 72 itens distribuídos em subescalas de primeira ordem, as quais definem dois fatores, quais sejam: preservação refere-se a comportamentos de proteção e cuidado com o meio ambiente, e utilização, indica comportamentos mais propensos a utilizar os recursos naturais e mais relacionados ao liberalismo econômico. (MILFONT e DUCKITT, 2006). Esta medida tem sido utilizada em estudos transculturais, e versões abreviadas já foram propostas, contendo 24 itens (MILFONT, 2007), como anteriormente citado, ou 48 itens (COELHO, 2009), sempre encontrando resultados favoráveis no que concerne aos índices psicométricos. A sua versão reduzida está apresentada no Anexo III.

O Inventário das Atitudes Ambientais foi desenvolvido especificamente tendo em conta a natureza multidimensional e hierárquica das Atitudes ambientais. O Inventário das Atitudes Ambientais avalia as percepções gerais de avaliação ou de crenças sobre o ambiente natural, incluindo os fatores que afetam sua qualidade. Postula-se que este inventário capta a estrutura vertical e horizontal das atitudes ambientais medindo doze fatores principais, que definem uma estrutura de ordem superior bidimensional da atitude ambiental (ou seja, conservação e utilização).

Embora existam várias medidas de atitudes ambientais disponíveis, não houve nenhuma tentativa anterior para desenvolver uma ferramenta para medir a estrutura global das atitudes ambientais. O inventário de atitudes ambientais foi desenvolvido para atender esta lacuna, avaliando tanto a estrutura horizontal e vertical.

Os resultados relatados por Milfont; Duckitt (2007) apoiam a validade e a confiabilidade de ambos os iventários tanto o completo (com 10 itens por escala, e um total de 120 itens) e sua forma curta (com 6 itens por escala, e um total de 72 itens). Portanto, que o inventário de atitudes ambientais pode ser medido através de doze elementos primários, e que estes factores podem formar, por sua vez, uma estrutura hierárquica. Levando em consideração estes resultados, considera-se que o inventário de atitudes ambientais foi desenvolvido para sintetizar as formas de mensuração de atitudes ambientais.

Para fornecer uma escala mais útil para outros pesquisadores, uma breve versão do Inventário com apenas 24 itens foi criada Milfont e Duckitt (2007). Para desenvolver o Inventário com 24 itens, dois itens equilibrados foram selecionados para cada uma das escalas, rendendo 14 itens de Preservação e 10 itens de Utilização.

3.2.1.1.1.4 Perfil Sociodemográfico

Foi realizada a coleta de alguns dados que permitiam especificar o perfil socioeconômico dos participantes da pesquisa, tendo em vista que são informações que podem servir como intermediadoras de correlações. Além das perguntas específicas sobre os participantes (sexo, idade, estado civil e renda), também se elaborou questões sobre a renda familiar e anos de escolaridade do pai e da mãe, com o intuito de levantar as características socioeconômicas do passado e presente familiar. Ressalta-se, que as questões numéricas – idade, renda individual e familiar - são elaboradas com opções de respostas abertas, para que permitam a utilização de médias e, se necessário, a elaboração de faixas, conforme Apêndice II.

3.2.1.1.1.5 Consumo de alimentos naturais

Intenções para realizar refeições saudáveis. Foram criados três itens com o objetivo

de mensurar as intenções dos respondentes para terem refeições mais saudáveis. Os itens foram respondidos em uma escala de resposta que variou entre 1 (Nada saudável) e 10 (Totalmente Saudável), Apêndice II.

Comportamentos em prol do consumo de alimentos naturais. Para este instrumento

apresentavam determinados comportamentos relacionados ao consumo de alimentos naturais (e.g. Compra alimentos naturais no supermercado; Participa de feiras agroecológicas). Os respondentes avaliaram estes itens em uma escala de cinco pontos, variando de 1 (nunca) a 5 (sempre), Apêndice II.