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4.5 Mudança do Padrão Tecnológico

4.5.2 Mercados de Energias

Figura 11 – Capa da Edição 17 da Revista Idea

Socioambiental

Fonte: Revista Ideia Socioambiental

(edição17, 2009)

A capa da edição nº 17 da Revista Ideia Socioambiental leva uma fotomontagem elaborada por Bunsen Bookwom. Uma ilustração gráfica que tem a estética semelhante à pintura, o que podemos classificar como picture stories (SOUSA, 2004). O foco da capa é o conjunto formado pela composição da substância verde derramada no objeto (lâmpada), uma imagem também classificada como sintaxe, conforme o fotojornalismo. Figura em posição equilibrada, sem assimetrias, e com efeito dinâmico. No fundo, um plano que se relaciona com o objeto, um contraste da iluminação que projeta luz a partir do canto inferior esquerdo, diminuindo a luminosidade em direção ao canto superior esquerdo da capa e formando uma sombra. A ideia é que a energia do futuro virá de fontes ecológicas. Desta capa já podemos ter a ideia do tipo de pensamento que permeia os mercados de energias, a corrida por fontes de “verde”.

No desenvolvimento de alternativas “limpas”, nos últimos dez anos, a energia eólica cresce quinze vezes em todo o mundo:

(...) Os países mais avançados na área são os Estados Unidos (21%), a Alemanha (20%), a Espanha (14%) e agora a China, que chegou ao quarto lugar (10%) depois de duplicar sua capacidade na área entre 2007 e 2008 (IDEIA, ed. 17, 2009a, p. 11).

Segundo a matéria ”Chineses investem em energia eólica” (IDEIA, ed. 17, 2009a), o governo Chinês também corre para construir mais seis parques eólicos com capacidade de 10 mil MW a 20 mil MW cada um. A China conta com a demanda interna para consumir a produção desta energia, principalmente pelo setor industrial, e assim impulsionar ainda mais sua economia.

No Relatório Fatos e Tendências para 2050 - Energia e Mudanças Climáticas (WBCSD), apresentado na reportagem “O Caminho até 2050”, indica que a humanidade vai demandar mais consumo de energia, para combater a pobreza e melhorar a qualidade de vida dos países em desenvolvimento. Na mesma edição da Revista Ideia Socioambiental, a matéria “(R)evolução energética”, seção Pérolas Finais, apresenta dados do relatório produzido pelo Greenpeace e pelo Conselho Europeu de Eficiência Energética (EREC). De acordo com as conclusões deste documento, é urgente a necessidade de redução do consumo de energia, porque o aquecimento global é um fato e teremos menos tempo para resolver este problema. O que é reafirmado pelos estudos realizados pelo IPCC (Painel Internacional sobre mudanças climáticas). Portanto, será necessário a adoção de uma matriz energética “sustentável” para reverter o processo de alteração do clima, o que é possível tanto tecnicamente como economicamente, mas é preciso vontade política dos governantes em implementar medidas de eficiência energética em larga escala para promover a mudança. A demanda mundial por energia pode ser reduzida em até 47% até 2050. Conforme o documento, a adoção de energias renováveis pode suprir em 35% a demanda até 2030. De acordo com os relatórios, a solução é usar adequadamente a energia sem comprometer o meio ambiente, com destaque à utilização racional da energia e diminuição das emissões de carbono no prazo de 40 anos (IDEIA, ed. 17, 2009a).

No texto “Energia para mover o mundo sem destruir o planeta”, a jornalista Juliana Lopes afirma que vivemos num momento de progresso que impõe a geração de maior quantidade de energia, mas com exigências de menores impactos socioambientais. Se levarmos em consideração que a única fonte de energia utilizada após o carvão foi o petróleo, durante a revolução industrial, percebemos que poucos avanços foram feitos para reverter o problema energético. Neste sentido, a jornalista apresenta dados do relatório Brasil Sustentável, da Ernst&Young, que apontam para o aumento da demanda de energia em 2,6% ao ano, até 2030. Países como a China, que consome 4,9% de energia ao ano, e a

