• Nenhum resultado encontrado

Quanto aos fins a pesquisa é considerada descritiva, realizada por meio da coleta de dados secundários da PNAD, no período de 2002 e 2012, última década com dados disponíveis (os dados de 2013 ainda não estão disponibilizados). Com isso pretende-se analisar os dados, bem como revisar a discriminação de gênero com base na literatura já existente, com intuito de verificar se existe a discriminação no Ceará. Para análise dos dados será utilizado o método quantitativo. O método adotado é a decomposição de Oaxaca-Blinder.

3.1 Base de dados

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) é uma pesquisa realizada todos os anos com o objetivo de verificar as características gerais da população, da educação, do trabalho, do rendimento e habitação, de forma regular e conforme a necessidade do país de informação. Segundo o site da PNAD, “o levantamento dessas estatísticas constitui, ao longo dos 44 anos de realização da pesquisa, um importante instrumento para formulação, validação e avaliação de políticas orientadas para o desenvolvimento socioeconômico e a melhoria das condições de vida no Brasil”.

Portanto a base de dados usada é a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) para o ano de 2002 e 2012, com a intenção de comparar esses dados ao longo de uma década e assim verificar o que aconteceu no Estado do Ceará nesse periodo. Os dados coletados foram: rendimento do trabalho principal, 40 horas trabalhadas (variável relativa do salário), pessoas de 10 a 65 anos (considerando o trabalho infantil), gênero, Ceará, região Nordeste e Brasil. Vale ressaltar que o cargo não foi levado em consideração. Todos os dados foram ponderados pelos pesos da PNAD, a fim de gerar estimativas mais próximas dos valores populacionais do IBGE. Os pesos que devem ser utilizados são informados pela PNAD juntamente com os dados para aproximar os números com a realidade. A PNAD é uma pesquisa em número menor que a pesquisa do IBGE.

Cada categoria de dados possui cinco grandes setores de atividade:  Setor 1: agricultura (agrícola);

 Setor 3: serviços (comércio e reparação, alojamento e alimentação, transporte armazenagem e comunicação, educação, saúde e serviços sociais, serviços domésticos, outros serviços coletivos, sociais e pessoais);

 Setor 4: administração pública; e

 Setor 5: outros (outras atividades e atividades mal definidas).

No tratamento dos dados foi retirado, por exemplo, os questionários que estão incompletos. As pessoas entrevistadas não são obrigadas a responder todas as perguntas. Então na apresentação dos resultados da pesquisa aparece um código que indica a falta de resposta naquela pergunta. Esses questionários foram desconsiderados para diminuir a possibilidade de viés nos resultados da pesquisa.

O tratamento de dados tem como intenção utilizar apenas os dados que realmente possam contribuir para mostrar o que pode estar acontecendo na realidade. Para os dados não ficarem muito aleatórios e sem consistência é realizada uma análise nos dados da PNAD de forma a deixar na pesquisa apenas os dados que estão mais completos.

A diferença no número de observações, que é o número total de entrevistas e os dados que estão dispostos nas tabelas, se dá porque os dados na tabela estão considerando a variável peso que é definida pelo IBGE após cada Censo Demográfico. A pesquisa da PNAD é uma amostra num número menor que o Censo do IBGE. Então é feito uma relação na PNAD para esse número ficar o mais próximo possível da realidade utilizando os pesos determinados pela própria PNAD e pelo IBGE.

3.2 Decomposição de Oaxaca-Blinder

Os dados coletados estão dispostos na forma de tabelas e será utilizada a decomposição de Oaxaca – Blinder originada de Oaxaca (1973) e Blinder (1973) que consiste em buscar o quanto da desigualdade de renda é dada pela discriminação. Ou seja, a decomposição de Oaxaca-Blinder separa a renda média em atributos produtivos de mão-de- obra e atributos não produtivos de mão-de-obra, que pode explicar a discriminação.

