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LICENCIAMENTO AMBIENTAL DA BARRAGEM BUJAR

4.3. Medidas Mitigadoras e Compensatórias

Em cumprimento às normas previstas nas resoluções CONAMA 01/1986 e CONAMA 237/1997, no que concerne à etapa de planejamento do empreendimento, o IBAMA – RN/PB estabeleceu as recomendações e orientações para composição dos estudos básicos relacionados às

79 medidas mitigadoras e compensatórias que deveriam ser adotadas para atenuar e/ou compensar os potenciais impactos ao meio ambiente e aos grupos que seriam atingidos pelo represamento das aguas pela Barragem. Via de regra, essa fase possui forte teor burocrático e assegura a viabilidade ou não do empreendimento, ficando a cargo do órgão licenciador as recomendações que se fazem necessárias para a implantação do empreendimento. No caso específico, foram estabelecidas as medicas mitigadoras e compensatórias classificadas a seguir:

4.3.1 Plano de reassentamento

O plano de reassentamento proposto pelo empreendedor previsto para a atenuação dos efeitos adversos da construção do reservatório Bujari previu as seguintes condicionantes: (i) indenização das famílias desalojadas e dos proprietários de terras incluídas na área de alagamento; (ii) construção de Agrovila previamente implantada em área urbanizada e equipada com infraestrutura básica; (iii) melhorias na infraestrutura de acesso ao empreendimento e à Agrovila; (iv) disponibilização de tanques para piscicultura da tilápia; e (v) programa de geração de emprego e renda direcionados aos desalojados, segundo propostas previstas EIA/RIMA do empreendimento.

A Agrovila foi projetada para ser implantada em área urbanizada, com lotes parcelados, delimitados e edificados. O projeto também previu como infraestrutura básica, a implantação de sistema de fornecimento de água canalizada e tratada, rede de esgoto, rede para energia elétrica, rede para telefonia, acesso para pedestres e veículos com pavimentação asfáltica, calçadas, rampas, além de outros instrumentos de infraestrutura considerados fundamentais em função das novas demandas dos desalojados.

Em paralelo, como opção ao programa de reassentamento proposto pelo empreendedor, foi apresentada a possibilidade de adesão voluntária das famílias. O referido Programa estabeleceu a previsão de indenizações para os proprietários de terrenos e benfeitorias desapropriadas e foi elaborado conjuntamente com as famílias desalojadas, com o objetivo de evitar possíveis ações e problemas decorrentes da desapropriação não voluntária. As famílias que aderissem ao programa de reassentamento voluntário seriam beneficiadas com apoio e auxílio aos integrantes das novas moradias, em alguns casos sendo necessários alguns ajustes específicos. No inverso, os grupos que não aderissem ao Programa de reassentamento voluntário não receberiam tais benefícios por parte do empreendedor, uma vez que seriam incluídos na regra geral do processo de desapropriação, sob tutela do poder público, o qual exige indenização prévia, justa e em dinheiro, em cumprimento ao art. 182, § 3º, da Constituição Federal.

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4.3.2 Propostas de geração de emprego e renda

As propostas apresentadas pelo empreendedor como alternativas para potencializar atividades econômicas na região de implantação do reservatório incluíram os programas de geração de emprego e renda para as famílias desalojadas. O projeto previu o incentivo à produção agropecuária, em especial, as desenvolvidas pela agricultura familiar, e a piscicultura, incluindo os planos de apoio técnico e treinamento como suporte operacional do poder público. No último caso elencado, citam-se, os programas de apoio à produção ofertados pela Emater e pelo Banco do Nordeste S/A, com vistas no incentivo ao desenvolvimento de atividades econômicas, como forma de potencializar os fatores positivos e minimizar os pontos negativos do empreendimento.

O incentivo à piscicultura possui como pressuposto a utilização de tanques devidamente aparelhados com sistema de captação das águas do reservatório Bujari para a produção de Tilápia (Oreochromis niloticus), espécie bem adaptada às águas com elevados teores de sais e bastante consumida pelos habitantes daquela região. Nesse sentido, a piscicultura pode se transformar em elemento importante para as comunidades, bem como servir como complemento de renda das famílias assentadas na Agrovila.

Em complemento, o empreendedor propôs a colaboração para formação profissional com cursos gratuitos sobre tratos culturais, criação e beneficiamento de pescado para pessoas de baixa renda, incorporando o conhecimento e as habilidades regionais nas formas de desenvolvimento a serem consolidadas. Segundo o empreendedor, é fundamental a participação das comunidades na elaboração e implementação de cursos profissionalizantes, visando formar mão de obra técnica e proporcionando uma oportunidade de qualificação profissional para pessoas que estão fora do mercado de trabalho.

Também como condição para atenuação dos efeitos adversos relacionados aos aspectos sociais, o empreendimento previu a melhoria das condições de vida da população local e regional, trazendo segurança hídrica e melhorando o aproveitamento das potencialidades naturais da região para sua inserção num modelo de gestão descentralizada e participativa dos recursos hídricos, com vistas no desenvolvimento de ações concretas e pragmáticas de políticas públicas relacionadas ao fomento dos recursos hídricos.

4.3.3 Identificação e avaliação dos impactos ambientais

Dentre as propostas de mitigação dos efeitos adversos relacionados ao meio ambiente, o empreendedor estabeleceu a previsão de plano de controle e monitoramento ambiental, com vistas à

81 atenuação dos possíveis impactos ambientais à fauna e flora local, em obediência princípio da prevenção. A identificação dos impactos ambientais para a construção da barragem Bujari baseou- se em estudos e nas análises classificadas em uma matriz de impactos, incluídos como requisitos para averiguar a viabilidade, o cancelamento ou a suspensão do empreendimento, dependendo da intensidade dos potenciais impactos ambientais e dos mecanismos atenuantes, para o caso de o empreendimento ser construído. Tais análises estão incluídas nas medidas mitigadoras e compensatórias estabelecidas para a atenuação dos danos ambientais causados pelo empreendimento.

Também foi apresentada Proposta de Zoneamento Ambiental da área de entorno do reservatório, como sinalizam as Resoluções CONAMA 302/2002 e 303/2002 e o Código Florestal Brasileiro (Lei nº 12.651, 2012), os quais estabelecem o limite da Área de Preservação Ambiental (APP) nas margens dos reservatórios de abastecimento público: Área Rural – de 30 a 100 m, e Área Urbana – de 15 a 30 m. Estando o reservatório enquadrado em área rural, fica, então, estabelecido o limite de 100 m para a largura da APP do reservatório Bujari.

Em complemento, foram estabelecidos projetos relacionados à educação ambiental e à limpeza da faixa de entorno do reservatório inserida dentro do programa. Outro programa relacionado especificamente ao plantio de mudas e conscientização das comunidades residentes no entorno do reservatório também faz parte das alternativas de recuperação de possíveis áreas degradadas por meio de parceria entre o empreendedor e órgãos os ambientais estaduais.