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Apesar de o desenvolvimento dessa pesquisa ter sido, didaticamente, identificado como composto pelas etapas básicas descritas, convém destacar que esta divisão em etapas representa somente mais uma forma facilitada de apresentação dos passos percorridos ao longo do estudo e não necessariamente uma demarcação rigorosa de procedimentos. Com relação a isso temos que

Esse planejamento não precisa e nem deve ser apriorístico no sentido mais estrito, pois, nos estudos qualitativos, a coleta sistemática de dados deve ser precedida por uma imersão do pesquisador no contexto a ser estudado. Essa fase exploratória permite que o pesquisador, sem descer ao detalhamento exigido na pesquisa tradicional, defina pelo menos algumas questões iniciais, bem como os procedimentos adequados à

investigação dessas questões (ALVES-MAZZOTI e GEWANDSZNAJDER, 2001: p.148).

Um ponto importante a ser citado é a revisão realizada no campo da pesquisa científica em geral e, especificamente, da pesquisa qualitativa aplicada às ciências sociais. Dos procedimentos utilizados, destacamos a importância de cada um deles, conforme a seguir.

De acordo com as passagens de Alves-Mazzoti e Gewandsznajder (2001, p.163) a respeito de procedimentos e instrumentos de coletas de dados em pesquisas qualitativas, temos que a “observação (participante ou não), a entrevista em profundidade e a análise de documentos são os mais utilizados, embora possam ser complementados por outras técnicas”. Destes instrumentos elencados, utilizamos a observação, a entrevista em profundidade e o questionário.

Da observação externa dos fatos, comportamentos e cenários no ambiente, sabemos que a mesma é de extrema importância e

a) independe do nível de conhecimento ou da capacidade verbal dos sujeitos; b) permite “checar”, na prática, a sinceridade de certas respostas que, às vezes, são dadas só para “causar boa impressão”; c) permite identificar comportamentos não-intencionais ou inconscientes e explorar tópicos que os informantes não se sentem à vontade para discutir; e d) permite o registro do comportamento em seu contexto temporal-espacial (ALVES-MAZZOTI e GEWANDSZNAJDER, 2001: p.164).

Tal observação se deu com acesso direto na plataforma de ensino-aprendizagem (o Moodle), onde foram detectadas todas as características do mesmo, bem como o levantamento dos dados e das informações necessários.

Com relação à entrevista, Alves-Mazzoti e Gewandsznajder (2001) ressaltam sua natureza interativa e reforçam ainda que ela permite tratar adequadamente temas mais complexos que, por meio de questionários fechados, dificilmente poderiam ser explorados. Nosso roteiro de entrevistas se caracteriza como semiestruturado, o que de certa forma vem ao encontro do que é lançado pelos autores Alves-Mazzoti e Gewandsznajder (2001):

De um modo geral, as entrevistas qualitativas são muito pouco estruturadas, sem um fraseamento e uma ordem rigidamente estabelecidos para as perguntas, assemelhando-se muito a uma conversa. Tipicamente,

o investigador está interessado em compreender o significado atribuído pelos sujeitos a eventos, situações, processos ou personagens que fazem parte

de sua vida cotidiana (ALVES-MAZZOTI e

GEWANDSZNAJDER, 2001: p.168). Quanto ao questionário, temos que é considerado

(...) um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador. Em geral, o pesquisador envia o questionário ao informante, pelo correio ou por um portador, depois de preenchido, o pesquisado devolve-o do mesmo modo. Junto com o questionário deve-se enviar uma nota ou carta explicando a natureza da pesquisa, sua importância e a necessidade de obter respostas, tentando despertar o interesse do recebedor, no sentido de que ele preencha e devolva o questionário dentro de um prazo razoável (LAKATOS E MARCONI, 2005: p. 203).

Porém, no caso de nossa pesquisa, preferimos um contato direto com os alunos como forma de abordagem qualitativa e, ainda, para que pudéssemos demonstrar nossa preocupação para com a pesquisa proposta, a fim de que fosse resguardada nossa credibilidade e para maximizar a confiabilidade e validade dos resultados.

As descobertas obtidas

(...) por este trabalho certamente suscitarão novas pesquisas, novas descobertas, outras construções, que levantarão novos problemas. Estes serão subsidiados pelas idéias e diretrizes aqui desenvolvidas, mas abrirão outras lacunas e contradições, buscarão nós e ligações com outros conceitos e teorias. Tudo isso representa o desafio para sobrepujar os conflitos e os desequilíbrios e atingir um novo patamar de conhecimento. (ALMEIDA, 2000a, p. 183)

Ressaltamos que uma breve passagem da obra de Minayo (2000) sintetiza de forma sábia a metodologia e as ciências sociais - estas últimas que, nesse trabalho, pretendem oferecer horizontes metodológicos e epistêmicos, em meio a uma aproximação interdisciplinar desejável com as ciências agrárias:

Por fim, é necessário afirmar que o objeto das Ciências Sociais é essencialmente qualitativo. A realidade social é o próprio dinamismo da vida individual e coletiva com toda a riqueza de significados dela trasbordante. Essa mesma realidade é mais rica que qualquer teoria, qualquer pensamento e qualquer discurso que possamos elaborar sobre ela. Portanto, os códigos das ciências que por sua natureza são sempre referidos e recortados são incapazes de a conter. As Ciências Sociais, no entanto, possuem instrumentos e teorias capazes de fazer uma aproximação da suntuosidade que é a vida do seres humanos em sociedades, ainda que de forma incompleta, imperfeita e

insatisfatória. Para isso, ela aborda o conjunto de expressões humanas constantes nas estruturas, nos processos, nos sujeitos, nos significados e nas representações (MINAYO, 2000: p.15). E ainda,

A abordagem qualitativa aprofunda-se no mundo dos significados das ações e relações humanas, um lado não perceptível e não captável em equações, médias e estatísticas (MINAYO, 2000: p.22).

Sendo assim, destacamos que, por mais que tenhamos organizado e disposto os dados coletados na forma de gráficos – numa espécie de agrupamento quantitativo acerca de questões relevantes que foram salientes –, destacamos que nossos esforços quantitativos se filiam a um propósito eminentemente qualitativo; ou, dito por outras palavras, a quantificação dos dados em percentuais, como será apresentado nos próximos capítulos, em combinação com uma apresentação textual qualitativa das entrevistas, serviu-nos tão somente como um recurso heurístico e pedagógico para tratamento das informações, e não como um desejo de quantificar variáveis para se chegar a conclusões exatas e/ou definitivas.

5 UMA DESCRIÇÃO DETALHADA DO CONTEXTO DE PRODUÇÃO DO CURSO TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA A DISTÂNCIA DO IF – SUDESTE MG – CAMPUS BARBACENA

"O olhar verdadeiro não esbarra, mas encontra, e o verdadeiro encontro tem o poder de desvendar os segredos sem banalizar o mistério. Isso porque ninguém gosta de perder o mistério, mesmo quando conta os segredos" Padre Fábio de Melo

Nosso objetivo nesse capítulo é apresentar e analisar os dados da pesquisa realizada com todos os sujeitos constituintes do contexto de produção do Curso Técnico em Agropecuária a Distância do IF – Sudeste MG – Campus Barbacena. Serão verificados aspectos ligados à gestão, aos quadros cognitivos dos formuladores do curso e da alimentação da plataforma, com base nos quadrantes do modelo de análise cunhado para problematizar a realidade social investigada.