Primeiramente será definida a função dos determinantes salariais. Será utilizada uma adaptação de Mincer (1974) com a seguinte equação salarial na forma de matricial:

(1)

u X

w0  

Tem-se como variável dependente, w, que consiste no salário por hora do indivíduo. O vetor de variáveis dependentes da equação matricial acima, X, será determinado por dois grupos de variáveis, variáveis controle e variáveis de discriminação. As variáveis escolaridade (medida por anos de estudo), escolaridade ao quadrado, experiência, experiência ao quadrado, sindicalizado ou não, trabalha na rede pública ou privada, tem carteira assinada ou não e mora na área urbana ou rural, serão as variáveis de controle. As variáveis de gênero serão consideradas as variáveis de discriminação. A constante foi considerada separadamente. No vetor de coeficientes β temos k coeficientes, sendo k o número de variáveis explicativas

que compõe o vetor X.

Seguindo o descrito em Souza (2011) após a definição da equação de rendimentos (1), para observar a discriminação existente entre dois grupos A e B, a equação é aplicada para cada grupo.

(2) (3) Que para a média é:

(4) (5) Como descreve o modelo de mínimos quadrados a esperança dos erros é nula, assim ele não está presente na equação.

A diferença entre os retornos médios dos grupos é então:

(6) Seja o retorno que ocorreria caso não existisse discriminação neste mercado. Somando e subtraindo o termo e rearranjando a última equação obtêm-se:

A partir desta decomposição chega-se a dois efeitos um causado pela diferença de produtividade e outro pela discriminação contra o grupo A e contra o grupo B. Quando a discriminação é unilateral é o retorno do grupo que não sofre discriminações. Desta forma considere o grupo com maiores rendimentos (o grupo dos homens neste trabalho) o grupo A e assim , assim a equação resultado da decomposição é:

(8)

Chega-se então à equação que mostra os dois fatores, sendo o primeiro causado pela diferença nas características produtivas dos indivíduos e o segundo somente pelas características discriminatórias, no caso o gênero.

4 RESULTADOS

De uma maneira geral, a partir das diferenças salariais que serão relacionadas nos resultados é que pode-se inferir que existe a possibilidade de discriminação. O mercado de trabalho mostra que essas diferenças existem, e o próprio mercado de trabalho poderá reduzir ou acabar com essas diferenças. Para tanto serão necessárias políticas públicas e até mesmo parcerias com o setor privado no intuito de acabar com a discriminação. Na ausência da discriminação, as pessoas com mesmos atributos produtivos, independente de raça e gênero, devem ter os mesmos salários.

Segundo a literatura pesquisada e elencada anteriormente, entede-se por discrimanácao quando os indivíduos possuem os mesmos atributos produtivos e mesmo assim recebem remunerações diferenciadas.

A seguir serão abordadas as diferenças salariais entre homens e mulheres e em que medida esta diferença é explicada por diferenças de qualificação ou pela discriminação.

4.1 Análise descritiva

Após tratamento dos dados da PNAD de 2002 e 2012, foi possível observar importantes características no que se refere a média salarial de homens e mulheres. O foco é o Estado do Ceará, os dados do Nordeste e do Brasil foram utilizados para fazer um comparativo.

O Grafico 1 mostra o percentual de entrevistados homens e mulheres, participantes do mercado de trabalho, nos anos de 2002 e 2012, no Brasil.

Gráfico 1 – Distribuição das Pessoas no mercado de trabalho segundo o gênero para Brasil, Nordeste e Ceará

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados da PNAD de 2002 e 2012

Segundo os dados da PNAD 2002, as mulheres representavam 39,25% da População Economicamente Ativa (PEA) no Brasil e em 2012 esse número cresceu para 41,71%. Em termos de Ceará esse número cresceu na mesma proporção, em 2002 era de 38,81% e em 2012 passou para 40,64%. Mesmo com esse crescimento, os homens ainda são a maioria em todas as localidades escolhidas (em 2002 no Brasil 60,75%, no Nordeste 63,15% e no Ceará 61,19% e em 2012 no Brasil 58,29%, no Nordeste 60,23% e no Ceará 59,36%), porém é notório que houve uma maior entrada da mulher no mercado de trabalho, o que confirma a pesquisa quanto à necessidade de verificação da possibilidade de discriminação contra a mulher é de fato relevante. As mulheres representavam 36,85% em 2002 no Nordeste, e em 2012 esse número cresceu para 39,77%%. Entre 2002 e 2012 o número de mulheres no mercado de trabalho aumentou em uma proporção maior que o número de homens no mercado de trabalho.

