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Esta pesquisa foi realizada através de uma abordagem qualitativa de acordo com um estudo de caso. Menga Ludke e Marli E. A. D. André (1986) apresentam cinco características básicas que identificam pesquisas qualitativas e estudo de caso, a seguir discorrerei sobre elas.

A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento. Segundo os dois autores, a pesquisa qualitativa supõe o contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo investigada, via de regra através do trabalho intensivo de campo. A seguir destacarei uma sucessão de conceitos e argumentos dos autores a respeitos destas abordagens educacionais. Como os problemas são estudados no ambiente em que eles ocorrem naturalmente, sem qualquer manipulação intencional do pesquisador, esse tipo de estudo é

também chamado ‘naturalístico’ (LUDKE LUDKE & ANDRÉ, 1986, p. 11-12). Para esses autores,

portanto, todo estudo qualitativo é também naturalístico.” (LUDKE & ANDRÉ, 1986, p. 11-12). A seguir destacarei citação das autoras sobre características da pesquisa qualitativa.

O material e os dados obtidos nessas pesquisas são ricos em descrições de

pessoas, situações, acontecimentos; inclui transcrições de entrevistas e de depoimentos, fotografias, desenhos e extratos de vários tipos de documentos. Citações são freqüentemente usadas para subsidiar uma afirmação ou

esclarecer um ponto de vista. Todos os dados são considerados importantes.

Segundo Ludke & André (1986, pp. 12,13) , pesquisas qualitativas preocupa-se muito mais

com o processo do que com o produto. Considera-se os diferentes pontos de vista dos participantes, os estudos qualitativos permitem iluminar o dinamismo interno das situações, geralmente inacessível ao

observar externo. As autoras ainda acrescentam em relação aos cuidados do pesquisador,

o cuidado que o pesquisador precisa ter ao relevar os pontos de vista dos participantes é com a acuidade de suas percepções. Deve, por isso, encontrar meios de checá-las, discutindo-as abertamente com os participantes ou confortando-as com outros pesquisadores para que elas possam ser ou não

confirmadas(LUDKE & ANDRÉ 1986, pp. 12,13).

De acordo com Ludke & André (1986) as características do estudo de caso superpõem às características gerais da pesquisa qualitativa anteriormente descrita. A seguir apresentarei as características gerais do estudo de caso.

Uma das características do estudo de caso, é que este visa sempre a descoberta, (...) fundamentando-se no pressuposto de que o conhecimento não é algo acabado, mas uma construção que se

faz e refaz constantemente. (LUDKE & ANDRÉ, 1986, p18). De acordo com a afirmação das autoras, vale ressaltar que o pesquisador buscará sempre novas respostas e indagações no desenvolver de seu trabalho.

È importante destacar, seguindo as considerações das autoras, a relevância de se levar em conta o contexto onde se situa esse estudo; pois o estudo de caso busca retratar a realidade de forma completa e profunda, a variedade de fontes de informação (coleta de dados em diferentes momentos), revelar a experiência do pesquisador, representar os diferentes pontos de vista presente em uma situação sócias e durante esses relatos são utilizadas uma linguagem mais acessível do que em outros relatórios de pesquisa.

4.1 O LOCAL DA PESQUISA

O presente trabalho foi realizado em uma escola particular na cidade de Fortaleza

que atende da educação infantil ao ensino médio. A coleta de dados foi feita em uma sala de primeiro ano do ensino médio, cuja sala possuía uma aluna com síndrome de Down, sujeito deste estudo.

