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4.5  F RUTAS BRASILEIRAS DE IMPORTÂNCIA SOCIOECONÔMICA REGIONAIS 75 

4.5.1   Mercado Interno 75

4.5.1.1

CASTANHA DE BARU

A- PRODUÇÃO E CONSUMO

A Castanha de Baru (Dipteryx alata), que foi descoberta há menos de 20 anos, ocorre no Cerrado brasileiro vem paulatinamente sendo mais bem estudada e mais divulgada.

O Baru é encontrado na região do Cerrado brasileiro, envolvendo o Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais.

A safra concentra-se em setembro e a castanha propriamente dita obtém-se por extrati- vismo sustentável, com plantios controlados para exploração comercial em maior escala. A Embrapa Cerrados já produz mudas selecionadas para garantir a qualidade do reflorestamen- to.

Apesar dessas iniciativas positivas, o baruzeiro é uma planta ameaçada pelo desmata- mento acelerado do Cerrado para extração de madeira, expansão de soja e de outras monocul- turas de grãos e formação de pastagens. A “descoberta” e valorização desta amêndoa poderá ser um fator importante para conter a devastação do bioma, que ocupa um quarto do território brasileiro conforme o zootecnista Luíz Carrazza.

Panorama da Cadeia Produtiva das Frutas 2012 76  Quanto à produção da baru “in natura”, cuja safra se dá entre os meses de setembro e outubro, não existem ainda informações da sua obtenção por extrativismo pelo IBGE e outras instituições. Porém, o levantamento do potencial comercial desta amêndoa deve ser instituído, pois sem dúvida a tendência de demanda a curto e médio prazo, pelo menos será crescente e com sustentação.

A castanha do baru, ou seja, a amêndoa é consumida torrada, sendo utilizada já para en- riquecimento de pães, biscoitos, acompanha aperitivos e ainda em doces, paçoquinhas, grano- las e barras de cereais.

Como produto derivado, o óleo extraído da amêndoa é semelhante ao óleo de oliva, com 81% de insaturação e rico em Omega 9. Processado adequadamente pode ser servido como óleo comestível.

A castanha de baru beneficiada e seus principais derivados constituem atualmente uma das principais linhas de produtos da Rede de Comercialização Solidária de Agricultores Famili- ares e Extrativistas do Cerrado (Empório do Cerrado).

B- FATORES DE EXPANSÃO DE CONSUMO

A diversificação de usos e aplicações, nem todas ainda estudadas, além do sabor das amêndoas torradas, por si só seriam fatores de expansão de consumo.

Mas é no âmbito da saúde e nutrição, que a amêndoa de baru vem sendo caracterizada como um excelente alimento, comprovado por recentes estudos realizados pela pesquisadora Miriam Bonilla, intitulado “Caracterização e estabilidade dos compostos bioativos em amêndoas de baru submetidas a processo de torrefação”, que comprova a eficiência do baru no combate e prevenção a processos inflamatórios e várias doenças.

Dentre várias constatações do referido estudo, podemos destacar:

• O baru tem alto potencial antioxidante e, como resultado, com poder para combater processos inflamatórios e doenças crônicas e degenerativas como câncer, hiperten- são, diabetes, artrite e enfermidades cardiovasculares;

• A partir da análise de compostos bioativos em amêndoas de baru, ficou comprovado a eficiência dos fitoquímicos presentes nas amêndoas no controle dos radicais livres - principais responsáveis por inúmeras enfermidades;

• Os óleos da amêndoa do baru são mais ricos em ômega 3, 6 e 9, com 81% de ácidos graxos insaturados que os próprios peixes, tão recomendados em dietas saudáveis; Os resultados acima relatados colocam o baru nos níveis de benefícios a saúde e nutri- ção, das demais nozes e castanhas hoje comercializadas em larga escala.

C- COMERCIALIZAÇÃO

Para a comercialização do baru (fruto) atualmente o governo brasileiro dentro da sua Po- lítica de Preços Mínimos, estabelece o valor de R$ 0,20 em Goiás e Minas Gerais, a ser pago aos extrativistas.

O quadro a seguir, apresenta a série de preços recebidos pelos extrativistas, no período de março de 2012 a março de 2013.

Panorama da Cadeia Produtiva das Frutas 2012 77 

Figura 44 – Preços Pagos aos Extrativistas

Fonte: Conab - Conjuntura Mensal, março de 2013.