Conforme gráfico 2 percebe-se o aumento da participação feminina no mercado de trabalho, no Brasil em 2002 era de 39,25% e em 2012 de 41,71%, no Nordeste em 2002 era de 36,85% e em 2012 de 39,77% e no Ceará em 2002 de 38,87% e em 2012 de 40,64%, note que o maior aumento em pontos percentuais foi no Nordeste, com um aumento de 2,92 pontos percentuais. , % , % , % , % , % , % , % , % , % , % , % , % , % , % , % , % , % , % , % , %

Brasil Nordeste Ceará Brasil Nordeste Ceará

Gráfico 2 – Percentual da participação feminina no mercado de trabalho do Brasil, Nordeste e Ceará

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados da PNAD de 2002 e 2012

Constatada a proporção de mulheres no mercado de trabalho levanta-se a hipótese de estas ganharem menos que os homens, dados iniciais quanto à média salarial por hora dos grupos estão expostos na tabela 1 a seguir, para os anos de 2002 e 2012, onde se começa a suspeitar da possibilidade de discriminação do trabalho da mulher. Como destacado por Abramo (2004, p. 13) “as diferenças de remuneração são uma das formas mais persistentes de desigualdade entre homens e mulheres e por isso são um tema central em quase todas as discussões relativas à eliminação da discriminação no mundo do trabalho”.

Tabela 1 – Média salarial em reais por hora segundo o gênero para Brasil, Região Nordeste e Ceará

Brasil Nordeste 2002 Ceará Brasil Nordeste 2012 Ceará

MULHERES 14,07 9,40 8,67 40,41 29,79 34,18

HOMENS 16,56 9,74 9,34 47,60 32,11 32,66

Percentual 17,75% 3,67% 7,81% 17,81% 7,77% - 4,65%

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados da PNAD de 2002 e 2012 Nota: Percentual indica quanto os homens ganham a mais que as mulheres

Em termos de Brasil, a diferença na média salarial por horas trabalhadas é de quase 18% tanto em 2002 como 2012. No Nordeste em 2002 a diferença era de quase 4%, em 2012 a diferença é de quase 8%. No Ceará, em 2002 a diferença era de quase 8%, já em 2012

, % , % , % , % , % , % , % , % , % , % , % , % , % , % , % , %

a situação se inverteu e a mulher passou a ganhar mais que os homens, em uma diferença de quase 5%.

Vale lembrar aqui que os valores não devem ser comparados de um ano para o outro uma vez que não foi considerada a inflação no período sendo os valores relevantes apenas os percentuais e a diferença salarial dentro do mesmo ano a título de ilustração para a motivação da pesquisa.

Pode-se notar que homens ganham mais que mulheres em média, exceto no Ceará em 2012, espera-se então que estes sejam mais qualificados, o que justificaria a diferença salarial. A média educacional é apontada como um indicativo de qualificação, dessa forma estes dados foram levantados e estão expostos na tabela abaixo. Este é outro fator que aponta a possibilidade de discriminação, a mulher tem mais anos de estudos, como mostra a tabela 2, em todas as localidades escolhidas sendo então discriminada ao receber uma média salarial inferior à do homem.

Tabela 2 – Média de anos de estudo segundo o gênero para Brasil, Região Nordeste e Ceará

Brasil Nordeste 2002 Ceará Brasil Nordeste 2012 Ceará

MULHERES 8,24 7,21 7,26 9,77 9,15 9,15

HOMENS 6,74 4,91 5,13 8,31 6,95 7,05

Percentual 22,26% 46,84% 41,52% 17,57% 31,65% 29,79%

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados da PNAD de 2002 e 2012 Nota: Percentual indica quantos anos as mulheres têm a mais que os homens

Pode ser verificado que a média de anos de estudos das mulheres é maior no Brasil, assim como na região Nordeste e no Ceará. No Brasil as mulheres têm em média 22,26% a mais de anos de estudo que os homens. Em 2012 esse número caiu para 17,57%. No Nordeste essa diferença em 2002 era de 46,84%. Em 2012 esse número caiu para 31,65%. No Ceará em 2002 a diferença em anos de estudos das mulheres era de 41,52%. Em 2012 esse número caiu para 29,79%. Isto por que os homens tiveram um acréscimo mais significativo de escolaridade no período, porém as mulheres continuam tendo uma média de anos de estudos superior a dos homens.

