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CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 19 !

2.3 MERCADO DE JUROS FUTUROS 30!

A partir do entendimento da formação da ETTJ, será feita uma abordagem breve e objetiva do conceito e das características do mercado de juros futuros, cujo fundamento é a negociação das taxas de juros nos diversos vértices da curva de juros e é o responsável pelos movimentos da mesma (BM&FBOVESPA, 2012).

Os contratos futuros das taxas de juros, objeto dessa seção, surgiram nos anos de 1970, nos Estados Unidos, quando as empresas norte-americanas estavam encontrando dificuldades em compatibilizar os rendimentos planejados com os títulos da dívida pública (ou ativos e passivos monetários em geral) com os resultados finais (BM&FBOVESPA, 2012).

Conceitualmente um contrato futuro é:

[...] um acordo firme e legal entre um comprador (vendedor) e uma bolsa ou câmara de compensação estabelecida em que o comprador (vendedor) concorda em receber (entregar) algo a um preço determinado ao final de um período de tempo especificado. O preço ao qual as partes concordam em efetuar a transação no futuro é denominado preço futuro. A data especificada em que as partes devem efetuar a transação é denominada data de liquidação ou de vencimento (FABOZZI, 2000, p. 648).

O mercado de derivativos, chamado assim, pois seus contratos derivam de um ativo- objeto, propiciaram, a partir de seu surgimento, aos gerentes de investimento dos diversos ramos da economia, controle muito maior sobre os riscos de uma carteira de investimentos comparado ao passado. A possibilidade de travar perdas e alavancar ganhos foi um grande avanço proporcionado por tais mercados (FABOZZI, 2000).

No mercado brasileiro, o contrato de juros futuros da taxa média de Depósitos Interfinanceiros de um dia (DI1) é o principal ativo da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&F) em importância e volume, dado que o seu ativo objeto, a taxas de juros em

3 Uma instituição AAA no primeiro caso e uma instituição BBB para o segundo caso. Utilizando-se da escala de

seus diversos vencimentos, é umas das variáveis macroeconômicas mais importantes, cujos movimentos impactam nas decisões de investidores de todos os segmentos do mercado nacional (FORTUNA, 2005).

O Contrato DI1 é referenciado nas taxas de juros calculadas pela Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos (Cetip), que representam o custo médio das transações de curtíssimo prazo entre as instituições financeiras no overnight (FORTUNA, 2005), sendo estas balizadas pela taxa média de negociação das compromissadas em títulos públicos no overnight - a taxa Selic (BERGER, 2012).

Neste mercado negociam-se taxas de juros futuras através de um PU nominal de 100.000,00, descontado por uma taxa de juros (objeto) em um período que vai da data de operação até o vencimento do vértice negociado (BM&FBOVESPA, 2012). Os contratos futuros de DI1 são padronizados, definidos pela BM&F e as taxas oscilam diariamente com base na oferta e demanda dos agentes de mercado (BM&FBOVESPA, 2012).

As câmaras de compensação são de suma importância nesse mercado para prover a liquidez necessária ao mercado e segurança nas operações (FABOZZI, 2000). No caso do mercado brasileiro este papel é desempenhado pela BM&F, a sua função como câmara de compensação, ou clearing house, é assumir a posição contrária para todas as operações do mercado (BM&FBOVESPA, 2012). Assim, o investidor não fica à mercê de outro investidor como contraparte para liquidar sua posição no momento que melhor lhe convir, sequer corre o risco do mesmo não liquidar sua ponta no vencimento.

Outros dois aspectos mitigadores de riscos neste tipo de operação são:

• Liquidação dos ajustes de rentabilidade de forma diária. Ou seja, o risco da contraparte liquidar ou não o rendimento no vencimento da operação acaba sendo diluído ao longo do tempo do contrato em créditos (lucro) ou débitos (prejuízo) diários, a depender do movimento do mercado (BM&FBOVESPA, 2012);

• Margem de garantia. Como no mercado de futuros as posições são tomadas sem desembolso financeiro, as câmaras de compensação exigem do investidor uma margem em ativos financeiros predefinidos, cuja característica são sua grande liquidez, buscando garantir que o investidor possua fundos para os ajustes diários. São aceitos como depósitos na conta margem, normalmente títulos públicos, ações, depósito em dinheiro ou outros ativos líquidos especificados pela clearing house (BM&FBOVESPA, 2012).

Além disso, as operações com mercado futuro de juros tem um aspecto contra intuitivo referente a natureza de sua operação, pois, como o objeto da negociação é denominador do

PU, quando se compra uma taxa de juros, assume-se uma posição vendida em PU, dado que o investidor está apostando na alta da taxa. O inverso também é válido para quem está apostando na queda dos juros (BM&FBOVESPA, 2012).

Segundo Fabozzi (2000), o mercado de juros futuros pode ser utilizado para especulação, através de um posicionamento neste mercado futuro sem deter ativo no mercado a vista, buscando obter retornos adicionais em sua carteira através do movimento das taxas de juros; proteção (hedge), quando utilizados os contratos de juros futuros para amenizar, ou eliminar a volatilidade de uma carteira de renda fixa perante as variações nas taxas de juros – tema a ser abordado mais à frente. Outra possibilidade, segundo a BM&FBOVESPA (2012), são os arbitradores de taxa, cujo buscam distorções de preço entre ativos de mesmas características para obtenção de lucros através de compras e vendas, até que a distorção desapareça.

Para se operar um no mercado de juros futuros é necessário uma garantia para a câmara de compensação, chamada de conta margem. A conta margem é essencial, pois é a partir dela que a câmara de compensação possa cobrir os riscos assumidos pelos participantes no mercado futuro, onde o valor da conta margem representa apenas um percentual do valor total do contrato futuro. (BM&FBOVESPA, 2012).

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