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Esquema 4: Planta da primeira sala de exposição e respetiva mobilação Três tipos de armário diferentes e seu conteúdo.

6. Menino Jesus Salvador do Mundo (Fragmento de

estandarte processional) | Nº Inv. PINMMEN06 Século XIX (1857)

Autoria Desconhecida

Óleo; tela e cartão (suporte); seda (galão da moldura) Alt. 48; Larg. 39

Exposição permanente Proveniência desconhecida

Diocese do Porto/ Paróquia e Museu de São Veríssimo de Valbom

O presente painel a óleo sobre cartão e tela, representando um Menino Jesus Salvador do Mundo (comum desde o século XVII), é fragmento de estandarte processional. Segundo o relatório da Comissão Jurisdicional dos Bens Cultuais da Igreja (1911), a Confraria do Menino Jesus tinha na sua pertença uma bandeira vermelha e suas pertenças. O objeto crê-se que de grandes dimensões, era levado em procissão (suportado por haste central) pelos membros da confraria em questão, de modo a fazerem-se identificar e representar dignamente. Através de registo fotográfico, datado

117 de cerca de 2007, especula-se que o estandarte fosse de damasco vermelho, com galão dourado franjado a debruar toda a peça. Na parte interior deste tecido figuraria então o pequeno painel retangular, disposto na vertical, ao centro. A figurinha do Salvador assenta frontal e de pé sobre um globo terrestre azul, decorado com pequenas estrelas. Os membros superiores afastam-se do corpo: o direito, erguido, abençoando ou em gesto de pregação e o esquerdo segurando uma cruz com longa haste (anexando aqui a simbologia dos instrumentos da paixão predestinando a morte de Cristo). O rosto é de criança, com bochechas rosadas bem marcadas e feição sorridente emoldurada por curto cabelo encaracolado. Traja túnica curta, beije, com padrão floral em renda e cingida na cintura por laço. Os pés ficam visíveis, interpretando-se uma atitude dinâmica de avanço. Na base marmoreada que apoia o globo, encontra-se uma inscrição reveladora da paróquia e da datação: VALBOM 1857. A peça poderá ter sido fruto de doação ou de aquisição por parte da confraria ou da paróquia.

Não se documentam intervenções de conservação ou restauro Créditos Fotográficos Cândida Gonçalves, 2007

Bibliografia e fontes

-ALCOFORADO, Ana; AMARO, Celeste – O Menino dos meninos. Coimbra: Museu Machado de Castro, 2007

- ARQUIVO DA COMISSÃO JURISDICIONAL DOS BENS CULTUAIS – Arrolamentos dos

Bens Cultuais: Valbom. Porto-Gondomar. 69 (1911-1927) 56-60.

-MASSA, Sílvia – A pintura moderna na Ilha de São Miguel, Açores: séculos XVI-XVII. Dissertação de mestrado em Arte, Património e Teoria do Restauro, orientada pelo Prf. Dr. Vítor Serrão e apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 2011, p.261. -PAIVA, P. Manuel Moreira; GONÇALVES, Cândida; SANTOS, Francisco – Museu São

Veríssimo. Valbom: Comissão Fabriqueira da Paróquia de São Veríssimo de Valbom, 2007,

pp31-32

- QUINTAS, Diana – Iconografia das igrejas paroquiais do concelho de Espinho. Dissertação de mestrado em História da Arte Portuguesa orientada pelo Prof. Dr. Luís Esteves Casimiro e apresentada na Faculdade de Letras da Universidade do Porto em setembro 2011, p.65

-RESENDE, Nuno - Compasso da Terra. A arte enquanto caminho para Deus: Tarouca. Lamego: Diocese de Lamego, 2006, vol. 2, pp. 112-115

-THESAURUS: Vocabulário de objectos do culto católico. Vila Viçosa: Fundação Casa de

118 7. Batismo de Jesus | Nº Inv. PINCBAT03

Século XIX (?) Autoria desconhecida Óleo; tela e cartão Alt. 237; Larg. 147,5 Exposição permanente

Proveniência Capela de São Pedro da Ribeira d’Abade

Diocese do Porto/ Paróquia e Museu de São Veríssimo de Valbom

Jesus de Nazaré procura João Batista nas margens do Rio Jordão para por ele se batizar. Na verdade, segundo os costumes da época, as crianças recém-nascidas eram circuncidadas, momento no qual era aceite o nome escolhido e depois apresentadas no Templo de Jerusalém. Desta forma, o bebé entrava para a comunidade do Povo de Deus.

O batismo era proclamado por João Batista, profeta que anunciava a chegada de um enviado de Deus, mais poderoso e digno que ele próprio: «Eu batizo-vos com água para o arrependimento; mas Aquele que vem atrás de mim é mais forte do que eu (…) Ele vos batizará no Espirito Santo e no fogo» (Mt3, 11); João procurava a purificação da população, o arrependimento e a consecutiva confissão e remissão dos pecados (simbologia que sempre ficou associada ao elemento água). Jesus quis dar o exemplo e demonstrar a sua humanidade e humildade iniciando desta forma a sua missão e a designada “vida pública”.