Os resultados mostram que pode existir discriminação do trabalho da mulher em 2002 em todas as localidades, incluindo o Ceará, por que elas possuem mais anos de estudos e mesmo assim a média de salários das mulheres é menor. Diferentemente do que acontece em 2012 que as mulheres ganham mais que os homens no Ceará.

Observa-se então que possibilidade de discriminação em 2002 em todas as localidades e uma mudança em 2012, onde o Ceará mostra salários médios das mulheres maior que o dos homens. Deste fato surge uma pergunta, seria isto uma constante em todos os setores da economia ou algum setor apresenta dados diferenciados? Neste trabalho o mercado de trabalho será dividido em alguns setores, descritos abaixo:

Quadro 1 – Divisão de setores de atividade econômica

SETORES TIPOS

Setor 1 Agricultura (agrícola)

Setor 2 Indústria (de transformação e construção)

Setor 3 Serviços (comercio e reparação, alojamento e alimentação, transporte, armazenagem e comunicação, educação, saúde e serviços sociais, serviceos domésticos, outros serviços coletivos, sociais e pessoais)

Setor 4 Administração pública

Setor 5 Outros (outras atividades e atividades mal definidas) Fonte: Elaborado pelo autor

A tabela 3 mostra que em todos os setores de atividade econômica existe diferença salarial entre homens e mulheres, geralmente as mulheres ganham menos que os homens.

Importante destacar que a mulher ganha menos na maioria dos setores de atividade econômica e que no Nordeste a situação é mais complicada ainda, pois o salário médio no Nordeste é significativamente menor em relação ao Brasil.

Em relação ao Nordeste e Ceará tem-se algumas disparidades. Pequenas diferenças entre homens e mulheres dentro dos setores. Em 2002, na maioria dos setores as mulheres ganhavam em média por hora menos que os homens, apenas no Setor 5, de outras atividades é que as mulheres ganham mais que os homens, tanto no Nordeste, como no Ceará.

Em 2012 as mulheres continuam ganhando menos que os homens na maioria dos setores, isso nao acontece nos setores 1 e 5 e somente no Ceará.

Tabela 3 – Média salarial em reais por hora segundo o gênero para Brasil, Região Nordeste e Ceará, em cada setor de atividade econômica

2002 2012

Brasil Nordeste Ceará Brasil Nordeste Ceará SETOR 1 MULHERES HOMENS 6,53 7,28 3,59 4,45 3,43 3,67 23,14 25,53 10,74 17,12 12,25 8,63 SETOR 2 MULHERES 11,60 6,85 5,04 35,72 19,96 17,53 HOMENS 15,11 9,34 7,78 42,28 26,53 24,20 SETOR 3 MULHERES HOMENS 13,06 17,74 11,60 8,86 11,54 8,68 36,62 47,76 28,33 34,89 30,28 35,26 SETOR 4 MULHERES 26,49 21,54 22,01 64,92 57,91 92,84 HOMENS 28,13 22,12 22,41 75,96 65,91 99,19 SETOR 5 MULHERES HOMENS 24,30 28,62 19,54 18,85 18,51 17,99 64,96 78,41 48,96 52,52 70,52 57,24 Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados da PNAD de 2002 e 2012

Existe diferença entre a média salarial de 2002 e 2012, em termos de acréscimo salarial, o destaque aqui se dá que em 2012 as mulheres ganham mais que os homens, porém isso só acontece no setor 1 (agricultura) no Estado do Ceará, no ano de 2012 e no setor 5, no Nordeste e no Ceará no ano de 2002 e no Ceará no ano de 2012.

