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O trabalho de campo se desenvolveu em uma obra da CASAN, no município de São José – SC, chamada de Sistema de Esgotamento Sanitário da Avenida das Torres norte e bairro CEASA. Na região não há nenhum tipo de coleta de esgoto e a maior parte das residências tem seus sistemas de fossas/sumidouros ligados aos sistemas de drenagem de águas pluviais.

A figura 1 situa a localização da área de estudo. A área hachurada em amarelo representa a área que receberá a implantação do sistema de esgoto.

A obra de implantação de esgoto, executada pela empresa COSATE – Construção, Saneamento e Engenharia Ltda. terá um custo total aproximado de 10,7 milhões de reais. Neste preço incluem a execução dos serviços e o fornecimento dos materiais. O prazo de execução é de 710 dias corridos, contados a partir de 20 de fevereiro de 2009.

3.2 – Levantamento dos dados

Os dados foram coletados no período entre 1º de julho e 25 de setembro de 2009, de execução de rede coletora, e entre 1º e 25 de setembro de 2009 de ligações prediais. Exceto o encarregado Gringo, que os dados foram também incluídos os meses de maio e junho, meses em que ocorreu a execução de vala com escoramento hamburguês.

Foram coletados os dados de três equipes distintas de execução de rede coletora chamadas de A,B e C. Das ligações prediais os dados foram colhidos de uma frente de serviço que tinha somente o objetivo de executar este tipo de serviço.

A amostra total coletada foi de 3025 metros de rede coletora e de 47 unidades de ligações prediais executadas.

As equipes são compostas por: • Equipe A:

- Um encarregado de frente de serviço; - Dois escoradores;

- Cinco serventes nos meses de maio e junho, três serventes nos meses de julho e agosto, e quatro serventes no mês de setembro; - Uma retroescavadeira, com seu respectivo operador; - Uma escavadeira hidráulica, com seu respectivo operador; - Dois caminhões truck basculantes, com seus respectivos motoristas.

• Equipe B:

- Um encarregado de frente de serviço; - Dois escoradores;

- Cinco serventes nos meses de julho e agosto, e quatro nos meses de setembro;

- Um caminhão truck basculante e seu respectivo motorista; - Uma retroescavadeira e seu respectivo operador.

• Equipe C:

- Um encarregado de frente de serviço;

- Dois escoradores nos meses de julho e agosto, e um no mês de setembro;

- Seis serventes nos meses de julho e agosto, e quatro no mês de setembro;

- Um caminhão truck basculante e seu respectivo motorista; - Uma retroescavadeira e seu respectivo operador;

• Equipe D:

- Um encarregado de frente de serviço; - Cinco serventes;

- Uma retroescavadeira, e seu operador, que também e o encarregado de frente de serviço.

A coleta dos dados de produtividade das equipes se fez através do acompanhamento diário das frentes de serviço de implantação de redes de esgoto, ligações prediais e anotações referentes às atividades. Estas anotações contêm as principais informações consideradas relevantes á execução da rede, tais como: condições do tempo (seco ou chuvoso), característica do solo (argiloso ou arenoso), diâmetro do tubo, faixa de profundidade da vala (até 2,0 metros e entre 2,0 e 4,0 metro), tipo de escoramento utilizado, presença ou não de água no solo.

Quanto as condições do tempo, os dias foram classificados como, dia de tempo bom e tempo ruim. Tempo bom classificam-se os dias onde as condições do tempo não influenciaram na produtividade das equipes. Dias de tempo ruim os dias onde as equipes foram interrompidas durante a jornada de trabalho ou mesmo não puderam começar os serviços. Desta forma os dias de tempo ruim, não foram computados no trabalho.

Dias com informações consideradas inconsistentes foram descartadas da mesma forma que os dias de condições do tempo não adequadas.

O solo foi classificado de acordo com sua característica predominante. Adotou-se como solo de características arenosas o terreno que não apresentava coesão natural, e com seu material visivelmente granulado. Valas abertas em terrenos com estas características apresentam seus taludes instáveis, e sendo assim impõem maiores esforços ao escoramento e desta forma se faz necessário o uso de escoramentos mais seguros e contínuos. A escavações em solos arenosos deve ser executada com maior cuidado, isso porque a baixa estabilidade dos taludes pode resultar no seu desmoronamento e conseqüentemente danos a construções próximas do corte. Este material demanda menos energia para compactação que solos argilosos.

Solos classificados como argilosos, apresentam boa coesão entre suas partículas e são visivelmente pouco permeáveis. Seus taludes impõem menores esforços ao escoramento, sendo assim é possível a utilização de escoramentos descontínuos. Neste tipo de solo é essencial a sua compactação em camadas, não superior a quarenta centímetros, sendo em alguns casos

(valas de grandes profundidades ou solo molhado) necessária a troca do material escavado por areia.

