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3.1. P

ROBLEMÁTICA E CONTEXTUALIZAÇÃO DO TRABALHO

As propostas que a seguir se apresentam surgiram de um trabalho desenvolvido pela autora deste trabalho no âmbito do projecto de cooperação entre Portugal e Angola, “Programa Saber Mais”, e tiveram como objectivo inicial dar um contributo para a dinamização de actividades extracurriculares. Daí surgiu a ideia de implementar um Clube de Física na Escola de Formação de Professores de Benguela. O facto de ser um Clube de Física e não de Ciências prende-se com o contexto de trabalho e com o currículo daquela escola. Sendo a especialidade Matemática/Física aquela onde a professora leccionava, pretendeu-se atingir inicialmente os alunos interessados desse grupo de ensino.

Assim, este trabalho poderá contribuir para colmatar falhas do sistema do ensino e/ou quebrar velhos hábitos, permitindo uma abordagem diferente da disciplina e disponibilizando instrumentos a utilizar em contexto de sala de aula ou fora do seu ambiente de trabalho, recorrendo a actividades de enriquecimento curricular.

As actividades aqui apresentadas foram realizadas em contexto de Clube de Física e foram escolhidas tendo em conta o seu baixo custo e a acessibilidade dos materiais que foram usados, para que qualquer professor ou grupo de trabalho que as queira implementar tenha um instrumento de trabalho facilitador. Têm, por isso, uma descrição de como foram realizadas e como foram adquiridos os materiais, tendo em conta também o grupo-alvo e o local onde foram implementadas. Os temas das actividades vão ao encontro do currículo escolar de Angola e tentam abranger os vários níveis de ensino, de forma a serem variados e estimulantes para os alunos.

Desta experiência de trabalho resultaram, então, protocolos e guiões do professor, que foram melhorados, com base na experiência de implementação em Angola e naquilo que se verificou ter funcionado e motivado os alunos.

O primeiro Clube foi criado em 2010 e teve como participantes os alunos da 10ª classe, que viriam a acompanhar as atividades do Clube até finalizarem a sua escolaridade nessa mesma instituição.

Sendo uma Escola de Formação de Professores, a utilização deste tipo de estratégias de ensino permite mostrar aos futuros professores novas metodologias sem o recurso a um

26 Laboratório (inexistente em grande parte das escolas) ou a novas tecnologias, fomentando novas ideias e quebrando o mito de que a disciplina é teórica e abstracta.

Daí que este trabalho tenha uma vertente mais prática, pois as actividades do Clube permitem desenvolver e estimular capacidades nos alunos/futuros professores, dando-lhes uma visão mais ampla das Ciências, de um modo geral, e da Física, em particular.

A continuidade do Clube, a validação e a análise de resultados desta proposta serão aspectos a desenvolver num estudo posterior.

3.2. OC

LUBE DE

F

ÍSICA

:

A EXPERIÊNCIA EM CONTEXTO

A

NGOLA

O Clube de Física, sendo uma actividade extracurricular contínua, surgiu como uma oportunidade de desenvolver nos alunos um maior gosto pelo estudo da Física e das Ciências de um modo geral.

Assim, com materiais de fácil acesso aos alunos (futuros professores) e professores do Ensino Secundário, mostrando que não é necessário ter um laboratório na escola para realizar actividades práticas, o Clube de Física permite:

 Sensibilizar os alunos para a importância das ciências na interpretação dos fenómenos do dia-a-dia;

 Fomentar nos alunos o interesse e a curiosidade pelo estudo dos fenómenos naturais;  Estimular o espírito crítico e criativo dos alunos;

 Desenvolver atitudes e valores, tais como a responsabilidade e a autonomia, o gosto pela pesquisa, a cooperação e o respeito pelos outros;

 Estimular o espírito de equipa, a prática da autodisciplina, o prazer de aprender e de comunicar, elevando a auto-estima dos alunos;

 Contribuir para o desenvolvimento e divulgação científica da Física;  Despertar consciências ambientais e cívicas no âmbito da Física;

 Mostrar que a Física está presente na nossa vida diária, podendo ser compreendida por todos de uma forma simples e acessível;

 Complementar a formação relativa à componente letiva;

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ETAPAS PERCORRIDAS ATÉ À CRIAÇÃO DO CLUBE:

A CRIAÇÃO DO CLUBE DE FÍSICA

Ao pensarmos na criação de um Clube numa escola é importante não só pensar no público-alvo ao qual se destina, como também na forma como irá ser implementado: o número de alunos que o grupo poderá ter, o local onde irá ocorrer, quantos responsáveis terá o Clube e os objectivos a traçar ao longo de um ano lectivo.