Vale ressaltar que ao longo dos anos o Governo Federal tem investido em programas para o desenvolvimento da agricultura. Um exemplo da atuação das políticas públicas é o PAA – Programa de Aquisição de Alimento, criado em 2003 onde o Governo adquiri diretamente dos agricultores familiares parte dos alimentos como objetivo de comercializá-los de forma diferenciada, colaborando assim com o fortalecimento da agricultura familiar e enfrentando a fome a pobreza dos brasileiros. Segundo o site do Portal do Brasil (2014) a presença das mulheres nesse programa aumentou 240%, “em 2009 era de 11,5 mil e passou para 39,3 mil em 2012 “.

Porém nos demais setores da economia a média salarial das mulheres é inferior a média salarial dos homens. Exigindo assim, a participação crescente e efetiva do Governo em benefício da sociedade de uma maneira geral, aumentando a renda familiar e proporcionando um aumento no poder de compra e no nível de vida das pessoas.

A tabela 4 corrobora o que vem sendo mostrado, as mulheres mesmo ganhando menos que os homens têm, em média, mais anos de estudos, em todos os setores de atividade econômica. Entre 2002 e 2012 houve um acréscimo na média de anos estudos, tanto para homens como para as mulheres.

Tabela 4 – Média de anos de estudo segundo o gênero para Brasil, Região Nordeste e Ceará, em cada setor de atividade econômica

2002 2012

Brasil Nordeste Ceará Brasil Nordeste Ceará SETOR 1 MULHERES HOMENS 3,06 3,04 1,98 1,93 2,22 1,89 5,26 4,54 4,27 3,40 4,27 3,27 SETOR 2 MULHERES 7,68 6,54 5,94 HOMENS 6,54 5,11 5,03 9,24 7,89 6,66 8,37 8,33 6,94 SETOR 3 MULHERES HOMENS 8,18 7,64 7,52 6,52 7,60 6,70 9,64 8,99 9,26 8,08 9,18 8,04 SETOR 4 MULHERES 10,77 HOMENS 9,43 8,62 9,55 10,04 8,35 11,63 10,70 10,02 10,73 10,22 10,02 SETOR 5 MULHERES HOMENS 10,92 9,53 10,56 8,19 10,81 8,06 11,72 10,85 11,72 9,79 11,76 9,63 Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados da PNAD de 2002 e 2012

Houve um acréscimo na participação feminina em todos os setores de atividade econômica, como mostra a tabela 5. No Ceará, o setor com maior aumento da participação das

mulheres foi o setor 4, da administração pública (com 47%), e o setor com menor aumento na participação feminina foi o setor 2, da indústria (com 2%).

Tabela 5 – Distribuição das pessoas no mercado de trabalho segundo o gênero para Brasil, Região Nordeste e Ceará, em cada setor de atividade econômica

2002 2012

Brasil Nordeste Ceará Brasil Nordeste Ceará SETOR 1 MULHERES HOMENS 7.350.873952.720 3.426.567385.694 432.38522.455 6.583.004997.130 2.536.305 483.761 368.76335.520 SETOR 2 MULHERES 3.740.354HOMENS 11.979.800 2.231.914692.054 232.926388.676 15.531.7474.587.932 3.150.968 542.922808.440 237.077 SETOR 3 MULHERES HOMENS 18.312.22115.380.951 4.288.0713.624.634 636.604 23.840.277581.584 18.827.309 5.688.778 4.600.725 890.890732.527 SETOR 4 MULHERES 1.321.954HOMENS 2.411.262 368.248583.137 48.92570.445 2.059.1862.896.717 759.201 560.171 92.094121.159 SETOR 5 MULHERES HOMENS 1.806.8123.298.805 237.369558.356 39.18099.507 3.199.2574.636.166 412.923 839.934 142.09067.282 Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados da PNAD de 2002 e 2012

Para o Sebrae de 2001 para 2011 houve um aumento de 21% das mulheres empreendedoras. Ratificando assim, o aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho. De acordo com o Sebrae (2011), o Ceará é o sexto estado com maior número de mulheres empreendedoras com 32% (empatado com o Rio Grande do Norte), ficando atrás do Distrito Federal e Rio de Janeiro com 36%, de Sergipe com 34%, do Mato Grosso do Sul e São Paulo com 33%.