A água presente no solo é esgotada por meio de bombas tipo sapo com motor a explosão. Desta forma classificou-se a escavação quanto a presença ou não de água no solo.

Com relação às ligações prediais, o acompanhamento foi feito visando medir a produção diária de cada equipe em unidades de ligações prediais executadas. Isto justificado pelo pequeno porte das escavações realizadas para execução dos ramais prediais – em geral não excede a 1 metro de profundidade.

Os equipamentos analisados foram somente as retroescavadeiras de cada frente de serviço, pois os caminhões basculantes normalmente são utilizados em conjunto com outra equipe e desta forma torna-se imprecisa coleta dos dados referentes a este consumo. Quanto a mão-de-obra considerou-se o consumo de serventes, pois com relação ao encarregado de frente de serviço este é o próprio operador da retroescavadeira. Os consumos, neste caso, são expressos em horas de trabalho por unidade de ligação executada (hr/un).

O tipo de tubo assentado foi de PVC corrugado, junta elástica, de 150 milímetros somente – para rede coletora, os ramais prediais foram executados entre 100 e 150 mm. Outros diâmetros não foram analisados em função de que não foram executados durante o período da coleta dos dados.

Os dados referentes à jornada de trabalho diária das equipes serão coletados com base na folhas-ponto assinadas mensalmente pelos operários e seus encarregados de frente de serviço.

Os equipamentos a serem analisados o consumo serão; caminhões basculantes, guindaste bate-estaca (no caso de execução de rede com escoramento hamburguês) retroescavadeiras e escavadeiras hidráulicas. Dados de consumo destes equipamentos serão coletados com base, também, da folha- ponto dos respectivos operadores e motoristas de cada equipamento. Os dados de consumo dos equipamentos incluem as horas produtivas e horas ociosas dos equipamentos durante o período de trabalho.

O consumo de óleo diesel dos equipamentos foi coletado através da planilha de abastecimento de cada equipamento.

3.3 – O processamento dos dados e apresentação dos resultados

A análise do consumo da mão-de-obra e equipamentos será feita levando em conta que diariamente há a repetição dos serviços – rompimento de pavimento, escavação de vala, montagem de escoramento, assentamento de tubo, reaterro de vala e compactação do solo. Serviços estes que por obrigação são finalizados até o final do dia de trabalho, pois em obras situadas sob vias

públicas tem-se que deixar as condições locais sem que ofereçam risco ao trânsito e pedestres.

Sendo assim se analisará o consumo de horas de trabalho de homens e equipamentos por metro de rede executada. Entende-se por rede executada a conclusão de todos os serviços diários acima citados.

O consumo relacionado a reposição de pavimento não foi computada, uma vez que estes serviços são executados posteriormente às escavações por outra equipe, encarregada somente deste serviço.

O consumo de pedreiros que executam os acabamentos de PV’s e CI’s também não entraram nos cálculos. Isto porque este serviço é executado pelo pedreiro e ajudante paralelamente e independente da frente de serviço que executa a rede propriamente dita.

As atividades exercidas por cada funcionário e equipamento são descritas simplificadamente da seguinte maneira, de acordo com as seguintes etapas:

1. Rompimento/abertura do pavimento:

- Serventes cortam o asfalto (no caso de via asfaltada); - Retroescavadeira rompe o pavimento;

- Serventes empilham as lajotas, ou colocam os pedaços de asfalto dentro da concha da máquina para carregar o caminhão (conforme o pavimento da via);

- Escoradores trabalham como serventes;

- Encarregado coordena os serviços e monta o visor com o nível estabelecido de acordo com a ordem de serviço.

2. Escavação:

- Retroescavadeira escava ou carrega o caminhão;

- Escoradores trabalham dentro da vala montando o escoramento e nivelando o fundo da vala;

- Serventes auxiliam a montagem do escoramento cortando madeira para estronca e carregam as pranchas até a vala;

- Encarregado coordena os serviços; 3. Colocação do tubo:

- Serventes descem o tubo até a vala;

- Serventes colocam a cruzeta sobre o para a conferência do nível do tubo com visor;

- Encarregado confere o nível do tubo com a cruzeta e visor; - Escoradores ajustam o nível do tubo conforme instruções do encarregado e calçam o tubo com solo para que seja mantida sua posição após o reaterro;

4. Reaterro da vala;

- Escoradores desmontam o escoramento; - Serventes auxiliam a retirada do escoramento; - Encarregado coordena os serviços;

5. Compactação do solo;

- Serventes compactam vala e executam a varrição das rua; - Escorador trabalha como servente;

- Encarregado coordena os serviços.