A escola é situada em um bairro nobre de Fortaleza, atende a um público que possui boas condições financeiras, tem aproximadamente 13 salas, possui duas quadras poliesportivas, sala de informática, laboratório de ciências, sala de multimídia. Todas as salas de aulas possuem cadeiras com excelentes condições, salas espaçosas, com ar condicionado, lousa banca com pincel. Quanto as demais dependências da escola, ela possui quatro banheiros divididos (dois femininos; dois masculinos), três bebedores, um refeitório onde são servidos os lanches do cardápio da escola (que tem um acompanhamento nutricional). A escola oferece também aulas extras em outro turno e disponibiliza banca de estudos, clubes (natação, capoeira, caratê, futebol e dança). A escolha desta escola se baseou no fato dela atender alunos com síndrome de Down e outras deficiências nas salas de aula comum, e ainda por ter uma experiência com a prática da inclusão há vinte e cinco anos. Outro critério diz respeito à concordância da minha presença para realização da minha pesquisa.

4.2 SUJEITOS

Participaram desse estudo uma professora, uma mãe e uma jovem com síndrome de Down, todos eles não foram identificadas para preservar seu anonimato. Sendo assim eles serão designadas consecutivamente, como; Maria, Marta e Ana. Importante ressaltar que a escolha para entrevistar a mãe e a professora, se justifica tendo em vista que eles representam dois ambientes propiciadores do desenvolvimento e da aprendizagem, no caso a família e a escola.

A professora Maria ensina nesta escola há um ano, ela é formada em Licenciatura Específica em História – UVA e atualmente está fazendo um curso sobre distúrbios de aprendizagem na Faculdade Sete de Setembro. No contato com a professora verifiquei que ela tem uma visão otimista sobre inclusão, porém ressalta as melhorias que as escolas ainda precisam para atender com excelência as necessidades gerais destas crianças e professores. A professora entrevistada admira muito o entusiasmo, esforço e dedicação de Ana (jovem participante deste estudo) para aprender e tece sempre muitos elogios a ela.

Marta, uma mãe muito dedicada e apaixonada pela filha, relata sempre em suas falas o cuidado e a dedicação que deu a Ana durante todo o processo da vida dela, estando sempre muito presente na escola e nos demais processos de sua construção.

Segundo sua mãe, Ana é uma menina linda e meiga estuda desde os dois anos de idade, passou por escolas de Fortaleza, sendo esta a quarta escola onde ela está até hoje. Agora Ana está com 22 anos. Ela é uma mulher extremamente desenvolta em seus argumentos e diálogos, tem um noivo e trabalha como telefonista em uma operadora de telefone celular, e aparenta está muito feliz com sua vida, tanto no ambiente educacional como familiar.

4.3 PROCEDIMENTOS DE PESQUISA

A coleta de dados foi realizada através de entrevistas gravadas e autorizadas pelos participantes. Elas foram realizadas com a professora e a mãe da criança estudada, bem como através de pesquisas bibliográficas. As entrevistas visavam identificar os aspectos

relevantes da vivência escolar para o desenvolvimento da jovem com Síndrome de Down. De acordo com Luke & André (1986 p.33) (...) a entrevista desempenha um importante

papel não apenas nas atividades científicas como em muitas outras atividades humanas.

A partir das considerações das autoras, a entrevista quando bem utilizada e respeitados os limites exigidos dentro da determinada situação, pode ser um instrumento poderoso para a pesquisa educacional.

Segundo as autoras existem três tipos de entrevista, a não- estruturada ou não padronizada (quando o entrevistador segue um roteiro de perguntas feitas a todos os entrevistados de maneira idêntica); padronizada ou estruturada (utilizada quando se visa a obtenção de resultados uniformes entre os entrevistados) e a entrevista semi- estruturada (o entrevistador tem liberdade e autonomia para fazer suas próprias adaptações se achar necessário, no momento da entrevista). Neste trabalho foi utilizada a pesquisa semi- estruturada.

De acordo com GIL (1991) a pesquisa bibliográfica abrange a leitura, análise e a interpretação de livros, textos legais e documentos. Esse tipo de pesquisa tem por objetivo conhecer as diferentes contribuições científicas disponíveis sobre determinado tema. Ela dá suporte a todas as fases de qualquer tipo de pesquisa, uma vez que auxilia na definição do problema, na determinação dos objetivos, na construção de hipóteses, na fundamentação da justificativa na escolha do tema e na elaboração do relatório final.

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