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As medidas protetivas estabelecidas na Lei Maria da Penha e sua efetividade em face

2 A LEI MARIA DA PENHA E SUAS EFICÁCIAS NO ÂMBITO DO

2.2 As medidas protetivas estabelecidas na Lei Maria da Penha e sua efetividade em face

A Lei Maria da Penha descreve as medidas protetivas de urgência, que tem como objetivo garantir a integridade física, psicológica, moral e patrimonial das mulheres que são

feitas vítimas da violência doméstica e familiar, beneficiando essas mulheres, dando-lhes proteção jurisdicional. O juiz de Direito, com o objetivo de garantir o fiel cumprimento das medidas protetivas deferidas, em qualquer momento, poderá requisitar auxílio de força policial. Estas medidas ficam subordinadas aos requisitos que constam na lei 11.340/06 e aos quesitos constantes nas demais medidas cautelares e ainda tem um prazo de duração, podendo haver prorrogação.

O que se compreende da Lei, a expressão medidas protetivas de urgência significa uma providência jurisdicional adequada para proteger e assegurar a todas as mulheres seus direitos e garantias fundamentais previstas na Constituição Federal, independentemente de classe, orientação sexual, raça, religião, cultura, escolaridade e idade (PORTELA, 2011).

Antes da Lei 11.340/06 ser promulgada, a mulher que fosse vítima de violência, apenas dava origem à lavratura de um Termo Circunstanciado, porque o caso era considerado como uma ocorrência de menor potencial ofensivo. Isto, na maioria das vezes, resultava em penalidades brandas ao agressor, como prestação de serviços à comunidade ou o pagamento de uma cesta básica. Atualmente, o escrivão da Polícia Civil lavra um Boletim de Ocorrência e imediatamente é aberta uma investigação policial, juntando todos os tipos de provas cabíveis no Direito, que assim que forem concluídos, são remetidos ao Ministério Público Estadual.

Segundo o § 8º, do artigo 226, da Constituição Federal, “o estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um, dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações.” (BRASIL, 1988)

As medidas protetivas previstas em Lei podem ser o afastamento do agressor do lar ou de qualquer outro lugar onde a vítima frequente, como universidades, igrejas e academias. Pode ser estipulado um limite mínimo de distância que o agressor fica proibido de se aproximar da vítima. Se o agressor tiver permissão legal para portar armas de fogo, essa permissão pode ser suspensa. O agressor ainda pode ser proibido de entrar em contato com a vítima, seus familiares ou testemunhas através de qualquer meio de comunicação (telefone ou aplicativos de mensagens). Também poderá ser submetido a restrição de visitas a dependentes menores de idade. O agressor também pode ser determinado pelo juiz a pagar pensão alimentícia provisional ou alimentos provisórios à vítima.

A autoridade policial deve tomar as providências legais cabíveis (art. 10) no momento em que tiver conhecimento de episódio que configura violência doméstica. Igual compromisso tem o Ministério Público de requerer a aplicação de medidas protetivas ou a revisão das que já foram concedidas, para assegurar proteção à vítima (art. 18, III, art. 19 e § 3º). Para agir o juiz necessita ser provocado. A adoção de providência de natureza cautelar está condicionada à vontade da vítima’. (DIAS, 2007, p. 78).

No entanto, mesmo com o registro de ocorrência lavrado na Delegacia de Polícia, é a vítima que detém a legitimidade para requerer ou não as medidas protetivas de urgência, não podendo a autoridade policial requerer ou o juiz determinar a sua concessão sem a vontade da vítima (PORTELA, 2011).

Através dos procedimentos trazidos pela Lei Maria da Penha, devem ser disponibilizados para a vítima todas as medidas protetivas constantes no ordenamento jurídico. Fica evidente que um dos maiores avanços da Lei Maria da Penha foi contextualizar as medidas protetivas no âmbito da violência doméstica.

Um grande desafio que se tem na atualidade, é a sensibilização da sociedade e especialmente dos operadores do Direito para o tema da violência doméstica contra as mulheres. É de suma importância um esforço no aperfeiçoamento especializado das pessoas que atenderão as vítimas de violência doméstica, violência esta, que vai muito além do lar e da família, que atinge a toda a sociedade.