Índia, com 3,8% ao ano, deverão rever seu desenvolvimento econômico. A solução ainda fica mais difícil em âmbito internacional. Segunda a reportagem, as maiores reservas existentes de petróleo encontram-se nos países onde existe instabilidade política dos regimes, como conflitos religiosos, riscos a mercê dos quais muitos países não podem ficar. Além disso, os custos de investimento para sanar a demanda energética podem ultrapassar a quantia de US$ 20 trilhões até o ano de 2030 (dados da pesquisa Brasil Sustentável). Portanto, a diversificação dos recursos energéticos para garantir abastecimento de energia parece ser a proposta mais viável. Adriano Pires (diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura - CBIE), fala das escolhas por fontes de energias, mas que não se darão de forma aleatória, todas as decisões sobre qual tipo de energia que utilizaremos no futuro deverão se basear em vantagens comparativas de diversas regiões do mundo, assim é possível elaborar melhores estratégias de segurança energética no cenário geopolítico (IDEIA, ed. 17, 2009a).

No desenvolvimento de alternativas “limpas”, quem lidera no ranking é a energia produzida pelos ventos, que recebeu em média US$ 51,8 bilhões de investimentos em todo o mundo (fonte: relatório Tendências Globais de investimento em Energias Sustentáveis, produzido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente):

(...) Mesmo correspondendo a um crescimento de apenas 1%, quando comparado a 2007, esse aporte confirma a posição eólica como a mais madura e melhor estabilizada entre as alternativas sustentáveis no mundo. O maior salto de investimento, no entanto, se deu em relação à energia solar (49%), que recebeu US$ 33,5 bilhões. Já o setor de biocombustíveis sofreu uma queda de 9% em relação ao ano passado, registrando US$ 16,9 bilhões em recursos. Juntos, esses três setores lideram o conjunto de energias sustentáveis, somando 86% dos novos investimentos dedicados à área (IDEIA, ed. 17, 2009a, p. 24).

A imagem abaixo fornece a ideia da dimensão das ambições dentro do mercado de energia eólica:

Figura 12 - Siemens Wind Power. Horns Ver 2 é o parque eólico localizado na Dinamarca Fonte: Revista Brasil Sustentável (edição 26, 2009, p. 8-9).

A fotografia de Bobstrong nos dá a ideia da dimensão do tamanho dos projetos audaciosos que visam uma economia “sustentável”. Os moinhos de vento não seriam tão espantosos se não fosse sua localização no mar. Pelos pressupostos de SOUSA (2004), a fotografia é uma tentativa de transmitir o sentido de imponência da tecnologia (observado que a imagem encobre duas páginas). A fotografia foi produzida com um enquadramento aberto para captar a paisagem e seu aprofundamento espacial em direção ao horizonte quase que “infinito”. Num ângulo normal, sentimos a relação entre a paisagem e os objetos, no caso os gigantescos moinhos de ventos, numa composição de equilíbrio e limpeza.

O texto ainda fornece outras pistas sobre a mensagem principal da matéria:

Sonho de Dom Quixote

A poucas semanas da realização da COP-15, em Copenhague, a Dinamarca acaba de inaugurar a central de Horns Rev 2, maior parque eólico offshore do mundo e cartão de visita da indústria dinamarquesa. São 91 aerogeradores de 114 metros de altura, encravados em alto-mar, a 30 quilômetros da Ilha de Jutland – uma projeção audaciosa até para os sonhos de Dom Quixote. A central gera 209 megawatts de energia, o equivalente a uma hidrelétrica de pequeno porte. As torres foram enterradas a 40 metros de profundidade no solo, sobre toneladas de rochas depositadas no fundo. Uma rede de 70 quilômetros de cabos de fibra ótica interconecta as turbinas da Siemens Wind Power. Horns Ver 2 é o parque eólico mais distante da costa já construído e o sexto da

Dinamarca. O país produz 25% da sua eletricidade a partir de fontes renováveis (o Brasil produz 85%) (BRASIL, ed. 26, 2009b, p. 9).

