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Metodologia de obtenção de fração volumétrica

Bolhas Anular

Figura 3.7 Seção de testes da linha de escoamento vertical multifásica.

3.2 Metodologia experimental

3.2.3 Metodologia de obtenção de fração volumétrica

Conforme mencionado anteriormente, as frações volumétricas foram mensuradas através da técnica de válvulas de fechamento rápido, amplamente utilizada por diversos pesquisadores e comprovadamente eficiente conforme demonstrado por Oddie et al. (2003). Tal técnica consiste no fechamento rápido e simultâneo de válvulas permitindo enclausurar o

escoamento em determinado trecho da tubulação. A Figura 3.14 ilustra uma situação hipotética da linha de teste após o fechamento das válvulas VA1 e VA2 (o trecho de tubulação delimitado por VA1 e VA2 da Figura 3.14 corresponde ao mesmo trecho de VA1 e VA2 da Figura 3.7). Logo após o fechamento das válvulas, o escoamento é estagnado e com o decorrer do tempo as fases são separadas em decorrência da diferença de densidade dos fluidos. Dessa forma, com a medida direta ou indireta das alturas ocupadas por cada fase, foi possível determinar as frações volumétricas médias no tempo e no espaço de cada fase (considerando uma tubulação de seção transversal constante).

Figura 3.14 - Método de obtenção das frações volumétricas das fases por meio da técnica de válvulas de fechamento rápido.

Na Figura 3.14, os termos har, ho, hw e hgi correspondem, respectivamente, à coluna de ar, coluna de óleo, coluna de água e lacuna entre a válvula automática VA1 e a conexão do transdutor SM. Considerando a válvula V8 aberta para a atmosfera e desprezando a coluna hidrostática de ar, a pressão PSM no transdutor pode ser calculada através da Equação 3.5.

𝑃𝑆𝑀 = [𝜌𝑤(ℎ𝑤 − ℎ𝑔𝑖) + 𝜌𝑜𝑜]𝑔 + 𝑃𝑎𝑡𝑚 (3.5)

Além disso, sabe-se também que a altura total da seção de testes pode ser calculada conforme Equação 3.6.

𝑡 = ℎ𝑜+ ℎ𝑤 + ℎ𝑎𝑟= 3,6𝑚 (3.6)

Em decorrência do número elevado de luvas e conexões, as interfaces óleo-água e óleo-ar, exemplificados pela Figura 3.14, podem não estar visíveis, dependendo das velocidades superficiais das fases empregadas. Visando manter um padrão de medição, optou- se pela obtenção da altura de água (hw)para a obtenção das frações volumétricas de cada fase. Nas situações em que não foi possível obter a posição da interface água-óleo, realizou-se a drenagem do líquido, suficiente para visualização da mesma. Quando necessário, após a drenagem da água, o volume drenado (Vdren), medido em uma proveta com precisão de ± 5 ml, foi utilizado para obtenção da altura total de água antes da drenagem (hw). Para as medições diretas das alturas, utilizou-se uma fita metálica graduada com precisão de ± 0,1 cm. Foi necessária a realização de drenagem em cerca de 12% dos pontos experimentais coletados. Com isso, a altura da coluna de água pôde ser calculada conforme a Equação 3.7.

𝑤 = ℎ𝐷𝑤 +𝑉𝑑𝑟𝑒𝑛 𝐴𝑡𝑢𝑏𝑜

(3.7)

Onde hDw corresponde à altura da coluna de água obtida pela fita metálica graduada depois da drenagem. Nota-se, pela Equação 3.7, que, nos casos onde não há a necessidade de drenagem (Vdren = 0), a altura da coluna de água é obtida diretamente pela utilização da fita metálica graduada. A área do tubo (Atubo) foi considerada constante ao longo de toda a tubulação com valor de 19,635 cm2 (tubo com diâmetro interno de 5 cm).

Tendo como base o trabalho de Moffat (1985) sobre propagação de incertezas, foi possível determinar que o maior erro possível de se obter, para a altura da coluna de água (hw) pela Equação 3.7, corresponde ao valor de ± 0,296 cm. Por questões de simplificação, e levando em consideração possíveis erros visuais de medição, foi considerado um erro absoluto constante de ± 0,5 cm para o valor obtido para altura da coluna de água (hw) e para a medição da altura total da tubulação (ht), com ou sem a utilização de drenagem para a obtenção de hw.