Na atualidade, o STF tem o entendimento de que a ação penal contra o praticante de violência doméstica contra mulheres é ação penal pública e incondicionada à representação da vítima. De fato, algumas vítimas de violência doméstica são suscetíveis às manipulações, sofrem pressões socioeconômicas, são excluídas socialmente e ainda em alguns casos, a sociedade culpa as vítimas de serem causadoras da agressão que sofrem. Muitas mulheres vítimas de violência familiar, necessitam de medicamentos antidepressivos ou ansiolíticos, devidamente receitados por psiquiatras e ainda precisam de acompanhamento psicológico. Quando as vítimas são pessoas de maior poder aquisitivo, tem acesso a estes tratamentos, mas infelizmente as vítimas das camadas mais pobres da sociedade não possuem tal assistência.

Com a atual configuração na natureza da ação penal isso não ocorreria mais, considerando que a ação penal deverá ser proposta mesmo sem a vontade da mulher vítima da violência doméstica.

Em alguns casos, é possível que a mulher vítima de violência doméstica sinta medo de informar em juízo ou fora dele, qualquer tipo de questionamento relacionado à autoridade da vontade de um tribunal muitas vezes paternalista. Muitas vezes, a vítima de violência doméstica é compelida a aceitar que deve conformar-se com a situação, aceitando de forma submissa qualquer coisa que possa ser proposta. Sendo assim, é dever do Estado considerar a real vulnerabilidade da mulher e buscar medidas que evitem escolhas erradas das vítimas, que em alguns casos não tenham discernimento para escolhê-las (GERHARDT, 2014).

Existe, em alguns casos, a real possibilidade de que pessoas leigas confundam-se, não compreendendo detalhes que podem em muitas vezes induzir o consentimento, sem avaliar os verdadeiros riscos. No entanto, existem fortes barreiras culturais, especialmente de poder econômico, considerando que no Brasil, via de regra, os homens possuem em média maior poder econômico que as mulheres, sendo assim o principal provedor financeiro do lar (MADALENO, 2013).

O Ministro Ricardo Lewandowski, no acompanhamento do voto do relator no julgamento da ADI 4424, destacou que o fenômeno que ficou conhecido como “vício de

vontade”, fator jurídico e psicológico analisado desde os antigos romanos, justificaria o

porquê, muitas vezes, as mulheres não representam criminalmente contra seus maridos. Na verdade, em vários casos se encontram em coação física e moral, o que inibe a verdadeira manifestação de vontade da mulher agredida.

Obviamente que nem todas as mulheres vítimas de violência doméstica se enquadram em igual condição de vulnerabilidade, razão pela qual o esclarecimento será um fator determinante para classificar isso. A interferência do Estado na intimidade das mulheres vítimas de violência doméstica, mas que não são vulneráveis, pode ser nociva, nos casos em que o Estado quer impor sua vontade acima da vontade/decisão da mulher. Analisando este parecer, é visível a necessidade de respeitar a autonomia da vontade da mulher vítima de violência doméstica, e o Direito Contemporâneo tem o dever de flexibilidade, para agir em respeito aos Direitos Humanos (GERHARDT, 2014).

O Plenário do Senado aprovou, no dia 07 de março de 2018, um projeto que criminaliza o não cumprimento das medidas protetivas que estão previstas na Lei Maria da Penha. Estas medidas protetivas podem ser impostas pelos juízes para proteger as mulheres que são vítimas de qualquer tipo de violência familiar ou doméstica. O objetivo primordial desta lei é afastar imediatamente o agressor do lar e dos locais de convivência da mulher vítima de violência doméstica. O texto em questão (PLC4/2016) comina uma pena de detenção de três meses a dois anos para o homem que descumprir a decisão judicial de mulher protegida/amparada pelas medidas protetivas. O projeto é de iniciativa do deputado gaúcho Alceu Moreira e foi sancionado pela presidência em 03 de abril de 2018. A Lei nº 13.641/2018 altera a Lei nº 11.340, para tipificar o crime de descumprimento de medidas protetivas de urgência, sendo que o Capítulo II do Título IV da Lei Maria da Penha passa a vigorar acrescido da seguinte Seção IV, com o seguinte art. 24-A:

Do Crime de Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência

Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de

urgência previstas nesta Lei:

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.

