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medidas significativas para garantir a cidadania e evitar a exclusão

no acesso a condições básicas

de qualidade de vida como o

saneamento e a habitação”

municípios de Itaboraí e Tanguá. Quanto à desigualdade na renda do trabalho formal, é possível observar que há significativa predominância masculina entre os traba- lhadores que se situam na faixa de rendi- mentos acima de cinco salários mínimos. A porcentagem de trabalhadores do sexo mas- culino nesta faixa salarial é mais elevada em Cachoeiras de Macacu, Silva Jardim e Magé.

Em relação aos dados de acesso à edu- cação e ao conhecimento, é preciso salientar que o estado do Rio de Janeiro se encontra abaixo da média da Região Sudeste na maior parte dos indicadores, e até mesmo abaixo da média nacional, quando se trata da pro- ficiência dos alunos da 8ª série em Língua Portuguesa e Matemática.

Na área do Incid a taxa de analfabetis- mo é ainda mais elevada que a estadual. A situação é mais crítica nos municípios de urbanização recente, como Cachoeiras de Macacu, Silva Jardim e Magé. Estes dois últimos apresentaram também os piores resultados no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Além destes, o município de São Gonçalo também apre- sentou um baixo Ideb referente à 8ª série. Por outro lado, os municípios melhores po- sicionados neste indicador foram Nova Fri- burgo e Teresópolis, com destaque também para Casimiro de Abreu nos resultados da 4ª série do Ensino Fundamental e Maricá, quando avaliados alunos da 8ª série.

A preocupação com questões relacio- nadas ao avanço da urbanização e da in- dustrialização e sua associação com uma

tendência de privatização dos bens de uso comum e com a asfixia de populações ru- rais, tradicionais ou étnicas levou à cons- trução dos indicadores 1 e 2.

Por um lado, nos municípios de perfil mais rural e urbanização recente, há aten- ção em monitorar as condições de acesso à terra, através da proporção da área ocu- pada por pequenas propriedades. Foram observadas proporções reduzidas de área de pequenas propriedades, considerando- -se a extensão dos municípios constituída por estabelecimentos agropecuários, nos municípios de Casimiro de Abreu e Silva Jardim. Há acampamentos da reforma agrária nos municípios de Cachoeiras de Macacu, Teresópolis, Magé, Casimiro de Abreu e Silva Jardim. Nestes dois últimos, merece observação o elevado número de produtores não proprietários e a pequena área onde produzem. Em Silva Jardim, chama atenção o elevado número de Re- servas Particulares criadas nos últimos anos, apontando para um possível confli- to de interesses na questão fundiária.

Esses dados nos conduzem à reflexão sobre as áreas comuns, associadas à res- ponsabilidade de proteger determinadas porções do território e determinadas populações contra a mercantilização crescente, sem deixar de levar em conta as sobreposições entre diferentes categorias de áreas comuns consideradas e os possí- veis conflitos de interesses e disputas pelo território entre diferentes grupos.

Com relação às áreas ambientalmente protegidas, é indispensável destacar a situação do município de São Gonçalo, quase desprovido de unidades de con- servação municipais e com apenas 5% das unidades de conservação estaduais e federais na área em estudo. O municí- pio de Rio Bonito também fica bastante aquém da média regional quando se trata de unidades de conservação de proteção integral, mas apresenta a maior extensão de áreas protegidas pela esfera do poder municipal. As áreas de pesca, que con- flitam com “zonas de exclusão da pesca” associadas aos grandes empreendimentos industriais, sem contar com os riscos de acidentes de poluição, estão mais concen- tradas na Baía de Guanabara, nos muni- cípios de São Gonçalo, Magé e Niterói, e também no litoral de Marica e Saquare- ma. Há, também, territórios étnicos em disputa nos municípios de Magé e Niterói.

Estas reflexões são os primeiros aponta- mentos permitidos pelos indicadores cons- truídos para compor o Painel 1, analisando a Cidadania vivida na área de atuação do Incid. Quando associados aos resultados dos demais painéis, constituirá o sistema Incid de Indicadores da Cidadania.

Finalmente, é importante dar desta- que que, durante os debates ocorridos nos encontros realizados em cada um dos mu- nicípios do Incid com os grupos locais or- ganizados, houve bastante questionamento sobre a principal fonte utilizada na coleta de dados que compôs os indicadores do Painel

Cidadania vivida – o Censo Demográfico de 2000 e de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A principal menção a esses dados foi quanto a sua defa- sagem quando há uma real aproximação das realidades específicas. Os municípios serra- nos (Teresópolis e Friburgo) que sofreram com as fortes chuvas e enchentes ocorridas em 2011, por exemplo, apontam que os dados do Censo de 2010 já nascem superados nes- sas localidades.

O Ibase reconhece a dificuldade de se obter dados estatísticos confiáveis e oriundos de diversas fontes, mas entende a importância dos mesmos para a compo- sição de um sistema integrado de infor- mações que precisará ser constantemente atualizado e monitorado. A proposta é que as informações já alcançadas neste primeiro conjunto de indicadores possam ser complementadas com novos dados advindos de novas fontes (de agências lo- cais, inclusive, a despeito das dificuldades de produção e de difusão local de dados) e integradas aos novos conjuntos de in- formações que comporão os outros três painéis de Cidadania em construção.

Vários dos municípios entre os visita- dos apontam ainda uma demanda clara: que haja também um Sistema Incid por município, agrupando as informações referentes a cada cidade. Desta forma, a visualização da situação de cidadania em cada município fica facilitada. É uma pro- posta desafiadora que o Ibase incorpora e pretende perseguir.

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