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CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 19 !

2.4 RISCO 32!

2.4.1 Tipos de Risco 33 !

No tópico acima foi visto que uma carteira de ativos está exposta a diversos riscos, os quais podem vir de diversos eventos. Para melhor entendimento dos fatores de risco que uma instituição financeira pode estar exposta, a literatura classifica os riscos em categorias, as quais podem variar de autor para autor. Fortuna (2005) identifica cinco categorias principais de riscos que devem ser monitoradas:

• Risco de Crédito; • Risco de Liquidez; • Risco Operacional; • Risco Legal; e • Risco de Mercado.

Segundo Fortuna (2005), o risco de crédito é aquele que representa a possibilidade da perda pelo não pagamento de algum tipo de dívida que qualquer contraparte tenha assumido com uma instituição financeira. Sob a perspectiva de uma instituição bancária, Crouhy, Galai e Mark (2004) afirmam que o risco de crédito é aquele qual uma mudança na qualidade do crédito de uma contraparte afetará no valor da posição de um banco, por exemplo.

O risco de liquidez surge da dificuldade de que, quando da necessidade de se movimentar recursos financeiros através da comercialização de um determinado ativo, a instituição financeira não consiga obter compradores potenciais no momento e no preço desejados. Entretanto, o risco de liquidez pode assumir outra forma, quando há a incapacidade de atender às necessidades de caixa (FORTUNA, 2005).

O risco operacional se refere a perdas potenciais resultantes de sistemas inadequados, falha na gerência, controles defeituosos, fraude e erro humano (CROUHY; GALAI; MARK, 2004). Pode ser visto como qualquer possibilidade de perda originada por falhas na estrutura organizacional da instituição financeira (FORTUNA, 2005). Atualmente a mensuração do risco operacional é qualitativa, mas já há esforços para a criação de medidas quantitativas e objetivas para esse tipo de risco (LIMA; LIMA; PIMENTEL, 2010).

O risco legal ocorre pelo descuido ou pela incompetência da instituição financeira em cumprir determinações legais ou regulamentares relacionadas as suas operações ativas ou passivas ou, então, pela quebra de regras contratuais e suas consequências (FORTUNA, 2005). Outro aspecto importante do risco legal é citado por Crouhy, Galai e Mark (2004), em que o impacto potencial de uma mudança na legislação tributária referente ao valor de mercado de uma posição pode causar grandes perdas.

Conforme conceitua Fortuna (2005), o risco de mercado é observado em qualquer mudança de valor nos ativos e passivos detidos por uma instituição financeira, que sejam vinculados a qualquer um dos preços componentes do mercado, podendo ser, como exemplo: taxas de juros, taxas de câmbio, cotações do mercado acionário no mercado de renda variável ou mercado imobiliário. Devido a isto, o risco de mercado também pode ser chamado de risco de preço. (FORTUNA, 2005).

O risco de mercado tem crescido de importância, a partir, basicamente, das seguintes motivações citadas por Fortuna (2005):

• O aumento do processo de securitização de ativos e, a consequente ampliação do uso das técnicas de marcação a mercado de títulos;

• A complexidade cada vez maior dos instrumentos financeiros negociados, notadamente os instrumentos derivativos;

• O aumento da volatilidade da taxa de câmbio com o fim do padrão dólar-ouro, potencializado, nos anos mais recentes, pela maior integração dos mercados financeiros e de capitais globais, e suas consequências na volatilidade da taxa de juros;

• A ampliação das atividades de comercialização de ativos das instituições financeiras neste ambiente de maior volatilidade e, suas consequências nos resultados destas instituições. (p. 726).

Das categorias de risco citadas por Fortuna (2005), seguramente a que possui maior impacto numa carteira de renda fixa, principalmente naquelas formadas por títulos do governo com elevada liquidez e com risco de crédito irrisória (sob a perspectiva nacional), é o risco de mercado, visto sua elevada exposição às taxas de juros.

2.4.1.1 Risco das taxas de juros

Uma carteira de renda fixa com posições em títulos prefixados, no caso de LTNs por exemplo, estão bastantes vulneráveis as variações das taxas de juros, um dos fatores que compõe o risco de mercado.

Observando concomitantemente o gráfico abaixo, onde estão demonstradas as evoluções de quatro vértices de juros futuros ao longo do ano de 2014 negociados na BM&FBovespa, e a fórmula de cálculo da LTN, apresentada na seção 2.1.1.1 deste trabalho, é possível constatar a afirmação do parágrafo anterior.

A cada movimento nas taxas de juros para cima, como pode-se notar nos meses de setembro, novembro e dezembro de 2014, os PUs dos títulos obtiveram forte queda. Já em movimentos de queda das taxas de juros, como no mês de outubro do mesmo ano, a evolução dos preços contribuiu positivamente no resultado das carteiras.

Gráfico 3 – Movimento das taxas de juros

Fonte: Elaboração com base no software ProfitChart RT.

O gráfico 3 corrobora com outra conclusão de Fortuna (2005), ao evidenciar a maior volatilidade que pontas mais longas das taxas de juros podem trazer a uma carteira de renda fixa, pois quanto mais distante for o futuro, maiores serão as incertezas do mercado na precificação dos valores futuros das taxas de juros do mercado (FORTUNA, 2005).

Para que se possa enxergar os conceitos acima, vejamos como se comportaram as rentabilidades das LTNs com vencimento em janeiro de 2016 e em janeiro de 2017.

Gráfico 4 – Impacto da variação das taxas de juros sobre a rentabilidade diária das LTNs

Fonte: ANBIMA (2015).

Veja que o movimento diário das taxas de juros pode trazer uma volatilidade indesejável a uma determinada carteira de renda fixa, sendo que por várias vezes a rentabilidade diária das LTNs analisadas foi negativa. Outro ponto foi a maior volatilidade que o vencimento em janeiro de 2017 apresentou diante do vencimento em janeiro de 2016, corroborando com a afirmação de Fortuna (2005) citada acima.

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