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2.2 – O mercado da Bacia do Pacífico

CAPÍTULO II DESENVOLVIMENTO DO MERCADO INTERNACIONAL DE GNL

II. 2.2 – O mercado da Bacia do Pacífico

O mercado da Bacia do Pacífico é composto pelos países que utilizam o Oceano Pacífico e o Índico o GNL. Desde que o comércio internacional de GNL começou na década de 70 o mercado da Bacia do Pacífico sempre foi o mais intenso, como podemos observar no Gráfico 2. Atualmente este mercado continua a ser o mais intenso no comércio de GNL. Em 2006 as suas exportações e importações de GNL chegaram a um total, respectivamente, de 87,17 e 93,61 bilhões de m³, representando 41,30% e 44,35% do total mundial, como podemos observar no Quadro 2.

Diferentemente dos países da Bacia do Atlântico, a demanda por GNL na Bacia do Pacífico tem um caráter essencial em atender a maior parte da demanda de gás natural dos seus países importadores. Como estes países importadores não possuem a opção de importar gás natural através de gasodutos24, eles dependem quase exclusivamente da importação de GNL para o consumo do gás natural (com exceção da China e da Índia), como podemos ver no Quadro 3. Essa característica de dependência destes países reflete, principalmente na maioria dos contratos de compra e venda realizados neste mercado, que buscam minimizar o seu risco de volume e de preço através de contratos de longo prazo indexados pelo preço do petróleo cru.

Os principais países importadores de GNL na Bacia do Pacífico são: Japão, Coréia do Sul, China e Índia. O Japão e a Coréia do Sul historicamente são tradicionais importadores de GNL.

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Os principais países importadores de GNL na Bacia do Pacífico encontram-se geograficamente bem distantes dos países ofertantes de gás natural, tornando inviável economicamente e tecnicamente a construção de gasodutos entre eles. Apesar da China ter em planejamento a construção de um gasoduto ligando este país com a Sibéria, região rica em reservas de gás natural.

Nestes países o GNL representa quase 100% da oferta de gás natural. Essa característica da demanda faz com que o Japão e a Coréia do Sul tenham o maior volume de importação do mundo e dependam totalmente do GNL como fonte de gás natural, como podemos ver no Quadro 3. Nos últimos anos as importações de GNL têm crescido bastante na Coréia do Sul e em menor quantidade no Japão (devido ao seu baixo crescimento econômico neste período), como podemos ver no Gráfico 5. Segundo BP (2007) a demanda de GNL do Japão e da Coréia do Sul foi, respectivamente, de 81,86 e 34,14 bilhões de m³ e, segundo estudo realizado pelo IEEJ (Morikawa, 2006), a expectativa que a demanda de GNL nestes dois países é que continuem crescendo, sendo em 2010, de 82,97 a 96,56 de bilhões de m³ no Japão e de 31,28 a 35,36 de bilhões de m³ na Coréia do Sul, e em 2020, de 99,28 a 123,76 de bilhões de m³ no Japão e de 35,36 a 50,32 de bilhões de m³ na Coréia do Sul. Apesar da dependência de GNL e do aumento da expectativa da demanda desta commodity, existe pouco planejamento em aumento da capacidade de regaseificação no Japão e na Coréia do Sul, fato que pode ser explicado devido ao excedente existente desta capacidade atualmente em ambos os países.

A Índia e a China são os mais novos países importadores de GNL da Bacia do Pacífico. Ambos os países possuem uma indústria de gás natural em franco desenvolvimento, em decorrência da opção de seus governos em diversificar as suas fontes energéticas, como resposta às preocupações ambientais e de dependência do carvão e do petróleo. Para atender às necessidades desta indústria em crescimento, a China (em 2006) e a Índia (em 2004) começaram a importar GNL para complementar a sua produção doméstica de gás natural.

Segundo a BP (2007) a demanda de GNL na China e na Índia foi, respectivamente, de 1,00 e 7,99 bilhões de m³ em 2006, como podemos ver no Gráfico 5. Segundo estudo realizado

pelo IEEJ (Morikawa, 2006), a expectativa é que a demanda de GNL da China e da Índia continuem crescendo, sendo em 2010, de 6,8 a 9,52 de bilhões de m³ na China e de 10,88 a 12,24 de bilhões de m³ na Índia, e em 2020, de 16,32 a 23,12 de bilhões de m³ na China e de 20,40 a 23,12 de bilhões de m³ na Índia. Para atender este crescimento, ambos países pretendem ampliar a sua capacidade de regaseificação, como podemos ver no Quadro 3.

Gráfico 5 – A Evolução dos Principais Importadores de GNL da Bacia do Pacífico (em bilhões de m³) 0 20 40 60 80 100 120 140 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Japão Córeia do Sul Índia China Fonte: IEA (2006) e BP (2007)

Em relação à exportação de GNL, na Bacia do Pacífico, os seus principais países são: Austrália, Brunei, Indonésia e Malásia. Todos esses países atendem principalmente à demanda da Bacia do Pacífico, sendo responsáveis por 41,30% da sua oferta de GNL em 2006, e não exportando GNL para outros mercados, como podemos ver no Quadro 2. Seus principais clientes são o Japão e a Coréia do Sul, onde geralmente possuem contratos de compra e venda de GNL de longo prazo e pouco flexíveis. Nos últimos anos estes países diminuíram um pouco as suas

exportações de GNL (como podemos ver no Gráfico 6), em decorrência da opção do Japão e da Coréia do Sul em importar GNL mais flexível do Oriente Médio no mercado spot e de curto prazo. Apesar desta diminuição, estes países planejam aumentar a sua capacidade de liquefação para os próximos anos, como podemos ver no Quadro 4. Cabe ressaltar que os principais países exportadores de GNL da Bacia do Pacífico possuem uma relação de R/P com média de mais de 43 anos, como podemos ver no Quadro 4. Este fato somado com a intenção destes países em aumentar a sua capacidade de liquefação, asseguram a elevação da oferta de GNL neste mercado para os próximos anos.

Gráfico 6 – A Evolução dos Principais Exportadores de GNL da Bacia do Pacífico (em bilhões de m³) 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Indonésia Malásia Austrália Brunei Fonte: IEA (2006) e BP (2007)