O episódio é constituído por dois momentos significativos: a purificação recebida pela água (que perante a natureza de Jesus não era necessária) e a teofania, ou seja, a manifestação de Deus-Pai pelo Seu Filho, enviando-lhe o Espírito Santo, na forma de pomba. Os dois intervenientes (sendo que neste painel devocional não existe a representação do anjo que espera com as vestes de Jesus) são colocados na margem do Rio Jordão (reduzido, nas dimensões, a um pequeno riacho). Jesus, de túnica (substituindo o tradicional cendal/ perizonium que seria necessário numa imersão) apresenta-se como um homem maduro, com longa barba e cabelos castanhos, mergulhando apenas o pé direito na água, apoiando-se no joelho fletido que mantém em terra. De cabeça baixa recebe a água que cai da concha /vieira usada por João Batista (típica da representação italiana). São João está em terra, descalço, avançando e inclinando-se sobre Jesus, com o braço direito levantado acima da cabeça deste para lhe verter a água batismal. Na outra mão sustenta o tradicional bastão em forma de cruz. A

119 sua aparência física é bastante semelhante à de Jesus, porém o seu aspeto é menos cuidado e a sua condição humilde é demonstrada na curta túnica castanha, sem mangas, cingida por um laço e na espécie de capa escura pelas costas, amarrada no pescoço. Na cabeça desenha-se uma auréola dourada. Sobre ambas as figuras descende, ao centro da composição uma pomba branca iluminada, como que fazendo a solene apresentação e confirmação do Messias (Mt3,13-17; Mc1, 9-11; Lc3, 21-22; Jo1, 31-34).

Na antiguidade o batismo era concedido através da imersão, ou seja, o catecúmeno entrava na água submergindo (forma como Jesus é representado em alguns exemplos artísticos, sobretudo nos mais antigos). Quando o batismo foi aceite como rito de pertença à comunidade cristã – daqueles que se converteram ao cristianismo acreditando na Ressurreição de Jesus Cristo e no poder que ele transpôs para o batismo através do Pai/ Filho e Espirito Santo – iniciou-se a construção de edifícios: batistérios, propícios para este ritual em massa. Os catecúmenos, após realizarem preparação e de renunciarem ao pecado, professando a fé em Deus, entravam numa espécie de piscina e sobre as suas cabeças era derramada água pelo sacerdote. Os novos cristãos eram ungidos pelo óleo do Santo Crisma, envergavam a veste branca e recebiam cirio acesso, sendo a celebração confirmada pelo Bispo com a unção da fronte e a imposição das mãos. No Ocidente os costumes evoluíram de forma diferente, recorrendo-se à infusão, ou seja, ao apenas derramar da água sobre o catecúmeno, sem necessidade de submergir o restante corpo. Foi reconhecido como o primeiro de sete sacramentos ou seja, de sete graças concedidas por Deus, sem o qual nenhum dos outros podia ser administrado. Todo o cerimonial foi simplificado no Concílio do Vaticano II (1962-1965), porém manteve-se a presença da água, da veste branca, da luz e da unção do peito, testa e sentidos do catecúmeno.

Não se documentam intervenções de conservação ou restauro Créditos Fotográficos Cândida Gonçalves, 2007

Bibliografia e fontes

-COSTA, P. António Ferreira da - Cartilha sacramental da Diocese do Porto. Porto: Asha, 1945, pp. 8-13;

-DICIONÁRIO Cultural do Cristianismo. Lisboa, Publicações Dom quixote, 1999, pp. 47-48 e 158

120 -DICIONÁRIO enciclopédico da Bíblia. Org. A. Von den Born. Petrópolis: Vozes, 1971, pp. 162-165

-EXPOSIÇÃO DO GRANDE JUBILEU DO ANO 2000 – Cristo fonte de esperança : catálogo. Porto: Diocese do Porto, 2000, p.262

-MASSA – A pintura moderna na Ilha de São Miguel, Açores: séculos XVI-XVII. Dissertação de mestrado em Arte, Património e Teoria do Restauro, orientada pelo Prf. Dr. Vítor Serrão e apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 2011, pp.317-318.

-PAIVA, P. Manuel Moreira; GONÇALVES, Cândida; SANTOS, Francisco – Museu São

Veríssimo. Valbom: Comissão Fabriqueira da Paróquia de São Veríssimo de Valbom, 2007,p39

-RÉAU, Louis – Iconografia del arte cristiano. Iconografia de la biblia: Nuevo testamento, tomo 1. Barcelona: Ediciones del Serbal, 2000, vol.2, pp. 307-313

121 8. Via Sacra (15 painéis) | Nº Inv. CERIVS01 a CERIVS015

Século XX (1993)