§ 1º A configuração do crime independe da competência civil ou criminal do juiz que deferiu as medidas.

§ 2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade judicial poderá conceder fiança.

§ 3º O disposto neste artigo não exclui a aplicação de outras sanções cabíveis.

A norma em questão estabelece que a configuração do crime não depende de competência civil do juiz que deferir a medida protetiva de urgência, e que nos casos de prisão em flagrante, apenas a autoridade judicial terá competência para conceder o direito à fiança.

A alteração legislativa em questão foi proposta e sancionada porque muitas decisões

judiciais advindas do Superior Tribunal de Justiça, concluíram que não era cabível a prisão do homem que descumpriu medida protetiva de urgência, considerando que a conduta não era tipificada. O Superior Tribunal de Justiça decidiu que o descumprimento de medida protetiva não poderia ser considerado um crime de desobediência, como previsto no artigo 330 do Código Penal.

Veja que o legislador deixou claro que a competência do juiz que deferiu as medidas protetivas de urgência não influencia na configuração do crime. Ainda assim, trata-se de um crime afiançável, cuja concessão apenas poderá ser feita por autoridade judicial. Observa-se também que a aplicação de outras sanções podem ser mantidas.

Para que se entenda as Medidas Protetivas de Urgência que estão disciplinadas no Capítulo II da Lei Maria da Penha, deve-se entender que dividem-se em duas espécies: as destinadas à mulher ofendida as que obrigam o agressor a cumprir determinadas medidas.

O artigo 22 da Lei estipula quatro tipos de medidas protetivas de urgência destinadas a obrigar o homem agressor que, comprovada o caso de violência doméstica ou familiar contra mulher, o juiz poderá aplicar imediatamente, conjuntamente ou separadamente: suspender a posse de armas de fogo, afastar o homem do lar ou local de domicílio da ofendida, proibir a aproximação da ofendida, familiares e testemunhas, frequentar lugares que a vítima habitualmente frequenta e prestação de alimentos para a vítima e dependentes.

Estas medidas, conforme o parágrafo 1º do artigo 22 da lei, são meramente exemplificativas e não impedem a aplicação de outras medidas que estejam devidamente previstas em lei, sempre que se achar razoável, devendo, no entanto, a providência ser comunicada imediatamente ao Ministério Público.

Os artigos 23 e 24 da lei Maria da Penha tratam das medidas protetivas direcionadas a mulher agredida em caso de violência doméstica e familiar. O artigo 23, prevê que o magistrado, pode encaminhar a mulher ofendida e até mesmo aso seus dependentes menores de idade um programa de proteção ou atendimento.

Existe ainda a possibilidade de que o magistrado determine três outras medidas beneficiando a mulher agredida: a) o seu retorno ao domicílio, após o afastamento do agressor; b) o seu afastamento do lar, preservando-se os seus direitos, principalmente patrimoniais e em relação à guarda dos filhos e alimentos; c) a separação de corpos.

Já o artigo 24 da Lei Maria da Penha refere-se a uma série de medidas que visam à proteção patrimonial à mulher ofendida, como a restituição de bens ou até mesmo a proibição

temporária de atos relacionados aos bens de propriedade que a vítima possa ter em conjunto com o agressor.

Percebe-se que são previstas também entre as medidas protetivas de urgência a suspensão de procurações e ainda a determinação de prestação de caução provisória para garantir os danos materiais que possam decorrer nos casos de violência doméstica. A própria educação das mulheres sempre foi voltada para o lar, para a docilidade, para o controle, limitando as suas predileções, aspirações e desejos. A censura em relação à sexualidade, o tabu com a virgindade, a obrigatoriedade, implícita, de que toda mulher deve ser mãe, o sonho de ter sua casa e ser a rainha do lar são componentes que maculam os direitos fundamentais. (GERHARD, 2014, p. 66).

