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Coordenação: Higor Martinez Oliveira - Meteoritos Brasil Colaboradores: José Carlos Medeiros - Astro Agreste e Marcelo Zurita - Associação Paraibana de Astronomia

COMISSÃO DE METEORÍTICA https://uba-meteoritica.blogspot.com/

Você já observou uma estrela cadente cruzar o céu? Se a sua

resposta é sim, você presenciou então a passagem de um meteoroide pela atmosfera da Terra, que provavelmente foi completamente desintegrado. Os meteoroides são pequenos fragmentos oriundos de corpos sólidos do

Sistema Solar, como asteroides, cometas, e até da Lua e de Marte, que estão vagando pelo espaço sideral e às vezes acabam cruzando com a órbita do nosso Planeta. Ao adentrar na atmosfera, produzem um belo efeito luminoso - o meteoro, popularmente conhecido como estrela cadente.

Felizmente a atmosfera age como um escudo protetor, desintegrando boa parte dos pedregulhos espaciais que passam por ela. No entanto, corpos maiores podem não ser totalmente desintegrados e chegam até a superfície. Foi o que aconteceu em agosto de 2020 em Santa Filomena, Pernambuco, quando uma chuva de "pedras" surpreendeu os moradores da região. O evento foi bem documentado e divulgado pela mídia, e quase cem quilos de fragmentos foram recuperados por moradores e caçadores de

meteoritos.

Os meteoritos podem cair a qualquer momento e em qualquer lugar. A maior parte deles é descoberto no campo, sem que ninguém tenha visto

cair. Mas às vezes algumas pessoas têm a sorte grande de presenciar a queda, como aconteceu em Santa Filomena, embora seja bastante raro:

apenas 2% dos meteoritos catalogados no mundo tiveram queda presenciada.

A queda de um meteorito é marcada por um brilhante meteoro cruzando o céu, e geralmente é possível ouvir sons que se parecem com trovões e detonações. Assim, se você viu um pequeno meteoro cruzar o céu, muito provavelmente nenhum fragmento vai sobreviver e chegar até a superfície. Descobrir um meteorito por aí também é raro, se você encontrar uma rocha

diferente ela até pode ser um meteorito, mas provavelmente não é.

Mas quem sabe você pode ter sorte e ser o descobridor do próximo

meteorito brasileiro, como aconteceu em setembro de 2 0 2 0, quando um

fazendeiro em Tiros, Minas Gerais, encontrou uma rocha que lhe chamou a atenção e que, na verdade, era um meteorito vindo do grande asteroide Vesta.

A melhor forma de identificar rochas que tenham chance de ter vindo do espaço é conhecer os principais aspectos que os meteoritos costumam apresentar.

Os meteoritos podem ser divididos em três tipos básicos: rochosos, metálicos e mistos. Todos os meteoritos metálicos e mistos possuem ferro

em sua composição, assim como a maior parte dos meteoritos rochosos. Logo, os meteoritos costumam ser mais densos do que as rochas

terrestres, e este é um dos primeiros testes que você pode fazer. Um meteorito metálico é cerca de 4 vezes mais pesado do que uma rocha

terrestre de tamanho similar, enquanto que os meteoritos mais comuns, os rochosos do tipo condrito ordinário, são um pouco mais pesados.

Outro teste, bastante importante, é verificar se a sua rocha é atraída por ímã, já que a maioria dos meteoritos possui ferro em sua composição. Se a sua rocha não for atraída por ímã é muito provável que ela não seja um meteorito. E se ela é muito pesada e tem aparência metálica mas não atraí fortemente o ímã, ela com certeza não é um

meteorito, pois os meteoritos metálicos são compostos principalmente de ferro-níquel.

É importante destacar que muitas rochas terrestres também são atraídas por ímã. Logo, nem toda rocha atraída por ímã é um meteorito! Portanto, é importante analisar as características externas e internas da rocha.

O aspecto externo dos meteoritos varia bastante, eles apresentam formatos variados, visto que sofrem constantes choques quando ainda estão no espaço, porém nunca são finos e compridos, e nem rochas

esféricas e polidas por fora. Geralmente apresentam sulcos e depressões na superfície, que se parecem com marcas de dedos deixadas em uma massa de modelar.

O aspecto e a cor do exterior de um meteorito são diferentes do seu interior. Como a camada externa dos meteoritos se funde e vaporiza ao passar pela atmosfera, ao chegar na superfície é possível notar uma fina

camada escura (entre 1 a 2 mm) desse material fundido, que se chama

crosta de fusão. Todo meteorito recém caído irá apresentar uma crosta de fusão escura e evidente, geralmente preta, que com o passar do tempo em ambiente terrestre vai ficando mais clara, dificultando a descoberta.

Crosta de fusão no meteorito Porangaba. Foto: Higor Martinez.

Para analisar o interior, você pode lixar uma beirada da rocha e

observar o seu aspecto. No caso da maior parte dos meteoritos, os

condritos ordinários, o interior é mais claro, apresentando flocos de metal e algumas pintinhas cor de ferrugem. Às vezes também é possível observar algumas estruturas esféricas de minerais, chamadas de

côndrulos. Já no caso dos meteoritos metálicos, o interior é totalmente prateado como aço. Salvo raríssimas exceções, o interior dos meteoritos é sempre compacto, ou seja, sem vesículas ou bolhas.

Os meteoritos são verdadeiros visitantes extraterrestres, já que eles vêm de fora do nosso Planeta, e são importantes fontes para os cientistas estudarem a origem e evolução do Sistema Solar. Se você acha que pode ter encontrado um meteorito, envie fotos através do Blog da

comissão de meteorítica da UBA e iremos analisar a sua rocha.

Referências:

Oliveira, H. M. (2020). Meteoritos: Introdução à meteorítica e uma visão geral dos meteoritos brasileiros (3° edição).

Zucolotto, M. E; Antonello, L. L; Fonseca, A. C. Decifrando os

meteoritos. Rio de Janeiro: Museu Nacional- Série Livros 52, 2013. 160 p. ISBN: 978-85-7427-049-4.

AVALIANDO O TAMANHO E A