Durante este período, os preços recebidos pelos extrativistas dos Estados considerados, estiveram acima do preço mínimo fixado pelo governo.

D- IMPORTÂNCIA SOCIOECONÔMICA

O baru, atualmente proveniente do extrativismo no Cerrado, é considerado uma alternati- va de renda para os agricultores e comunidades rurais nesta região. As castanhas, principal- mente beneficiadas e torradas aos poucos ganham mercado, e seu consumo vem crescendo devido suas características sensoriais próprias e valor nutricional.

Portanto, divulgar e aprimorar o sistema produtivo do baru, sem dúvida deverá contribuir em muito para a manutenção do bioma Cerrado, e é uma alternativa viável para geração de renda a população rural desta grande área do território brasileiro.

E- TROCAS INTERNACIONAIS

É uma castanha alimentícia nova, produzida no Brasil e de comercialização recente, mas não existem registros de exportações representativas ainda.

4.5.1.2 MANGABA

A- OCORRÊNCIA

A mangabeira (Hancornia speciosa Gomes) é uma planta de clima tropical, que atinge de 5 a 10 metros de altura. É nativa do Brasil, encontrada crescendo espontaneamente em várias regiões do país, desde os Tabuleiros, Costeiros e Baixadas Litorâneas do Nordeste, onde ocor-

Panorama da Cadeia Produtiva das Frutas 2012 78  re em maior volume, até as áreas de Cerrado da Região Centro-Oeste; verifica-se ainda sua ocorrência nas regiões Norte e Sudeste.

B- PRODUÇÃO E CONSUMO

A coleta da mangaba concentra-se entre dezembro e março (mangaba de botão), e de abril a junho ( mangaba flor) em Sergipe. Em Minas Gerais de novembro a dezembro.

Na Tabela 66, apresentamos os principais Estados produtores, segundo os dados mais recentes do IBGE de 2012.

Segundo o IBGE, a coleta registrada em 2011 foi de 680 toneladas, e nos últimos 6 anos (2006/2011), foi constatado uma retração da produção .

Tabela 66 – Principais Estados Produtores de Mangaba em 2011

Estado Produção (toneladas) Participação (%)

Sergipe 351 51,6

Bahia 128 18,8

Paraíba 79 11,6

Rio Grande do Norte 85 12,5

Alagoas 34 5,0

Maranhão 1,2 0,18

Minas Gerais 1,5 0,22

Outros 1,3 0,20

Total 680 100

Fonte: Elaboração IBRAF, dados do IBGE 2013.

O Estado de Sergipe continua sendo o maior produtor de mangaba, com 51,6% do total produzido em 2011.

Os dados de produção como apresentados, são contestados pela Embrapa, que estima que somente em Sergipe (o maior produtor) sua produção está por volta de 2.500 t./ano em média.

C- COMERCIALIZAÇÃO

A comercialização da mangaba atualmente está incluída dentro da sua Política de Preços Mínimos. Em 2012, os preços mínimos estão abaixo apresentados para os principais Estados comercializadores.

Tabela 67 – Preços Mínimos - 2012

Estado Preço Mínimo

Janeiro/Julho Agosto/Dezembro

Sergipe (SE) R$ 1,63/kg R$ 1,51/kg Bahia (BA) R$ 1,63/kg R$ 1,51/kg

Panorama da Cadeia Produtiva das Frutas 2012 79  Minas Gerais (MG) R$ 0,95/kg R$ 0,92/kg

Fonte: Elaboração IBRAF, com dados da CONAB 2012.

Quanto aos preços alcançados pelos extrativistas, tivemos em 2012 variações de R$ 0,50/kg a R$ 2,93/kg, conforme a região e apresentado na Figura 45 abaixo.

Figura 45 – Preços Pagos aos Extrativistas em 2012 (Média do Mercado)

0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL

Minas Gerais Bahia Sergipe

Observa-se que em 2012, o preço alcançado pelos extrativistas em Minas Gerais, foi infe- rior ao preço mínimo estipulado, enquanto que nos demais Estados, os preços foram superio- res ao mínimo, indicando uma demanda maior do que a oferta.

Atualmente a mangaba e a polpa de mangaba estão incluídas também no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) nas regiões produtoras.

Com as ações do PGPM-Bio e do PAA, os produtores da agricultura familiar atualmente têm, a garantia de que se o preço de comercialização estiver baixo do mínimo estabelecido pelo governo, receberão um bônus como compensação desde que comprovem a venda.