Tendo em conta as condições da instituição e os materiais que estão disponíveis na mesma, deverá ser feito um levantamento do material existente para usar nas actividades práticas do Clube. Deverá ser feito também o levantamento de material útil passível de ser encontrado no meio envolvente (a título de exemplos: fios condutores, pilhas e baterias, lâmpadas, espelhos, multímetros, adquiridos em lojas, mercados locais, empresas, entre outros).

Para complementar a criação do Clube poderá ser elaborado um regulamento (Anexo

1), dado a conhecer aos alunos na primeira sessão.

SELECÇÃO DE PROFESSORES E ALUNOS

Com apoio dos colegas do grupo disciplinar, os dinamizadores deverão fazer uma pré- inscrição dos interessados a participar no Clube. Em função do número de interessados e atendendo ao espaço de que dispõe a escola, deverá ser feita uma selecção de alunos através de um pequeno teste ou optando pela criação de vários grupos de trabalho de tamanho reduzido, com um máximo de 12 a 15 alunos. Este teste tem como objectivo seleccionar os alunos que se mostram mais interessados, curiosos e participativos.

Além da selecção dos alunos será necessário também escolher um horário compatível para os dinamizadores e para os alunos, a fim de não perturbar outras atividades.

Em anexo (Anexo 2) pode ser observado um exemplo de um teste que foi usado no início do ano lectivo.

CRIAÇÃO DE UM PLANO ANUAL DE ACTIVIDADES

A elaboração de um Plano Anual de Actividades é fundamental, não só permite aos dinamizadores uma maior organização das actividades, como envolve os alunos na preparação

28 das mesmas e na procura de materiais. Assim, o sucesso destas atividades depende de uma boa planificação feita no início de cada ano lectivo.

A planificação deverá ter o número e o nome das actividades que se pretendem desenvolver, bem como a respectiva calendarização, tendo em conta o dia escolhido para ocorrerem as actividades e o calendário escolar. Devem constar também no plano os recursos humanos e materiais, as actividades prévias a realizar e o local destinado às várias actividades (Anexo 3 – Exemplo de um Plano Anual de Actividades).

3.3. A

CTIVIDADES DESENVOLVIDAS NO

C

LUBE

As actividades que a seguir se apresentam ocorreram em locais com poucas condições materiais e logísticas e explicam a forma como foram realizadas, dando um contexto mais claro e autêntico possível de cada situação. Mostram, por isso, que é possível apelar ao uso do trabalho experimental, dando um carácter mais prático à Física, mesmo sem as condições materiais e laboratoriais que qualquer escola e professores idealizam ter.

As actividades que aqui são descritas foram realizadas em contexto de Clube de Física, mas poderiam facilmente ser implementadas por qualquer professor de Física do Ensino Secundário, em Angola, na sua sala de aula.

Nos dois Clubes de Física, que abrangeram alunos de 3 turmas de Matemática/Física da EFP e várias turmas da escola onde os alunos da 13ª G estagiaram (escola de aplicação), foram realizadas dezenas de actividades. No entanto, da totalidade dessas actividades foram seleccionadas 12, por serem aquelas em que observámos uma reacção bastante positiva por parte dos alunos que nelas participaram, tanto no que diz respeito à sua motivação, participação e trabalho de equipa, compreensão de conceitos dados na disciplina, como envolvimento na preparação de algumas. O envolvimento deles mostrou ser um ponto positivo a ter em conta, inclusive, na selecção e repetição de algumas dessas actividades em anos seguintes. Além disso, todas elas são actividades de baixo custo e de fácil repetição, que permitem que qualquer escola e professor de Física as possam utilizar.

Estas 12 actividades não foram, no entanto, validadas em sentido escrito. Contudo, por as termos usado, e algumas até mais do que vez, daqui resultaram várias adaptações e melhorias que fomos incorporando, com base no que fomos observando da sua aplicação na prática. O objecto final dessas adaptações e melhorias aos protocolos e aos guiões dos professores é aquele que aqui se apresenta, sob a forma de portefólio.

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