• Nenhum resultado encontrado

Metodologia de Recolha de Dados e Execução do Projecto

3 Estudo Empírico: Projecto TRIP

3.3 Metodologia de Recolha de Dados e Execução do Projecto

Em relação ao período de testes considerado para este estudo, importa salientar:

• A duração da experiência foi de três meses (de 14 de Dezembro de 2006 a 16 de Março de 2007);

• A divulgação da experiência foi efectuada através da publicitação recorrendo apenas aos moldes apresentados na secção 3.1.7.5;

• Embora não tivesse havido uma introdução formal ao projecto e ao modo de participação (instalação e utilização da aplicação cliente e interacção com o servidor), existia um

site

de apoio ao projecto referenciado pelos meios de publicitação utilizados. Este continha todas as explicações sobre o projecto, como instalar a aplicação cliente, como interagir com o sistema e como reconhecer uma zona de interacção;

• A avaliação foi efectuada a dois níveis, ao nível funcional e ao nível técnico:

o No nível funcional, pretendeu conhecer-se o que motiva a pessoa a gostar, a participar, a interagir com o sistema e a obter a sua percepção de sistema e do ambiente. Isto foi atingido através da observação, das entrevistas e dos inquéritos; o Ao nível técnico, pretendeu descobrir-se padrões de comportamento, tendências de

utilização e relação entre funcionalidades e códigos (tamanhos, número de réplicas, entre outros). Foi atingido através da análise de

logs

e cruzamento com inquéritos; • Foram efectuadas algumas sessões pontuais de observação durante o período de testes; • Foram enviados

e-mails

a todos os indivíduos registados a agradecer a participação e a

solicitar a sua disponibilidade adicional para eventual entrevista, no final do período de testes;

• Foram efectuadas sete entrevistas, no final do período de avaliação. Apesar de terem sido efectuadas diversas diligências no sentido de contactar as pessoas que participariam na experiência, principalmente por

e-mail

56, o número de respostas foi reduzido. Do grupo de

entrevistados, três haviam utilizado o sistema, os restantes quatro indivíduos foram aleatoriamente seleccionados entre os que estavam numa das salas onde a experiência decorreu (LAP1).

• Consideraram-se quinze inquéritos válidos e cinco inválidos. Foram recolhidos quinze inquéritos, em papel, distribuídos após o período de avaliação, maioritariamente aqueles cujo preenchimento foi expressamente solicitado no momento da distribuição dos mesmos. Foi proporcionada a hipótese de, durante o período de testes, qualquer indivíduo (utilizador

ou não) poder responder a um inquérito gerado de forma dinâmica no

site

do projecto. Neste mecanismo, as questões foram encadeadas segundo a lógica de respostas dos inquiridos. No entanto, o número de inquéritos respondidos por esta via foi muito baixo (cinco inquéritos iniciados, mas apenas dois efectivamente completos). Relativamente aos dois inquéritos respondidos correctamente por esta via, estes não foram considerados estatisticamente como válidos, pelo facto dos inquiridos não pertencerem à população-alvo seleccionada.

• Os resultados das sondagens, lançadas na aplicação, também foram considerados para as conclusões deste trabalho.

Dada a quantidade de informação a recolher, foram efectuadas várias versões do inquérito distribuído57, após diversas iterações de redesenho e condensação. Estas tiveram como objectivo

tornar o questionário exequível, sob pena de ser excessivamente extenso e desencorajar a resposta por parte dos indivíduos.

A secção A do inquérito visava suportar a criação de perfis, recolhendo dados pessoais e relativos ao dispositivo. A secção B pretendia recolher informação sobre o grau de conhecimento da tecnologia. A secção C seria orientada para questões destinadas a indivíduos que não tivessem utilizado a aplicação, enquanto a secção D era dirigida àqueles que tivessem utilizado a aplicação. Por último, a secção E era constituída por uma questão aberta cujo objectivo era obter

feedback

das pessoas acerca da aplicação.

Na tabela seguinte estabelece-se a relação entre as diversas perguntas incluídas no questionário e os objectivos previamente definidos para o projecto58:

Objectivos Questões

Obj.1. Simplicidade do modelo de interacção B1 a B3, D2, D3, D5, E1

Obj.2. Grau de satisfação D3 a D5, E1

Obj.3. Relação formato – utilização D2, D6, D7, E1

Obj.4. Percepção do

feedback

D7, E1

Obj.5. Efeito rede C1, D8, E1

Obj.6. Condicionantes funcionais C1, C2, D2, D7, E1

Obj.7. Condicionantes técnicas D1, E1

Tabela 2 – Mapeamento dos objectivos no inquérito

57 Ver Anexo G – Inquérito.

58

As entrevistas tentaram ser tão abertas quanto possível embora seguindo o mesmo guião, a mesma abordagem e o mesmo tipo de perguntas delineadas para os inquéritos. Para os que não haviam participado na experiência, após resposta às questões apropriadas, era-lhes sugerido experimentar a aplicação, com um dispositivo cedido para o efeito e com a ajuda do avaliador (caso não estivessem familiarizados à marca/modelo em questão). Neste caso, eram alvo de observação directa. No caso das entrevistas, existindo maior margem de manobra, tentaram obter-se detalhes qualitativos no seguinte tipo de questões:

• Saber a opinião sobre a forma de distribuição da aplicação (por

bluetooth

). Tentou perceber-se como reagiam a solicitações não esperadas, se consideravam incomodativo, intrusivo, gerador de desconfiança, ou complexo;

• Perceber se sentiram dificuldades na instalação, ou no início da execução do TripReader, e conhecer a forma como ultrapassaram eventuais condicionalismos ou saber se simplesmente desistiram;

• Perceber quais as finalidade e potencialidades da câmara fotográfica integrada no telemóvel. Se meramente para tirar fotografias e guardar, se enviar MMS, se para efectuar chamadas telefónicas 3G (por exemplo, video calls), e/ou se já sentem mais-valia em algum tipo de aplicações que explorem a câmara;

• Perceber qual o factor mais importante para aceitarem a instalação de uma aplicação no seu próprio dispositivo (excluindo à partida o custo que, assume-se, ser a mais relevante); • Perceber outros motivos que poderiam ter contribuído para participarem no projecto; • Para os que não participaram, foi solicitado uma descrição da forma como idealizam a

utilização do programa TripReader.

Em relação ao mecanismo de disseminação da aplicação, TripPusher, inicialmente, foi implementado de forma massiva, ou seja, sem grandes verificações ou restrições. Deste modo, a aplicação foi enviada sistematicamente, só descartando o dispositivo quando este já a tivesse instalado (executado). No entanto, as pessoas que não pretendiam participar mas que, por algum motivo, se encontravam no local da experiência, consideravam esta insistência incomodativa. Alterou-se a estratégia, sendo que a descoberta e a tentativa de envio passou a efectuar-se em períodos mais espaçados (configurável por parâmetro). Para um determinado dispositivo, considerou-se um determinado número de tentativas (configurável por parâmetro), efectuadas as quais o dispositivo deixava de ser abordado.

De forma idêntica, nos ecrãs públicos, inicialmente cada ecrã possuía um tempo de apresentação de cinco minutos entre cada troca de conteúdo. Chegou-se à conclusão que era demasiado tempo para mostrar um único conteúdo pois causava a sensação, a quem assistia, que a informação era muito repetida. Sendo impossível, na versão actual do Situaction, configurar dinamicamente o tempo de exibição, este foi alterado para um minuto de apresentação à excepção das mensagens públicas que, caso não fosse enviada uma nova mensagem para esse mesmo ecrã, seria exibida durante cinco minutos.

Ao longo do projecto, foram implementadas novas funcionalidades no

site

relacionadas com dinamização dos códigos visuais. Ao gerar um novo código, o utilizador definia se iria ser público ou privado. Se fosse público, poderia ser exibido nos ecrãs públicos, nas listagens de códigos do

site

ou mesmo ser impresso e/ou picado por outros utilizadores. Se fosse privado, apenas esse utilizador o iria visualizar e/ou picar. Foi introduzida na página principal uma secção “Latest News” onde eram publicitadas novas

releases

, mensagens aos utilizadores e/ou outro tipo de informações que os utilizadores registados poderiam também colocar. Foram alterados vários tipos de

lettering

com intuito de ser mais apelativo, adequar-se às diferentes resoluções dos ecrãs e facilitar a leitura, nomeadamente para a funcionalidade de mensagens públicas.

Em relação à funcionalidade de gerar novos

tripcodes

, foi acrescentado um limite de cem códigos para cada utilizador, evitando excessos. Verificou-se que, no final do período de avaliação, foram gerados no total 58

ringcodes

. Desses, 36 foram gerados pelos administradores do projecto para colocação nos locais onde decorreu a experiência.

Na parte do cliente, TripReader, também algumas melhorias foram efectuadas após observação dos utilizadores. Como a procura por um servidor TRIP poderia ser morosa, passaram a ser exibidos no visor “pontos” por cada dispositivo encontrado e, caso fosse detectado um servidor TRIP, surgiria o nome do mesmo, notificando ainda o utilizador que iria verificar os serviços TRIP aí disponibilizados. Caso contrário, seria solicitada uma nova pesquisa ou uma deslocação para outra zona de cobertura.

Detectou-se, por exemplo, que, na funcionalidade “Mais Informações”, após seleccionarem o docente e estando o sistema sobrecarregado, o visor do dispositivo apareceria sem dados (ecrã completamente branco) durante alguns segundos, enquanto não chegava a resposta, o que provocava a falsa sensação ao utilizador de que a aplicação havia bloqueado. Foi acrescentado, para este tipo de situações, uma mensagem adicional “Aguarde…” que, em caso normais, não