Mas como a mulher vítima de violência doméstica pode solicitar as medidas protetivas de urgência? O sistema é mais simples do que possa parecer. Para solicitar uma medida protetiva, a agredida deve solicitar a presença da Polícia Militar, que irá encaminhá- la até uma Delegacia de Polícia, ou a própria vítima pode se direcionar a uma delegacia, preferencialmente a Delegacia da Mulher. Então, basta relatar de forma clara a violência sofrida por parte do agressor. A ofendida tem o direito de registrar um boletim de ocorrência e para que lhe sejam concedidas as medidas protetivas de urgência, o Delegado de Polícia deverá remeter imediatamente esse pedido para o magistrado competente, que deverá apreciar o pedido em um prazo de até quarenta e oito horas (GERHARDT, 2014).

Na confecção do Boletim de Ocorrência, não é necessário que a mulher esteja acompanhada de advogado, mas se for possível, é recomendada a assistência jurídica, porque esta medida faz com que a mulher ofendida sinta-se mais segura.

Ainda existe uma outra opção, mas pouco utilizada, que é solicitar as medidas protetivas de urgência de forma direta ao juiz ou ao Ministério Público, com o objetivo de que as medidas sejam apreciadas antes de quarenta e oito horas. É recomendável que essa atitude seja tomada nos casos de maior urgência, embora seja muito complexo analisar quais casos são mais urgentes, considerando que, em algumas ocasiões, o agressor cometeu homicídio contra a companheira sem antes mesmo fazer uma ameaça ou agressão física.

Conforme o convencimento do juiz, a respeito da natureza de urgência do pedido da medida protetiva, o juiz avalia a situação sem ter de ouvir a parte agressora, ao contrário do que habitualmente ocorre no Direito. Após conceder as medidas protetivas é que o agressor

é comunicado a respeito das medidas, normalmente feita por Oficial de Justiça, de forma presencial, que lerá e explicará de forma clara ao acusado a respeito das penalidades do não cumprimento das medidas, estando obrigado a cumpri-las desde sua intimação. É solicitada a assinatura do agressor sobre a ciência das medidas protetivas, caso este recusar -se a assinar, o Oficial de Justiça faz uso de sua fé pública para afirmar que o homem foi comunicado, e sempre que possível, colherá assinatura de testemunhas que presenciaram a comunicação.

Todos os andamentos do processo judiciário devem ser comunicados à mulher ofendida, para que ela saiba se o agressor tem ou não ciência das medidas protetivas. A Lei Maria da Penha prevê que depois da denúncia, a mulher deve obrigatoriamente ser representada por advogado, podendo ser um defensor público, objetivando que seus direitos sejam respeitados. A agredida também tem direito a atendimento psicológico e psiquiátrico, a atendimento social garantindo seu acesso a orientação (GERHARDT, 2014).

Sem esgotar o tema, vê-se que o grande impacto jurídico trazido pela Lei nº 13.641/2018, é o fato de que a mulher vítima da Lei Maria da Penha não ficará mais sem tutela jurídica de emergência naqueles casos em que o agressor não cumprir as medidas protetivas de urgência impostas anteriormente, tendo em vista renovação da nova tutela legal.

O delegado de polícia deverá agir imediatamente, dando a resposta que o Estado e a sociedade requerem ao descumpridor da medida protetiva e dando início a uma nova persecução penal em seu desfavor. A mulher agredida terá a garantia de que o Estado atendeu seus direitos e seus anseios.

A nova lei não solucionou o problema de violência doméstica contra as mulheres, mas teve um avanço relacionado ao descumprimento de medida protetiva de urgência por parte do homem que agrediu uma mulher, não havendo entendimento unânime a respeito ao rito procedimental a ser seguido. Sendo assim, havendo ou não a lavratura do auto de prisão em flagrante delito, o homem descumpridor da medida protetiva terá mais um problema judicial em seu desfavor.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto ao longo da presente pesquisa, observa-se que a violência doméstica e familiar é uma das mais inaceitáveis formas de violência contra as mulheres, por afetar, principalmente, o exercício do direito à integridade física, à liberdade, ao respeito, à saúde mental e à normal convivência familiar.

A quantidade de mulheres que são diariamente agredidas por seus companheiros e por seus ex-companheiros é muito grande. As mulheres, incluindo as travestis e as transexuais, como se demonstrou no presente trabalho, necessitam de uma lei especial que os proteja da violência e discriminação histórica que sofrem em nosso país. Alguns homens consideram as mulheres como um objeto, muitas vezes de natureza sexual, desgastando a relação de amor que deve haver entre um casal, causando a perda do respeito no seio familiar, o que muitas vezes acaba trazendo consequências psicológicas não apenas para a mulher agredida, mas também para os filhos do casal que presenciam as agressões.

