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2. REVISÃO DA LITERATURA

2.3 Meio Ambiente

Considerado como sinônimo de natureza, local a ser apreciado, respeitado e preservado, assim é tido comumente o termo meio ambiente. Contudo, entende-se ser necessário um ponto de vista mais aprofundado sobre o termo, que estabeleça a noção no ser humano de pertencimento ao meio ambiente, onde possui vínculos naturais para a sua sobrevivência.

Com a missão de promover a adoção de princípios e estratégias para o conhecimento, a proteção e a recuperação do meio ambiente, o uso sustentável dos recursos naturais, a valorização dos serviços ambientais e a inserção do desenvolvimento sustentável na formulação e na implementação de políticas públicas, de forma transversal e compartilhada, participativa e democrática, em todos os níveis e instâncias de governo e sociedade, o Ministério do Meio Ambiente (MMA), foi criado em novembro de 1992 (BRASIL. MMA, 1992).

Segundo Rebouças {2013?}, há definição sobre o termo “meio ambiente” que o coloca no significado de recursos, de gerador de matéria-prima e energia, assim apresenta algumas definições para o termo meio ambiente, a saber:

{...}

- ‘Meio ambiente’ no sentido de ecossistema é um conjunto de realidades ambientais, considerando a diversidade do lugar e a sua complexidade.

- O ‘meio ambiente’ como lugar onde se vive é referente à vida cotidiana: casa, escola, e trabalho.

- O “meio ambiente” como biosfera surge para explicar a interdependência das realidades sócio-ambientais em todo mundo, a Terra é a matriz de toda vida.

- O termo ‘meio ambiente’ também pode designar um território de uso humano e de demais espécies. (REBOUÇAS, {2013?}, {s. p.})

Estabelece o art. 225 da Constituição Federal de 1988 que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público, dentre outros:

- preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;

- exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio

ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;

- controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;

- promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente (BRASIL. CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988).

Dispõe, ainda, a Carta Magna, no seu artigo 225, entre outros itens, que ...

- Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.

- As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados {...} (BRASIL. CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988).

Na questão em análise, cita-se, pela sua importância, a educação ambiental, que trabalha a noção de consumo responsável e solidário, na defesa do acesso às matérias- primas do meio ambiente de forma comum para todos.

Nessa seara, o poder público federal, além da Lei n. 6.938/1981, que instituiu um regime de responsabilidade civil objetiva para os danos ao meio ambiente, editou a Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, dispondo sobre a educação ambiental e instituindo a Política Nacional de Educação Ambiental. Em conformidade com tal dispositivo legal, a educação ambiental é definida como:

... os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (BRASIL. LEI Nº 9.795, 1999).

A mencionada legislação estabelece também que a educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal, e que como parte do processo educativo mais amplo, todos têm direito à educação ambiental, incumbindo ao Poder Público, definir políticas públicas que incorporem a dimensão ambiental, promover a educação ambiental em todos os

níveis de ensino e o engajamento da sociedade na conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente.

Para os diversos segmentos da sociedade e para a própria sociedade, a referida Lei dispõe competências e ações voltadas à promoção, disseminação, colaboração, para garantia do direito da educação ambiental a todos, determinando que:

compete às empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas, promover programas destinados à capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões do processo produtivo no meio ambiente (BRASIL. LEI Nº 9.795, 1999).

Em obediência a esse instrumento legal, a educação ambiental tem os seus princípios básicos, com enfoque humanista, holístico, democrático e participativo; a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o sócio-econômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade e a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais, entre outros.

Todavia, como objetivos fundamentais da educação ambiental, do mencionado texto legal, destaca-se: o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e social, o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente e, ainda, o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro e macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade; (BRASIL. Lei nº 9.795, 1999).

Assim, no que pertine a questão da educação ambiental, a Lei nº 9.795/1999, nos artigos 9o e 13, a divide em formal e informal. Formal, a educação desenvolvida no âmbito dos currículos das instituições de ensino públicas e privadas, englobando os mais diversos níveis de ensino, e educação ambiental não-formal, as ações e práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente.