SCHILLING (s.d) define a obra Dom Quixote de La Mancha, publicada pela primeira vez em 1605, de autoria do espanhol Miguel de Cervantes Saavedra, como a melhor literatura de ficção de todos os tempos. Novela em ritmo de romance que narra as histórias fantasiosas de um herói melancólico. Schilling aponta para a sofisticação de Miguel de Cervantes em retratar a dupla, o louco e o simplório, nos personagens de Dom Quixote e Sancho Pança, a relação entre emoção e razão, fantasia e realidade, ideal e real. Uma paródia que satiriza o mito dos heróis do povo espanhol e Europeus, histórias de cavalaria no estágio do racionalismo científico. A obra é uma crítica à sociedade daquele momento, que avançava com a modernidade e acreditava que poderia solucionar todos os problemas da sua época através da consulta de estudos (os livros que causaram a loucura de Dom Quixote). Neste sentido, podemos interpretar a fotografia dos moinhos de energia eólica como: “ilhas de fantasia num mar de racionalidade”.

O pensamento sustentável dá “asas à imaginação”. Nem Dom Quixote poderia imaginar gigantes voadores, pois uma empresa italiana desenvolveu pipas que produzem energia. Na reportagem “Novidade para a produção de energia eólica”, que trata da novidade “Kite Gen” (tradução em português “Gene Pipa”). O equipamento é uma nova forma de geração de energia a partir do vento, com maior alcance da captação se comparado às pás eólicas, que não conseguem alcançar altitudes mais elevadas, como de 800 a 1.000 metros. “Kite Gen” promete ainda mudar a forma como as plantas de energia eólica são desenvolvidas. Tecnologia com peças mais leves e dinâmicas, ao invés das turbinas estáticas. O equipamento é composto de duas partes, a primeira é formada por um conjunto de folhas de metal semi-rígidas, que ficam voando com o vento, e a segunda parte fica no chão, uma estrutura pesada. As partes se conectam por linhas de alta resistência que sustentam as pipas e ao mesmo tempo controlam seu ângulo e direção no vento. O protótipo já foi construído e testado com sucesso em 2006. A produção em escala começou a operar em 2009 (IDEIA, ed. 18, 2009b).

No Brasil, a busca por esta alternativa de energia vem ocorrendo a partir dos leilões realizados pelo Ministério de Minas e Energia, que têm o objetivo de baixar o preço deste tipo de energia, que custa em torno de R$ 260 MW/h. A energia eólica possui alto custo de equipamentos, o que deixa essa alternativa menos atraente em

comparação às fontes de energia mais poluidoras. Entretanto, não podemos calcular a viabilidade desta energia apenas pelo custo/benefício dos atuais modelos econômicos, já que ela agride menos o meio ambiente. A matéria “Bons ventos no Brasil” informa que governo brasileiro irá contratar a empresa que oferecer o preço mais baixo para fornecer energia limpa para a população, a partir do ano de 2012. A iniciativa de criar um leilão é justamente estimular o desenvolvimento desta energia, (IDEIA, ed. 17,2009a).

O potencial do Brasil para desenvolvimento de energias renováveis é constantemente mencionado nas diferentes reportagens analisadas. Porém, os empreendimentos para esta nova matriz energética renovável dependem principalmente de políticas públicas.

A reportagem “Energia para mover o mundo sem destruir o planeta” (IDEIA, ed. 17, 2009a), de Juliana Lopes, traz dados sobre o mercado brasileiro para energias renováveis. Apesar de que, a matéria critica a decisão do governo brasileiro em investir nas usinas termelétricas. Segundo o relatório elaborado pelo PNUMA, a matriz energética brasileira é baseada em energia hidrelétrica, o que de certa forma coloca o país numa posição ótima em relação às emissões de gás carbônico. No entanto, para Sauer, pesquisador do Instituto de Eletrotécnica da Universidade de São Paulo, não houve planejamento, políticas públicas e nem capacidade de gestão do governo brasileiro no quadro energético e ambiental entre os anos de 2003 e 2004, o que possibilitou a entrada da indústria termelétrica, para sanar a demanda urgente de energia:

(...) Abriu-se a porteira para uma das coisas mais horrendas da história do Brasil, uma Itaipu de poluição que é contratação de quase 14.000 megawatts de usinas a óleo e a carvão. Isto é produto da falta de política e de gestão adequadas na área de energia no Brasil. Não é problema da área ambiental. (IDEIA, ed. 17, 2009a, p. 28).

