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Parte II Enquadramento Metodológico

5. Metodologia de Investigação

Para o desenvolvimento da minha investigação foi preciso optar pela metodologia mais adequada para o meu estudo, mediante os objetivos que pretendia alcançar. Numa fase inicial, será apresentado o método utilizado na minha investigação, em seguida a técnica escolhida para a recolha de dados, será elaborada uma exposição dos instrumentos a utilizar na recolha de informação. Será ainda apresentada o público- alvo desta investigação, bem como os critérios para a sua escolha.

5.1. Método

Em relação ao método optei pelo método de investigação qualitativa, uma vez que o objetivo principal desta investigação é compreender as razões da mudança de hábitos de consumo no contexto de crise, de que forma é que as pessoas conseguem resistir a esta problemática, que estratégias adotaram para conseguir sobreviver e continuar a viver com a mudança.

5.2. Técnica de Recolha de Dados

Relativamente à técnica que escolhi para o meu estudo foi a entrevista semi- diretiva, uma vez que pretendo obter dados empíricos que demonstrem a situação atual destas famílias que tiveram que alterar os hábitos e estilos de vida para resistirem à crise. Segundo Albertino Gonçalves (2004), apesar da carga subjetiva e da parte de encenação que a caracterizam, a técnica da entrevista afirma-se como uma das mais ricas e das mais utilizadas no âmbito da Sociologia. Evoluindo numa situação social de interação face a face, as entrevistas revestem formas e conteúdos assaz diversos consoante o interlocutor (indivíduo ou grupo), o momento (entrevistas exploratórias, complementares ou comprovatórias), a função (informação, diagnóstico, terapia, avaliação, seleção, negociação), o centro de interesse (o indivíduo ou o coletivo através do indivíduo ou de um pequeno grupo), o alvo (atributos, opiniões, comportamentos, motivações), o grau de liberdade (estruturadas, semi-estruturadas, não estruturadas; diretivas, não diretivas) e o nível de profundidade (clínicas, centradas,...).

Desta forma, e de acordo com Quivy e Campnhoudt (1998), a técnica permite um grau de profundidade dos elementos de análise recolhidos e também a flexibilidade

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interpretações dos interlocutores. Geralmente, o investigador dispõe de uma série de perguntas-guias, relativamente abertas, a propósito das quais é imperativo receber uma informação da parte do entrevistado. (Quivy e Campnhoudt, 1998: 192)

Ora, a realização das entrevistas permitiu-me conhecer e compreender melhor a vida desta classe social no contexto atual de crise. Permitiu-me avaliar a mudança de comportamentos e estratégias adotadas no seu dia-a-dia para conseguir lidar e resistir à crise. Perceber, também as várias mudanças no seu estilo de vida, a mudança de hábitos de consumo para conseguir equilibrar o seu orçamento familiar. Para a realização das mesmas foi elaborado um guião baseado na revisão bibliográfica, no objetivo geral “ A

mudança de hábitos de consumo, no contexto da crise atual” e nos meus objetivos

específicos:

 Compreender as mudanças mais significativas da classe média no ato do consumo em contexto de crise. Conseguir desta forma conhecer em que serviços e produtos os portugueses cortaram mais.

 Analisar as estratégias impostas no dia a dia do consumidor para conseguir resistir à Crise. Conhecendo melhor o novo consumidor, um consumidor mais retido e informado.

 Conhecer as consequências psicológicas provocadas pela mudança dos hábitos de consumo. Analisando o quanto afetou a vida desta classe social em relação às perspetivas de futuro e de que forma têm resistido e suportado todas estas mudanças.

5.3. Selecção do Público-Alvo

Relativamente ao meu público-alvo tive particular atenção à estrutura familiar que iria seleccionar para o meu estudo. Selecionei famílias de classe média, uma vez que são precisamente estas as famílias que foram mais afetadas pela crise com as medidas de austeridade impostas pelo governo e, onde se viram obrigadas a fazer alterações consideráveis no seu estilo de vida, nos seus hábitos de consumo e no seu orçamento familiar. O objetivo principal ao estudar estas famílias é, sem dúvida, compreender as principais alterações nos seus estilos de vida, as mudanças mais

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significativas no seu dia a dia e, perceber de que forma e que estratégias adotaram para conseguirem resistir a esta crise para conseguirem fazer face a todas as despesas.

Os entrevistados tem idades compreendidas entre os 25 aos 60 do sexo feminino e masculino que residam na cidade ou arredores de Braga. Foram realizadas 15 entrevistas onde todas elas apresentem diferentes situações como o desemprego, ativos da classe média prejudicados pelos cortes do Estado, jovens em situação de desemprego, licenciados em situações de emprego precárias, casais com filhos e sem filhos e, também jovens que pretendem formar família e ter filhos e a crise não o permite devido à instabilidade do mercado de trabalho. (ver anexo IV)

Relativamente ao local, as entrevistas foram realizadas em lugares apaziguados, como nas suas próprias habitações e em locais com um ambiente calmo que me possibilitasse de gravar a conversa, poder ter a oportunidade de observar os seus comportamentos, compreender melhor a situação descrita por estes e, me possibilitar de obter o máximo de atenção na forma como abordavam as suas repostas e a forma como relatavam o tema da crise. Desta forma, poderei visualizar diferentes situações familiares da classe média, poder compará-las e perceber se se comportam de maneira diferente umas das outras, compreender a forma como conseguem lidar e resistir à crise que atravessamos atualmente.

5.4. Análise de Conteúdo

Posteriormente foi feita uma análise de conteúdo, no qual podemos definir como um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter por procedimentos sistemáticos e objetos de descrição do conteúdo das mensagens indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/receção (variáveis inferidas) destas mensagens. (Bardin, 2008)

Esta técnica tem por finalidade efetuar deduções lógicas e justificadas, referentes à origem das mensagens tomadas em consideração (o emissor e o seu contexto, ou, eventualmente, os efeitos dessas mensagens). O analista possui à sua disposição (ou cria) todo o jogo de operações analíticas, mais ou menos adaptadas à natureza do material e à questão que procura resolver. Pode utilizar uma ou várias operações, em complementaridade, de modo enriquecer os resultados, ou aumentar a sua validade,

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De acordo com Isabel Guerra (2006: 69), a análise de conteúdo pretende descrever situações, mas também interpretar o sentido do que foi dito. Quando falamos em investigação empírica referimo-nos a uma série de operações como descrever os fenómenos (nível descritivo) e descobrir relações de causalidade/ de interpretação das dinâmicas sociais em estudo (nível interpretativo e grosso modo correspondente à análise tipológica).

Assim, numa primeira fase procedi à transcrição das entrevistas, em seguida dei lugar à leitura das mesmas, onde nesta fase foram retiradas anotações consideradas relevantes e de forma a conseguir um resumo do respetivo conteúdo das entrevistas. Numa fase posterior e após a leitura e análise da temática e a problemática das entrevistas, elaborarei grelhas onde constam as categorias, subcategorias e as respetivas unidades de registo com os argumentos dos entrevistados (ver anexo V). Contudo, esta técnica permitiu-me, assim, obter informação mais rica e, organizada para conseguir comparar e chegar de forma mais eficaz às minhas conclusões do meu estudo.

Parte III