Ressalta-se que o uso da escavadeira hidráulica se dá quando a profundidade da vala é superior a 3,5 metros.

Será calculado o consumo de: horas de serventes, escorador, encarregado de frente de serviço, retroescavadeira, escavadeira (quando houver), caminhões basculantes, guindaste bate-estaca e litros de diesel, por metro de rede coletora de esgoto assentada.

Com relação ao consumo de diesel, através das planilhas de controle de abastecimento dos equipamentos da empresa executora do projeto, obteve-se a média de consumo de cada equipamento.

As retroescavadeiras e escavadeiras já nos dão a média de consumo de óleo diesel em horas por litro (hr/l).

Os caminhões marcam somente a quilometragem e desta forma apresentam a média de consumo em quilômetros por litro (km/l). Sendo assim, a média de gasto horária do óleo diesel foi calculada levando em conta a distância média do bota-fora as frentes de serviço e a quantidade de viagens feitas em um dia de trabalho por caminhão. A partir do consumo de óleo em um dia de trabalho pode-se calcular o consumo horário médio de óleo diesel.

Para as ligações será calculado o consumo de horas de trabalho de serventes, retroescavadeira e litros de diesel por unidade de ligação predial executada.

Uma premissa importante é quanto a execução de poços de visitas (PV’s) e a passagem sob interferências (galerias pluviais e rede de abastecimento d’água). O consumo na execução destes, será diluído no total de rede executado. Isto justificado pelo fato de que estes também são serviços que corriqueiramente se somam aos demais já citados.

Então o consumo calculado levará em conta também a construção de PV’s e a passagem por obstáculos. Porém não é levado em conta o serviço de acabamento interno dos PV’s, sendo que estes serviços são normalmente executados posteriormente por um pedreiro e ajudante.

Para o cálculo do consumo, primeiramente será feita a classificação dos trechos onde foram executadas redes coletoras de esgoto. Esta classificação será feita de modo a deixar mais homogêneo possível os trechos objetos de estudo. Os trechos serão classificados de acordo com:

• Presença ou não de água no terreno; • Tipo do escoramento utilizado; • Diâmetro do tubo.

A produção diária de cada equipe será confrontada com o quadro de mão-de-obra e equipamentos utilizados no referido dia. A partir deste cruzamento se terá o consumo destes insumos para esta data.

Os consumos diários foram agrupados de acordo com os critérios estabelecidos que diferem os serviços (tipo de solo, tipo de escoramento...). Feito isto foram calculadas as médias e desvios-padrão para cada item analisado (consumo de servente, escorador, retroescavadeira...).

Os resultados de consumo serão apresentados sob a forma de planilhas, onde é apresentado o consumo unitário de cada item, expresso em horas de trabalho por metro de rede assentada (hr/m). Sob a forma de gráfico de barras será feita a comparação entre os consumos obtidos de cada equipe assim como entre as diferentes condições de execução (característica do solo, presença de água no terreno...).

Destaca-se que no caso de escavações com escoramento hamburguês não é possível calcular o consumo dos insumos para cada dia trabalhado. Isso porque há dias em que não se faz assentamento de tubo, somente cravação ou arranque de perfis metálicos I com bate-estaca. Desta forma nestes dias o consumo em horas de trabalho por metro de vala não pode ser calculado pois não é possível a divisão por zero.

O cálculo do custo unitário de implantação de rede coletora se fez através do somatório do produto de cada insumo pelo seu respectivo preço unitário.

Para o cálculo foi utilizado os valores monetários correntes no mercado. A empresa COSATE tem como base salarial de seus operários o piso recomendado pelo SINTRAPAV – Sindicado dos Trabalhadores da Indústria da Construção Pesada. No entanto, devido ao momento de boom na construção civil há uma valorização da mão-de-obra, os valores utilizados foram:

• Servente: 2,40 R$/hora; • Escorador: 2,71 R$/hora;

• Encarregado de frente de serviço: 4,58 R$/hora;

Os valores utilizados como referência do aluguel de equipamentos são os valores pagos pela empresa COSATE. O custo do aluguel dos equipamentos já inclui a remuneração e encargos de motorista e operador e possível manutenção, porém o gasto com óleo diesel não está incluído no valor, fica a cargo do contratante essa despesa.

• Aluguel de retroescavadeira: 31,25 R$/hora;

• Aluguel de escavadeira hidráulica: 54,10 R$/hora; • Aluguel do guindaste bate-estacas: 27,10 R$/hora. • Diesel: 2,00 R$/l.

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