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Os dados necessários à descrição da evolução dos processos judiciais no Estado de Santa Catarina foram levantados junto à Diretoria de Assistência Farmacêutica da Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina (DIAF/SES).

Utilizou-se o estudo descritivo e transversal com análise quantitativa dos dados. Foram selecionados os anos de 2003 e 2004, pois aproximadamente 93,5% dos 665 processos judiciais demandando à Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina o fornecimento de medicamentos, foram encaminhados nesse período.

Para o entendimento da análise realizada, são descritos a seguir os procedimentos adotados pela Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina em relação às demandas judiciais (FIG.3). Esses processos são encaminhados primeiramente à Consultoria Jurídica desta secretaria, a qual envia cópia da decisão judicial a Diretoria de Assistência Farmacêutica (DIAF). Essa Diretoria é responsável pela aquisição dos produtos e dispensação dos mesmos. Os processos, após passarem pelo protocolo de entrada na DIAF, são encaminhados à Gerência de Suprimentos (GESUP) onde os dados como nome do paciente, cidade de residência, produtos solicitados, número do processo, medicamentos e/ou produtos solicitados, entre outros, são registrados através de programa informatizado, denominado MEDEXP. Esse programa foi desenvolvido pela Diretoria de Assistência Farmacêutica (DIAF) para o cadastramento informatizado dos pacientes e gerenciamento do Programa de Medicamentos Excepcionais.

As variáveis escolhidas para a coleta de dados incluíram: o número de solicitações por via judicial demandando o fornecimento de medicamentos; número de produtos por processo judicial; produtos solicitados; regiões do estado responsáveis por maior número de solicitações; a que tratamento se destinavam os medicamentos; o condutor da ação (defensoria pública, escritório modelo e escritório particular); a vinculação do prescritor ao sistema público de saúde ou a consultório particular, bem como a especialidade médica do mesmo.

Os dados obtidos foram agrupados através da criação de um banco de dados e submetidos a tratamento estatístico de padrão descritivo.

Figura 3. Fluxograma de atendimento das demandas judiciais

A vinculação do prescritor ao sistema público ou privado de saúde, bem como sua especialidade médica, foram determinadas através da prescrição médica anexada ao processo.

As solicitações encaminhadas por via judicial foram confrontadas com as listas de medicamentos padronizados pela Secretaria de Estado da Saúde e/ou Ministério da Saúde e disponibilizados através dos programas vigentes durante o período analisado. Desta forma foi possível determinar quanto da demanda judicial visava a obtenção de medicamentos que já estavam padronizados, eventualmente disponíveis através de programas específicos, bem como a percentagem de medicamentos não padronizados.

A seguir, os produtos foram categorizados e analisados de acordo com a indicação encontrada no processo. Deve-se esclarecer que os processos judiciais muitas vezes solicitam mais de um produto e para a análise cada produto foi considerado como uma solicitação. Isso foi necessário tendo em vista que o

determinando que a SES/SC forneça medicamentos ao paciente Consultoria Jurídica (COJUR) da SES/SC DIAF GESUP

- Registro em banco de dados (MEDEXP)

- Aquisição e dispensação dos medicamentos solicitados - Informações para defesa do Estado

processo pode envolver mais de um medicamento e, em alguns casos, envolve também mais de uma indicação clínica para sua utilização. Adotou-se como convenção o uso da palavra solicitação para referir-se ao medicamento solicitado e da expressão processo judicial quando tratar-se do processo em si, com todos os produtos solicitados.

As bulas dos medicamentos mais solicitados dentro de cada grupo foram consultadas, buscando-se avaliar se as indicações constantes nos processos judiciais estavam de acordo com as aprovadas no Brasil. Utilizaram-se as bulas como referência das indicações aprovadas no país devido a dificuldade de acesso aos documentos de registro e considerando a existência de um bulário oficial, o Compendio de Bulas de Medicamentos (CBM) editado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) em 2005.

Foram também levantados dados a respeito do ano de introdução de alguns produtos no mercado nacional. Esses dados foram adquiridos através de solicitações, por e-mail ou por telefone, junto aos laboratórios produtores.

Com relação aos medicamentos inseridos em alguns dos programas vigentes durante o período analisado, buscou-se nos processos informações que pudessem indicar a utilização dessa via antes do estabelecimento da demanda judicial.

Dados relacionados à demanda atendida através dos demais programas foram obtidos junto a Gerência de Programação (GEPRO) e Gerência de Suprimentos (GESUP) da DIAF e através dos relatórios de gestão elaborados pela DIAF. Informações relacionadas aos custos com a aquisição de medicamentos para dispensação através dos programas e por via judicial foram obtidas junto à Gerência de Administração (GERAD).

Com relação aos custos individuais com medicamentos solicitados por via judicial, os dados apresentados são de 2004. Para obtenção de dados mais fidedignos foi realizada uma busca manual em todas as notas fiscais de compra destes medicamentos em 2004.

Outro ponto a esclarecer é que o período em que a SES/SC deve fornecer os medicamentos solicitados está estabelecido nos processos judiciais. Após o período estabelecido, o fornecimento é suspenso. Os dados apresentados neste trabalho são referentes ao número de processos novos encaminhados a DIAF em 2003 e 2004. Com relação aos custos, os gastos com medicamentos em 2004 podem estar relacionados aos processos novos de 2004, como também podem envolver processos de anos anteriores, mas nos quais o fornecimento dos medicamentos deveria ser realizado também em 2004.