2.3.1 Gestão Ambiental e a Responsabilidade Social

Mesmo com as disposições contidas nos regramentos jurídicos, de que as empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas, devem promover programas destinados à capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões do processo produtivo no meio ambiente, para Melo Neto e Froes (2001), o movimento na sociedade em prol da responsabilidade social corporativa ambiental ganhou forte impulso e organização na década de 90, em decorrência dos resultados da Primeira e Segunda Conferências Mundiais da Indústria sobre Gerenciamento Ambiental, ocorridas respectivamente em 1984 e 1991, surgindo, a partir daí, nos anos subsequentes, incrementos por mudanças sociais, científicas e tecnológicas, bem como mudanças profundas na postura das empresas em relação ao meio ambiente refletidas em importantes decisões e estratégias práticas. (MELO NETO E FROES 2001, p.149),

A nova postura, segundo esses autores, deveria fundamentar-se nos parâmetros:

- bom relacionamento com as comunidades;

- bom relacionamento com os organismos ambientais; - estabelecimento de uma política ambiental;

- eficiente sistema de gestão ambiental;

- garantia de segurança dos empregados e das comunidades vizinhas; - uso de tecnologia limpa;

- elevados investimentos em proteção ambiental; - definição de um compromisso ambiental;

- associação das ações ambientais com os princípios estabelecidos na Carta para o Desenvolvimento Sustentável;

- a questão ambiental como valor do negócio; - atuação ambiental com base na Agenda 21 local;

- contribuição para o desenvolvimento sustentável dos municípios circunvizinhos (MELO NETO E FROES 2001, p.149-150)

Segundo Kraemer {2006?}, para se entender a relação entre empresa e o meio ambiente tem que se aceitar, como estabelece a teoria de sistemas, que a empresa é um sistema aberto, e que a questão ambiental está se tornando cada vez mais matéria obrigatória das agendas dos executivos. A autora entende que a internacionalização dos padrões de qualidade ambiental descrito na série ISO 14000, a globalização dos negócios, a conscientização crescente dos atuais consumidores e a disseminação da questão ambiental nas escolas permitem antever que a exigência futura que farão os consumidores em relação à preservação do meio ambiente e a qualidade de vida deverá intensificar-se.

É nessa linha de entendimento, e observando os ditames legais, que se percebe o posicionamento esboçado por Melo Neto e Froes (2001, p.150) de que a empresa deve implementar o seu sistema de gestão ambiental fundada em 3 (três) critérios básicos: realização de ações de treinamento e capacitação de recursos humanos; integração das ações de preservação ambiental com as ações de saúde e segurança industrial e certificação ambiental com base nas normas ISO 14000 e BS 8800.

No entanto, Maximiano (2008 p. 381) destaca, ainda, 3 (três) tópicos relacionados com o ambiente, que no seu modo de ver, todo administrador deve conhecer: desenvolvimento sustentável, legislação ambiental e auditoria ambiental, enquanto Kraemer, {2006?}e Dias (2012, p.51-52) sinalizam a necessidade de se obedecer o tripé da sustentabilidade empresarial: social, ambiental e econômico.

No campo da preservação ambiental, uma empresa socialmente responsável, destaca-se pela sua excelência em política e gestão ambiental, pela sua atuação como agente de fomento do desenvolvimento sustentável local e regional, e de preservação da saúde, da segurança e da qualidade de vida de seus empregados e da comunidade situada ao seu redor, e pela inserção da questão ambiental como valor de sua gestão e como compromisso, sob a forma de missão e visão do seu desempenho empresarial (MELO NETO E FROES, 2001, p.150).

Várias são as razões que levam as empresas a adotarem um sistema de gestão ambiental, desde procedimentos obrigatórios da legislação ambiental até a fixação de políticas ambientais que visem à conscientização de toda organização, tendo como uma das finalidades básicas, servir de instrumento de gestão - não pode ser tido de forma isolada, a fim de obter ou assegurar a economia e o uso racional de matérias-primas e insumos.