Sabendo-se a altura da coluna de água, pode-se determinar a altura da coluna de óleo (ho), conforme a Equação 3.8. ℎ𝑜= 𝑃𝑆𝑀 − 𝑃𝑎𝑡𝑚 𝑔𝜌𝑜 − 𝜌𝑤(ℎ𝑤 − ℎ𝑔𝑖) 𝜌𝑜 (3.8)

Possuindo as alturas das colunas de óleo e de água, a altura de ar (ℎ𝑎𝑟) pode ser

determinada diretamente pela Equação 3.9.

ℎ𝑎𝑟= ℎ𝑡− (ℎ𝑤+ ℎ𝑜) (3.9)

Dessa forma, as frações volumétricas de todas as fases puderam ser mensuradas através das expressões da Tabela 3.6.

Tabela 3.6 - Cálculo das frações volumétricas através da altura da coluna de água e através da pressão hidrostática.

Fração volumétrica Fórmula de cálculo

𝜺𝒘 ℎ𝑤 ℎ𝑡 𝜺𝒐 𝑃𝑆𝑀− 𝑃𝑎𝑡𝑚 − 𝜌𝑤𝑔(ℎ𝑤 − ℎ𝑔𝑖) ℎ𝑡𝑔𝜌𝑜 𝜺𝒂𝒓 𝜌𝑜𝑔(ℎ𝑡− ℎ𝑤) + 𝜌𝑤𝑔(ℎ𝑤 − ℎ𝑔𝑖) − 𝑃𝑆𝑀+ 𝑃𝑎𝑡𝑚 ℎ𝑡𝑔𝜌𝑜

O valor da densidade do óleo, 𝜌𝑜, foi medido, antes de cada ponto experimental,

através da medição da coluna hidrostática na seção de testes preenchida completamente por óleo, utilizando a Equação 3.3, resultando na Equação 3.10.

𝜌𝑜= 𝜌𝑤 −

(𝑃1− 𝑃2) 𝑔𝐻𝑑𝑒𝑛

(3.10)

Os valores das variáveis utilizadas nas expressões da Tabela 3.6 e na Equação 3.10 e seus respectivos erros podem ser observados pela Tabela 3.7.

Tabela 3. 7 - Valores das variáveis utilizadas na determinação da fração volumétrica e seus respectivos erros.

Variável Símbolo Valor Incerteza

Densidade da água 𝜌𝑤 991 kg/m3 ± 6 kg/m3

Densidade do óleo 𝜌𝑜 variado

Dependente da Equação 3.10

Pressão atmosférica 𝑃𝑎𝑡𝑚 92,598 kPa ± 0,42 kPa

Pressão da coluna hidrostática 𝑃𝑆𝑀 variado ± 36,56 Pa

Altura da água ℎ𝑤 variado ± 0,5 cm

Altura total da seção de testes ℎ𝑡 360 cm ± 0,5 cm

Lacuna entre a válvula VA1 e a tomada de

pressão ℎ𝑔𝑖 15 cm ± 0,5 cm

Aceleração da gravidade 𝑔 9,81 kg.m/s2 ----

Altura da coluna de óleo para medição da

densidade 𝐻𝑑𝑒𝑛 265,5 cm ± 0,5 cm

Pressão diferencial da coluna do óleo para

medição da densidade 𝑃1− 𝑃2 variado

±4,5 Pa* ou ±18,75 Pa*

 * Os sensores utilizados dependem do valor de (P1-P2) medido.

Por fim, o valor da pressão atmosférica foi obtido, através de várias medições realizadas durante toda a campanha experimental, em um barômetro com precisão de ± 6,67 Pa.

A Tabela 3.8 ilustra as incertezas resultantes dos dados experimentais de fração volumétrica. Percebe-se que as incertezas dos valores medidos apresentam valores bem reduzidos, evidenciando que a metodologia de obtenção de fração volumétrica é adequada.

Tabela 3.8 - Incertezas obtidas para os dados experimentais de fração volumétrica.

𝜺𝒘 𝜺𝒐 𝜺𝒂𝒓

Incerteza média 1,99% 2,45% 2,72%

% de pontos com incerteza < 10,0% 100,00% 94,74% 91,58%  Incertezas relativas aos valores medidos.

Maiores detalhes sobre as incertezas obtidas pelas medições de fração volumétrica estão ilustrados no Apêndice C.