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A memória na reconstrução da cidadania

CAPÍTULO I – A HISTÓRIA ENQUANTO ALBÚM DA MEMÓRIA

1.2 A memória na reconstrução da cidadania

Não há como negar o reconhecimento de que a cidadania já se fazia presente no profetismo hebreu e, posteriormente, entre os contemporaneos de Aristóteles2 e Platão3, entre os romanos através do Direito da civitas,pelas revoluções burguesas e lutas sociais dos séculos XIX e XX até a presente data, porque foram idéias e políticas que contribuíram para a auto-afirmação e que, apesar de ainda nos nossos dias sofrer perseguições, continuam as incansáveis batalhas contra todo o tipo de iniquidades, injustiças, opresão, etc.,perversões que obstruem as ações humanas em prol de uma socidade igualitária e feliz.

À medida que se pondera sobre as aproximações entre memória e história, pode-se perceber uma gama de pontos que precisam ser identificados.

Um destes pontos se constitui do processo de entendimento da memória como elemento de formação de identidades, que historicamente passa pelo

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Filósofo grego que nasceu em 384 a.C, na antiga cidade de Estágira e morreu em 322 a.C. Seus pensamentos filosóficos e idéias sobre a humanidade têm influência significativa na Educação e no pensamento ocidental contemporâneo. Aristóteles é considerado o pai do pensamento lógico. Suas obras influenciaram também na teologia medieval da cristandade.

Fonte: www.mundodosfilosofos.com.br/aristoteles.htm.

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Platão nasceu em 427 a.C e morreu em 337 a.C em Atenas sendo considerado que influenciou profundamente a filosofia ocidental. Suas idéias baseiam-se na diferenciação do mundo entre as coisas sensíveis (mundo das idéias e a inteligência) e as coisas visíveis (seres vivos e a matéria). FONTE: pt.wikipedia.org/wiki/Platão.

individualismo de Bergson4 e pelo coletivismo de Halbwachs5. Se a memória, tal como a história, está associada a uma aceitação coletiva, então o espaço da memória pode ser visto como um processo de manutenção de determinadas tradições e uma das formas de preservar aquele passado, que se pretende rememorar no tempo presente. Isto pode gerar incontáveis discussões sobre as formas de manutenção de poder que a história registra em diferentes épocas vividas pela humanidade.

Se compreendida como eixo fundamental formador da identidade cultural individual e coletiva no registro de experiencias significativas, a memória deve ser valorizada e preservada, sem ser atrelada ao passado impedindo o seu desenvolvimento, preservando seus pilares com o propósito de não perder conhecimentos e identidades.

À medida que claramente vai avançando a ciencia e a tecnologia e novos parâmetros sociais vão se instaurando com novas estruturas políticas, valores e linguagens, a ruptura com o passado também vai se rompendo de forma inevitável. Isto leva à deteriorização da memoria cultural, rompe o vínculo do homem com suas raizes tornando impossivel o ato de compreender como e por que se dão as transformações econômicas, políticas, sociais e culturais, pois lhe faltam os elementos que dão sentido aos acontecimentos resultando por torná-lo presa fácil de manipulação e dominação.

A noção de cidadania permite a que se refira à qualidade de vida e ao direito de cidadão, pois é graças ao conjunto dos cidadãos que se pode ter uma nação, visto o cidadão como o sujeito de direitos políticos que lhe permitem intervir no governo de seu país através do voto.

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Em 1914 foi nomeado membro da Academia de Francia, e em 1927 ganhou o prêmio Nobel de Literatura. Durante a primeira guerra mundial desenvolveu um intenso trabalho como conferencista. Bergson foi presidente da Sociedade das Nações no comitê para a cooperação cultural. Nos últimos anos de sua vida, porém evitou envolvimentos políticos maiores porque se sentia cada vez mais próximo ao catolicismo e temia apoiar com seu prestígio o anti-semitismo fomentado na Europa pelo nazismo. Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$maurice-halbwachs>. Fonte: Copyright UOL.

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Sociólogo e matemático francês, nascido em 1877 e falecido em 1945, aluno de Émile Durkheim, foi professor em Caen, Estrasburgo e Paris. Estudou os problemas do nível de vida e da evolução das necessidades sociais. Segundo Halbwachs, existiriam tantas formas de viver e de se relacionar com os bens materiais quantos os grupos sociais. Estes teriam uma "memória coletiva" que asseguraria a conservação desses modos de viver. Esta memória não impediria, contudo, que as mudanças ocorressem nos grupos face aos contextos econômico-sociais. Disponível na http://www.infopedia.pt/$maurice-halbwachs>.

Também por isso, a noção de cidadania deve ser responsável, pacífica e auto regulada, para que seja compreendido isso como objetivo para melhorar o bem estar público, pois as ações que buscam somente o benefício individual não estão vinculadas à cidadania.

A cidadania plena de todos os cidadãos é imprescindível para o bom funcionamento de uma democracia, como diz Lister (1997:41): “Ser um cidadão no

sentido legal e sociológico implica poder desfrutar dos direitos de cidadania ação e participação social e política. Agir como cidadão significa satisfazer o potencial desse status.”

São incontáveis as definições encontradas para definir ou conceituar cidadania, mas que podem ser resumidas em poucas palavras concluindo-se que, historicamente para o exercício pleno da cidadania, o ser humano precisa antes de tudo ser cônscio das suas responsabilidades, reconhecido como parte integrante de um todo que se chama coletividade, nação, Estado, para cujo bom funcionamento todos nós devemos dar nossa parcela de contribuição, a fim de que possamos chegar ao objetivo final e coletivo, que nada mais é do que a justiça em seu sentido mais amplo: o bem comum.

Enfim, se fosse necessário mostrar que condições são imprescindíveis para ser um bom cidadão, deveria se mostrar a todo ser humano entre outras coisas: um preparo reflexivo e crítico capaz de tomar decisões por si mesmo sem pressões externas e, especialmente, tolerantes com os demais; em outras palavras um ser humano racional adequado à época na qual vivemos.