A rejeição das fontes de energia a base de carvão ajuda nos argumentos em prol de energias limpas, e levanta a discussão das possibilidades do Brasil mudar este quadro energético. Para o economista Adriano Pires, sócio-fundador e diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura em Planejamento Energético (CBIE) pela COPPE/UFRJ, e especialista em mercado energético, o país só poderá investir em energia se algumas medidas governamentais forem alteradas. Ele acha que a

principal barreira para os investimentos em energia é a falta de diretrizes claras e políticas de longo prazo:

(...) A política brasileira de energia é uma ciclotímica e não dá sinais de longo prazo nem para o investidor, nem para o consumidor. Quando se aumenta o preço do petróleo se arrumar instrumentos para incentivar o consumo, por exemplo, do etanol. Se o preço do petróleo cai, o etanol é esquecido para voltar a consumir gasolina. Na hora que tem gás sobrando, o governo elabora ferramentas para viabilizar um grande consumo desse insumo e assim por diante (IDEIA, ed.17, 2009a, p. 28).

Para a diretora da CEBDS, a economista Marina Grossi, falta projetos que direcionem todos os esforços numa só direção. Por este motivo o governo acaba adotando as alternativas de energia mais poluentes.

Mesmo os profissionais advertindo para os erros e ineficiência do Estado, eles admitem que o único agente capaz de mudar a trajetória do mercado de energias é o governo. Segundo Sauer:

(...) As energias renováveis precisam ter escala e, para que isso aconteça, são necessárias políticas públicas. Tomando o exemplo da energia eólica, se houvesse um aumento da escala, como ocorreu em relação ao álcool, o preço unitário cairia, com ganho de produtividade. Sendo assim, essa fonte poderia ter um espaço muito maior no Brasil (IDEIA, ed. 17, 2009a, p. 28).

Políticas públicas voltadas pra dar suporte e criação de incentivos fiscais. Eles desempenharão um papel fundamental no tipo de desenvolvimento que se deseja. Os estudos de Tendências Globais de investimentos em energias sustentáveis, elaborados pela ONU, apontam para os mecanismos de mercado e os incentivos governamentais como centrais tanto para países desenvolvidos quanto aqueles em desenvolvimento, incluindo a proposta de revisão de cerca de US$ 200 bilhões de subsídios destinados anualmente para combustíveis fósseis que a organização defende.

No Brasil, os incentivos à produção de energia renovável ainda são tímidos, por exemplo, a energia eólica. Para reverter o quadro, o governo brasileiro criou em 2002 o PROINFA (Programa De Incentivo A Fontes Alternativas De Energia Elétrica). Segundo a matéria, o programa tem o objetivo de encorajar projetos de energia eólica, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas, além de estimular a Impsa (empresa global de soluções de geração de energia elétrica).

Em relação ao mercado de energia solar, o governo brasileiro recém está começando a investir na energia que vem do sol, ao contrário do que ocorre em outros países. A energia fotovoltaica depende de subsídios para seu desenvolvimento. O interessante no sistema fotovoltaico é a relação produtor/consumidor. Os painéis de energia solar, instalados nas residências podem gerar renda aos consumidores, pois o excedente de energia coletada pode ser vendido às concessionárias quando conectados a sistemas da rede elétrica. No Brasil, o Programa Minha Casa Minha Vida se tornou o grande pioneiro neste tipo de energia (IDEIA, ed. 17, 2009a).