Gráfico 3 – Percentual da participação feminina, relativa à participação dos homens, no Brasil, Nordeste e Ceará em cada setor de atividade econômica

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados da PNAD de 2002 e 2012

% % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % %

Brasil Nordeste Ceará Brasil Nordeste Ceará

Setor Setor Setor Setor Setor

Conforme gráfico 3 o setor de atividade econômica com maior participação de mulheres é o setor 3, de serviços. E o setor com menor participação das mulheres o setor 1, da agricultura. Quase todos os setores tiverem um aumento na proporção de mulheres relativamente ao de homens, do ano de 2002 para 2012, conforme ja mostrado na tabela 5 e ratificado com o gráfico 3.

Assim foi verificado que as mulheres ganham menos que os homens e elas têm mais anos de estudos que eles, podendo entender que essa diferença se dá devido a discriminaçãoo de gêneros. Apenas no Ceará em 2012 as mulheres ganham mais que os homens, sendo possível inferir que não há possibilidade de discriminação nesse caso. Também foi possível verificar que a participação das mulheres no mercado de trabalho tem aumentado ao longo do tempo em quase todos os setores de atividade econômica.

Após esta breve motivação será realizada a decomposição da diferença salarial entre homens e mulheres. Para a manipulação de dados foi utilizado o programa STATA (Statistics/Data Analysis). O método utilizado de Oaxaca-Blinder destaca quanto da diferença da média salarial enre homens e mulheres é explicada por atributos produtivos (efeito dotação) e quanto por atributos não produtivos (efeito discriminação).

4.2 Decomposição de Oaxaca-Blinder

Para analisar a diferença entre homens e mulheres nas localidades e setores destacados, a metodologia aplicada nessa dissertação é a decomposição da disparidade salarial entre gêneros. Dois aspectos importantes serão destacados: i) fator dotação: parte da diferença salarial relacionado às diferenças de características produtivas e ii) fator discriminação: parte da diferença salarial que corresponde as diferenças de caracteristicas não produtivas, que é a parte que surge devido a discriminação contra algum grupo da população, nesse caso, entre homens e mulheres. Isto será realizado para regressões por mínimos quadrados, utilizando o método de Oaxaca- Blinder (1973).

Serão realizadas algumas análises no intuito de verificar como ocorre a discriminação no mercado de trabalho, levando em consideração homens e mulheres.

A decomposição proposta analisa quanto da diferença salarial entre homens e mulheres, em 2002 e 2012, é explicada pela diferença entre fatores produtivos e quanto é devido a fatores não produtivos, ou seja, que não influenciam na produtividade do trabalho, que pode ser devido a fatores de discriminação de gênero.

Os homens são a base da decomposição por que, em geral, tem salários maiores que as mulheres. O efeito dotação, nesta decomposição na maioria dos casos tem sinal negativo, agindo na redução da diferença salarial de gêneros. Isso é explicado por que as mulheres têm características produtivas superiores aos homens (como por exemplo, a escolaridade). Sendo assim, o grupo com menores salários tem dotações produtivas superiores ao grupo de salários maiores, por isso a dotação tem sinal negativo.

Os dados da decomposição de Oaxaca-Blinder para as localidades e setores destacados estão expostos na tabela 6. Quanto à diferença salarial nos setores da economia é possível observar o que segue em ordem do maior para o menor, no Brasil, em 2002, setor indústria, agricultura, serviços, administração pública e outros. Em 2012, setor indústria, serviços, agricultura, outros e administração pública. A ordem para o Nordeste, em 2002, setor indústria, agricultura, serviços, administração pública e outros. Em 2012, setor agricultura, indústria, serviços, administração pública e outros. No Ceará a ordem é, em 2002, setor indústria, serviços, administração pública, agricultura e outros. E em 2012, setor indústria, administração pública, serviços, agricultura e outros.

Percebe-se então que no Brasil e no Ceará o setor com maior diferença salarial é a indústria, tanto em 2002 como em 2012. No Nordeste também era a indústria em 2002, e em

Documentos relacionados