Em 2012, dependendo do Estado e Município, os preços obtidos através do PAA para a mangaba fruta, variou entre R$ 0,50/kg e R$ 2,93/kg respectivamente.

Atualmente, o volume de frutos que chega ao mercado é menor do que a procura.

A comercialização já ocorre nos supermercados, pré-embaladas em bandejas plásticas de 500 g normalmente.

D- IMPORTÂNCIA SOCIOECONÔMICA

O extrativismo é a principal forma de exploração da mangaba. Na região nordeste, inú- meras famílias têm na colheita e comercialização da mangaba uma importante ocupação e fonte de renda. Atualmente, segundo a Conab, a organização social no setor de coleta da mangaba, ainda é muito incipiente e 99% dos extrativistas são mulheres, e destas, a maioria é negra.

A coleta da Mangaba é a base de sustento de mais de 5 mil famílias em situação de vul- nerabilidade social, só no litoral sergipano. Devido à crescente dificuldade de acesso às man-

Panorama da Cadeia Produtiva das Frutas 2012 80  gabeiras e em decorrência da expansão imobiliária e das fronteiras agrícolas, o fruto está cada vez mais escasso. Outro problema enfrentado pelas catadoras é a dificuldade de comercializa- ção do produto.

Com o avanço da cultura canavieira na região Nordeste, a devastação de áreas para im- plantação de coqueirais e principalmente a instalação de loteamentos imobiliários (Barra dos Coqueiros/SE), a conservação da espécie começa a ser ameaçada. Isso preocupa ecologistas e milhares de famílias que sobrevivem exclusivamente da coleta da mangaba. Para garantir o uso da terra por um longo período, é necessária uma política governamental visando explora- ção racional, econômica e sustentável da mangaba, e a conservação deste patrimônio da bio- diversidade do Nordeste.

4.5.1.3 PEQUI

A- OCORRÊNCIA

O Pequi (Caryocar brasiliense) é uma fruta nativa do Cerrado, conhecida popularmente como “piqui”. O pequizeiro floresce de agosto a novembro, iniciando a maturação dos frutos em meados de novembro até início de fevereiro.

B- PRODUÇÃO E CONSUMO

a) Produção

Pelos dados disponíveis do IBGE, a colheita do pequi foi de 21,8% superior ao obtido em 2010, atingindo 7.047 toneladas (expresso em amêndoas).

Figura 46 – Estimativas de Produção do Pequi 2011 Versus 2010 - (Toneladas de Frutos)

5.786 7.047 0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000 7.000 8.000 2010 2011* Variação: 21,8%

Fonte: Elaboração IBRAF, com dados do IBGE.

Panorama da Cadeia Produtiva das Frutas 2012 81  Por outro lado, em 2011 segundo a mesma fonte de informações, o Ceará foi o maior produtor de pequi (expresso em amêndoas ) seguido de Minas Gerais.

Figura 47 – Participação, Produção de Pequi - Em Amêndoas

Ceará  60,7% Minas Gerais  25,1% Outros  14,2% Fonte: IBGE 2013.

Apesar da popularidade do pequi ser mais intensa em Goiás, segundo o IBGE a ocorrên- cia desta espécie e sua coleta ocorrem em outras regiões do Cerrado.

b) Consumo

O consumo do pequi como fruto é tipicamente regional da região do Cerrado. Seu uso mais difundido é o aproveitamento do caroço para alimentação, utilizado na culinária regional como o tradicional “arroz com pequi”. Contudo, do fruto originam-se uma série de produtos co- mo polpa, licor, óleo, farinha e outros. Nas regiões de produção o maior consumo é da polpa ,parte mais saborosa que envolve as amêndoas e que representa cerca de 7% da fruta. A pol- pa, além de vários nutrientes necessários ao nosso organismo, contém alto teor de pró Vitami- na “A”.

C- COMERCIALIZAÇÃO

O pequi é contemplado pela Política de Preços Mínimos do Governo Federal, variando conforme o Estado.

Tabela 68 – Preços Mínimos 2012

Região Valor (R$/Kg) Janeiro/Junho Julho/Dezembro Ceará (CE) R$ 0,23/kg R$ 0,36/kg Goiás (GO) R$ 037/kg R$ 0,40/kg Minas Gerais (MG) R$ 0,37/kg R$ 0,40/kg Tocantins (TO) R$ 0,23/kg R$ 0,36/kg

Panorama da Cadeia Produtiva das Frutas 2012 82 

Fonte: Elaboração IBRAF, com dados IBGE 2013.

