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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.2. MERCADO

O mercado do carvão vegetal no Brasil é influenciado por alguns setores da economia, dentre esses se elenca o setor siderúrgico. Pode-se, portanto, afirmar que uma crise no setor siderúrgico afeta o consumo do carvão vegetal no Brasil. Assim como, um

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aumento da produção de ferro provocado por preços favoráveis no mercado internacional influência no consumo e demanda de carvão vegetal no país. Esse problema de natureza não tecnológica é um fator crítico na cadeia produtiva do carvão no Brasil.

Para o entendimento da produção e consumo do carvão é imprescindível ao estudo do carvão vegetal o vínculo com o parque siderúrgico no Brasil, pois grande parte do abastecimento das empresas siderúrgicas vem dele. Ressalta-se que um dos principais fatores que influenciam no mercado do carvão é o preço do ferro gusa, já que o acompanha (VITAL; PINTO, 2011). O preço do ferro-gusa exerce influência direta sobre o carvão vegetal, podendo ela ser positiva, maior produção de carvão, ou negativa, menor produção de carvão.

O carvão vegetal tem pouca participação nas exportações brasileiras. Entretanto, o ramo da siderurgia, maior consumidor de carvão vegetal no país, apresenta valores expressivos de exportação de ferro gusa (ABRAF, 2010), o que eleva a contribuição e importância dessa matéria-prima na economia brasileira.

O estudo e análise da produção de carvão vegetal em níveis regionais e nacional são importantes para detectar as necessidades, demandas e investimentos em reposição florestal. Nas regiões onde há atividade e dependência, em relação à produção de carvão vegetal, essas análises são necessárias para definir políticas públicas, ligadas à cadeia produtiva.Os Balanços Energéticos Nacionais são fundamentais para o planejamento energético do país, que necessitam de dados e de métodos e análises confiáveis, pois compromissos internacionais, ou até mesmo a oferta para consumo interno, podem ser questionados (UHLIG, 2008).

Em relação à avaliação dessa atividade em alguns municípios, existem alguns estudos que mostram determinadas aspirações. Dentre esses pode se citar, Meire et al. (2005) que ao estudar a produção de carvão vegetal no município de Pedra Bela no Estado de São Paulo, concluíram haver precisão do fortalecimento institucional de ações ligadas à atividade e que a madeira de eucalipto estava em falta, o que poderia comprometer a atividade de carvão vegetal na Região, afetando os pequenos, médios e grandes produtores da matéria prima.

No diagnóstico realizado por Uhlig (2008) ao pesquisar o uso de carvão vegetal no Brasil, identificaram-se problemas suscetíveis de oferta que devem ser estudados, para não comprometer a disponibilidade em forma sustentável. Segundo esse autor as regiões mais críticas no que se refere à produção de madeira para fins energéticos são os estados do Mato Grosso do Sul, Bahia e Minas Gerais. Esse balanço foi resultado da diferença entre

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produção e oferta de madeira em nível municipal, pois corresponde à menor unidade espacial com informação disponível para o Brasil.

Estudo realizado por Vital e Pinto (2011) mostrou que as regiões produtoras de carvão enfrentam problemas na demanda de madeira oriunda de floresta plantada. O que pode favorecer o desmatamento e a degradação de diferentes biomas brasileiros, em destaque: a Floresta Amazônica (extrativismo ao redor do polo de Carajás); Mata Atlântica (norte do Espírito Santo e Sul da Bahia); Pampa (Rio Grande do Sul); Pantanal, e do Cerrado, em Minas Gerais, que se encontra em alto potencial de devastação.

A baixa produção de carvão vegetal oriundo de floresta plantada e a aquisição e uso de carvão proveniente de mata nativa são fatores críticos na cadeia produtiva do carvão vegetal no Brasil.

Tal fator pode ser justificado pelo crescimento do consumo de carvão vegetal no Brasil no período de 2001 a 2008, apresentou o valor 36,4%, e cabe ressaltar que esse incremento foi sustentado pela produção de origem nativa, enquanto o consumo de floresta plantada permaneceu constante. A produção do carvão proveniente de mata nativa quase dobrou (96,3%) e como seu custo é menor fica justificado o aumento referido (REZENDE; SANTOS, 2010).