Percebe-se que o patriarcalismo ainda subsiste, influenciando muito no comportamento do homem, sendo este um problema social e cultural marcado pela discriminação e submissão, vez que o homem vê a mulher como sua propriedade, tornando-a totalmente submissa a ele.

Sendo assim, já não sendo suportáveis tantas humilhações e agressões, e clamando por leis eficazes, surgiu a Lei 11.340/06, conhecida como Lei Maria da Penha, criada para atender exigências impostas por acordos internacionais feitos pela conhecida Convenção de Belém do Pará, ratificados em 1995, e também pela Convenção sobre Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher.

Conquista esta, que se deve à postura adotada por Maria da Penha, uma mulher guerreira que sofreu agressões insuportáveis causadas por seu marido que tentou matá-la, deixando-a paraplégica.

Ficou claro que objetivo da Lei Maria da Penha foi criar mecanismos para prevenir a violência doméstica e familiar contra as mulheres. A Lei em questão é indiscutivelmente constitucional, pois trata de maneira diferente os desiguais, para igualá-los. O simples fato de que via de regra um homem, por sua natureza, tem compleição física avantajada em relação ao corpo de uma mulher, já é argumento válido para validar a referida Lei. E ainda pode-se mencionar o machismo enraizado em nossa sociedade, que acredita que a mulher deve ter uma posição submissa ao homem.

A Lei Maria da Penha trouxe uma maior segurança às mulheres, objetivando punir com rigor o agressor, já não sendo permitida a aplicação da Lei 9.099/95. Foi objetivando intimidar atitudes violentas praticadas pelos homens contra as mulheres, que a Lei Maria da Penha criou medidas de proteção para as mulheres, sendo até mesmo possível a aplicação da prisão preventiva.

As medidas protetivas tem como objetivo proteger as mulheres vítimas de violência doméstica, o que gradativamente está sendo usado com maior frequência. Mas a eficácia da Lei Maria da Penha deve ser questionada, considerando que não erradicou o problema da violência doméstica. Mulheres continuam sendo agredidas e assassinadas. Algo deve ser feito na questão cultural, o que obviamente não gera bons resultados a curto prazo. Outro problema que deve ser discutido na lei em questão, é a real necessidade de incluir transexuais e travestis no amparo da Lei Maria da Penha, considerando que em muitos casos essas pessoas são agredidas e ameaçadas por seus companheiros, necessitando, no entanto das medidas protetivas de urgência.

Muitas mulheres venceram o medo de denunciar, e começaram a registrar as agressões nas Delegacias, buscando a ajuda a que tem direito, e em muitos casos a Lei Maria da Penha foi eficiente, seja porque os homens agressores ficaram com medo da punição/prisão ou porque de fato foram presos.

É inegável que a Lei 11.340/06 representa um avanço para os direitos das mulheres, buscando eficácia e competência. Mas melhorias devem ser feitas. A impunidade gera deficiência na Lei, e se crimes ainda são cometidos contra mulheres, significa que a Lei Maria da Penha necessita melhorias. Sendo assim, é responsabilidade dos órgãos competentes executar adequadamente a Lei em questão, para proteger de forma eficaz as vítimas da violência doméstica e familiar. A Lei nº 13.641/2018, nesse sentido, pode ser considerado um importante avanço rumo à maior efetividade de todas as mulheres vítimas de violência doméstica.

REFERÊNCIAS

BENTO, Berenice. A reinvenção do corpo: sexualidade e gênero na experiência transexual. Rio de Janeiro: Garamond, 2006.

BRASIL. Tribunal de Justiça. Apelação nº 20171610076127, Tribunal de justiça do Distrito Federal, Julgado em 20/04/2018.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil promulgada em 05 de outubro

de 1998. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccvil_03/constituicaocompilado.htm12>. Acesso em: 12 nov. 2017.

BRASIL. Projeto de Lei n.º 8.032. 21 de outubro de 2014. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1282632>.

Acesso em: 8 de maio de 2018.

BRASIL. Lei 11.340, de 7 de agosto de 2006. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm>. Acesso em: 14

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