A Figura 48, apresenta para as principais regiões produtoras a variação dos preços pa- gos pelos extrativistas de pequi em 2012.

Figura 48 – Preços Pagos (R$/KG) Período (2012)

Nov  Out  Set  Ag  Jul  Jun Maio  Abr  Mar Ceará (CE)  0,62 0,62 0,62 0,62 0,62 0,62 0,63 0,63 0,41 Goiás (GO)  0,61 0,61 0,61 0,62 0,61 0,61 0,61 Minas Gerais  0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 Tocantins (TO)  0,40 0,41 0,30 0,34 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70

Ceará (CE)  Goiás (GO)  Minas Gerais  Tocantins (TO)  Fonte: Conab

A comercialização do pequi como fruta nas Centrais de Abastecimentos (Ceasas) mos- trou que na região de maior tradição de consumo do pequi (Goiás), foi comercializado 800 to- neladas em 2012, equivalente a R$ 375.000,00, ou seja, um preço médio de R$ 0,47/kg do produto.

Em relação ao óleo de pequi, a Figura 49 apresenta os preços recebidos pelos extrativis- tas de março de 2012 a março de 2013 no Ceará.

Figura 49 – Preços Recebidos pelos Extrativistas – Oleo de Pequi - Pará

Panorama da Cadeia Produtiva das Frutas 2012 83  No período considerado, o menor preço recebido foi de R$ 32,50/litro em março de 2012, e o maior R$ 38,33 /litro, tendo esse preço se mantido desde maio de 2012.

a) Produtos Derivados de Pequi Comercializados

A Figura 50 abaixo, de forma esquemática, apresenta a grande diversidade de produtos agroindustrializados do pequi, disponíveis no mercado.

Figura 50 – Derivados Alimentícios do Pequi

Caroço do Pequi

Caroço em Conserva

Caroço

Congelado Despolpamento

Polpa de Pequi Amêndoas

Amêndoas Torradas Polpa em Conserva Polpa Desidratada Polpa Congelada

Nota: da infusão do caroço de pequi “in natura”, após infusão em álcool, produz-se o co- nhecido licor de pequi bastante popular e de valor agregado.

D- IMPORTÂNCIA SOCIOECONÔMICA

Por ser uma cultura extrativista, ocupa e mobiliza um grande contingente de pessoas, sendo fonte de renda e emprego de inúmeras famílias rurais, como fonte de renda e emprego importante para as pessoas que vivem da colheita, processamento e comercialização do pequi, pelo menos durante os quatro meses da safra deste fruto.

O pequizeiro também pode ser uma das opções em Sistemas Agroflorestais de Base A- grícola, pois pode render lucros com a venda de frutas nativas e outros produtos de valor agre- gado.

Em Minas Gerais, a exploração do pequi passou a ser apoiada pelo Programa Mineiro de Incentivo ao Cultivo, à Extração, ao Consumo, à Comercialização e à Transformação do Pequi e Demais Frutos e Produtos Nativos do Cerrado (Pró-Pequi), ação do Governo mineiro, que visa desenvolver a cadeia extrativista de forma sustentável.

Por outro lado, pesquisas que já estão em curso buscam a eliminação dos espinhos da polpa por mutação, transgenia ou mesmo por outras intervenções na genética desta fruta. O sucesso destas pesquisas, sem dúvida colocará o pequi no patamar das frutas funcionais e mesmo passíveis de serem cultivadas sistematizadamente.

Panorama da Cadeia Produtiva das Frutas 2012 84 

4.5.1.4 UMBU

A- OCORRÊNCIA

O umbuzeiro (Spondias tuberosa, L.) é originário dos Chapadões semi-áridos do Nordes- te brasileiro, nas regiões do Agreste (Piauí), Cariris (Paraíba), Caatinga (Pernambuco e Bahia). É atualmente encontrado vegetando desde o Piauí ate a Bahia e o Norte de Minas Gerais. O umbu é ainda considerado produto vegetal de extração (não cultivado), coletado em árvores que crescem espontaneamente. A sua safra é pequena, vai de janeiro a abril.

B- PRODUÇÃO E CONSUMO

a) Produção

Os dados consolidados mais recentes do IBGE indicam uma produção do umbu em 2011 de 9.323 toneladas, correspondendo a um valor bruto de produção de R$ 7,6 milhões.

De todo umbu produzido em 2011 no Brasil, 97% foram colhidos no Nordeste, sendo o Estado da Bahia responsável por 87,5%.