Mesmo com a existência de novas alternativas energéticas, as energias vindas de fontes fósseis irão continuar por longo tempo, entretanto, com uma nova perspectiva. Conforme a reportagem “Energia para mover o mundo sem destruir o planeta”, as grandes petrolíferas, como a Petrobras, devem investir na captura e armazenamento de carbono. As alternativas são as seguintes: a) injeção de CO2 em

reservatório geológico; b) investimento na produção de biodiesel e etanol, capazes de “sequestrar” gases poluentes. Os biocombustíveis têm grande potencial na nova matriz energética global. Segundo o relatório Brasil Sustentável, a taxa de crescimento dos biocombustíveis é em torno de 3,3% ao ano, somente para o mercado brasileiro. Na perspectiva internacional, os biocombustíveis podem representar 17, 4 bilhões de litros em 2030, um crescimento de 8,9% ao ano em relação às exportações de 2005.

Outra forma de energia que vem sendo estudada são as de fontes animais, como os biodigestores. A matéria “Energias renováveis – desafios e perspectivas” fala sobre este tipo de energia que vem dos resíduos de dejetos dos animais. O biogás é uma das propostas que pode trazer rentabilidade para comunidades rurais, com a possibilidade de ampliar diversidade da atividade agrícola com a produção de gás ou transformando os dejetos em adubo orgânico, e, ao mesmo tempo, buscar a “sustentabilidade ambiental” que tanto a sociedade deseja, diminuindo a poluição, por exemplo, de atividades como a suinocultura. Nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul já existem experiências-piloto sendo desenvolvidas, um exemplo é o Projeto Alto Uruguai, da empresa Eletrosul. O projeto abrange 29 municípios Ribeirinhos da bacia hidrográfica do Rio Uruguai. São regiões onde predominam atividades de criação intensiva de suíno e aves. Além disso, são regiões com falta de energia e, em muitos casos, famílias não tinham acesso nenhum à energia. O

projeto já conta com o apoio do Governo Federal no Programa Luz para Todos. Algumas ações foram realizadas para que o projeto pudesse ser implementado (PRIMEIRO, ed. 15, 2009b). De acordo com Diretor do projeto Antonio Vituri:

(...) Primeiramente tínhamos que mostrar a importância da energia e de sua conservação, apresentar como se chega à eletricidade, capacitar professores, agentes comunitários para posteriormente, elaborar Planos Municipais de Gestão Energética. Com a consciência de que é preciso preservar, ficou mais fácil trabalhar com o uso de novas fontes, como o biogás e os coletores solares para aquecimento da água (PRIMEIRO, ed. 15, 2009b, p. 30).

Outro caso interessante é o projeto desenvolvido pela Celesc Geração. Que apoiou a reestruturação da Granja São Roque, propriedade do interior catarinense que estava abandonada desde a década de 80. Atualmente, a propriedade conta com 47 mil suínos e produz sua própria energia elétrica. Segundo o presidente da Companhia Celesc Geração, Paulo Meller: “(...) a Granja oferece crédito de carbono e promoveu o reflorestamento com pinos e eucaliptos. Já os lagos, antes totalmente poluídos, agora são usados também para a piscicultura” (PRIMEIRO, ed. 15, 2009b, p. 31).

Já a Copel (Companhia Paranaense de Energia) está comprando energia elétrica produzida por biodigestores em pequenas propriedades rurais. O negócio é autorizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica e só foi possível a partir da iniciativa da Itaipu Binacional em buscar essa relação entre comunidade e empresa. Cláucio Roloff, da Coordenadoria de Energias Renováveis da Itaipu, explica o interesse da usina no auxílio aos pequenos produtores rurais:

(...) A Itaipu ainda é a maior do mundo em produção energética e para garantir a qualidade dessa energia precisa também de água de qualidade. Estávamos registrando altos índices de poluição por eutrofização (resultado da poluição por fertilizantes ou por lixo e esgoto doméstico e resíduos industriais diversos) e conseqüente, a pantanização. Sem a iniciativa Itaipu os agricultores não conseguiriam sozinhos reduzir a poluição pela sua atividade (PRIMEIRO, ed. 15, 2009b, p. 31).

Para Alessandra Mathyas, do Instituto Ideal, são necessárias políticas e uma legislação adequada que dê segurança, garanta e fomenta a atividade de produção de energias renováveis a partir da atividade rural, pois exige-se financiamento, fiscalização da compra da energia e regulação tarifária.