Estudo realizado por Gomes (2006) mostrou que 88% das siderúrgicas produtoras de ferro-gusa de Minas Gerais dependiam do mercado para abastecimento de carvão vegetal. O estado tem o segmento de produção de mais importante dentro do complexo agroindustrial de florestas plantadas. Os números refletem ações conjuntas e coordenadas de agentes públicos e privados para a ampliação das plantações florestais, evitando-se o apagão florestal (PAES; ALVARENGA, 2011).

A instabilidade pelo setor de floresta plantada reforça a obtenção de alta eficiência produtiva, a fim de aumentar a produtividade para o abastecimento da siderurgia. De acordo com esse dado, é necessário uma política para aumentar a produção de carvão e auto suprimento das empresas. Nesse contexto, da falta de planejamento e suprimento de carvão vegetal, pelas siderúrgicas é fator crítico na cadeia do carvão, pois essa situação gera instabilidade na quantidade de carvão consumida e afeta diretamente a demanda e preço do carvão vegetal no mercado.

Dentre as políticas elaboradas para ampliação de florestas plantadas tem-se a utilização de parcerias entre empresas e produtores e incentivos governamentais, por meio de linhas de créditos específicos para plantios de eucalipto.

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Um dos fatores limitantes na cadeia do carvão é a falta de incentivo ao fomento florestal por empresas verticalizadas e independentes de produção de carvão. Assim, o fomento poderá aumentar a produção de floresta energética para suprir a demanda das empresas consumidoras de carvão e diminuir os custos de implantação para pequenos produtores, bem como diminuir os custos com transporte de madeira ou carvão para consumo.

O aumento da competitividade e desempenho ambiental das empresas do setor de ferro-gusa pode ser realizado por meio de parcerias e processos de verticalização ao longo da cadeia produtiva. É necessário a análise do aspecto do ambiente que, de acordo com a especificidade de local, é relevante na redução de custos logísticos no acesso a matérias- primas - minério de ferro e carvão vegetal – ( LOFTI, 2010),

Segundo Fontes et al. (2005), a quantidade de produtores e fornecedores do insumo, aliado às condições climáticas, pressões ecológicas, legislação, conjunturas interna e externa e a concorrência do carvão mineral importado, eleva a incerteza para os agentes dessa cadeia agroindustrial. Atribuindo aos grandes consumidores e as siderúrgicas a se auto abastecerem.

Ao analisar o complexo agroindustrial de floresta plantada em Minas Gerais, verificou-se a existência de organizações vinculadas às grandes corporações, produtoras e consumidoras de carvão vegetal que atuam oferecendo suportes tecnológicos de informação e representação setorial. Todavia, os produtores independentes e fomentados não agem de forma organizada. Consequentemente sua competitividade no mercado fica comprometida ante os oligopólios formados pelas empresas consumidoras de carvão (PAES; ALVARENGA, 2011).

Em relação ao mercado, preços, pode-se afirmar que são integrados espacialmente via preços. Como exemplo pode-se citar o mercado de carvão nas regiões de Belo Horizonte, Sete Lagoas, Divinópolis, e Vertentes, ou seja, uma mudança de oferta ou demanda em um desses mercados afeta os preços de carvão vegetal nos demais mercados (FONTES et al., 2005). Entre 2002 e 2006, os preços reais do metro de carvão nas quatro regiões tiveram comportamento semelhantes (GOMES, 2006).

O preço também é influenciado pelo mercado nacional e, principalmente, o internacional. Verifica-se na Figura 14 que o preço do carvão apresentou oscilações no início do ano de 2012, decorrente da crise siderúrgica. O motivo foi à queda de exportação do ferro gusa, em função da crise que ocorreu nos EUA no mesmo período.

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Figura 14: Preço médio do carvão vegetal de Sete Lagoas no ano de 2012.

Fonte: Adaptado SIF (2012).