Tabela 69 – Produção de Umbu em 2011 versus 2010. - Toneladas

2011

2010

Brasil 9.323

9.804

Bahia 8.165

8.624

Minas 222

264

Rio Grande do Norte

174

167

Pernambuco 448

441

Paraíba 118

111

Piauí 98

92

Alagoas 43

46

Outros 55

59

Fonte: IBGE, 2013.

Observou-se em 2012 o que já vem ocorrendo há alguns anos, uma demanda desta fruta para a produção de polpa, tanto para a comercialização interna como para exportação. Contu- do, não dispomos até o momento de números exatos de produção destes derivados.

Apesar de ainda ser uma fruta proveniente do extrativismo, desde 2007 a Embrapa já fornece mudas certificadas para o desenvolvimento do cultivo de sequeiro do umbu.

Panorama da Cadeia Produtiva das Frutas 2012 85 

b) Consumo

O umbu é consumido ao natural, ou sob a forma de sucos, refrescos, geléias, sorvetes, misturado a bebidas (em blends) ou misturado com leite, para a produção da famosa umbuza- da.

A polpa do fruto tem uma demanda crescente para a elaboração de muitos produtos, e pela sua praticidade e disponibilidade o ano todo.

C- COMERCIALIZAÇÃO

Normalmente, o umbu colhido é vendido em parte informalmente, mas principalmente em feiras livres das cidades do Nordeste, assim como também para as agroindústrias de benefici- amento de polpas.

Abaixo apresentamos o preço pago aos extrativistas no Estado da Bahia, no período forte da safra.

Tabela 70 – Preço Pago ao Extrativista no Estado da Bahia - R$/Kg (2012/2011)

Ano Meses da Safra

Janeiro Fevereiro Março

2011 0,27 0,26 0,30

2012 0,50 0,25 0,30

Fonte: CONAB - Conjunturas Mensais.

O umbu está incluído na Política de Preços Mínimos do Governo, que em 2012 foi esta- belecido em R$ 0,40/Kg para os estado da Bahia e de Minas Gerais.

Devido à seca de 2012 houve uma escassez dos frutos e, portanto a coleta dos frutos foi inferior ao esperado. Os preços subiram, e na média no atacado a caixa com 20 kg foi vendida a R$ 35,00, ou seja, um aumento de 52% em relação a 2011.

a) Comercialização da Polpa de Umbu

Dentre os derivados do umbu, a polpa desta fruta vem ganhando espaço. É a segunda polpa mais vendida no Nordeste e já está sendo exportada como matéria-prima para utilização da indústria de alimento e bebidas.

Apesar de não serem disponíveis dados quantitativos exatos da comercialização e con- sumo da polpa de umbu, cerca de 80% é comercializada no Brasil para o mercado institucional e 18% comercializada em embalagens porcionadas (100 g) para o varejo e consumo final.

Em termos de preço, em 2012 a polpa de umbu integral pronta para o consumo foi co- mercializada entre R$ 9,00 a R$ 11,00/kg, dependendo das condições de fornecimento e volu- mes comprados. Os presentes preços referem-se à praça de São Paulo, que é o centro de maior demanda para polpas de frutas.

Já no Nordeste, a média de preços da polpa de umbu congelada em embalagens de 100 g, variou entre 5,00 kg a R$, 40/kg.

Panorama da Cadeia Produtiva das Frutas 2012 86 

D- IMPORTÂNCIA SOCIOECONÔMICA

Na época da safra de janeiro a abril, os pequenos agricultores familiares aproveitam a disponibilidade do umbu para exploração em forma de extrativismo, que representa uma renda na entressafra de outras culturas tradicionais. Inclusive em muitas regiões, no período da co- lheita, o umbu tem se tornado a principal atividade econômica.

Na verdade, o umbu tem oferecido uma grande oportunidade para as famílias do sertão, que além de renda oferece um alimento de excelente qualidade para a população rural e urba- na, já que em boa parte do Nordeste é vendido como fruta ou como polpa, até na beira das estradas.

Na região de Juazeiro, há uma expectativa em relação ao crescimento na economia das famílias, que vêm trabalhando o beneficiamento do umbu. Os produtos bem trabalhados adqui- rem maior valor comercial, oferecendo às famílias uma renda como já dissemos maior. Existem grandes oportunidades de vender este fruto “in natura” e ou como polpa, principalmente para serem utilizados na merenda escolar e também para os supermercados.

O desenvolvimento do cultivo em sequeiro do umbuzeiro, sem dúvida dará um avanço à economia do agreste e sertão brasileiro sem dúvida, pois o umbu é uma fruta de aproveitamen- to bem diversificada, e como alimento rico em importantes nutrientes.

4.5.1.5 PINHÃO

A- OCORRÊNCIA

O pinhão é a semente comestível da Araucaria (Araucaria angustifolia), pinheiro típico do Sul da América do Sul. O pinheiro do Paraná como também é chamado, é encontrado natural- mente nos estados do Sul e Sudeste do Brasil, entre altitudes de 500 a 23.000 m normalmente.

B- PRODUÇÃO E CONSUMO

a) Produção

O pinhão é obtido por extrativismo, com produção concentrada nos estados do Paraná e Santa Catarina.

Os dados disponíveis do IBGE, indicam uma produção em 2011 de 8.032 toneladas, cor- respondendo a um valor bruto junto ao produtor de R$10,9 milhões.

Panorama da Cadeia Produtiva das Frutas 2012 87 

Figura 51 – Evolução da Produção 2012/2011 - Toneladas

5.715 8.032 0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000 7.000 8.000 9.000 2011 2012 Variação: 40,5%

Fonte: Elaboração IBRAF, com dados IBGE 2013.

A evolução da produção não significa expansão mas é oriunda de problemas de safras ou de alternâncias de produção desta planta.

A Figura 52 que se segue, apresenta a produção do pinhão por Estado.

Figura 52 – Participação na Produção de Pinhão

Paraná  57,0% Santa Catarina 

18,4% Outros 

24,6%

Fonte: Elaboração IBRAF, com dados IBGE 2013.

b) Consumo

O pinhão pode ser cozido ou assado, e depois de descascado, é consumido como aperi- tivo. Em Santa Catarina é talvez a comida mais típica do estado, sendo destaque em alguns pratos como a paçoca de pinhão, e o entrevero. No Paraná são feitos doces e entra em várias receitas de pratos regionais. Em São Paulo é consumido cozido, sendo uma iguaria típica dos meses de frio e presente obrigatoriamente nas festas junina.

Panorama da Cadeia Produtiva das Frutas 2012 88  Praticamente, todo o pinhão produzido é consumido internamente das várias formas no Brasil.

C- COMERCIALIZAÇÃO

O pinhão pela sua popularidade é comercializado na maior parte das Centrais de Abaste- cimento (Ceasas) do Sul e Sudeste.

Tabela 71 – Comercialização em Ceasas Representativos

Unidade

2011 2012 Variação 2012/2011 Volume Valor Médio kg Preço Volume Valor Médio kg Preço Volume Valor Médio kg Preço Toneladas (R$) na moeda Toneladas (R$) na moeda (%) (%) (%)

Porto Alegre ND ND ND 349,40 906.950,92 2,60 ND ND ND Curitiba 880,90 1.464.949,00 1,66 498,10 936.825,60 1,88 -43,5 -36,1 13,3 São Paulo 1.010,20 1.415.357,60 1,40 1.003,70 1.454.989,00 1,45 -0,6 2,8 3,6 Campinas 50,50 87.657,10 1,74 46,20 101.876,89 2,12 -8,5 16,2 21,8 Rio de Janeiro 10,70 10.064,00 0,94 ND ND ND ND ND ND Belo Horizonte 7,20 9.061,00 1,27 ND 5.329,00 2,07 ND -41,2 63,0 Total 1.959,50 2.987.088,70 7,01 1.897,40 3.405.971,41 10,12 -3,2 14,0 44,4

Fonte: Elaboração IBRAF, com dados Prohort 2013.

Verifica-se que em 2012, de uma forma geral, o volume comercializado foi inferior ao de 2011, mas os preços médios por outro lado, foram superiores. Torna-se claro que as condições de oferta e procura direcionaram o preço do produto ofertado em todas as praças considera- das.

D- IMPORTÂNCIA SOCIOECONÔMICA REGIONAL

A importância socioeconômica regional do pinhão para as zonas rurais do Paraná e San- ta Catarina, sobretudo para as comunidades mais carentes, é muito grande, pois representa uma fatia bastante expressiva de emprego e renda, com benefícios reais à qualidade de vida de um grande contingente de pessoas, tanto na coleta como na comercialização. A exploração do pinhão está e deve ser fortemente apoiada institucionalmente, pois é um fator fundamental

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